“Transformar
a realidade
Tão importante quanto
entender a realidade em que estamos inseridos é gerar as oportunidades para
alterá-la. Pode parecer muito simples. Basta que saibamos onde estamos e aonde
queremos chegar e realizar o percurso entre os pontos. No entanto, quando a
realidade se apresenta a uma criança de 3 anos, que não se alimenta todos os
dias, o futuro é um pouco mais difícil de ser vislumbrado. Estudos recentes do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destacam que mais de 43%
das crianças brasileiras de até 14 anos estão em situação de pobreza extrema.
São quase 6 milhões de pequenos brasileiros que sobrevivem com R$ 140 por mês,
ou seja, menos de R$ 0,50 por dia.
É com
essa realidade que o ChildFund Brasil – Fundo para as Crianças trabalha há 52
anos, em algumas das regiões marcadas por histórico de carências e limitações
de oportunidades, como o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, e o Sertão do
Cariri, no Ceará. Ressalta-se o fato de que, mesmo diante de um quadro de
adversidades, a vida resiste de forma corajosa em função da força do povo
desses lugares. Então, voltando à ideia inicial: como gerar oportunidades para
alterar a realidade dessas criança? Só vislumbramos uma solução: empoderar as
pessoas, engajando os integrantes das comunidades e permitindo que eles não
somente sonhem, mas, acima de tudo, assumam a liderança da mudança social que
se faz necessária para suas vidas.
Para
isso, o Fundo para as Crianças busca colaborar para que mudanças aconteçam,
atuando em parceria com organizações sociais locais, que são formadas pelos
verdadeiros agentes dessa mudança. E, a partir do desenvolvimento das
capacidades de pessoas, são construídas as condições para a execução de
trabalhos sociais que são planejados e legitimados através da atuação dos
membros e líderes das comunidades, desencadeando uma mudança de comportamento
que os faz se sentirem protagonistas de transformações sociais.
Portanto,
com base em processos participativos executados, monitorados e avaliados
continuamente, são geradas oportunidades para se construir uma intervenção
duradoura e promotora do desenvolvimento de crianças, famílias e comunidades.
Um bom
exemplo é município de Santa Luz, no Nordeste do Brasil, onde o Fundo para
Crianças chegou em 2015 e apoiou a comunidade local para a fundação de uma
organização social, a Associação de Assistência à Criança e ao Adolescente, que
hoje oferece a mais de 1.000 crianças e suas famílias diversas atividades educativas
e de convivência comunitária, que estão contribuindo para o desenvolvimento das
pessoas e comunidades.
Entendemos
que é necessário que nos projetos sociais, por mais sutil que seja, sempre
ocorra o engajamento do seu público direto na construção de intervenções que
promovam mudanças sociais. Para que isso se torne possível, é fundamental
identificar as reais causas dos problemas vividos pelas pessoas, para, assim,
possibilitar que as soluções se tornem mais próximas da realidade de quem delas
se beneficiará.
É
vital a essas organizações que sua atuação esteja alinhada aos Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Trata-se de 17 metas globais que devem
ser perseguidas por todos os países signatários das Nações Unidas. Erradicar a
pobreza e a busca pela redução das desigualdades são algumas dessas metas.
No
nosso caso, atuamos focados na busca do 16º ODS: “Acabar com abuso, exploração,
tráfico e todas as formas de violência e tortura contra crianças”. Somente em
2018, atendemos mais de 42 mil crianças nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e
Nordeste, promovendo e fortalecendo caminhos de proteção e desenvolvimento.
Entendendo
a realidade dessas crianças e jovens, podemos, todos juntos, mudar seu hoje
para que eles possam sonhar com um amanhã, já sabendo como alcançá-lo.”.
