“Falta
explicar 95% do universo
À frente das equipes de pesquisadores do LHC, o
maior acelerador de partículas do mundo, a física italiana Fabiola Gianotti
liderou a mais cara experiência da história da ciência. Durou quatro anos,
custou 10 bilhões de dólares e culminou com a detecção, no ano passado, de uma
tênue partícula subatômica prevista pela teoria, mas que nunca antes dera
sinais de sua existência real. Fabiola e sua equipe encontraram provas
inequívocas dessa partícula, a única das peças do quebra-cabeça de 61 elementos
que baseiam as teorias fundamentais da física que faltava ser observada em
laboratório. Sem essa descoberta fundamental, todo o edifício teórico que
explica a natureza mais íntima do universo ruiria, jogando no lixo um século de
penosas conquistas. Esse tijolo cósmico tão essencial é um bóson de Higgs,
batizado assim em homenagem ao físico teórico que previu sua existência. Na
entrevista que concedeu a VEJA em
seu escritório na Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (Cern), sede do
LHC, na fronteira da Suíça com a França, Fabiola, de 51 anos, desde já
candidatíssima ao Nobel, diz que tudo o que o foi descoberto elucida 5% da
composição do universo e que novas investidas teóricas e práticas serão
necessárias para responder à mais simples e incômoda das perguntas: afinal, por
que o universo existe?
A
partícula exótica no LHC no ano passado foi anunciada com “um” bóson de Higgs,
mas talvez não “o” bóson de Higgs. Por que razão o artigo indefinido foi tão
enfatizado? Mudo tudo para a história da ciência e
para o modo como entendemos as regras da natureza. Se for “o” Higgs, garantimos
que o elemento que descobrimos é exatamente o que era previsto nas teorias da
física. Esse bóson, que em suma criou o campo que dá massa a tudo o que existe,
era a peça que faltava para explicar o que conhecemos como Modelo Padrão, a
representação teórica mas bem-acabada para as complexas interações de energia e
matéria que deram origem ao universo. Mas, se for “um” bóson de Higgs, é sinal
de que a partícula encontrada terá um impacto ainda mais revolucionário. O
Modelo Padrão é consistente e há décadas tem guiado a produção científica. Sua
comprovação prática seria um feito extraordinário, mesmo que ele explique
apenas 5% do cosmo, a parte composta pela matéria que conseguimos detectar por
ter se organizado na forma de estrelas, planetas e seres vivos na Terra. Mas
restam outros 95%, feitos principalmente de matéria e energia escuras, sobre os
quais pouco sabemos. Hoje, existe o consenso de que essa porção escura do
universo esconde a explicação final sobre as leis fundamentais da natureza. Sua
existência depende de partículas ainda mais exóticas do que o Higgs.
Que
teoria ampara essa constatação? Uma das melhores
explicações para a existência desses 95% é uma teoria incrivelmente
bem-acabada, a supersimetria. Ela propõe que para cada partícula ordinária que
se conhece do universo há uma réplica, quase idêntica. A supersimetria trabalha
com a hipótese da existência de uma partícula, o neutralino, que pode explicar
a criação de toda a matéria escura. Pela supersimetria, haveria não um, mas
cinco tipos de bóson de Higgs. Se a partícula que achamos for mesmo um desses
cinco, seremos impulsionados rumo à investigação de uma realidade muito mais
ampla.
Que
novas perguntas terão de ser feitas para entendermos a matéria escura e as
partículas supersimétricas? O desafio é amplificar
nossa visão sobre as regras escolhidas pela natureza para criar a realidade. É
o que fazemos no LHC. Nosso trabalho foi interrompido para uma reforma que
durará dois anos e vai melhorar ainda mais os quatro detectores gigantes de
partículas que administramos. O resultado dessa obra é que dobraremos a energia
que conseguimos produzir nas colisões de
partículas que fazemos nos núcleos do experimento. Também dobraremos o número e
a frequência dessas colisões. Isso permitirá encontrar elementos ainda mais
exóticos que o Higgs. São justamente essas as partículas elementares
responsáveis pela existência da matéria visível e da matéria e energia
invisíveis. Elas tiveram um papel nos instantes iniciais do Big Bang, a súbita
explosão que deu origem ao nosso universo. Tenho convicção de que essas partículas
misteriosas vão ser encontradas por nós, e isso pode explicar os buracos
negros, a formação de planetas, a aceleração da taxa de expansão do universo e
outros grandes mistérios. Indo além, são essas partículas que nos permitirão
não apenas fazer as perguntas certas, mas dar as respostas às indagações mais
fundamentais da aventura intelectual humana. Elas são a chave para respondermos
finalmente como surgiu o universo e, seu corolário, de onde viemos.
