(Abril
= mês 58; faltam 2 meses para a Copa do Mundo)
“Exercício
da solidariedade
Se existe uma seara em
que minha esperança se renova é a da solidariedade. O impulso de ajudar o outro
em momentos difíceis não é novo, mas continua sendo o princípio mais desafiador
para cada pequeno ser em sua passagem pela Terra. Não se deve esquecer,
contudo, o potencial transformador que essas atitudes representam para o
crescimento interior do próprio indivíduo. Podemos chamar de empatia, caridade,
amor ao próximo. O nome importa pouco – o significado é que surpreende. Quem
experimenta ser solidário conhece a imensa satisfação de prazer e bem estar que
é abandonar seu universo particular e caminhar na direção do outro. Mesmo que
pareça um ato pouco significativo em termos de ajuda, é um movimento que
provoca mudanças profundas no estado de espírito. Quem recebe um ato solidário
conquista benefícios, é claro. Mas quem oferta momentos de afago e carinho ao
outro ganha ainda mais. Pesquisas indicam que trabalhos voluntários altruístas
estimulam a alegria, aliviam tristezas e aumentam a imunidade, evitando
doenças.
Pessoas
que se sentem solidárias expressam mais satisfação pela vida e desenvolvem maior
capacidade de lidar com as dificuldades. Em geral se tornam mais felizes e
encontram sentido às ações e atitudes. A ajuda desinteressada também reflete na
identidade pessoal e social. Aumenta a autoestima e introduz sentido às nossas
competências. Recompensa-nos com a alegria de contribuir para a felicidade de
nossos semelhantes e nos dá a sensação de participar da melhoria da sociedade.
Percebemos que somos um conjunto de seres pequeninos unidos em prol de algo
maior. Atraída pela vontade de fazer alguma coisa, mínima que fosse, em 2003,
segui o conselho de um amigo a apadrinhei uma criança do ChildFund Brasil –
Fundo para Crianças. Uma organização cuja atuação é reconhecida
internacionalmente na erradicação da pobreza infantil no país. A experiência de
11 anos de apadrinhamento me ensinou que é preciso muito pouco para fazer a
diferença na vida de uma criança em situação de risco ou vulnerabilidade
social. Entendi isso definitivamente quando, depois de alguns anos como
madrinha, pude conhecer o trabalho do ChildFund e passei a apoiá-lo também como
embaixadora. Realizamos uma visita a Medina, cidade do Vale do Jequitinhonha
onde mora meu afilhado Fernando. Conhecê-lo pessoalmente me permitiu
compreender a dimensão que minha pequena ajuda tinha em sua vida.
Cerca
de 16 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, sobrevivendo com
até R$ 70 por mês. Mesmo não sendo diretamente responsáveis pelo que acontece
na vida desses brasileiros, podemos, sim, ser causadores de uma grande mudança
na vida delas. Praticar o bem eleva o espírito e salva o corpo também. Um
exercício que todos nós deveríamos priorizar. Como a endorfina da atividade
física, o hormônio que se espalha pelo nosso corpo ao dar um pequeno passo na
direção de um universo diferente do nosso é transformador porque bombeia o
afeto. E, como bem cantaram os Beatles, afeto sempre foi e continua sendo,
definitivamente, o que o mundo mais precisa.”
(CRIS GUERRA.
Escritora, comunicadora e embaixadora da ONG ChildFund Brasil, em artigo
publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição
de 29 de março de 2014, caderno OPINIÃO,
página 9).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 28 de
março de 2014, caderno O.PINIÃO, página
28, de autoria de LEONARDO BOFF, filósofo
e teólogo, e que merece igualmente integral transcrição:
“Depois
da grande tribulação, a Terra terá seu merecido descanso
Achamos muito oportunas
as reflexões do autor Waldemar Boff, formado em filosofia e sociologia nos
Estados Unidos e que anima o Serviço de Educação e Organização Popular na
Baixada Fluminense. Eis seu texto:
“Ninguém
sabe ao certo o dia e a hora. É que já estamos no meio dela sem notarmos. Mas
que está vindo, está, cada vez com mais intensidade e nitidez. Quando acontecer
a grande virada, tudo vai parecer como se fosse de surpresa.
“Embora
haja dados seguros que apontam a inevitabilidade das mudanças globais devidas
ao clima, os interesses econômicos das grandes nações e a falta de visão em
longo termo de seus líderes não lhes permitem tomas as medidas necessárias para
mitigar os efeitos e adaptar seu modo de vida ao estado febril da Terra.
“Poderíamos imaginar um cenário plausível em que
furacões varrerão regiões inteiras. Ondas gigantescas engolirão cidades e
civilizações. Secas prolongadas farão com que se troquem todas as riquezas por
um simples copo de água suja. O calor e o frio extremos farão lembrar com saudades
as histórias das avós que falavam das brisas da tarde e do aconchego de uma
lareira no inverno. Comer-se-á só para sobreviver, sempre pouco e de gosto
duvidoso.
“ Mas
tudo isso ainda não será o pior. A mãe, de tão fraca, não conseguirá enterrar a
filha, e o neto matará o avô por causa de côdea de pão. A fome chegará a tal
ponto que, como na Jerusalém sitiada, os famintos aguardarão a próxima vítima
da morte para disputar-lhe a carne esfiapada.
“‘O
país ficará devastado e as cidades se tornarão escombros. Todo o tempo em que
ficar devastada, a Terra descansará pelos sábados que não descansou quando nela
habitáveis’ (Lev. 26:33-35).
“Mas
será o fim de toda a biosfera? Não. Por causa dos justos e sensatos, Deus
abreviará esses dias e não dizimará toda a vida sobre a Terra. Mas é necessário
que o ser humano passe por essa tribulação para acordar do seu egocentrismo e
reconhecer em definitivo que ele é parte da comunidade da vida e o principal
guardador dela.
“Que
fazer para nos prepararmos para esses tempos? Primeiramente, reconhecer que já
vivemos neles.
“Depois,
importa ficar quieto, vigiando os sinais que indicam a aceleração dos processos
de mudança. E, sobretudo, é imprescindível converter-se, mudar de hábitos de
vida, uma mudança profunda, pessoal e definitiva. Só então estaríamos em
condições morais de pedir aos outros que façam o mesmo.
“Deveríamos,
ainda, voltar às raízes, recomeçar, como tantas vezes já fez a humanidade
arrependida, reconhecendo que somos apenas criaturas, e não Criador, que somos
companheiros, e não senhores da natureza.
“Para
esses tempos de carestia que virão, é fundamental recuperar as ancestrais artes
e técnicas do plantar, colher, comer; do cuidar dos animais e servir-se deles
com respeito; do fazer utensílios e ferramentas, com arte e tecnologia local;
do selecionar e plantar as ervas que curam e os grãos que nutrem; do recolher
para tecer; do preservar as fontes d’água. Desse saber recuperado e enriquecido
surgiria uma civilização do contentamento, uma biocivilização, a Terra da boa
esperança.
“Depois
dessa longa temporada de lágrimas e esperanças, superaremos essa estúpida
guerra de religiões, essa intolerável disputa de deuses. Para além dos profetas
e tradições, quem sabe voltemos a adorar o único Criador de todas as coisas. E
poderemos, enfim, organizar verdadeiramente a união de todos os povos do mundo
e um autêntico parlamento de todas as religiões”.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
humanas, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à
maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos
a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas,
soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável e sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, atingindo ondas oceânicas...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos (por exemplo, a quase sempre danosa, lesiva aos cofres públicos,
proliferação de aditivos contratuais...);
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma
imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade,
produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e
solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...
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