quarta-feira, 15 de novembro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS DA PÁTRIA EDUCADORA E A LUZ DA CIVILIDADE NA SUSTENTABILIDADE

“Pátria educadora ou educação sem pátria
        Pelo título que dei a este artigo, talvez eu instigue você, leitor, a se lembrar de alguma situação bem recente da história de nosso país. História que não condiz com o real quadro e necessidades da educação no contexto contemporâneo. Há poucos dias comemoramos o Dia do Professor, categoria que não tem muito o que comemorar em função do tratamento que lhe é dispensado, não só dentro da sala de aula, mas também fora dela.
         O dizer “sou professor, sou professora”, antes orgulhoso, hoje tem significado bem diferente. É representado pelo amor da maioria das pessoas que compõem esta categoria, com a sua doação e o desejo de ajudar as pessoas a transformarem-se em vista de mudanças significativas do mundo em que vivem, e não pelo que são em função do que o trabalho pode oferecer materialmente.
         A situação desse profissional da educação representa vergonha para o país. A mesma educação que continua sendo apontada como o único caminho para o desenvolvimento de qualquer sociedade.
         Na história da educação, vamos nos deparar com diferentes formas de conduzir a questão da aprendizagem. Nas sociedades antigas, os sábios tinham a missão de ensinar o que lhes era conferido pelos deuses. A sabedoria era um presente, uma dádiva do Divino. Os alunos eram discípulos ou seguidores. Esta interatividade entre educador e educando é tão antiga quanto a existência humana.
         Com o desenrolar dos anos, a sala de aula torna-se um espaço em que as relações são extremamente desiguais: de um lado, o professor representando a ciência; do outro, os alunos que escutam aquilo que não gostariam de escutar – em resumo, o que aprendem é uma imposição de um desejo que vem de fora para dentro.
         E com toda a evolução tecnológica, o papel do professor continua sendo de extrema importância. De detentor, ele assume a posição de facilitador do conhecimento. Não se fala mais ao aluno “você tem que aprender”, mas, sim, “você pode e tem capacidade de aprender”. Este é o novo caminho. Ele se torna integrante nesse processo de construção do conhecimento na nova vertente da educação contemporânea.
         Os modelos tradicionais já não traduzem mais as expectativas reais desta sociedade do conhecimento e, por isso, nunca em nossa história humana fomos tão desafiados. Os desejos que movem as pessoa são outros. A liberdade de poder escolher novos caminhos para chegar ao saber é o que caracteriza este novo formato.
         O grande problema da educação no Brasil foi criado pelo próprio desinteresse político em adotar políticas educacionais populares que gerassem e garantissem crescimento do conhecimento. Escola para poucos. Esse era o lema e o princípio que davam à educação num extenso país como o Brasil, que clama por transformação.
         Novos desafios à vista. E esses desafios ainda são maiores quanto à reconstrução necessária do modelo que não atende mais a essa demanda e não suporta mais este aprisionamento mental. Libertar a mente desta nova geração, esse é o compromisso e maior desafio do professor e da escola na era da informática. Um movimento dinâmico que deve alimentar ainda uma esperança coletiva de que o Brasil venha a se tornar realmente uma pátria educadora.
         E não se esqueça de um outro aspecto importante nesta guinada: a aproximação maior entre os dois segmentos, o que possibilita interação mais proveitosa neste novo ambiente escolar. O professor que ensina e aprende, o aluno que aprende e ensina, passando assim a existir cumplicidade e uma responsabilidade compartilhadas no processo ensino/aprendizagem.
         Só assim podemos oferecer uma pátria à nossa educação, em que docentes como Heley de Abreu Silva Batista ofertam sua própria vida para defender aqueles que dão sentido ao seu ser docente; seus alunos. Em contrapartida, enfrentam o desafio de pertencer a um país chamado Brasil.”.

