“O espírito do tempo e a educação
Em
janeiro do ano passado, a Unesco criou um grupo de 15 pessoas para elaborar
proposta sobre o futuro da educação no mundo, observando o espírito do tempo
atual. Nos debates do grupo, do qual participo, observamos a necessidade de
captar as mudanças adiante, de acordo com o espírito do tempo, as curvas que a
história está fazendo.
Uma
mudança diz respeito aos novos recursos tecnológicos, que permitem levar a
realidade para dentro da sala de aula e fazer o ensino-aprendizagem a distância,
de forma remota entre professores e alunos. O espírito desse tempo induz à
passagem da “aula teatral” para a “aula cinematográfica” – uma aula dinâmica,
presencial ou não. A escola do futuro será uma nova escola.
A
segunda mudança se refere aos novos conhecimentos a serem desenvolvidos. Os
potenciais de cada ser humano ficarão interligados planetariamente. No espírito
do tempo atual, conceitos como planeta e humanidade dizem respeito ao dia a dia
de cada pessoa: os alunos do futuro viverão na Terra, não apenas em um país, e
a preocupação deles deve ser com a raça humana.
O ensino
deverá tratar dos problemas que ameaçam a humanidade: mudanças climáticas;
abismo da desigualdade; pobreza e desemprego; inteligência artificial;
entendimento do papel da ciência na construção de um mundo melhor e mais belo;
a prática da solidariedade com todos os seres humanos que sofrem exclusão e
discriminação.
O
terceiro desafio é fazer o ensino-aprendizagem em sintonia com o rápido avanço
do conhecimento. A educação do futuro exige que o aprendizado seja contínuo;
diplomas devem ser provisórios.
É um
desafio também, sobretudo no ensino superior, adotar o conhecimento
multidisciplinar, única forma de avançar para novas ciências que estão nascendo
nas fronteiras das atuais e de trazer os problemas da realidade para dentro do
processo de ensino-aprendizagem. Especialmente os problemas éticos que desafiam
a humanidade e as possibilidades da educação de base para construir o futuro,
ao formar as novas gerações.
O quinto
desafio é a coerência entre o conteúdo humanista e planetário e o compromisso
político de assegurar o direito de cada criança desenvolver seu potencial,
desde a primeira infância, independentemente da nacionalidade e do status
social, da renda e do endereço; cada criança do mundo tratada como filha da
humanidade. Ninguém deixado para trás na alfabetização para a
contemporaneidade: falar, escrever e ler bem seu idioma, falar pelo outro
idioma, adquirir um ofício, conhecer história e geografia, filosofia e as bases
da matemática e das ciências.
Certamente
que o espírito do tempo exige um plano mundial para dar apoio à educação das
crianças do mundo inteiro.”.
(Cristovam Buarque. Professor emérito da
Universidade de Brasília (UnB), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo
Horizonte, edição de 30 de julho de 2021, caderno OPINIÃO, página 19).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.domtotal.com,
edição de 06 de agosto de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:
“Inovação institucional
Muito
comum e necessário é falar sobre inovação tecnológica, imprescindível para que
sejam estabelecidas as muitas redes de articulação capazes de gerar respostas
novas para os problemas contemporâneos. A progressiva conquista da qualidade em
diferentes serviços, graças aos avanços da técnica, também requer
desenvolvimento científico direcionado às esferas da proteção e da segurança.
São, pois, inadmissíveis retrocessos no campo tecnológico, que incide na vida
social, promovendo, dentro outros fenômenos, o surgimento de novos ambientes
digitais. Algo tão profundo que exige nova compreensão: as relações presenciais
coexistem com as interações dos novos espaços possibilitados pela tecnologia,
constituindo, assim, nova realidade. A velocidade das transformações no campo
da técnica – indissociável da dimensão antropológica, isto é, do ser humano –
demanda nova compreensão sobre o que se entende a respeito de inovação institucional.
Ora, o
mundo se transforma com implacável velocidade, não raramente obscurecendo
valores e princípios inegociáveis. Essas mudanças exigem que todas as
instituições busquem se renovar e, assim, continuem a cumprir a sua missão,
fiel a seus valores e princípios. Há de se reconhecer a importância das
instituições – lugares dos instituídos que, à luz de princípios e valores,
cumprem seu papel na configuração de uma sociedade. Um contexto social de
instituições enfraquecidas estará, consequentemente, fragilizado. Por isso
mesmo, são inadmissíveis, e requerem providências, as tentativas de fragilizar
instituições da sociedade civil. Uma situação que, normalmente, é provocada
pela patológica ou perversa supervalorização do ego, alicerçado em inconsistências,
sem fundamento humanístico, com visão distorcida sobre o mundo e sobre o outro
– especialmente a respeito dos pobres, que têm seus direitos espezinhados.
A
sociedade civil, especificamente, não pode cair na armadilha de processos ou
posturas políticas que apregoam o desmantelamento de instituições essenciais ao
Estado Democrático de Direito. Cair nessa cilada é deixar-se iludir por
interesses apequenados de alguns, desconsiderando o que é essencial para todos.
As agressões às instituições da sociedade civil são alimentadas por questões
ideológicas seriamente venenosas, disfarçadas em muitos aspectos que parecem
ser o que não são. Assim, os que se deixam iludir por essa corrente ideológica
apenas configuram discursos e posturas polarizados, sem contribuir para
efetivamente promover inovações nos contextos institucionais. É preciso
reconhecer o lugar da dimensão profética – seja no âmbito religioso, cultural
ou político – para provocar entendimentos nos processos de avaliação e
tratamento das instituições. Imprescindível é a construção de narrativas
capazes de conduzir cada instituições na direção da inovação.
Os
líderes de cada instituição estão desafiados a conduzir processos que envolvam
seus liderados no inteligente aproveitamento das oportunidades viabilizadas
pelo progresso tecnológico. Coexistindo com essa tarefa está a necessidade de
cada instituição, sob lideranças corajosas, serenas e pacientes, traçar um
caminho de atualização, à luz de profecias. Assim, as instituições se preparam
para corresponder às necessidades de um tempo novo, construído a cada dia. Essa
preparação constitui processo desafiador, por exigir diálogos e interfaces que
são prejudicados pelos que buscam fazer das instituições o “seu lugar ao sol”,
aproveitando-se da configuração institucional para alcançar objetivos pessoais.
Ao contrário de desmantelamentos institucionais, como o que se assiste em razão
da incompetência de líderes e outros agentes, o momento exige investimento em
inovação institucional, para que não haja espaços, em cenários da sociedade
civil, ocupados pelos que defendem autoritarismos, se apropriam indevidamente
do que não lhes pertence, ou, mediocremente, agem movidos pela mesquinhez dos
interesses cartoriais.
A
inovação institucional, alicerçada no humanismo integral, precisa ser
impulsionada por critérios com a exatidão de algoritmos para, desse modo,
clarear entendimentos e alicerçar processos capazes de gerar respostas novas, a
serviço da vida de todos. Sem inovação institucional, dinâmicas não ganham leveza,
convive-se com a perda de recursos, com a acomodação doentia e com
entendimentos medíocres. Como se diz popularmente, “perde-se o trem da
história”. O mundo contemporâneo precisa de agentes e líderes que se dediquem à
inovação institucional.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.
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