quinta-feira, 18 de março de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O PODER DE UMA SOCIEDADE CIVIL REPUBLICANA NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL E TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E AS LUZES DO REFLORESTA NOS ALICERCES DA SUSTENTABILIDADE

“Jogo do poder

        No clássico ‘Os Donos do Poder – A Formação do Patronato Brasileiro’, o grande jurista Raimundo Faoro descreveu os chamados “estamentos” (conjunto de direitos, deveres e privilégios reconhecidos publicamente por todos e aceitos como naturais) que historicamente exercem o poder no Brasil.

         Trata-se de demonstrações – como, por exemplo, o patrimonialismo e a troca de favores como fator de estabilidade de quem é eleito – de que os interesses da sociedade não são compreendidos pelo Estado que sustenta. Parece até que o sinal que a urna eletrônica emite ao final da votação teria um efeito hipnótico: o eleitor esquece em quem votou, e os eleitos esquecem por que foram eleitos.

         Na prática, a defesa do bem comum fica em segundo plano. Não obstante os discursos de campanha eleitoral afirmarem o contrário, a formação de coalizões resulta no loteamento de cargos, não importando a capacitação técnica de quem vier a exercê-los ou a busca de resultados. Deturpando conceitos com argumentos que não se sustentam, há quem afirme que o equilíbrio dos gastos públicos ocasionaria a retirada de recursos para as causas sociais, ou seria afetado o poder da administração pública na atuação do governo. A estrutura que suporta os governos, apontada por Faoro, estimula a ineficiência e o desperdício de recursos públicos.

         Por outro lado, é fácil identificar na execução orçamentária de qualquer ente federativo que o volume mais expressivo de recursos sustenta a máquina administrativa em prejuízo da atividade-fim, que é atender o cidadão.

         Não bastasse essa estrutura disfuncional histórica do Estado brasileiro, ainda sofremos com o crescimento da corrupção, que se arraigou e interfere diretamente na administração pública.

         E, para piorar, se constata o avanço da ação de organizações criminosas, que vão deixando as chamadas “franjas” da sociedade e procuram não só influenciar as decisões políticas, mas exercê-las diretamente, dominando territórios, financiando-se com o mercado ilegal e procurando assumir o poder político.

         Temos, assim, outros candidatos a “donos do poder”, que se entrelaçam, ameaçando o Estado democrático de direito e influenciando nossos destinos sem qualquer preocupação com valores e princípios da cidadania. O ideal republicano fica distante, a defesa do interesse nacional parece uma utopia, e a garantia de privilégios é o objetivo.

         Para enfrentar essas ameaças, algumas ações podem ser apontadas: a retomada da esquecida reforma política e uma administrativa significativa, acrescidas do combate à impunidade e do fortalecimento dos programas de integridade, são iniciativas urgentes. Em verdade, a sociedade civil e os setores produtivos devem se articular na defesa das propostas e na cobrança de atitudes por parte dos Poderes da República que realinhem o Estado, pois é certo que, com a régua e o compasso tortos que estamos usando, nos afastamos cada vez mais do rumo do desenvolvimento.”.

(Edson Luiz Vismona. Advogado, presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial – Etco, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 19 de fevereiro de 2021, caderno OPINIÃO, página 17).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 3 de março de 2021, caderno opinião, coluna TENDÊNCIAS / DEBATES, página A3, de autoria de Juliano Ribeiro Salgado, cineasta indicado ao Oscar com o documentário ‘O Sal da Terra’; é vice-presidente do Instituto Terra, onde atua na luta pela recuperação do meio ambiente, e que merece igualmente integral transcrição:

“Refloresta

        Dizem que desmatar cria riqueza. Uma riqueza que justificaria os escândalos provocados pelos desmates e queimadas que chocam o mundo todos os anos.

         A crença no progresso trazido pelo desmate é um motor importante das nossas políticas públicas e agrícolas desde que se pensa a ocupação da Amazônia. Mas de que realmente estamos falando?

         Será que uma terra queimada convertida em propriedade privada realmente traz riqueza para a comunidade onde o desmate acontece, ou para a sociedade brasileira como um todo?

         Longe da Amazônia e de suas controvérsias, o Instituto Terra, situado na divisa de Minas Gerais com o Espírito Santo, no lugar exato onde o rio Doce cruza a fronteira entre os dois estados, segue seu caminho há pouco mais de 20 anos.

         Meus pais, Lélia e Sebastião Salgado, fundadores do Instituto Terra, aprenderam ao longo dos anos como se replanta uma floresta de 2 milhões de árvores. Assistindo à recuperação da natureza e ao desenvolvimento das técnicas que resultaram no Instituto Terra, eu me juntei à luta para contribuir ao que me parecia uma ideia maior para a comunidade.

         Em Minas, na região do rio Doce, palco de uma das maiores tragedias ambientais dos tempos modernos, não tem água. Durante o período da estiagem, pequenas cidades dependem de caminhões-cisternas para sobreviver. Propriedades secam. O mundo para. Não foi por acaso que começamos a recuperar as nascentes. Essa era uma tentativa de amenizar as consequências do clima, que está cada vez mais seco.

         Nossa técnica para recuperar água, simples e barata, consiste em reflorestar nascentes, instalar sistemas de águas usadas e criar pequenas retenções de águas pluviais para carregar as reservas hídricas do lençol freático.

         Dez anos separam a primeira das 2.000 nascentes recuperadas. A constatação é radiante. Onde interviemos, a água voltou e a produtividade de pequenas propriedades aumentou substancialmente.

         Onde um casal mal sobrevivia em cima de dez hectares, hoje vivem e trabalham pais, filhos e avôs. Em meio a árvores e à água, uma pequena terra consegue dar sustento a três gerações.

         Hoje concentramos nossos esforços para recuperar as nascentes que abastecem os córregos, que por sua vez desembocam em riachos, afluentes do moribundo rio Doce. A ideia de um dia trazer o lamacento rio envenenado de volta à vida é possível.

         O fato é que nosso esforço para recuperar propriedades agrícolas transcende o mundo da agricultura e permeia a sociedade como um todo.

         Quando concentramos nossa ação em propriedades rurais, em volta de um córrego que deixa de secar durante a estiagem e passa a abastecer uma pequena cidade o ano todo, podemos afirmar que estamos criando uma riqueza que irriga toda a população da região. O aumento da renda das famílias, que vivem nas propriedades onde a água voltou, participa diretamente do aquecimento da economia local.

         A riqueza criada pelo reflorestamento das nascentes chega em regiões com déficit de todo tipo de capital. Quando este novo capital aparece, ele penetra em muitos níveis da sociedade, e seus benefícios vão muito além do mundo rural.

         Reflorestamos pequenas porções que, somadas, viram um rio inteiro. Por isso decidimos fazer da “refloresta” o símbolo da ação do Instituto Terra.

         Reflorestar é o ato de trazer de volta à vida aquilo que parecia morto. Esse conceito converge perfeitamente na ação do Instituto que refloresta a terra plantando árvores em campos degradados, que refloresta a água recuperando suas nascentes, que refloresta a educação transmitindo técnicas e conceitos para que seja desenvolvida uma agricultura sustentável e mais produtiva, que refloresta a existência das pessoas aumentando a renda e melhorando a qualidade de vida de todos.

         Por meio do conceito “refloresta”, o Instituto Terra propõe uma alternativa sustentável ao modelo destrutivo em vigência.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

 

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 

I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro a estratosférica marca de 329,30% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 119,59%; e já o IPCA, em fevereiro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 5,20%);

 

II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a

proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

 

        

 

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