(JÚLIO CÉSAR
DOS SANTOS. Coordenador de Operações de Campo no ChildFund Brasil – Fundo
para Crianças, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 7 de fevereiro de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
15 de fevereiro de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral
transcrição:
“Política,
a arte do diálogo
A boa política é uma
‘forma eminente de caridade’, ensina o papa Francisco. É o caminho fundamental
para se construir a cidadania, realizar obras. Uma verdade que precisa tocar o
coração de todos, sobretudo dos que se candidatam e são escolhidos pelo povo
para o exercício do poder. Mesmo que muitos interesses estejam envolvidos nas
discussões políticas, é dever de quem representa o povo permanecer firme na
defesa de seus representados, sem se deixar seduzir pelos objetivos de grupos
com ambições pouco nobres. A política exige respeito a referências
inegociáveis, ancoradas na liberdade e no compromisso com o bem comum. Nesse
sentido, a meta de quem exerce o poder deve ser promover a dignidade humana, em
profundo respeito à justiça.
A
verdadeira política é arte que se vale do diálogo para encontrar as soluções
mais adequadas ao bem comum, a partir da argumentação, de compreensões lúcidas
sobre a realidade. Oportuno lembrar que a arte tem força para elevar a
compreensão humana a novos patamares. Por isso mesmo, o exercício da política,
enquanto arte, deve contribuir para a sociedade avance rumo a novas conquistas
civilizatórias. O interesse tem que ser o bem comum. É isso o que se espera dos
representantes eleitos pelo povo. E que não percam a clareza de que o
Parlamento, em nível federal, estadual ou municipal, é a casa do povo, onde
seus representantes estão reunidos para servi-lo. Assim, a configuração de
“bancadas” para a defesa de interesses muito particulares de alguns segmentos,
não raramente contrários ao bem, à justiça e à verdade, é algo incompatível com
a boa política.
O
exercício do poder exige qualificado debate sobre os diferentes anseios dos
diversos segmentos da sociedade, processo indispensável para a construção de
entendimentos acertados. É fundamental dialogar no contexto político, com a
imprescindível capacidade para reconhecer os clamores do cidadão comum,
particularmente dos mais pobres. Compreende-se que ser parlamentar é tornar-se
porta-voz, principalmente, dos que sofrem. Na contramão desse sentido, o
exercício da representação é de duvidosa qualidade e incapaz de promover
melhorias, pois, quando a política é exercida de modo equivocado, contribui
para que as riquezas sejam dilapidadas a partir de crimes ambientais e
humanitários, em vez de convertidas em benefícios para a vida do planeta. Seria
meta dos que ocupam cargos nas instâncias do poder a promoção do
desenvolvimento integral, com respeito à natureza, aos valores culturais e
religiosos, entre tantos outros.
Não é
tarefa fácil exercer a boa política. Por isso, ante as complexidades e exigências,
muitos se afastam dessa responsabilidade. Os estreitamentos ideológicos, por
exemplo, também agravam a aversão ao universo político. Mas essas distorções só
podem ser corrigidas a partir da arte de dialogar. Assim é que se vencem
barreiras e se constroem entendimentos, criando novos marcos regulatórios
capazes de revisar legislações inadequadas, que atendem somente a interesses
pouco nobres, fontes de crimes ambientais e humanitários.
A
política como arte do diálogo é capaz de elevar o exercício da cidadania,
reconhecendo que o bem coletivo é a meta central a ser buscada por todos.
Dialogar é dinâmica que promove correções, possibilitando aos representantes do
povo atuar, cada vez mais, de modo coerente com os anseios de seus
representados. Estejam todos abertos ao diálogo, sem medos, preconceitos, para
que ocorram os intercâmbios necessários de ideias. Particularmente, os
políticos possam ouvir instituições que mereçam respeito por ter credibilidade
e, assim, desenvolver trabalhos comprovadamente importantes para a população,
especialmente para os mais pobres.
Fazer
com que a política se torne, cada vez mais, a arte do diálogo exige dos
representantes do povo disposição para o exercício da humildade e da
generosidade. Abertura para a escuta, sem se apegar a interesses egoístas e
cartoriais. Que os políticos renovem a disposição para dialogar, evitando
descompassos e, assim, permaneçam firmes na busca pelo bem de todos.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a ainda estratosférica marca
de 285,4% nos últimos doze meses, e a
taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 312,6%; e já o IPCA,
também no acumulado dos últimos doze meses, em janeiro, chegou a 3,78%); II – a
corrupção, há séculos, na mais
perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria
grega, do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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