Por
ter liderado equipes que somaram mais de 3 000 físicos e engenheiros empenhados
na descoberta do Higgs, dá-se como certo que a senhora vai ganhar o Prêmio
Nobel de Física. Analisando friamente, isso é inevitável, não? Sinto-me
honrada por ter me tornado a face desta que é uma das descobertas mais
importantes dos últimos 100 anos. Mas acho errado que uma só pessoa, ou duas,
ou três levem o Nobel por isso. Não acharia certo que o prêmio viesse apenas
para a minha mão. Se o comitê do Nobel achar apropriado consagrar nossa
pesquisa, peço publicamente que os agraciados sejam os times de milhares de
cientistas que formularam a teoria, como Peter Higgs, e que a testaram na
prática, como as equipes que guiei. O prêmio deveria ir para o Cern e para a
comunidade em torno dele. Para isso ocorrer, teriam de ser mudadas as atuais
regras do Nobel. Mas está na hora das transformações. Hoje, as experiências
científicas mais relevantes não são feitas apenas por um ou por alguns
indivíduos. Os responsáveis são grupos imensos de intelectuais ultraqualificados,
cada um com uma função específica e vital na condução do experimento. Muitos
atuaram remotamente, via internet, de diversas partes do mundo. A maneira de
fazer ciência mudou muito, e a organização do Nobel deveria refletir sobre
isso.
Alinhar
3 000 mentes brilhantes em torno de uma meta única é, em si, um feito inédito,
não? Foi um prazer enorme e nos enriqueceu como seres
humanos. Mas, mais do que isso, a união de um grupo de milhares de pessoas de
38 países, com cultura, religião e vida completamente diversas, tem tido um
impacto tremendo na sociedade. Nesse time estão representantes de povos cujos
governos usualmente não se dão bem. Estudantes palestinos e israelenses
organizaram juntos uma festa simbólica dentro do Cern para demonstrar o espírito
de cooperação universal. O que temos provado é que podemos nos juntar quando
existe um objetivo civilizatório comum em benefício de toda a humanidade.
Por
que são necessárias tantas pessoas, de tantas nacionalidades, em um experimento
como o LHC? O LHC é o maior laboratório já
construído. Desenvolvemos instrumentos de dezenas de metros de altura,
soterrados em cavernas de 100 metros de profundidade. Construímos o que
consideramos ser o maior microscópio já feito. Esse equipamento todo foi
fabricado para observar relações subatômicas impossíveis de ser vistas de
qualquer outra maneira. Só que, para atingirmos tal nível de avanço científico
e tecnológico, precisamos de muito dinheiro e de muitas mentes. Só conseguimos
isso captando capital financeiro e humano pelo mundo. Reunimos o melhor do
melhor de cada nação.
O
Cern nasceu como uma organização européia, mas hoje tem o apoio de países como
Estados Unidos, China e o Brasil. O que mudou? Nos
anos 50, quando o Cern foi criado, o nacionalismo imperava. Estávamos em plena
Guerra Fria e na era pós-II Guerra Mundial e entendíamos que nossas pesquisas
deveriam ser feitas apenas por europeus. Assim como os russos faziam as deles e
os americanos tinham as próprias ambições. Agora, o mundo se tornou globalizado
pela primeira vez na história. Não faz mais sentido concentrar conhecimento, e
por isso abrimos nossas portas. Há, inclusive, negociações prolongadas para que
o Brasil se torne membro mais efetivo. Todos têm benefícios incríveis com isso.
A Europa ganha mão de obra e apoio tecnológico. As nações que aderem à nossa
empreitada qualificam profissionais e têm acesso às tecnologias que criamos. Em
uma consequência ampla, fortificamos laços diplomáticos.
Como
essas revoluções científicas em curso afetam o cotidiano das pessoas? Há
três aspectos a ser considerados. A descoberta do Higgs já transformou nossa
vida de diversas maneiras. Não falo de cientistas, mas de qualquer um no mundo.
O Higgs é resultado de mais de 25 anos de pesquisas que exigiram o
desenvolvimento de instrumentos de altíssima tecnologia. Essa soluções
tecnológicas, que à primeira vista não pareciam úteis, transformaram nosso modo
de vida. O exemplo mais famoso que temos é a internet. O protocolo “www”, que
ancora qualquer site da web, surgiu em 1989 da mente de Tim Berners-Lee, um dos
cientistas do Cern. Inicialmente, a internet era apenas uma maneira de nós,
cientistas, nos comunicarmos e transmitirmos dados entre computadores. Passadas
duas décadas, o “www” mudou a maneira como nos expressamos, trabalhamos,
estudamos. Em resumo, a maneira como vivemos.
Que
outros efeitos positivos a senhora pode apontar? São
inúmeros. A tecnologia que criamos revolucionou a indústria de energia, a de
novos materiais supercondutores que transmitem eletricidade com eficiência
ímpar, a da computação e a indústria médica. Há 30 000 aceleradores de
partículas no mundo com tecnologia desenvolvida por nossos físicos e
engenheiros, e 17 000 desses equipamentos são usados para aplicações médicas.
Eles estão na base das técnicas mais eficientes para diagnóstico e tratamento
de quase todos os tipos de câncer.
Nem
sempre as pessoas conseguem relacionar os resultados práticos com as pesquisas
básicas. É assim mesmo? As pesquisas de fundamentos
científicos são o combustível que acelera o progresso da humanidade. Quando uma
das várias perguntas que fazemos na ciência é respondida, tudo muda para a
civilização. O Higgs foi revelado no dia 4 de julho de 2012. Isso não quer
dizer que no dia 5 a revolução a que deu início foi sentida por cada pessoa. É
algo que demora décadas, mas que, quando compreendemos o que ocorreu,
entendemos quanto foi fundamental para nós. A melhor maneira de entender esse
pilar da humanidade é olhar para o passado. Quando o físico inglês Joseph John
Thomson descobriu a existência de elétrons, partículas fundamentais para
explicar os átomos, ao observá-los em laboratório, em 1897, nada mudou em seu
mundo, em sua cidade ou em seu bairro no dia seguinte ao achado. Ele não tinha
ideia de que isso seria depois a base para gerar energia pelo mundo, para a
existência de televisores, para toda a maneira como vivemos. Em dez, vinte ou
cinquenta anos, cientistas farão um raciocínio parecido tendo começo o bóson de
Higgs e como ele nos transformou. Por fim, a terceira forma como as descobertas
mudam nossa vida exige uma abordagem filosófica. Conhecer e compreender as
regras da natureza é dever e direito do homem como ser pensante. O cérebro nos
mostra instintiva e racionalmente que queremos mais conhecimento. Nesse
enfoque, a ciência vira irmã da arte. Para financiar artistas, vamos pensar
sobre qual é a finalidade prática de pinturas e músicas? De forma alguma.
Apoiamos a arte e a ciência por serem as expressões máximas do ser humano.
A
senhora foi eleita pela revista americana Time
uma das pessoas mais importantes do mundo e tem recebido milhares de
e-mails de jovens que pedem orientação sobre como se tornar cientistas. Sobre
tempo para responder a todos? Respondo a todos os
e-mails. Sei como é vital para um jovem com vocação científica ter uma
referência, uma personalidade que lhe sirva de exemplo. Quando era jovem, eu me
encantava com a vida e a carreira de gênios como Albert Einstein. Isso me
motivou a seguir em frente. Fico honrada ao ver que muitos estudantes que
entram em contato comigo têm nos físicos do Cern uma inspiração para seguir
nessa aventura de desvendar a realidade, que nos ajuda a evoluir como seres
humanos.”
(FABIOLA
GIANOTTI, que é física, em entrevista a FILIPE VILICIC, de Genebra, e publicada na revista VEJA, edição 2316 – ano 46 – nº 15, de
10 de abril de 2013, páginas 17 a 21).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de abril
de 2013, caderno OPINIÃO, página 9,
de autoria de FREI BETTO, que é
escritor, autor, em parceria com Marcelo Barros, de O amor fecunda o universo – ecologia e espiritualidade (Agir),
entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:
“Insustentáveis
agrotóxicos
O Brasil é o campeão do
mundo no uso de agrotóxicos no cultivo de alimentos. Cerca de 20% dos
pesticidas fabricados no mundo são
despejados em nosso país. Um bilhão de litros ao ano: 5,2 litros por
brasileiro! Ao recorde quantitativo soma-se o drama de autorizarmos o uso das
substâncias mais perigosas, já proibidas na maior parte do mundo por causarem
danos sociais, econômicos e ambientais.
