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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A CIDADANIA, A VISÃO CÓSMICA DA SOCIEDADE, A POLÍTICA E A ESPIRITUALIDADE

“Saúde, governo e dinheiro sob 
um ponto de vista cósmico
        Grandes somas de dinheiro são, às vezes, aplicadas inutilmente em coisas supérfluas, revelando que a energia monetária está fora de lugar neste planeta.
         Sri Aurobindo, filósofo e escritor que viveu na Índia, considerava os assuntos de um ponto de vista cósmico, não limitado pelas leis tridimensionais da matéria física. Declarou, certa vez, que não havia encontrado solução para três setores da vida de superfície do planeta Terra: o primeiro era o de saúde; o segundo, o do governo; e o terceiro, o da energia monetária, ou dinheiro. Conforme sua visão, algo teria que ser transformado e esclarecido na consciência humana, antes que esses setores tivessem uma solução ou recebessem um tratamento de nível espiritual.
         A respeito da saúde, o homem não poderá vivê-la enquanto usar o livre-arbítrio, dado que opta por certas situações, movido pela aparência, e não por um conhecimento profundo.
         Por meio do seu ponto de vista ainda mental, o homem confunde seus desejos com suas necessidades verdadeiras, dando margem, assim, para que o supérfluo predomine em sua vida terrena. Vivendo para o supérfluo, ele deixa de compreender o que se passa no interior das demais pessoas e dos eventos, desgastando-se em uma luta contínua. Somente quando passar a auscultar sua verdadeira necessidade, interna e espiritual, e não superficial e material, o homem poderá ter saúde e seguir uma vontade suprema, de raízes assentadas no plano cósmico da consciência.
         Também o governo, enquanto não for movido por energias espirituais vindas do núcleo interno da consciência cósmica do homem, não contará com uma liderança externa de nível superior, harmonizada com as leis universais. Os governos existentes cuidam, na melhor das hipóteses, do progresso material, social, econômico e tecnológico da sociedade (a expensas de outros povos menos favorecidos em vários sentidos) e o considera como desenvolvimento. Na verdade, porém, esse progresso é uma manifestação apenas parcial da lei evolutiva. Há nessa lei aspectos superiores que, se não forem observados e vividos na prática, deixarão de proporcionar ao homem o seu verdadeiro alimento.
         Chegamos agora ao terceiro ponto até hoje insolúvel na vida da superfície da Terra: o dinheiro. Se no universo existe tudo o que é necessário para todos, por que aqui há miséria?
         É do nosso conhecimento que raramente o dinheiro é usado para o bem universal, e o desejo ou o problema pessoal de um indivíduo é, em geral, posto à frente de necessidades maiores. A grande maioria dos homens está longe de cumprir a Lei espiritual superior. Segundo essa Lei, quando o indivíduo começa a esquecer-se de si e a usar os próprios bens para suprir os que precisam mais, vê instaurar-se em sua vida a verdadeira abundância.
         Aos que tencionam entrar na abundância incondicional pode-se sugerir um pequeno roteiro para reflexão. Que perguntem a si próprios, em primeiro lugar, qual é o motivo que os move a usar o dinheiro ou um bem material: cumprir deveres, beneficiar entes queridos ou satisfazer os próprios desejos? Em qualquer desses casos, o motivo precisa ser transformado. Uma outra questão a ser colocada é se o que os motiva é uma causa particular ou um ideal grupal. Em qualquer caso, é preciso que a energia do amor incondicional seja sempre dominante.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 6 de setembro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de setembro de 2007, caderno PENSAR, coluna OLHAR, página 2, de autoria de João Paulo, editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:

“Política e espiritualidade
        Thomas Merton (1915-1968) foi um dos pensadores mais marcantes dos anos 60, tendo influenciado a religião, a política e a cultura. Hoje, está praticamente esquecido. Quase 40 anos depois de sua morte, suas obras começam a ser reeditadas e, surpreendentemente, se mostram ainda atuais. A significação de Thomas Merton em seu tempo se deu pela abertura ao misticismo oriental, o que o aproximava da contracultura. No entanto, intelectual rigoroso, sua contribuição vai muito além das emanações da Era de Aquário. O monge não estava em dia com seu tempo. Estava muito à frente.
         Entre os livros que estão chegando novamente ao leitor brasileiro estão A experiência interior, Amor e vida, A sabedoria do deserto e Místicos e mestres zen, todos pela Editora Martins Fontes. As obras são uma boa introdução ao pensamento de Merton no que ele tinha de mais significativo: a capacidade de diálogo entre várias tradições religiosas; a visão do misticismo como inseparável da ação; a valorização do mundo interior como porta principal da convivência entre os homens. Thomas Merton mergulhou na sabedoria oriental para entender melhor o homem do Ocidente; ensinou que a meditação é o caminho mais desimpedido até o outro; buscou a síntese aparentemente contraditória entre mística e socialismo.
         A vida de Thomas Merton traz em si um exemplo. Foi uma das jornadas de alma mais conhecidas do século 20 e, de certa maneira, sintetizou a experiência de uma geração. Antes de se tornar o monge mais conhecido de seu tempo, recolhido na trapa de Nossa Senhora de Getsêmani, no Kentucky (EUA), Merton viveu os anos que antecederam a Segunda Guerra como um cidadão do mundo. Se afundou na estética e na erótica, como um personagem de Ernest Hemingway. Foi um típico moço da geração perdida. A experiência deste tempo foi relatada em sua autobiografia, A montanha dos sete patamares, de 1948, um dos livros de maior sucesso da primeira metade do século.
         A obra, que marcou sua entrada no mosteiro, funcionou como um balanço de vida. Depois de experimentar os caminhos da arte, da política e subjetividade exacerbada, Thomas Merton encontra a via da espiritualidade. Não foi uma saída negativa, um recuo da existência para essência, uma perda de substância mundana em nome dos valores da interioridade. Merton, desde sempre, foi um homem de sínteses impossíveis.
         Há um romance de Hermann Hesse, Narciso e Goldmund, que parece sintetizar duas posições de alma aparentemente irreconciliáveis. Narciso ama a si mesmo, o outro e a natureza só existem como possibilidades, quase como hipóteses para testar a força de sua vida interior. Narciso costura para dentro. Já Goldmund, é um ser para o outro, exemplo de vida dourada, afeita aos brilhos e prazer dos sentidos. Goldmund costura para fora. Herman Hesse sabia que eram tipos presentes em todos nós. Thomas Merton viveu os dois lados com intensidade e, o que é mais raro, construiu uma síntese dos dois universos em uma única existência.
         Narciso, a contemplação; Goldmund, a ação. Existe um termo em sânscrito, ahimsa, que propõe a união desses mundos que parecem mirar para o Leste e Oeste, sem se encontrar no infinito. A tradução possível de ahimsa é compaixão dinâmica. Não existe melhor definição para a vida de Merton.
