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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS DA PÁTRIA EDUCADORA E A LUZ DA CIVILIDADE NA SUSTENTABILIDADE

“Pátria educadora ou educação sem pátria
        Pelo título que dei a este artigo, talvez eu instigue você, leitor, a se lembrar de alguma situação bem recente da história de nosso país. História que não condiz com o real quadro e necessidades da educação no contexto contemporâneo. Há poucos dias comemoramos o Dia do Professor, categoria que não tem muito o que comemorar em função do tratamento que lhe é dispensado, não só dentro da sala de aula, mas também fora dela.
         O dizer “sou professor, sou professora”, antes orgulhoso, hoje tem significado bem diferente. É representado pelo amor da maioria das pessoas que compõem esta categoria, com a sua doação e o desejo de ajudar as pessoas a transformarem-se em vista de mudanças significativas do mundo em que vivem, e não pelo que são em função do que o trabalho pode oferecer materialmente.
         A situação desse profissional da educação representa vergonha para o país. A mesma educação que continua sendo apontada como o único caminho para o desenvolvimento de qualquer sociedade.
         Na história da educação, vamos nos deparar com diferentes formas de conduzir a questão da aprendizagem. Nas sociedades antigas, os sábios tinham a missão de ensinar o que lhes era conferido pelos deuses. A sabedoria era um presente, uma dádiva do Divino. Os alunos eram discípulos ou seguidores. Esta interatividade entre educador e educando é tão antiga quanto a existência humana.
         Com o desenrolar dos anos, a sala de aula torna-se um espaço em que as relações são extremamente desiguais: de um lado, o professor representando a ciência; do outro, os alunos que escutam aquilo que não gostariam de escutar – em resumo, o que aprendem é uma imposição de um desejo que vem de fora para dentro.
         E com toda a evolução tecnológica, o papel do professor continua sendo de extrema importância. De detentor, ele assume a posição de facilitador do conhecimento. Não se fala mais ao aluno “você tem que aprender”, mas, sim, “você pode e tem capacidade de aprender”. Este é o novo caminho. Ele se torna integrante nesse processo de construção do conhecimento na nova vertente da educação contemporânea.
         Os modelos tradicionais já não traduzem mais as expectativas reais desta sociedade do conhecimento e, por isso, nunca em nossa história humana fomos tão desafiados. Os desejos que movem as pessoa são outros. A liberdade de poder escolher novos caminhos para chegar ao saber é o que caracteriza este novo formato.
         O grande problema da educação no Brasil foi criado pelo próprio desinteresse político em adotar políticas educacionais populares que gerassem e garantissem crescimento do conhecimento. Escola para poucos. Esse era o lema e o princípio que davam à educação num extenso país como o Brasil, que clama por transformação.
         Novos desafios à vista. E esses desafios ainda são maiores quanto à reconstrução necessária do modelo que não atende mais a essa demanda e não suporta mais este aprisionamento mental. Libertar a mente desta nova geração, esse é o compromisso e maior desafio do professor e da escola na era da informática. Um movimento dinâmico que deve alimentar ainda uma esperança coletiva de que o Brasil venha a se tornar realmente uma pátria educadora.
         E não se esqueça de um outro aspecto importante nesta guinada: a aproximação maior entre os dois segmentos, o que possibilita interação mais proveitosa neste novo ambiente escolar. O professor que ensina e aprende, o aluno que aprende e ensina, passando assim a existir cumplicidade e uma responsabilidade compartilhadas no processo ensino/aprendizagem.
         Só assim podemos oferecer uma pátria à nossa educação, em que docentes como Heley de Abreu Silva Batista ofertam sua própria vida para defender aqueles que dão sentido ao seu ser docente; seus alunos. Em contrapartida, enfrentam o desafio de pertencer a um país chamado Brasil.”.

