segunda-feira, 5 de julho de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA QUALIFICAÇÃO DA DIVERSIDADE, DEMOCRACIA E HUMANISMO NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E O EXCELSO PODER DA PALAVRA NA CONSTRUÇÃO DA FRATERNIDADE, LIBERDADE E IGUALDADE NA SUSTENTABILIDADE

“Democracia e humanismo

        Bill Clinton, numa definição que faz muito sentido, costumava dizer que a democracia é o governo da maioria, respeitados os direitos das minorias. A condução dos negócios públicos levando em consideração apenas o que hoje a maioria da população prefere pode nos colocar em choque com necessidades de minorias que precisam de alguma forma de proteção do Estado.

         A definição põe em evidência certa tensão entre um conceito mais restritivo de democracia e uma concepção humanista da vida. A maioria da população de um país pode estabelecer consensos que contrariem direitos de grupos étnicos aí instalados, ou presentes em países ocupados, como ocorreu na Alemanha durante o período nazista ou nas chamadas “Blood Lands”, por ações dos exércitos de Stálin e de Hitler, nos anos 1930 e 1940.

         Além disso, como lembra outro ex-presidente americano, Barack Obama, em seu recente “Terra Prometida”, há questões que clamam por ação cooperativas de governos, por serem desafios que ultrapassam fronteiras e podem colocar a humanidade em risco. Cada vez mais, como evidenciou a pandemia da Covid-19, a resolução colaborativa de problemas entre países se torna um processo fundamental.

         Mas isso não se relaciona só à questão dos territórios afetados por crises. Envolve também nossa condição humana compartilhada, dentro e fora das fronteiras. No primeiro caso, líderes populistas costumam excluir alguns cidadãos de seu país da definição de nacionalidade legítima, referindo-se aos “verdadeiros americanos” ou aos “franceses de sangue”, como mostra Jan Müller em seu “O que É o Populismo”.

         Fora das fronteiras, um importante marco a orientar as ações é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, estabelecida em 1948, logo após a Segunda Guerra. Com ela, não é mais possível pensar em uma democracia que decida que grupos humanos, seja em que país for, possam ser excluídos da garantia dessas conquistas.

         A humanidade avançou muito depois da aprovação da Carta, e a consciência de que a diversidade nos enriquece e nos permite construir um mundo mais pacífico conduziu a uma leitura mais generosa dos direitos ali estabelecidos.

         Perder esses avanços civilizatórios por conta de medos que se incorporam em maiorias vociferantes pode ser tão perigoso quanto perder a ideia mesmo da democracia. Há que se construir e preservar instituições democráticas sólidas, temperadas por uma forte defesa do que nos define como humanos, e instilar nas crianças e jovens, em cada escola, a cada geração, esse ideário. Sem isso, não há futuro para a humanidade do planeta. Seremos outra espécie em extinção!”.

(Claudia Costin. Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 27 de novembro de 2020, caderno opinião, página A2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 02 de julho de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente e integral transcrição:

“Tropeçando na palavra

        Os rumos da sociedade são definidos e alimentados por meio de narrativas, evidenciando, assim, a importância da palavra, que tem propriedade para alavancar intuições e forjar novas respostas. Mas a palavra pode, também, ser uma “pedra de tropeço”, quando se constata dificuldade para valer-se de sua força na configuração de entendimentos. A babel contemporânea comprova a frequente inabilidade para a construção de discursos. Vive-se, atualmente, em uma sociedade que tropeça nas palavras e, por isso, sofre com cenários de desentendimentos, divisões, atrasos civilizatórios. Prejuízos que podem até invalidar conquistas científicas, pois falas distantes da realidade geram obscurecimentos. O livre direito de se expressar, aliado à intrínseca necessidade da palavra para tecer nova cultura, desafia a sociedade: todos estão à mercê das consequências de falas medíocres – tropeços da palavra.

         Multiplicam-se as palavras que não geram entendimentos, nem indicam novos rumos. Também não alimentam o sentido que sustenta o próprio viver. Todos têm o direito de se manifestar, mas é cada vez mais frequente os que tropeçam na palavra. Gente que diz o que não convém ou que não edifica, formulando juízos equivocados, para simplesmente satisfazer a necessidade de se expressar de algum modo. É preciso reconhecer a carga de responsabilidade inerente a cada palavra pronunciada, particularmente na emissão de juízos, na tarefa de se construir entendimentos e interpretações para promover qualificada configuração legislativa, novo estilo de vida e amizade social. O uso da palavra deve ir além do direito de se expressar, pois essa é indissociável do compromisso com a edificação do bem, da justiça e da paz.

         A qualificada cidadania tem compromisso com a palavra e jamais distancia-se da verdade. Cultiva a consciência de que a manifestação de perspectivas deve abrir caminhos, apontar soluções e respostas, sustentar a construção da fraternidade social. Cresça a consciência cidadã quanto à importância do adequado emprego das palavras, com suas propriedades construtivas, trilhando direção bem diferente dos pronunciamentos que confundem, propagam a mentira fazendo-a parecida com a verdade, esvaziando a palavra de sua força profética e poética. O mundo precisa de narrativas que gerem entendimentos e novas escolhas, indispensáveis à configuração de um tempo novo. E a palavra é instrumento fundamental para gerar um mundo aberto, sem divisões.

         Pela propriedade da palavra pode-se estabelecer vínculos com o próximo, que é irmão. As ações solidárias são indispensáveis, mas há uma dimensão própria das narrativas que também é muito necessária, capaz de gerar o reconhecimento de que cada pessoa é dom precioso. A palavra precisa ser, pois, instrumento para abrir o ser humano ao amor, vencendo situações de isolamento e de mesquinhez. Assim, os discursos podem promover a corresponsabilidade entre todos os cidadãos na tarefa de edificar civilizações abertas, integradas, solidárias. A palavra também deve alimentar a qualificação existencial de cada indivíduo, livrando-o de pensamentos que levem a atitudes abomináveis. As narrativas precisam ser oportunidade para dar vez aos “sem voz”, aos discriminados, desencadeando processos de libertação e de reconquista da dignidade perdida ou usurpada. Sobre o direito do uso da palavra inscreve-se o compromisso de, por meio dela, construir a fraternidade, a liberdade e a igualdade.

         O momento atual sinaliza a força da palavra na configuração de escolhas capazes de compor cenários sociopolíticos. Palavras que têm viciado mentes e estreitado corações precisam ceder lugar às que possam produzir novos sentidos. Sejam, pois, construídas as narrativas adequadas capazes de efetivar estilo de vida renovado, com diferentes modos de se habitar a casa comum e novas maneiras de se estabelecer laços, a partir do respeito à vida de cada pessoa, intocável dom sagrado de Deus. Prevaleça a desconstrução de preconceituosos e discriminações, debelando o racismo e muitos outros males que geram tanta destruição. É essencial, agora, aprender a fazer uso da palavra para não se produzir os prejuízos advindos de quem vive tropeçando na palavra.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

 a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em maio a estratosférica marca de 329,62% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 122,12%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 8,06%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

        

        

       

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