         Como homem de reflexão e meditação, foi talvez o maior especialista em zen-budismo entre os ocidentais (o juízo era de D. T. Suzuki, o maior dos mestres orientais do zen), aprofundou e ajudou a dar a conhecer o pensamento de Chuang-tsé, estudou a fundo a tradição mística medieval, compreendeu como poucos o pensamento de São João da Cruz e Mestre Eckhart. Como ser comprometido com o mundo, protestou contra todo tipo de injustiça de seu tempo, condenou as ditaduras na América Latina, correspondeu-se publicamente com os maiores líderes de seu tempo.
         Foi um ser de compaixão comprometida, de vigília ativa. Além da defesa das liberdades mais imediatas, ameaçadas em todo mundo por uma conjuntura de guerra fria que inviabilizava o diálogo, antecipou muitas críticas que ganhariam terreno décadas depois, como o excesso de tecnologia que silencia o humanismo, a ganância material que destrói a natureza, a violência que se soma ao medo como estratégia de enfraquecimento dos homens frente ao poder.
         Thomas Merton viveu um movimento permanente. Depois da juventude mundana, o recolhimento no mosteiro. Da aprendizagem da mística do silêncio, parte em direção à comunicação com seus contemporâneos. Quanto mais busca a paz do retiro, mais se sente responsável pelos destinos do mundo. Os últimos anos de Merton foram de peregrinação. Seus livros, por si só, ainda que muitos e belos, de exegese, poesia e reflexão, pareciam exigir que o monge levasse sua palavra viva ao mundo. E o contemplativo vestiu suas sandálias de peregrino e foi em todas as direções.
         Sua morte, em 1968, em Bancoc, foi, como tudo em sua vida, exemplar dos rumos do mundo externo e de sua existência interior. Thomas Merton acabara de proferir uma palestra, se recolhera ao quarto em dia de muito calor. O chão de cimento e o fio desencapado de um ventilador funcionam como potencializador de um acidente banal. Ele não resiste ao choque e morre. A conferência que acabara de proferir tinha se chamado Marxismo e perspectivas monásticas. Enquanto o movimento da contracultura parecia ir em direção a mudanças no comportamento, abandonando a religião, ele convoca a mística a dialogar com o pensamento político.
         Merton não fez uma defesa da revolução armada, mas da revolução interna. O monge destacou a semelhança entre os dois caminhos: tanto o cristianismo como o marxismo vêem o mundo como incompleto. É preciso lutar para mudar as coisas, combater a injustiça, melhorar a distribuição, tornar o mundo melhor para a realização de uma vida completa. Há um ideal de aprimoramento nas duas vias. Merton havia lido Herbert Marcuse e Roger Garaudy e saíra da experiência defendendo que os monges tinham obrigação de criticar as estruturas. Ele vira algo semelhante com os monges das religiões orientais, e se encantou mais uma vez com a possibilidade de uma contemplação que também é ação.
         Sua lição deixava incomodados tanto os místicos como os políticos. Os primeiros se sentiam cobrados ao comprometimento trabalhoso com o outro; já os políticos, eram instados a se aprimorarem como pessoas para melhor levar adiante sua missão de representar os interesses da comunidade. Era mais fácil aceitar a passividade monástica e o cinismo ideológico. Mas Merton não foi homem de facilidades. Consta que suas últimas palavras na conferência de Bancoc foram: “E agora vou desaparecer”. Pelo menos desta vez, felizmente, ele estava errado.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