(EUDÁSIO CAVALCANTE. Professor, graduado em filosofia, pós-graduado em história, psicopedagogia e gestão educacional, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de novembro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 10 de novembro de 2017, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Resgatar a civilidade
        No passado era muito comum ouvir elogios destinados às pessoas reconhecidamente civilizadas, qualidade que define homens e mulheres comprometidos com a condução ilibada e honesta, dedicados ao exercício da cidadania de forma admirável. Importante sublinhar: ser civilizado não é apenas dominar o conjunto de formalidades e etiquetas exigidas em certos ambientes. Trata-se de orientar a própria condução a partir de parâmetros humanitários cultivados na consciência humana. E é exatamente esse sentido de civilidade que está faltando na sociedade contemporânea. Assim, a cidadania fica comprometida, pois há carência de um sólido embasamento antropológico para o exercício da civilidade. Falta clareza a respeito da origem, destino e missão de todo ser humano, da responsabilidade de cada um na construção de uma sociedade justa e fraterna.
         Os acelerados avanços tecnológicos não são acompanhados pelo cultivo da civilidade. As muitas oportunidades para intercâmbios, partilha de informações e a beleza de poder se comunicar com pessoas diferentes, em todo o mundo, coabitam com equivocados modos de agir do ser humano, que se mostra descomprometido com a tarefa de compor e integrar equipes, de formar laços para trilhar um itinerário em busca do bem comum.
         A perda de civilidade alimenta a delinquência que toma conta de muitas dinâmicas da sociedade contemporânea, manifestando-se de diferentes maneiras e intensidades. Contempla a loucura dos atiradores que avançam sobre multidões, os atentados terroristas, a incontrolável violência dos contextos urbanos e, também, os diferentes “assaltos” ao erário, praticados por quem busca a satisfação doentia de aumentar o patrimônio com aquilo que pertence ao povo. Um tipo de conduta que torna ainda mais distante o sonho de alcançar a civilização do amor. Aspiração que, para se tornar realidade, depende da eficácia de processos educativos fundamentados em princípios antropológicos capazes de possibilitar o reconhecimento do verdadeiro sentido da vida no contexto contemporâneo.
         Se a vida perde sentido, a liberdade é exercida para alimentar delinquências. Prevalece o “vale tudo”, com as conveniências egoístas que desconsideram a existência das outras pessoas, particularmente dos mais pobres, indefesos e inocentes. Nesse cenário, perde-se a noção de pátria e de pertencimento. Muitos passam a considerar retrógrados os princípios e valores que sustentam a civilidade. Acham-se no direito de passar por cima de tudo para alcançar, mesquinhamente, certos interesses. Uma postura que gera incompetência para a vida em coletividade, perdendo-se muitas oportunidades para a qualificação da cidadania. A própria liberdade torna-se ameaçada, pois no “vale tudo”, a premissa do respeito mútuo é desconsiderada. Perde-se a segurança de ir e vir, a capacidade para se relacionar harmonicamente com o semelhante e, particularmente, o compromisso de dedicar-se à solidariedade.
         Esse fenômeno preocupante da perda do sentido de civilidade gera ainda a incapacidade para ouvir críticas, ou mesmo elaborá-las com o objetivo de promover mudanças que signifiquem aprimoramento. Aos poucos, convive-se com a superficialidade de uma sociedade que ocupa território de riquezas extraordinárias, mas não sabe o que fazer para promover o bem de todos. A incivilidade na sociedade brasileira atrasa novos passos, a saída das crises. Mata alegrias e esperanças.
         Por isso, é preciso recuperar a civilidade aprendida nos lares e cultivada nas muitas escolhas da vida. Sem civilidade não há valorização do amor como norma suprema na vida social, nos âmbitos políticos, econômico e cultural e nem os gestos que levam em consideração o respeito às diferenças, às pessoas, aos momentos e aos ritos. O esquecimento da civilidade permite as discriminações e a confirmação de elitismos que envenenam a sociedade. É preciso resgatar a civilidade, seu conjunto de normas e práticas, que contribui para modular consciências, o caminho para qualificar as relações humanas, viver como autodoação em benefício da sociedade, autênticos servidores e cidadãos comprometidos. É preciso trabalhar muito, dos pequenos gestos à nobreza de grandes atos, para se resgatar a civilidade.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro/2017 a ainda estratosférica marca de 332,38% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 321,29%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em outubro, chegou a 2,70%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      


quarta-feira, 22 de julho de 2015

A CIDADANIA, OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO E AS COMPLEXAS DEMANDAS DA JUVENTUDE

“Um olhar de esperança pela educação
        Tem sido um desafio gigantesco para nós, professores/educadores, o buscar entender a situação por que passa a educação hoje. Se fizermos uma análise da trajetória histórica da educação, vamos encontrar momentos bem distintos, e gostaria de lembrar apenas uma situação, qual seja, a passagem de uma educação elitizada para uma educação mais acessível aos menos favorecidos. Isso nos basta para entender a importância que tem a educação dentro de qualquer contexto social, uma vez que não podemos visualizar um futuro promissor sem refletir, antes, numa educação que esteja comprometida em levar as pessoas a pensar e, mais ainda, a sonhar.
