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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A CIDADANIA, AS PESSOAS, OS SONHOS, A CULTURA E O DESAFIO DE SER PROFESSOR

“Pessoas, sonhos e cultura
        Antes de ser admitida em uma empresa, a pessoa deveria responder a três perguntas básicas: Qual o seu sonho? O que você pretende fazer para realizar o seu sonho? Como você vai integrar-se ao sonho de sua empresa? Pois as pessoas e as empresas  precisam perseguir suas utopias, os seus sonhos maiores, sonhando juntas?
        Fazer com simplicidade o que é simples é sabedoria. Transformar o que é complexo em simples é imensa sabedoria. Disse o barão de Itararé, em suas Máximas e mínimas, que “tudo seria fácil se não fossem as dificuldades”. E as dificuldades chegam sempre em maior escala de velocidade e em especiais níveis de complexidade. Muitas pessoas e empresas se deixam conduzir por caminhos que levam a parte alguma e transformam o simples em complexo e o complexo em algo absolutamente insolúvel, assustando-se com suas próprias sombras, tropeçando em grãos de areia e incorporando-se à sociedade do excesso: excesso de pessoas e de organizações, que pensam e agem de formas similares, ao sabor dos ventos e das chuvas. Fazer apenas o que todos fazem da forma como todos fazem é ser parte da sociedade do excesso, é viver assombrado sempre sob altos riscos de rejeição.
         Ter sempre objetivos que substituam as conquistas do passado é decisivo para novas conquistas. Afinal, após chegar ao alto da montanha mais alta, temos que voar. Permanecer é retroceder. Retroceder é o início do fim, rolando montanha abaixo. Tomar o poder não é o problemas, mantê-lo, sim, ensinou-nos Maquiavel.
         A gestão empresarial é filosofia, arte, atitude e técnica. Como posicionar a empresa à frente do universo de seus negócios, em tempos sob velocidade de mudanças, dominando as leis da natureza e do mercado? Nadar a favor da correnteza quase todos conseguem, alguns de afogam. Poucos são capazes de nadar contra a correnteza. Quem é capaz de subir a cachoeira nadando? Os que conseguem voar, depois de chegar ao alto da montanha mais alta.
         Então, é imprescindível transformar potência em poder, ousando e inovando sempre. O planejamento estratégico orientando a visão de mundo e de futuro e fortalecendo os diferenciais competitivos da empresa. Saber para ser, para transformar. Saber fazer. Ser senhor de seu destino e não escravo de suas circunstâncias. Ser outro a cada dia, fazendo sempre mais e muito melhor.
         Filosofia e cultura: temos que ser capazes de ser o que somos capazes de dizer. A filosofia é a ordem de dizer; a cultura, a ordem de ser. O exemplo não é a melhor maneira de se mostrarem as coisas: é a única. A cultura é tudo. Ela cria na empresa o ambiente virtuoso em que pessoas possam sonhar juntas, unindo suas visões de mundo e de futuro, habilidades e competências em sistema integrado de papéis de alta complexidade, todos olhando para a mesma direção, buscando consolidar-se em alma única, em corpo único.
         Diz Jim Collins, escritor e consultor de negócios, prefaciando o livro Sonho grande, que “é a cultura que permite a uma grande empresa a sua perpetuação, valoriza o desempenho, não o status; a realização, não a idade; a contribuição, não o cargo, o talento, não as credenciais”.
         Para o mago Raul Seixas, o sonho que se sonha sozinho é só um sonho que se sonha sozinho. Quem não sonha realizar não é capaz de mover o mundo porque é incapaz de se mover. E com Sócrates aprendemos que o ideal é um modelo que devemos buscar permanentemente, ainda que conscientes de que jamais o realizaremos em sua plenitude.
         Liderar é servir, é conduzir processos de mudanças harmonizando pessoas, sonhos e cultura, é formar times e consolidar lideranças, é levar pessoas a conquistas que não conseguiriam sozinhas. É levá-las ao lugar mais alto da montanha mais alta e vê-las voar cada vez mais alto. Para tanto, é imprescindível nunca esquecer: as pessoas não são o maior patrimônio das organizações, elas são as próprias organizações, que, a partir da soma de suas competências, conseguem realizar sua missão, visão e valores. Sua empresa administra a relação pessoas, sonhos e cultura perseguindo suas utopias. Você é líder?”.