(EUDÁSIO CAVALCANTE. Professor, graduado em filosofia, pós-graduado em história, psicopedagogia e gestão educacional, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de novembro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 10 de novembro de 2017, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Resgatar a civilidade
        No passado era muito comum ouvir elogios destinados às pessoas reconhecidamente civilizadas, qualidade que define homens e mulheres comprometidos com a condução ilibada e honesta, dedicados ao exercício da cidadania de forma admirável. Importante sublinhar: ser civilizado não é apenas dominar o conjunto de formalidades e etiquetas exigidas em certos ambientes. Trata-se de orientar a própria condução a partir de parâmetros humanitários cultivados na consciência humana. E é exatamente esse sentido de civilidade que está faltando na sociedade contemporânea. Assim, a cidadania fica comprometida, pois há carência de um sólido embasamento antropológico para o exercício da civilidade. Falta clareza a respeito da origem, destino e missão de todo ser humano, da responsabilidade de cada um na construção de uma sociedade justa e fraterna.
         Os acelerados avanços tecnológicos não são acompanhados pelo cultivo da civilidade. As muitas oportunidades para intercâmbios, partilha de informações e a beleza de poder se comunicar com pessoas diferentes, em todo o mundo, coabitam com equivocados modos de agir do ser humano, que se mostra descomprometido com a tarefa de compor e integrar equipes, de formar laços para trilhar um itinerário em busca do bem comum.
         A perda de civilidade alimenta a delinquência que toma conta de muitas dinâmicas da sociedade contemporânea, manifestando-se de diferentes maneiras e intensidades. Contempla a loucura dos atiradores que avançam sobre multidões, os atentados terroristas, a incontrolável violência dos contextos urbanos e, também, os diferentes “assaltos” ao erário, praticados por quem busca a satisfação doentia de aumentar o patrimônio com aquilo que pertence ao povo. Um tipo de conduta que torna ainda mais distante o sonho de alcançar a civilização do amor. Aspiração que, para se tornar realidade, depende da eficácia de processos educativos fundamentados em princípios antropológicos capazes de possibilitar o reconhecimento do verdadeiro sentido da vida no contexto contemporâneo.
         Se a vida perde sentido, a liberdade é exercida para alimentar delinquências. Prevalece o “vale tudo”, com as conveniências egoístas que desconsideram a existência das outras pessoas, particularmente dos mais pobres, indefesos e inocentes. Nesse cenário, perde-se a noção de pátria e de pertencimento. Muitos passam a considerar retrógrados os princípios e valores que sustentam a civilidade. Acham-se no direito de passar por cima de tudo para alcançar, mesquinhamente, certos interesses. Uma postura que gera incompetência para a vida em coletividade, perdendo-se muitas oportunidades para a qualificação da cidadania. A própria liberdade torna-se ameaçada, pois no “vale tudo”, a premissa do respeito mútuo é desconsiderada. Perde-se a segurança de ir e vir, a capacidade para se relacionar harmonicamente com o semelhante e, particularmente, o compromisso de dedicar-se à solidariedade.
         Esse fenômeno preocupante da perda do sentido de civilidade gera ainda a incapacidade para ouvir críticas, ou mesmo elaborá-las com o objetivo de promover mudanças que signifiquem aprimoramento. Aos poucos, convive-se com a superficialidade de uma sociedade que ocupa território de riquezas extraordinárias, mas não sabe o que fazer para promover o bem de todos. A incivilidade na sociedade brasileira atrasa novos passos, a saída das crises. Mata alegrias e esperanças.
         Por isso, é preciso recuperar a civilidade aprendida nos lares e cultivada nas muitas escolhas da vida. Sem civilidade não há valorização do amor como norma suprema na vida social, nos âmbitos políticos, econômico e cultural e nem os gestos que levam em consideração o respeito às diferenças, às pessoas, aos momentos e aos ritos. O esquecimento da civilidade permite as discriminações e a confirmação de elitismos que envenenam a sociedade. É preciso resgatar a civilidade, seu conjunto de normas e práticas, que contribui para modular consciências, o caminho para qualificar as relações humanas, viver como autodoação em benefício da sociedade, autênticos servidores e cidadãos comprometidos. É preciso trabalhar muito, dos pequenos gestos à nobreza de grandes atos, para se resgatar a civilidade.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro/2017 a ainda estratosférica marca de 332,38% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 321,29%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em outubro, chegou a 2,70%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      


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