         Essa ideia nos pensar de forma mais preocupante sobre o futuro da educação. Ao longo dos anos, esse humanismo foi sendo substituído por uma formação mais tecnicista. Se levarmos em consideração o contexto histórico, isso começa a acontecer no início da Idade Moderna, sobretudo, com o pensamento de René Descartes, a partir do qual se constrói um paradigma no qual aquele que pensa, o homem, deve estar deve estar separado do objeto pensado. Essa novidade impulsionou o desenvolvimento da ciência nas suas várias áreas específicas, consequentemente, influenciou na elaboração dos currículos escolares ao longo desses anos todos.
         Progresso à vista. A grande árvore do conhecimento começa a ser podada. Uma nova concepção do que seja conhecer está sendo moldada. São galhos espalhados e separados do seu tronco original e, como consequência prática dessa mudança na educação, podemos apontar a instituição de um currículo fragmentado sem nenhum compromisso com a totalidade do saber, do conhecimento, trazendo uma preocupante carência de sabedoria, isso porque “ciência e tecnologia lançaram-se em uma correria cega sem prestar atenção à paisagem de humanidade que as cerca, sem sonhar com o que deixaram atrás delas, para melhor obedecer ao espírito frenético de conquistas que as arrasta para um terrível futuro”, afirma, sabiamente, Georges Gusdorf, no prefácio do livro Interdisciplinaridade e patologia do saber, de Hilton Japiassu.
         Diante de todo esse quadro apresentado, podemos afirmar que o nosso sistema educacional precisa de uma restauração, uma vez que está envelhecido e enrugado na forma de conduzir o conhecimento àqueles que frequentam as nossas escolas, crianças e jovens, que continuam desorientados e pouco instruídos em relação ao futuro que lhes aguarda. O sistema educacional está no CTI, precisando de socorro.
         Esse é o nosso grande desafio: estabelecer um diálogo entre as diferentes disciplinas e construir no corpo discente uma consciência diferente da que se percebe hoje no dia a dia das escolas, qual seja, de que devemos estudar apenas em função de uma nota, o que, na verdade, não representa o resultado de uma aprendizagem real. Só assim resgataríamos a autoestima necessária para gerar em cada aluno o prazer de ir à escola e acabarmos de uma vez por todas com esse marasmo que tomou conta das nossas instituições escolares. Trato aqui, portanto, de uma questão que vai muito além dos reais problemas políticos que interferem no resultado final da educação.
         Precisamos, imediatamente, de nos preocupar menos com resultados estatísticos para nos preocupar mais com resultados reais, que é uma educação voltada para o desenvolvimento da interioridade humana, que se reflete diretamente na construção de uma consciência plena voltada para os valores que edificam uma sociedade comprometida com a garantia de um futuro feliz, cujo modelo, paidea, já encontramos em pleno século 5 a.C., na Grécia Antiga de Sócrates, Platão e Aristóteles, como exigência de mudanças dentro de contexto histórico educacional da pólis grega.
         E é o próprio Platão quem nos ajuda a entender o valor e o significado da Paidea Grega como “(...) a essência de toda a verdadeira educação ou Paideia é a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento”. Só nos resta agora uma única coisa: mudar as nossas atitudes, o que representa, com toda certeza, um olhar de esperança pela educação.”