(RUY CHAVES. Diretor da Estácio, membro do corpo de Conselheiros da Escola Superior de Guerra, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de outubro de 2014, caderno OPINIÃO, página 21).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 29 de outubro de 2014, mesmo caderno, página 7, de autoria de CHRISTIANO ROCCO, presidente do Instituto Ativa Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“O desafio de ser professor
        Investir em educação não é uma tarefa simples, requer planejamento e, sobretudo, tempo e paciência para colher os frutos e começar a enxergar resultados. Discutir educação significa dimensionar inúmeras questões essenciais para o bom funcionamento do sistema de ensino de um país, como a infraestrutura física das instituições, ações de formação continuada e diminuição da evasão escolar e a grade curricular. Analisar esses pontos – e outros tantos que merecem a atenção dos governos – é o caminho para começar a se pensar em uma educação pública de qualidade, que, no caso do Brasil, é comprometido por uma questão que, talvez, seja a chave de todo o debate em torno dessa pauta: a valorização do professor.
         O Brasil é um dos países em que o profissional da educação recebe os menores salários do mundo. De acordo com dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os salários daqui são muito baixos, se comparados aos que são pagos em países desenvolvidos, já que um professor brasileiro, em início de carreira, que dá aulas para o ensino fundamental em escolas públicas, recebe, em média, US$ 10.375 por ano. Por outro lado, Luxemburgo, país que representa o maior salário, paga US$ 66.085 dólares aos seus docentes, valor quase sete vezes maior que o do Brasil. As estatísticas fazem parte do estudo Education at a Glance 2014, que fez um mapeamento das 43 nações-membros da OCDE e de mais 10 parceiros, incluindo o Brasil.
         E quais as consequências da falta de atenção do poder público com os professores? Podemos listar várias, mas a principal delas é, sem dúvidas, a desmotivação do profissional, que, para ganhar razoavelmente bem, é obrigado a trabalhar três turnos e a assumir papéis de coordenação e até administrativos nas escolas. Mas essa é só a ponta do iceberg. Na sua rotina de trabalho, o professor da rede pública de ensino no Brasil, em sua maioria, ainda lida com condições precárias das salas de aula, falta de material, livros e, não raro, ainda é vítima do abuso e da violência promovidos por alunos.
         No entanto, crescemos nos últimos anos. Alguns programas desenvolvidos no Brasil demonstram que a educação tem conquistado um espaço cada vez maior na agenda de discussão do governo, em suas diversas instâncias, e tem aberto portas significativas para o ensino dentro e fora do país. Além disso, uma importante conquista dos últimos tempos foi a aprovação da Lei dos Royalties do Pré-Sal, que destinará 75% dos recursos da exploração da reserva petrolífera para a educação, garantindo que, até o fim do ano, diferentes setores recebam cerca de R$ 3 bilhões e que, em 35 anos, seja repassado R$ 1,3 trilhão. Temos, ainda, o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em junho, que eleva o investimento em educação para 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2024. Atualmente, esse percentual é de 6%.
         Com a realização dos investimentos previstos e com o bom funcionamento (e a ampliação) dos programas do governo, é possível se pensar em melhores condições  da educação pública, tendo como um dos principais objetivos a valorização dos professores, do ensino básico à pós-graduação, pois uma nação que não olha para os seus mestres e não entende o seu papel de agente social dificilmente compreende que educar é um ato político, é preparar o indivíduo para enxergar o mundo que existe para além de si mesmo. No mês do professor, nada mais adequado e contemporâneo do que uma das lições deixadas pelo educador Paulo Freire: “Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional – numa relação promíscua entre dinheiro público versus interesses privados –, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vale repetir trecho de editorial do Jornal do Brasil, de 1º/8/1994: “A corrupção dilapida anualmente no Brasil algo próximo a 20% do Produto Interno Bruto, o equivalente a US$ 73 bilhões, que se perdem nas malhas das licitações viciadas, do superfaturamento de obras e bens contratados pelo Estado, das comissões embutidas nos projetos públicos e do tráfico de influência dos atravessadores”; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de US$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extrema e sempre crescente necessidade de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...



segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A CIDADANIA, O PROFESSOR E O EDUCADOR

“Parabéns, professor

Em 15 de outubro foi comemorado o dia do professor. Será que houve o que comemorar? O que é ser professor nos dias de hoje? A semana dessa data é, também, marcada por outras datas e eventos: feriado de Nossa Senhora Aparecida, recesso escolar, viagens, celebrações religiosas, Dia das Crianças, fogos de artifício. Sorte se algum aluno ainda tiver levado uma maçã, um abraço, um sorriso ou um parabéns pelo seu dia.

Apesar da imagem idealizada, de um passado em que o professor era respeitado, na verdade, essa nunca foi uma profissão fácil. Na antiguidade, alguns eram escravos. No período moderno, virou trabalhador assalariado, com um salário não muito favorável, quando comparado ao de outras profissões. Ouço dizer que hoje ser professor é uma vocação. Como se isso justificasse um compromisso que não precisa de contrapartida financeira ou que compense a precariedade da profissão. Lembro-me de uma professora do curso de economia da UFMG que me contratou como estagiária e se queixava de seu baixo salário, apesar de sua titulação de doutorado, experiência e publicações. Eu, recebendo menos de um salário mínimo por aquele estágio, pensava: “Chora de barriga cheia”. O mesmo, provavelmente, pensa de um professor universitário o professor de ensino fundamental e médio, enquanto os professores universitários, passados mais de 20 anos, repetem a fala da minha saudosa professora.

Não é pelo dinheiro. Os salários nunca foram muito atraentes. No entanto, existe algo de fascinante em ser um professor. Para começar, supõe-se que para ensinar é preciso saber. Esse desejo de saber continua atraindo muitos para essa profissão. Mas um professor que sabe e não transmite seu conhecimento não merece o título de professor. Essa parte é instigante. Como o filósofo da alegoria da caverna platônica, nosso candidato a professor que voltar e libertar os que ficaram presos na caverna, quer compartilhar esse conhecimento que é luz e revela um novo horizonte na vida de cada ser humano. Já confiante, com a fé em Nossa Senhora e a generosidade de um judeu na semana de Yom Kippour, nosso professor quer sair pelo mundo levando a palavra, doando, limpando a sujeira da corrupção deste mundo imperfeito que Platão denunciava desde a Grécia Antiga, quando acreditou que a solução passava pela educação a ser oferecida a todos pelo Estado.

Esse sonho não envelhece, não embota e não nos deixa desanimar. O professor é aquele que acredita no seu papel na formação de homens virtuosos, praticantes do bem, capazes de decisões racionais e comprometidos com a construção de uma cidade justa. O professor do século 21 não é mais o mestre com todas as respostas decoradas do século 19, mas o discípulo de Sócrates, rodeado de pessoas inteligentes e questionadoras, seus alunos, em busca de um saber coletivo e transformador.

O processo de ensino-aprendizagem na moderna pedagogia privilegia a autonomia e o senso crítico do aluno, o professor é visto como facilitador e orientador. Essa valorização do papel do aluno na construção do seu próprio saber não significa a perda da função do professor como educador. Se a educação formal se transformar em mero domínio técnico e deixar de ser a formação integral do cidadão, a sociedade sentirá as consequências.

Questionamentos e incertezas cercam hoje a educação e a carreira de professor. Ao mesmo tempo, há um clamor social por uma valorização da educação e de seus profissionais. Contudo, nós celebramos a cada dia, em cada encontro com nossos alunos, a alegria de estar com eles, dialogando, compartilhando, ouvindo e sendo ouvidos, ensinando e aprendendo.”
(MARIA LÚCIA FERREIRA, Doutora em filosofia, coordenadora do curso de história, professora do curso de pedagogia da Faculdade Estácio de Sá – BH, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de outubro de 2011, Caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 24 de setembro de 2011, Caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, Editor de Cultura, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Quem educa o educador?

