segunda-feira, 9 de agosto de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DO ESPÍRITO DO TEMPO E PLANO MUNDIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DO ENSINO NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICA E INSTITUCIONAL SOB O PRIMADO DO HUMANISMO INTEGRAL NA SUSTENTABILIDADE

“O espírito do tempo e a educação

        Em janeiro do ano passado, a Unesco criou um grupo de 15 pessoas para elaborar proposta sobre o futuro da educação no mundo, observando o espírito do tempo atual. Nos debates do grupo, do qual participo, observamos a necessidade de captar as mudanças adiante, de acordo com o espírito do tempo, as curvas que a história está fazendo.

         Uma mudança diz respeito aos novos recursos tecnológicos, que permitem levar a realidade para dentro da sala de aula e fazer o ensino-aprendizagem a distância, de forma remota entre professores e alunos. O espírito desse tempo induz à passagem da “aula teatral” para a “aula cinematográfica” – uma aula dinâmica, presencial ou não. A escola do futuro será uma nova escola.

         A segunda mudança se refere aos novos conhecimentos a serem desenvolvidos. Os potenciais de cada ser humano ficarão interligados planetariamente. No espírito do tempo atual, conceitos como planeta e humanidade dizem respeito ao dia a dia de cada pessoa: os alunos do futuro viverão na Terra, não apenas em um país, e a preocupação deles deve ser com a raça humana.

         O ensino deverá tratar dos problemas que ameaçam a humanidade: mudanças climáticas; abismo da desigualdade; pobreza e desemprego; inteligência artificial; entendimento do papel da ciência na construção de um mundo melhor e mais belo; a prática da solidariedade com todos os seres humanos que sofrem exclusão e discriminação.

         O terceiro desafio é fazer o ensino-aprendizagem em sintonia com o rápido avanço do conhecimento. A educação do futuro exige que o aprendizado seja contínuo; diplomas devem ser provisórios.

         É um desafio também, sobretudo no ensino superior, adotar o conhecimento multidisciplinar, única forma de avançar para novas ciências que estão nascendo nas fronteiras das atuais e de trazer os problemas da realidade para dentro do processo de ensino-aprendizagem. Especialmente os problemas éticos que desafiam a humanidade e as possibilidades da educação de base para construir o futuro, ao formar as novas gerações.

         O quinto desafio é a coerência entre o conteúdo humanista e planetário e o compromisso político de assegurar o direito de cada criança desenvolver seu potencial, desde a primeira infância, independentemente da nacionalidade e do status social, da renda e do endereço; cada criança do mundo tratada como filha da humanidade. Ninguém deixado para trás na alfabetização para a contemporaneidade: falar, escrever e ler bem seu idioma, falar pelo outro idioma, adquirir um ofício, conhecer história e geografia, filosofia e as bases da matemática e das ciências.

         Certamente que o espírito do tempo exige um plano mundial para dar apoio à educação das crianças do mundo inteiro.”.

(Cristovam Buarque. Professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 30 de julho de 2021, caderno OPINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 06 de agosto de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Inovação institucional

        Muito comum e necessário é falar sobre inovação tecnológica, imprescindível para que sejam estabelecidas as muitas redes de articulação capazes de gerar respostas novas para os problemas contemporâneos. A progressiva conquista da qualidade em diferentes serviços, graças aos avanços da técnica, também requer desenvolvimento científico direcionado às esferas da proteção e da segurança. São, pois, inadmissíveis retrocessos no campo tecnológico, que incide na vida social, promovendo, dentro outros fenômenos, o surgimento de novos ambientes digitais. Algo tão profundo que exige nova compreensão: as relações presenciais coexistem com as interações dos novos espaços possibilitados pela tecnologia, constituindo, assim, nova realidade. A velocidade das transformações no campo da técnica – indissociável da dimensão antropológica, isto é, do ser humano – demanda nova compreensão sobre o que se entende a respeito de inovação institucional.

         Ora, o mundo se transforma com implacável velocidade, não raramente obscurecendo valores e princípios inegociáveis. Essas mudanças exigem que todas as instituições busquem se renovar e, assim, continuem a cumprir a sua missão, fiel a seus valores e princípios. Há de se reconhecer a importância das instituições – lugares dos instituídos que, à luz de princípios e valores, cumprem seu papel na configuração de uma sociedade. Um contexto social de instituições enfraquecidas estará, consequentemente, fragilizado. Por isso mesmo, são inadmissíveis, e requerem providências, as tentativas de fragilizar instituições da sociedade civil. Uma situação que, normalmente, é provocada pela patológica ou perversa supervalorização do ego, alicerçado em inconsistências, sem fundamento humanístico, com visão distorcida sobre o mundo e sobre o outro – especialmente a respeito dos pobres, que têm seus direitos espezinhados.

         A sociedade civil, especificamente, não pode cair na armadilha de processos ou posturas políticas que apregoam o desmantelamento de instituições essenciais ao Estado Democrático de Direito. Cair nessa cilada é deixar-se iludir por interesses apequenados de alguns, desconsiderando o que é essencial para todos. As agressões às instituições da sociedade civil são alimentadas por questões ideológicas seriamente venenosas, disfarçadas em muitos aspectos que parecem ser o que não são. Assim, os que se deixam iludir por essa corrente ideológica apenas configuram discursos e posturas polarizados, sem contribuir para efetivamente promover inovações nos contextos institucionais. É preciso reconhecer o lugar da dimensão profética – seja no âmbito religioso, cultural ou político – para provocar entendimentos nos processos de avaliação e tratamento das instituições. Imprescindível é a construção de narrativas capazes de conduzir cada instituições na direção da inovação.

         Os líderes de cada instituição estão desafiados a conduzir processos que envolvam seus liderados no inteligente aproveitamento das oportunidades viabilizadas pelo progresso tecnológico. Coexistindo com essa tarefa está a necessidade de cada instituição, sob lideranças corajosas, serenas e pacientes, traçar um caminho de atualização, à luz de profecias. Assim, as instituições se preparam para corresponder às necessidades de um tempo novo, construído a cada dia. Essa preparação constitui processo desafiador, por exigir diálogos e interfaces que são prejudicados pelos que buscam fazer das instituições o “seu lugar ao sol”, aproveitando-se da configuração institucional para alcançar objetivos pessoais. Ao contrário de desmantelamentos institucionais, como o que se assiste em razão da incompetência de líderes e outros agentes, o momento exige investimento em inovação institucional, para que não haja espaços, em cenários da sociedade civil, ocupados pelos que defendem autoritarismos, se apropriam indevidamente do que não lhes pertence, ou, mediocremente, agem movidos pela mesquinhez dos interesses cartoriais.

         A inovação institucional, alicerçada no humanismo integral, precisa ser impulsionada por critérios com a exatidão de algoritmos para, desse modo, clarear entendimentos e alicerçar processos capazes de gerar respostas novas, a serviço da vida de todos. Sem inovação institucional, dinâmicas não ganham leveza, convive-se com a perda de recursos, com a acomodação doentia e com entendimentos medíocres. Como se diz popularmente, “perde-se o trem da história”. O mundo contemporâneo precisa de agentes e líderes que se dediquem à inovação institucional.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em junho a estratosférica marca de 327,48% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 125,57%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 8,35%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

 

 

   

Nenhum comentário: