Mostrando postagens com marcador ChildFund Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ChildFund Brasil. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A TRANSCENDÊNCIA DO CUIDADO COM AS CRIANÇAS E A URGÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE CONCILIADORA NA SUSTENTABILIDADE


“Transformar a realidade
        Tão importante quanto entender a realidade em que estamos inseridos é gerar as oportunidades para alterá-la. Pode parecer muito simples. Basta que saibamos onde estamos e aonde queremos chegar e realizar o percurso entre os pontos. No entanto, quando a realidade se apresenta a uma criança de 3 anos, que não se alimenta todos os dias, o futuro é um pouco mais difícil de ser vislumbrado. Estudos recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destacam que mais de 43% das crianças brasileiras de até 14 anos estão em situação de pobreza extrema. São quase 6 milhões de pequenos brasileiros que sobrevivem com R$ 140 por mês, ou seja, menos de R$ 0,50 por dia.
         É com essa realidade que o ChildFund Brasil – Fundo para as Crianças trabalha há 52 anos, em algumas das regiões marcadas por histórico de carências e limitações de oportunidades, como o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, e o Sertão do Cariri, no Ceará. Ressalta-se o fato de que, mesmo diante de um quadro de adversidades, a vida resiste de forma corajosa em função da força do povo desses lugares. Então, voltando à ideia inicial: como gerar oportunidades para alterar a realidade dessas criança? Só vislumbramos uma solução: empoderar as pessoas, engajando os integrantes das comunidades e permitindo que eles não somente sonhem, mas, acima de tudo, assumam a liderança da mudança social que se faz necessária para suas vidas.
         Para isso, o Fundo para as Crianças busca colaborar para que mudanças aconteçam, atuando em parceria com organizações sociais locais, que são formadas pelos verdadeiros agentes dessa mudança. E, a partir do desenvolvimento das capacidades de pessoas, são construídas as condições para a execução de trabalhos sociais que são planejados e legitimados através da atuação dos membros e líderes das comunidades, desencadeando uma mudança de comportamento que os faz se sentirem protagonistas de transformações sociais.
         Portanto, com base em processos participativos executados, monitorados e avaliados continuamente, são geradas oportunidades para se construir uma intervenção duradoura e promotora do desenvolvimento de crianças, famílias e comunidades.
         Um bom exemplo é município de Santa Luz, no Nordeste do Brasil, onde o Fundo para Crianças chegou em 2015 e apoiou a comunidade local para a fundação de uma organização social, a Associação de Assistência à Criança e ao Adolescente, que hoje oferece a mais de 1.000 crianças e suas famílias diversas atividades educativas e de convivência comunitária, que estão contribuindo para o desenvolvimento das pessoas e comunidades.
         Entendemos que é necessário que nos projetos sociais, por mais sutil que seja, sempre ocorra o engajamento do seu público direto na construção de intervenções que promovam mudanças sociais. Para que isso se torne possível, é fundamental identificar as reais causas dos problemas vividos pelas pessoas, para, assim, possibilitar que as soluções se tornem mais próximas da realidade de quem delas se beneficiará.
         É vital a essas organizações que sua atuação esteja alinhada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Trata-se de 17 metas globais que devem ser perseguidas por todos os países signatários das Nações Unidas. Erradicar a pobreza e a busca pela redução das desigualdades são algumas dessas metas.
         No nosso caso, atuamos focados na busca do 16º ODS: “Acabar com abuso, exploração, tráfico e todas as formas de violência e tortura contra crianças”. Somente em 2018, atendemos mais de 42 mil crianças nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, promovendo e fortalecendo caminhos de proteção e desenvolvimento.
         Entendendo a realidade dessas crianças e jovens, podemos, todos juntos, mudar seu hoje para que eles possam sonhar com um amanhã, já sabendo como alcançá-lo.”.

(JÚLIO CÉSAR DOS SANTOS. Coordenador de Operações de Campo no ChildFund Brasil – Fundo para Crianças, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 7 de fevereiro de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de fevereiro de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Política, a arte do diálogo
        A boa política é uma ‘forma eminente de caridade’, ensina o papa Francisco. É o caminho fundamental para se construir a cidadania, realizar obras. Uma verdade que precisa tocar o coração de todos, sobretudo dos que se candidatam e são escolhidos pelo povo para o exercício do poder. Mesmo que muitos interesses estejam envolvidos nas discussões políticas, é dever de quem representa o povo permanecer firme na defesa de seus representados, sem se deixar seduzir pelos objetivos de grupos com ambições pouco nobres. A política exige respeito a referências inegociáveis, ancoradas na liberdade e no compromisso com o bem comum. Nesse sentido, a meta de quem exerce o poder deve ser promover a dignidade humana, em profundo respeito à justiça.
         A verdadeira política é arte que se vale do diálogo para encontrar as soluções mais adequadas ao bem comum, a partir da argumentação, de compreensões lúcidas sobre a realidade. Oportuno lembrar que a arte tem força para elevar a compreensão humana a novos patamares. Por isso mesmo, o exercício da política, enquanto arte, deve contribuir para a sociedade avance rumo a novas conquistas civilizatórias. O interesse tem que ser o bem comum. É isso o que se espera dos representantes eleitos pelo povo. E que não percam a clareza de que o Parlamento, em nível federal, estadual ou municipal, é a casa do povo, onde seus representantes estão reunidos para servi-lo. Assim, a configuração de “bancadas” para a defesa de interesses muito particulares de alguns segmentos, não raramente contrários ao bem, à justiça e à verdade, é algo incompatível com a boa política.
         O exercício do poder exige qualificado debate sobre os diferentes anseios dos diversos segmentos da sociedade, processo indispensável para a construção de entendimentos acertados. É fundamental dialogar no contexto político, com a imprescindível capacidade para reconhecer os clamores do cidadão comum, particularmente dos mais pobres. Compreende-se que ser parlamentar é tornar-se porta-voz, principalmente, dos que sofrem. Na contramão desse sentido, o exercício da representação é de duvidosa qualidade e incapaz de promover melhorias, pois, quando a política é exercida de modo equivocado, contribui para que as riquezas sejam dilapidadas a partir de crimes ambientais e humanitários, em vez de convertidas em benefícios para a vida do planeta. Seria meta dos que ocupam cargos nas instâncias do poder a promoção do desenvolvimento integral, com respeito à natureza, aos valores culturais e religiosos, entre tantos outros.
         Não é tarefa fácil exercer a boa política. Por isso, ante as complexidades e exigências, muitos se afastam dessa responsabilidade. Os estreitamentos ideológicos, por exemplo, também agravam a aversão ao universo político. Mas essas distorções só podem ser corrigidas a partir da arte de dialogar. Assim é que se vencem barreiras e se constroem entendimentos, criando novos marcos regulatórios capazes de revisar legislações inadequadas, que atendem somente a interesses pouco nobres, fontes de crimes ambientais e humanitários.
         A política como arte do diálogo é capaz de elevar o exercício da cidadania, reconhecendo que o bem coletivo é a meta central a ser buscada por todos. Dialogar é dinâmica que promove correções, possibilitando aos representantes do povo atuar, cada vez mais, de modo coerente com os anseios de seus representados. Estejam todos abertos ao diálogo, sem medos, preconceitos, para que ocorram os intercâmbios necessários de ideias. Particularmente, os políticos possam ouvir instituições que mereçam respeito por ter credibilidade e, assim, desenvolver trabalhos comprovadamente importantes para a população, especialmente para os mais pobres.
         Fazer com que a política se torne, cada vez mais, a arte do diálogo exige dos representantes do povo disposição para o exercício da humildade e da generosidade. Abertura para a escuta, sem se apegar a interesses egoístas e cartoriais. Que os políticos renovem a disposição para dialogar, evitando descompassos e, assim, permaneçam firmes na busca pelo bem de todos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a ainda estratosférica marca de 285,4% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 312,6%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em janeiro, chegou a 3,78%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


       

quarta-feira, 2 de abril de 2014

A CIDADANIA, O EXERCÍCIO DA SOLIDARIEDADE E AS MUDANÇAS GLOBAIS (58/2)

(Abril = mês 58; faltam 2 meses para a Copa do Mundo)

“Exercício da solidariedade
        
         Se existe uma seara em que minha esperança se renova é a da solidariedade. O impulso de ajudar o outro em momentos difíceis não é novo, mas continua sendo o princípio mais desafiador para cada pequeno ser em sua passagem pela Terra. Não se deve esquecer, contudo, o potencial transformador que essas atitudes representam para o crescimento interior do próprio indivíduo. Podemos chamar de empatia, caridade, amor ao próximo. O nome importa pouco – o significado é que surpreende. Quem experimenta ser solidário conhece a imensa satisfação de prazer e bem estar que é abandonar seu universo particular e caminhar na direção do outro. Mesmo que pareça um ato pouco significativo em termos de ajuda, é um movimento que provoca mudanças profundas no estado de espírito. Quem recebe um ato solidário conquista benefícios, é claro. Mas quem oferta momentos de afago e carinho ao outro ganha ainda mais. Pesquisas indicam que trabalhos voluntários altruístas estimulam a alegria, aliviam tristezas e aumentam a imunidade, evitando doenças.
         Pessoas que se sentem solidárias expressam mais satisfação pela vida e desenvolvem maior capacidade de lidar com as dificuldades. Em geral se tornam mais felizes e encontram sentido às ações e atitudes. A ajuda desinteressada também reflete na identidade pessoal e social. Aumenta a autoestima e introduz sentido às nossas competências. Recompensa-nos com a alegria de contribuir para a felicidade de nossos semelhantes e nos dá a sensação de participar da melhoria da sociedade. Percebemos que somos um conjunto de seres pequeninos unidos em prol de algo maior. Atraída pela vontade de fazer alguma coisa, mínima que fosse, em 2003, segui o conselho de um amigo a apadrinhei uma criança do ChildFund Brasil – Fundo para Crianças. Uma organização cuja atuação é reconhecida internacionalmente na erradicação da pobreza infantil no país. A experiência de 11 anos de apadrinhamento me ensinou que é preciso muito pouco para fazer a diferença na vida de uma criança em situação de risco ou vulnerabilidade social. Entendi isso definitivamente quando, depois de alguns anos como madrinha, pude conhecer o trabalho do ChildFund e passei a apoiá-lo também como embaixadora. Realizamos uma visita a Medina, cidade do Vale do Jequitinhonha onde mora meu afilhado Fernando. Conhecê-lo pessoalmente me permitiu compreender a dimensão que minha pequena ajuda tinha em sua vida.
         Cerca de 16 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, sobrevivendo com até R$ 70 por mês. Mesmo não sendo diretamente responsáveis pelo que acontece na vida desses brasileiros, podemos, sim, ser causadores de uma grande mudança na vida delas. Praticar o bem eleva o espírito e salva o corpo também. Um exercício que todos nós deveríamos priorizar. Como a endorfina da atividade física, o hormônio que se espalha pelo nosso corpo ao dar um pequeno passo na direção de um universo diferente do nosso é transformador porque bombeia o afeto. E, como bem cantaram os Beatles, afeto sempre foi e continua sendo, definitivamente, o que o mundo mais precisa.”

(CRIS GUERRA. Escritora, comunicadora e embaixadora da ONG ChildFund Brasil, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de março de 2014, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 28 de março de 2014, caderno O.PINIÃO, página 28, de autoria de LEONARDO BOFF, filósofo e teólogo, e que merece igualmente integral transcrição:

“Depois da grande tribulação, a Terra terá seu merecido descanso
        
         Achamos muito oportunas as reflexões do autor Waldemar Boff, formado em filosofia e sociologia nos Estados Unidos e que anima o Serviço de Educação e Organização Popular na Baixada Fluminense. Eis seu texto:
         “Ninguém sabe ao certo o dia e a hora. É que já estamos no meio dela sem notarmos. Mas que está vindo, está, cada vez com mais intensidade e nitidez. Quando acontecer a grande virada, tudo vai parecer como se fosse de surpresa.
         “Embora haja dados seguros que apontam a inevitabilidade das mudanças globais devidas ao clima, os interesses econômicos das grandes nações e a falta de visão em longo termo de seus líderes não lhes permitem tomas as medidas necessárias para mitigar os efeitos e adaptar seu modo de vida ao estado febril da Terra.
“Poderíamos imaginar um cenário plausível em que furacões varrerão regiões inteiras. Ondas gigantescas engolirão cidades e civilizações. Secas prolongadas farão com que se troquem todas as riquezas por um simples copo de água suja. O calor e o frio extremos farão lembrar com saudades as histórias das avós que falavam das brisas da tarde e do aconchego de uma lareira no inverno. Comer-se-á só para sobreviver, sempre pouco e de gosto duvidoso.
         “ Mas tudo isso ainda não será o pior. A mãe, de tão fraca, não conseguirá enterrar a filha, e o neto matará o avô por causa de côdea de pão. A fome chegará a tal ponto que, como na Jerusalém sitiada, os famintos aguardarão a próxima vítima da morte para disputar-lhe a carne esfiapada.
         “‘O país ficará devastado e as cidades se tornarão escombros. Todo o tempo em que ficar devastada, a Terra descansará pelos sábados que não descansou quando nela habitáveis’ (Lev. 26:33-35).
         “Mas será o fim de toda a biosfera? Não. Por causa dos justos e sensatos, Deus abreviará esses dias e não dizimará toda a vida sobre a Terra. Mas é necessário que o ser humano passe por essa tribulação para acordar do seu egocentrismo e reconhecer em definitivo que ele é parte da comunidade da vida e o principal guardador dela.
         “Que fazer para nos prepararmos para esses tempos? Primeiramente, reconhecer que já vivemos neles.
         “Depois, importa ficar quieto, vigiando os sinais que indicam a aceleração dos processos de mudança. E, sobretudo, é imprescindível converter-se, mudar de hábitos de vida, uma mudança profunda, pessoal e definitiva. Só então estaríamos em condições morais de pedir aos outros que façam o mesmo.
         “Deveríamos, ainda, voltar às raízes, recomeçar, como tantas vezes já fez a humanidade arrependida, reconhecendo que somos apenas criaturas, e não Criador, que somos companheiros, e não senhores da natureza.
         “Para esses tempos de carestia que virão, é fundamental recuperar as ancestrais artes e técnicas do plantar, colher, comer; do cuidar dos animais e servir-se deles com respeito; do fazer utensílios e ferramentas, com arte e tecnologia local; do selecionar e plantar as ervas que curam e os grãos que nutrem; do recolher para tecer; do preservar as fontes d’água. Desse saber recuperado e enriquecido surgiria uma civilização do contentamento, uma biocivilização, a Terra da boa esperança.
         “Depois dessa longa temporada de lágrimas e esperanças, superaremos essa estúpida guerra de religiões, essa intolerável disputa de deuses. Para além dos profetas e tradições, quem sabe voltemos a adorar o único Criador de todas as coisas. E poderemos, enfim, organizar verdadeiramente a união de todos os povos do mundo e um autêntico parlamento de todas as religiões”.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, humanas, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, atingindo ondas oceânicas...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos (por exemplo, a quase sempre danosa, lesiva aos cofres públicos, proliferação de aditivos contratuais...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...


Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...