(EUDÁSIO CAVALCANTE. Professor, graduado em filosofia, pós-graduado em história e psicopedagogia, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de julho de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 20 de julho de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, jornalista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Juventude ameaçada
        O crescimento dos casos de Aids, o aumento da violência e a escalada das drogas ameaçam a juventude. A deterioração econômica e a falta de perspectiva de trabalho exacerbam o clima de desesperança. A percepção da falência do Estado em áreas essenciais (educação, saúde, segurança, transporte) causa muita frustração. Para muitos jovens, infelizmente, os anos da adolescência serão os mais perigosos da vida deles.
         Desemprego, gravidez precoce, aborto, doenças sexualmente transmissíveis, Aids e drogas compõem a trágica equação que ameaça destruir o sonho juvenil e escancarar as portas para uma explosão de violência. Além disso, a moçada não foi preparada para a adversidade. E a delinquência é, frequentemente, a manifestação visível da depressão.
         A situação é reflexo de uma cachoeira de equívocos e de uma montanha de omissões. O novo perfil da delinquência é o resultado acabado da crise da família, da educação permissiva e do bombardeio de setores do mundo do entretenimento que se empenham em apagar qualquer vestígio de valores. Tudo isso, obviamente, agravado e exacerbado pela falência de políticas públicas e a ausência de expectativas.
         Os pais da geração transgressora têm parte da culpa. Choram os desvios que cresceram no terreno fertilizado pela omissão. O delito não é apenas reflexo da falta de autoridade familiar. É muitas vezes, um grito de revolta e carência. A pobreza material agride o corpo, mas a falta de amor castiga a alma. Os adolescentes necessitam de pais morais, e não de pais materiais.
         Reféns da cultura da autorrealização, alguns pais não suportam ser incomodados pelas necessidades dos filhos. O vazio afetivo – imaginam na insanidade do seu egoísmo – pode ser preenchido com carros, boas mesadas e um celular para os casos de emergência. Acuados pela desenvoltura antissocial dos filhos, recorrem ao salva-vidas da psicopatia. E é aí que a coisa pode complicar. Como dizia Otto Lara Resende, com ironia e certa dose de injusta generalização, “a psicanálise é a maneira mais rápida e objetiva de ensinar a odiar o pai, a mãe e os melhores amigos”. Na verdade, a demissão do exercício da paternidade está na raiz do problema.
         Se a crescente falange de adolescentes criminosos deixa algo claro, é o fato de que cada vez mais pais não conhecem os próprios filhos. Não é difícil imaginar em que ambiente afetivo se desenvolvem os integrantes das gangues juvenis. As análises dos especialistas em políticas públicas esgrimem inúmeros argumentos politicamente corretos. Fala-se de tudo. Menos da crise da família. Mas o nó está aí. Se não tivermos a firmeza de desatá-lo, assistiremos, acovardados, a uma espiral de violência sem precedentes. É uma questão de tempo. Infelizmente.
         Ao traçar o perfil de alguns desvios da sociedade norte-americana, o sociólogo Christopher Lasch, autor do livro A rebelião das elites, sublinha as dramáticas consequências que estão ocultas sob a aparência da tolerância: “Gastamos a maior parte da nossa energia no combate à vergonha e à culpa, pretendendo que as pessoa se sentissem bem consigo mesmas.” O saldo é uma geração desorientada e vazia. A despersonalização da culpa e a certeza da impunidade têm gerado uma onda de superpredadores.
         O inchaço do ego e o emagrecimento da solidariedade estão na origem de inúmeros patologias. A forja do caráter, compatível com o clima de verdadeira liberdade, começa a ganhar contornos de solução válida. A pena é que tenhamos de pagar um preço tão alto para redescobrir o óbvio.
         É preciso ir às causas profundas da delinquência. Ou encaramos tudo isso com coragem ou seremos tragados por uma onda de violência jamais vista. O resultado final da pedagogia da concessão, da desestruturação familiar e da crise da autoridade está apresentando consequências dramáticas. Chegou para todos a hora de falar claro. É preciso pôr o dedo na chaga e identificar a relação que existe entre o medo de punir e os seus efeitos antissociais.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do IBGE, a inflação de junho medida pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo – e acumulada nos últimos doze meses atingiu 8,89%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...”;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e segundo o estudo “Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte, se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!