quarta-feira, 7 de julho de 2021

 A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E DESAFIOS DA QUALIFICAÇÃO DAS ESCOLAS NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DO ZELO COM A CASA COMUM NA SUSTENTABILIDADE

“A utopia de

aprender em casa

        A pandemia trouxe terríveis consequências para o alunado brasileiro. Uma delas foi ampliar o desinteresse pela educação. No caso do ensino médio, a geração “nem-nem” (dos que não estudam nem trabalham) alcançou um número vergonhoso, de muitos milhões de jovens.

         Quando se esperava o fim desses tempos, o governo aparece com uma solução milagrosa, extraída de outras realidades. Trata-se da educação doméstica, que os norte-americanos batizaram de “homeschooling” – como se fosse viável desenvolver um sistema que abrisse da presença dos alunos nas escolas.

         Não estou me valendo apenas da teoria, o que não seria pouco. Quando garoto vivi notáveis experiências em escolas públicas, que frequentei no Rio de Janeiro (Escola 19-Canadá, no bairro do Riachuelo) e, depois, nos dois anos no então Grupo Escolar Rodrigues Alves, na Avenida Paulista, em São Paulo. Pude conviver com meninos e meninas que jamais saíram do meu pensamento. Se fossemos nos ater aos novos desígnios para a educação, onde ficariam os jogos e brincadeiras sempre presentes nas escolas? E o esporte praticado nos intervalos?

         É claro que se busca ampliar a felicidade do nosso povo. Mas, somando-se os índices de inflação e de desemprego, como faz o Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da Fundação Getúlio Vargas, o que se verifica é que estamos na segunda pior posição do ranking de infelicidade, somente atrás da Turquia. E não será descuidando da educação que se vai alterar esse índice. As melhores posições estão no Japão, na Suíça e na Eslovênia. O Brasil, por exemplo, já leva uma surra quando se trata de considerar a inflação, ficando na quinta posição entre os piores, atrás de Argentina, Turquia, Rússia e Arábia Saudita.

         Como estamos às vésperas da Olimpíada, queremos melhorar a nossa presença no ranking. Uma boa ideia é valorizar a nossa posição em matéria de educação. Cuidar mais e melhor dos nossos jovens não é retirá-los da escola para uma hipotética educação doméstica, que não garante nada. Posso avançar ainda num item essencial, que é a alimentação escolar. Isso está sendo nitidamente descurado.

         Não é por estar em casa que os jovens irão aprender mais. Com a constatação de que é muito elevado o nosso índice de analfabetismo adulto. E ainda registrando-se a ausência do acesso indispensável aos benefícios da internet. Estamos comemorando a chegada da geração 5G, mas não se tem nenhuma certeza de que o ensino brasileiro será atendido de forma plena.

         Com a experiência de ter ocupado a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro por mais de uma vez, posso afiançar que a melhor solução passa pela construção de mais escolas, com vagas e espaços generosos para que os jovens possam desenvolver as suas melhores aptidões. Não seguir esse caminho é procurar imitar soluções de fora, que não se aplicam à nossa realidade.”.

(Arnaldo Niskier. Professor, jornalista, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e presidente do Conselho de Integração Empresa-Escola Rio (CIEE-RJ), em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 4 de julho de 2021, caderno opinião, página A3).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 5 de julho de 2021, caderno A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“Argos, o frio e a solidão

        O astuto e sábio Ulisses, depois de 20 anos consumidos na Guerra de Troia e numa longa odisseia, que passou por cantos de sereias, monstros marinhos, pela maga Circe, pelo ciclope e por inúmeras tempestades, chegou finalmente à ilha de Ítaca.

         Com toda a prudência se apresentou em trapos de mendigo ao se aproximar do palácio da esposa, Penélope, assediada por aguerridos pretendentes da rainha “viúva”, já que o marido se encontrava desaparecido depois de duas décadas de ausência e de silêncio.

         Ulisses, vivo como nunca, consegue se esquivar das traições e insídias, engana a todos, mesmo os seus servos e velhos amigos, que o trocam por um miserável esfomeado. Ninguém consegue imaginar que debaixo dos trapos macilentos se escondia o ainda vivo rei da ilha, ou responsável pela derrota de Troia.

         Recebe até insultos e humilhações nas ruas, sem revidar.

         Mas, se os homens não se apercebem do rei, um velho e decrépito cão de caça, que Ulisses criou antes de partir para a guerra, o fareja, o reconhece, abana com as últimas forças o rabo, baixas as orelhas e arregala os olhos. O fiel Argos arranca uma lágrima do herói, que enxuga rapidamente para não despertar atenção.

         A longa espera de Argos se finda e com ela também a vida, que resistiu aos maus-tratos, à infestação de carrapatos, ao descaso e ao dormir numa cama de esterno de gado enquanto a lembrança continuava acesa.

         Vinte anos sem esquecer o passo, o cheiro, a identidade de quem lhe fez bem e lhe deu a melhor alegria. Não consegue levantar o corpo, a cabeça recua, os olhos espelham a satisfação com a visão do dono. Mergulha feliz na morte libertadora.

         Na longa saga de Ulisses, apenas a devoção e o amor de Argos o levam à comoção. No capítulo XVII, na linha 290 da “Odisseia”, tem-se o testemunho deixado por Homero da relação do homem e do cão como ele a enxergava, sublime, atemporal, incontaminada, silenciosa.

         Argos durou excepcionalmente por mais de 20 anos, apesar das tribulações, resistiu a tudo e a todos para rever o amado mestre. Extingue-se assim sem dor, sem rumores depois de um último sopro de incontável alegria.

         Mesmo no momento da morte, os olhos de Argos não perdem a ternura, na verdade se iluminam com a presença do nunca esquecido, do melhor de todos, do amigo que povoou seus sonhos e alimentou sua saudade.

         Nesse episódio, não é Ulisses um mendigo nem Argos um cão velho e sofrido; nos dois serenamente brilha a pureza da amizade, e recuperam um para o outro sua verdadeira identidade, do amigo amoroso e do fiel companheiro.

         No momento de olhares que se cruzam, consagra-se uma ligação sem interesses, o milagre do amor incondicional resistente a qualquer distância e obstáculo: Ulisses deixa de ser um mendigo que proclama ser, Argos não é o cão assustador e fedorento, explode sem ruídos o mais terno sentimento, extingue-se a espera, chega o prêmio à persistência do esforço de viver para rever quem mais felicidade soube lhe dispensar.

         Voltou-me essa passagem de Homero à memória no frio destes dias, no gelo destas noites, pensando nos seres humanos que não têm se aquecer e alimentar e que podemos ajudar.

         Também, sempre que possível, podemos amparar os “Argos” esquecidos nas ruas, nem que seja com uma caixa de papelão para abrigo, alguns trapos velhos e jornais, que podem preservar suas vidas, até que um “Ulisses” possa aparecer.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em maio a estratosférica marca de 329,62% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 122,12%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 8,06%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

        

        

 

        

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