A educação continua ocupando espaço nos meios de comunicação, o que é muito importante. No entanto, a forma como vem sendo tratada parece carregar alguns descaminhos preocupantes. Numa análise mais rápida, é possível ler nos jornais dois tipos de enfoques. O primeiro, relativo ao movimento grevista, que acentua sempre os prejuízos dos alunos, numa cobertura nitidamente ideológica, no sentido filosófico do termo (não se trata de mentira, mas de verdade construída sobre os brancos, as fraturas do conhecimento, de modo a sustentar visão de mundo que precede o fato). O segundo enfoque ganhou destaque na semana que passou, com o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com ênfase para as escolas que alcançaram as melhores marcas.

Já defendi neste espaço e legitimidade moral da greve, seu conteúdo político e pedagógico e o que ela aponta em termos de descaso não com o salário dos profissionais, mas com a educação em si. O que parece ter se somado nos últimos dias foi a postura de buscar um canal de comunicação de mão única com a sociedade, por meio de mensagens publicitárias, sem que as negociações avancem no campo propriamente político. O discurso da propaganda (o lado político da publicidade) é necessariamente lacunar e interessado. Trata-se de comunicação que elide o outro e inviabiliza o diálogo. Ao localizar no professor grevista o responsável pelas tribulações da greve, o governo corre o risco de fazer com que um instrumento legítimo se torne mecanismo de coerção. Uma sociedade sem direito de greve é politicamente uma sociedade mais pobre.

Para fazer frente a esse impasse comunicativo – sem entrar no mérito do movimento – caberia à imprensa ocupar a arena com ampliação dos canais de elocução, com abertura ao contraditório e com o enriquecimento do debate em termos de alternativas de gestão. Além disso, à isenção e imparcialidade que definem o bom jornalismo, deve-se somar o compromisso com a construção do saber, com o arejamento do horizonte de possibilidades. Se professores de um lado e governo de outro se mostram emparedados, a imprensa tem o nobre papel de facilitar o trânsito das ideias. O direito à informação, mais que um concessão, é uma conquista que precisa ser reafirmada a cada dia. É consenso que a educação ainda não conquistou uma cobertura jornalística à altura de sua importância.

MELHOR PARA QUEM? O segundo aspecto que ocupou os jornais, e que se relaciona com a educação, foi o anúncio das “campeãs” do Enem. Escolas de todo o Brasil foram ordenadas a partir dos resultados nas provas, com a irrefletida e empolgada cobertura dos meios de comunicação, ávidos em descobrir o segredo das melhores escolas. Será que há sentido nesse tipo de ranking? Sinceramente, acredito que não. Trata-se de uma tradução da lógica do sucesso definido a partir de indicadores de bom desempenho em testes que se relacionam apenas com conteúdos programáticos tradicionais. Nada mais distante da educação do que isso. No máximo pode-se declarar que se trata de um efeito Pigmalião: os melhores alunos serão os que a escola escolhe como melhores e, em nome dessa avaliação prévia, investe todos os seus recursos pedagógicos. Escolher os melhores significa alijar os “piores”.

A situação fica ainda mais grave quando, acompanhando as reportagens com as escolas “vencedoras”, observa-se que todas elas são discriminatórias, elitistas e contra a inclusão social. Para conseguir vagas nas instituições com bons resultados, os alunos precisam ter aptidões prévias destacadas. Quem não vai bem na prova de acesso não entra. O dispositivo-Enem (sua transformação em ferramenta quantitativa), na verdade, está na base, não no resultado do processo de educação. Uma escola que rejeita alunos com notas baixas em nome da meritocracia ou qualquer ideologia espúria do gênero não deveria merecer o nome antigo de educandário. O papel da escola é exatamente educar, integrar, possibilitar o exercício da liberdade e igualdade, mesmo com alunos de diferentes níveis de saber formal.

Espanta ainda mais que, ao lado da efusão das comemorações dos colégios (muitos deles públicos e religiosos), se ostente o resultado como consagração do princípio educativo de fazer destacar uns sobre os outros. A melhor escola não é a que tem alunos com melhores notas (essa apenas seleciona melhor sua fatia de preconceito e falta de espírito público – no caso das públicas – e de amor ao próximo – quando se trata de instituições religiosas). A boa escola tem um compromisso político e moral: ela precisa ser uma escola boa. Os pais, por sua vez, deveriam valorizar filhos cheios de bondade e não consagrados com boas notas.