)      a)  a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 350,79% ao ano; e mais, também em agosto, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,52%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  
     


  


quarta-feira, 18 de junho de 2014

A CIDADANIA, A PARTICIPAÇÃO POPULAR E A DEMOCRACIA


Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de14 de junho de 2014, caderno PENSAR, página 2, coluna OLHAR, de autoria de JOÃO PAULO, editor de Cultura, e que merece integral transcrição:

“Quem tem medo do povo?
        
         Todo mundo sabe o que é democracia. Mas nem todos sabem da mesma maneira. Conceito amplo, capaz de abranger desde o regime político até a forma como o poder é exercido, a democracia tem ainda muitas tensões internas. E é exatamente isso o que torna a palavra ainda mais rica e sua prática mais estimulante.
         Há a democracia substantiva e a democracia adjetiva; a primeira estabelece uma forma de governo, a segunda qualifica suas ações. Há, no interior da democracia, um polo que aponta para a ordem, com sua tradução em normas universais e republicanas; e outro que indica o conflito, com seu desejo por mais direitos e reforma permanente das instituições.
         No sentido talvez mais próximo do cidadão, existe a democracia representativa e a democracia direta. Enquanto a primeira estabelece que algumas pessoas, escolhidas pelo voto, farão valer suas vontades no âmbito dos negócios públicos (da criação de leis à fiscalização do exercício do poder), a segunda cria instâncias em que o próprio indivíduo ou grupos de interesses atuam diretamente nas questões referentes à vida pública.
         A representação é um princípio de realidade nas sociedades complexas (não se pode chamar todas as pessoas à praça pública para resolver as questões atinentes à vida social); a participação é a garantia de que o vínculo com a sociedade e as pessoas não se perca. Um lado alimenta o outro e o faz funcionar. Os dois, conjuntamente, respondem pelo princípio maior da democracia, como está escrito na Constituição Federal: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
         A polêmica recente em torno do Decreto 8.243, que institui a Política Nacional de Participação Social (PNPS), se alimenta exatamente na incompreensão desse duplo vínculo definido na Carta Magna: somos uma democracia que mescla representação e participação. Se um dos lados falha, o outro se exacerba; sem a ação combinada dos dois o conjunto fica mais pobre.
         No entanto, o que se tem visto é um jogo duro contra o decreto, por um lado, e uma ausência de defesa por outro. Para certos setores, ele limita os poderes do Congresso, abre flanco para o corporativismo e aparelhamento do Estado. Por outro lado, quem sempre teve a participação popular como instrumento prioritário de exercício da política não parece ter se empolgado com o decreto, mesmo no que ele aponta de garantia legal para ações que vêm sendo constituídas ao longo dos anos, com a rica experiência dos conselhos, das conferências, das ouvidorias e dos orçamentos participativos.
         Dando nome aos bois, a oposição critica tudo na medida: da sua forma de instituição (o decreto, como se não fosse algo constitucional) ao conteúdo, atacando falsamente a PNPS como um avanço ilegítimo sobre o poder da representação. Do lado das próprias organizações populares há um silêncio que parece constrangido em razão de outras possíveis estratégias pensadas para o campo político, sobretudo o plebiscito sobre a Constituinte exclusiva para a reforma política.
         A chamada grande imprensa, de forma quase unânime e vazada pelos mesmos argumentos, detonou o decreto, dando a ele um caráter de oportunismo eleitoreiro. Outra linha de combate foi o deslizamento, recheado de má-fé, que enxerga num instrumento, que decorre diretamente da Constituição, o desvio em direção a outros realidades políticas. Assim, o PNPS foi traduzido como sendo a égide dos “conselhos populares”, quando não a ponta de lança do bolivarianismo venezuelano no país. Pura paranoia e ignorância sociológica.
         Parece que o decreto não foi lido. O que ele estabelece é, na verdade, um aprofundamento da democracia direta no Brasil, não a sua criação. Menos ainda o avanço sobre o terreno do Legislativo, que será parceiro imediato e necessário em sua regulamentação. A realidade da participação direta na democracia brasileira é histórica e legal, desde 1988, mas precisa ser impulsionada em razão da nova conjuntura política e, até mesmo, dos instrumentos de intervenção na agenda pública que não existiam na época da promulgação da Constituição Federal, como a rica e complexa agitação dos meios virtuais.
         Os conselhos municipais, estaduais e nacional e suas conferências, em diversos setores, vêm mostrando que há um rico tecido participativo organizado, que soube intervir na elaboração, deliberação e acompanhamento das políticas em vários setores, como saúde, assistência social e juventude, por exemplo. No entanto, mesmo regulamentos e ativos, esses instrumentos não dão conta de todo o potencial de participação exigido pela democracia contemporânea. O cenário, como todos sabem, é de crise de representação.

