A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E DESAFIOS DA QUALIFICAÇÃO DAS ESCOLAS NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DO ZELO COM A CASA COMUM NA SUSTENTABILIDADE
“A utopia de
aprender em casa
A
pandemia trouxe terríveis consequências para o alunado brasileiro. Uma delas
foi ampliar o desinteresse pela educação. No caso do ensino médio, a geração
“nem-nem” (dos que não estudam nem trabalham) alcançou um número vergonhoso, de
muitos milhões de jovens.
Quando
se esperava o fim desses tempos, o governo aparece com uma solução milagrosa,
extraída de outras realidades. Trata-se da educação doméstica, que os
norte-americanos batizaram de “homeschooling” – como se fosse viável
desenvolver um sistema que abrisse da presença dos alunos nas escolas.
Não
estou me valendo apenas da teoria, o que não seria pouco. Quando garoto vivi
notáveis experiências em escolas públicas, que frequentei no Rio de Janeiro
(Escola 19-Canadá, no bairro do Riachuelo) e, depois, nos dois anos no então
Grupo Escolar Rodrigues Alves, na Avenida Paulista, em São Paulo. Pude conviver
com meninos e meninas que jamais saíram do meu pensamento. Se fossemos nos ater
aos novos desígnios para a educação, onde ficariam os jogos e brincadeiras
sempre presentes nas escolas? E o esporte praticado nos intervalos?
É claro
que se busca ampliar a felicidade do nosso povo. Mas, somando-se os índices de
inflação e de desemprego, como faz o Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da
Fundação Getúlio Vargas, o que se verifica é que estamos na segunda pior
posição do ranking de infelicidade, somente atrás da Turquia. E não será
descuidando da educação que se vai alterar esse índice. As melhores posições
estão no Japão, na Suíça e na Eslovênia. O Brasil, por exemplo, já leva uma
surra quando se trata de considerar a inflação, ficando na quinta posição entre
os piores, atrás de Argentina, Turquia, Rússia e Arábia Saudita.
Como
estamos às vésperas da Olimpíada, queremos melhorar a nossa presença no
ranking. Uma boa ideia é valorizar a nossa posição em matéria de educação.
Cuidar mais e melhor dos nossos jovens não é retirá-los da escola para uma
hipotética educação doméstica, que não garante nada. Posso avançar ainda num
item essencial, que é a alimentação escolar. Isso está sendo nitidamente
descurado.
Não é
por estar em casa que os jovens irão aprender mais. Com a constatação de que é
muito elevado o nosso índice de analfabetismo adulto. E ainda registrando-se a
ausência do acesso indispensável aos benefícios da internet. Estamos
comemorando a chegada da geração 5G, mas não se tem nenhuma certeza de que o
ensino brasileiro será atendido de forma plena.
Com a
experiência de ter ocupado a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro
por mais de uma vez, posso afiançar que a melhor solução passa pela construção
de mais escolas, com vagas e espaços generosos para que os jovens possam
desenvolver as suas melhores aptidões. Não seguir esse caminho é procurar
imitar soluções de fora, que não se aplicam à nossa realidade.”.
(Arnaldo Niskier. Professor, jornalista, membro
da Academia Brasileira de Letras (ABL) e presidente do Conselho de Integração
Empresa-Escola Rio (CIEE-RJ), em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO,
edição de 4 de julho de 2021, caderno opinião, página A3).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 5 de julho
de 2021, caderno A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI,
e que merece igualmente integral transcrição:
“Argos, o frio e a solidão
O
astuto e sábio Ulisses, depois de 20 anos consumidos na Guerra de Troia e numa
longa odisseia, que passou por cantos de sereias, monstros marinhos, pela maga
Circe, pelo ciclope e por inúmeras tempestades, chegou finalmente à ilha de
Ítaca.
Com toda
a prudência se apresentou em trapos de mendigo ao se aproximar do palácio da
esposa, Penélope, assediada por aguerridos pretendentes da rainha “viúva”, já
que o marido se encontrava desaparecido depois de duas décadas de ausência e de
silêncio.
Ulisses,
vivo como nunca, consegue se esquivar das traições e insídias, engana a todos,
mesmo os seus servos e velhos amigos, que o trocam por um miserável esfomeado.
Ninguém consegue imaginar que debaixo dos trapos macilentos se escondia o ainda
vivo rei da ilha, ou responsável pela derrota de Troia.
Recebe
até insultos e humilhações nas ruas, sem revidar.
Mas, se
os homens não se apercebem do rei, um velho e decrépito cão de caça, que
Ulisses criou antes de partir para a guerra, o fareja, o reconhece, abana com
as últimas forças o rabo, baixas as orelhas e arregala os olhos. O fiel Argos
arranca uma lágrima do herói, que enxuga rapidamente para não despertar
atenção.
A longa
espera de Argos se finda e com ela também a vida, que resistiu aos maus-tratos,
à infestação de carrapatos, ao descaso e ao dormir numa cama de esterno de gado
enquanto a lembrança continuava acesa.
Vinte
anos sem esquecer o passo, o cheiro, a identidade de quem lhe fez bem e lhe deu
a melhor alegria. Não consegue levantar o corpo, a cabeça recua, os olhos
espelham a satisfação com a visão do dono. Mergulha feliz na morte libertadora.
Na longa
saga de Ulisses, apenas a devoção e o amor de Argos o levam à comoção. No
capítulo XVII, na linha 290 da “Odisseia”, tem-se o testemunho deixado por
Homero da relação do homem e do cão como ele a enxergava, sublime, atemporal,
incontaminada, silenciosa.
Argos
durou excepcionalmente por mais de 20 anos, apesar das tribulações, resistiu a
tudo e a todos para rever o amado mestre. Extingue-se assim sem dor, sem
rumores depois de um último sopro de incontável alegria.
Mesmo no
momento da morte, os olhos de Argos não perdem a ternura, na verdade se
iluminam com a presença do nunca esquecido, do melhor de todos, do amigo que
povoou seus sonhos e alimentou sua saudade.
Nesse
episódio, não é Ulisses um mendigo nem Argos um cão velho e sofrido; nos dois
serenamente brilha a pureza da amizade, e recuperam um para o outro sua
verdadeira identidade, do amigo amoroso e do fiel companheiro.
No
momento de olhares que se cruzam, consagra-se uma ligação sem interesses, o
milagre do amor incondicional resistente a qualquer distância e obstáculo:
Ulisses deixa de ser um mendigo que proclama ser, Argos não é o cão assustador
e fedorento, explode sem ruídos o mais terno sentimento, extingue-se a espera,
chega o prêmio à persistência do esforço de viver para rever quem mais
felicidade soube lhe dispensar.
Voltou-me
essa passagem de Homero à memória no frio destes dias, no gelo destas noites,
pensando nos seres humanos que não têm se aquecer e alimentar e que podemos
ajudar.
Também,
sempre que possível, podemos amparar os “Argos” esquecidos nas ruas, nem que
seja com uma caixa de papelão para abrigo, alguns trapos velhos e jornais, que
podem preservar suas vidas, até que um “Ulisses” possa aparecer.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal
sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa
capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.
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