Pesquisas científicas
comprovam os impactos dessas substâncias na vida de trabalhadores rurais,
consumidores e demais seres vivos, revelando como desencadeiam doenças como
câncer, disfunções neurológicas e má-formação fetal, entre outras. Aumenta a
incidência de câncer em crianças. Segundo a oncologista Sílvia Brandalise,
diretora do Centro Infantil Boldrini, em Campinhas (SP), os pesticidas alteram
o DNA e levam à carcinogênese.
O poder das
transnacionais que produzem agrotóxicos (uma dúzia delas controla 90% do que é ofertado
no mundo) permite que o setor garanta a autorização desses produtos danosos nos
países menos desenvolvidos, mesmo já tendo sido proibidos em seus países de
origem. As pesquisas para a emissão de
autorização analisam somente os efeitos de cada pesticida isoladamente. Não há
estudos que verifiquem a combinação desses venenos, que se misturam no ambiente
e em nossos organismos ao longo dos anos
É insustentável a
afirmação de que a produção de alimentos, baseada no uso de agrotóxicos, é mais
barata. Ao contrário, os custos sociais e ambientais são incalculáveis. Somente
em tratamento de saúde há estimativas de que para cada real gasto com a
aquisição de pesticidas, o poder público desembolsa R$ 1,28 para os cuidados
médicos necessários. Essa conta todos nós pagamos sem perceber.
O modelo monocultor,
baseado em grandes propriedades e utilização de agroquímicos, não resolveu e
nem irá resolver a questão da fome mundial (872 milhões de subnutridos, segundo
a FAO). Esse sistema se perpetua com a expansão das fronteiras de cultivo, já
que ignora a importância da biodiversidade para o equilíbrio do solo e do
clima, fazendo com que as áreas utilizadas se degradem ao longo do tempo. Ele
cresce enquanto há novas áreas a serem incorporadas, aumentando a destruição
ambiental e o êxodo rural.
Em um planeta finito,
assolado por desequilíbrios crescentes, a terra fértil e saudável é cada vez
mais preciosa para garantir a sobrevivência dos bilhões de seres humanos.
Infelizmente não há meio-termo nesse setor. É impossível garantir a qualidade,
a segurança e o volume da produção de alimentos dentro desse modelo degradante.
Não há como incentivar o uso correto de pesticidas. Isso não é viável em um
país tropical, como o Brasil, em que o calor faz roupas e equipamentos de segurança,
necessários para as aplicações, virarem uma tortura para os trabalhadores.
Há que buscar solução na transição agroecológica, ou seja,
na gradua e crescente mudança do sistema atual para um modelo baseado no
cultivo orgânico, mantendo o equilíbrio do solo e a biodiversidade, e
redistribuindo a terra em propriedades menores. Isso facilita a rotatividade e
o consórcio de culturas, o combate natural às pragas e o resgate das relações
entre os seres humanos e a natureza, valorizando o clima e as espécies locais.
Existem muitas
experiências bem-sucedidas em nosso país e em todo o mundo que comprovam a
viabilidade desse novo modelo. Até em assentamentos da reforma agrária há
exemplos de como promover a qualidade de vida, a justiça social e o
desenvolvimento sustentável.
Para fomentar esse
debate e exigir medidas concretas por parte do poder público foi criada, em
abril de 2011, a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida. Dela
participam cerca de 50 organizações, como a Via Campesina, o Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a Associação Brasileira de Saúde
Coletiva (Abrasco) e a Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico da CUT no
Estado de São Paulo (Fetquim). A campanha visa a conquista da verdadeira
soberania alimentar, para que o Brasil deixe de ser um mero exportador de
commodities (com geração de grandes lucros para uma minoria, e imensos danos à
população) para se tornar um território em que a produção de alimentos se faça
com dignidade social e de forma saudável.
A outra opção é seguir
nos iludindo com os falsos custos dos alimentos, envenenando nossa terra,
reduzindo a biodiversidade, promovendo a concentração de renda, a socialização
dos prejuízos e a criação de hospitais especializados no tratamento de câncer,
como ocorre em Unaí (MG), onde se multiplicam os casos dessa gravíssima doença,
devido ao cultivo tóxico de feijão.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável e sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e
diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar
por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e
comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e
danos, inexoravelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
intolerável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma
imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta
sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa
capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança
em nossas instituições, negligenciando a justiça,
a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas,
necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o colossal abismo das desigualdades sociais e regionais, nos
afastando num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada,
qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que
permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades
e potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos
e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada
Mundial da Juventude em julho; a Copa do Mundo de 2014; as obras do PAC e os
projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização,
da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da
inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da
paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...