Se o critério não é a aprendizagem de conteúdos previamente valorizados, qual deveria ser? Trata-se de uma questão complexa e interessante, que aponta para o que se deseja da escola e do processo educacional. Em outras palavras, para o que a sociedade define como conhecimento relevante e progresso social. Ao lado do saber (suposto) dos conteúdos, há uma pletora de elementos educativos que vêm sendo soterrados pela dinâmica competitiva da educação para o desempenho.

Há alguns anos, o pensamento sobre a educação era de interesse coletivo de vários campos do conhecimento. As pessoas conheciam algo de Piaget e sua preocupação com os estágios de formação dos conceitos, de modo a valorizar a infância e seu tempo peculiar; discutiam Ivan Illich e sua proposta de uma sociedade sem escolas (a educação estaria incorporada na prática da vida, sem necessidade de formalização); buscavam em Freud a impossível mestria e conhecimento sobre a infância, na procura das possibilidades da educação como empreendimento civilizador; sonhavam com a utopia de Paulo Freire de uma escola da vida, que valorizasse os saberes, operasse a leitura crítica do mundo e fizesse da educação uma prática da liberdade. Não se fala mais em pedagogia, mas em mercado.

Hoje o que vale é o resultado, a lista de classificação, o privilégio de fazer parte de uma elite. Marx, que entendeu o capitalismo como poucos, sabia que os homens são capazes de mudar as circunstâncias e que, por isso, o educador precisava ser educado. É bom notar que a figura do educador, neste caso, não se refere ao professor, mas a quem designa os conteúdos que paralisam a sociedade num quietismo conservador e satisfeito com suas medalhas. As melhores escolas de Minas e do Brasil não têm, nesse sentido, muito do que se orgulhar. Está na hora de abrir as portas, as mentes e o coração. Elas precisam ser mais bem educadas.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, PEDAGÓGICAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que apontam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, POLÍTICAS, SOCIAIS, ECONÔMICAS e CULTURAIS de modo a inserir o PAÍS definitivamente no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e DESENVOLVIDAS...

Assim, torna-se igualmente PREMENTE um esforço nacional na PROBLEMATIZAÇÃO de questões CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância tendente a trazê-la para patamares CIVILIZADOS e compatíveis com a ESTABILIDADE sustentada;

c) a CORRUPÇÃO, que campeia por TODAS as esferas da vida NACIONAL, levando para o RALO quantias deveras INESTIMÁVEIS, eis que gera PREJUÍZOS e COMPROMETIMENTOS de vários matizes;

d) o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES;

e) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE e QUALIFICADA AUDITORIA, vez que já sinaliza, para o ano de 2012 – conforme PLOA da UNIÃO –, com gastos da ordem de R$ 1,014 TRILHÃO (47,90%) – a título de JUROS, ENCARGOS, REFINANCIAMENTO e AMORTIZAÇÃO da DÍVIDA – de um total previsto de R$ 2,118 TRILHÕES...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentar a FALTA de RECURSOS diante de monstruosa SANGRIA, ao lado de extremas CARÊNCIAS, DEFICIÊNCIAS e NECESSIDADES em setores que CLAMAM por AMPLIAÇÃO e MODERNIZAÇÃO, como: INFRAESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos), EDUCAÇÃO, SAÚDE, HABITAÇÃO; SANEAMENTO AMBIENTAL (água TRATADA, esgotos TRATADOS, resíduos sólidos TRATADOS, MACRODRENAGEM URBANA); MEIO AMBIENTE; MOBILIDADE URBANA (transportes, trânsito e acessibilidade); ASSISTÊNCIA SOCIAL, SEGURANÇA PÚBLICA; JUSTIÇA; FORÇAS ARMADAS; SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL; ENERGIA; CIÊNCIA e TECNOLOGIA; PESQUISA e DESENVOLVIMENTO ; LOGÍSTICA, INFORMAÇÃO; COMUNICAÇÕES; EMPREGO, TRABALHO e RENDA; PREVIDÊNCIA SOCIAL; CULTURA; ESPORTE e LAZER, entre outros...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de forma alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2012; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014, a OLIMPÍADA de 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...