AVANÇO E POLÊMICA É sempre curioso o jogo finório que se estabelece quando se analisam as crises. Os movimentos de junho, que completam um ano, deixaram poucas unanimidades entre os intérpretes – já que todos quiseram se assenhorear de sua força e se afastar de seus aspectos mais polêmicos –, entre elas, com certeza, a ideia de que a política tradicional “não nos representa”. No entanto, bastou cogitar em reforma política para que a máquina do mundo, como no poema de Drummond, se fechasse ao engenho das mudanças.
         Crise de representação, um fenômeno mundial, tem muitas origens, desde o esgotamento das formas convencionais da política frente à globalização e aos efeitos da comunicação em rede até a nova ruptura psicológica do cidadão, que teve seu tempo político acelerado. Ninguém quer saber mais de esperar a próxima eleição, há um sentido real de urgência que cobra mudanças em ciclos menores, de acordo com as demandas apresentadas pelas pessoas e grupos em processo permanente de ampliação de direitos.
         Além disso, há um descompasso cada vez maior entre o que o cidadão deposita com seu voto e o resultado da atuação do político de seu representante. Mesmo supondo que há uma identidade ideológica madura em torno das grandes questões, há temas que fogem a esse padrão, exigindo respostas mais ágeis, que vão além da temporalidade do jogo político.
         Em algumas situações, a representatividade é colocada em segundo plano em razão de pressões mais diretas, que não estão previstas no jogo político. Um bom exemplo foi o afastamento do deputado Marcos Feliciano da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. A cidadania ativa não pode esperar o cronos tinhoso e manhoso dos arranjos partidários. Há valores igualmente democráticos e muito mais urgentes em jogo. A nova proposição é a seguinte: a sociedade deve pautar a agenda política, não ser pautada por ela.
         O que o decreto que institui a Política Nacional de Participação Social propõe é um diálogo respeitoso entre o Estado e as várias instâncias da sociedade organizada. É também bastante curioso que uma das linhas de oposição parta exatamente da negação de legitimidade da participação social. Assim, a mesma sociedade que se diz democrática, porque tem cidadãos participantes, discrimina o ativismo desde que não venha do momento eleitoral, que emite um cheque em branco resgatável em quatro anos.
         De uns tempos para cá, sociedade civil organizada passou a ser vista com desconfiança, longe do otimismo nela depositado no período de luta contra a ditadura e transição democrática. Duvida-se de sua honestidade, formas de financiamento, condução, presença ideológica dominante, capacidade de aparelhar interesses de minorias, corporativismo. Nada menos democrático. Desconhecer o potencial das organizações populares é fechar canais de negociação e ampliação dos interesses da sociedade.
         De acordo com o decreto, haverá um incentivo para que as instâncias de governo criem formas de diálogo e presença da sociedade na definição das ações que dizem respeito a cada setor. A forma como a atuação dos cidadãos, ONGs, conselhos, movimentos, coletivos e outras organizações vão ser incorporadas ao processo passa pela regulamentação legislativa. Não há subordinação ou substituição de funções, mas complementaridade. No âmbito da sociedade organizada, o desafio é exatamente ampliar seu potencial de representatividade e legitimidade. Todos vão precisar amadurecer e melhorar. Vai dar trabalho.
         Por fim, há que se reconhecer a incapacidade parlamentar em torno de certos temas, que representam interesses muito fortes do sistema hegemônico, e que capitalizam recursos para a eleição de parlamentares em todas as instâncias. Bancadas de ruralistas e de representantes de construtoras e mineradores, por exemplo, serão sempre impermeáveis a medidas que firam seus interesses de origem, como reforma agrária, controle de transgênicos e agrotóxicos, autorização para mineração em terras indígenas ou de preservação, apoio à mudança da matriz energética e de transporte no país, entre outras. Nesses casos, a intervenção terá que vir da sociedade, por meio de confronto ou de campos sistemáticos de negociação, como previstos no decreto.
         Para os acusadores da inspiração venezuelana, basta consultar o edifício político de países insuspeitadamente liberais, como Estados Unidos, Inglaterra e França, para identificar suas formas próprias de incorporação da participação popular na definição e acompanhamento de projetos de interesse público. São ideias bem diferentes das expressas no decreto brasileiro, mas que mostram a mesma preocupação com a proximidade do controle do cidadão, além das instâncias do Legislativo.
         Para quem acha que o decreto é perigosamente esquerdista, talvez fosse bom ir à fonte. Ao contrário do que muita gente pensa, Marx sempre desconfiou do Estado sem a seiva da sociedade. Para ele, havia uma falta de conexão entre as duas instâncias: as pessoas eram abstratamente iguais, mas viviam situações absolutamente desiguais no dia a dia. O grande objetivo do pensador era acabar com esse abismo entre política e vida. Para isso, era preciso que as pessoas, homens e mulheres, reivindicassem na prática o que o Estado lhes tirava a todo momento. O nome que ele deu a essa fusão de vida e política foi democracia. Não seria muito diferente do conceito de um liberal empedernido que, como Marx, assinaria embaixo da seguinte afirmação: a vida vem sempre em primeiro lugar.
         Para quem pensa que participação política é festa, da qual apenas a minoria de esquerda conhece a fórmula, aqui vai a má notícia. Democracia dá trabalho, cobra presença, disputa de ideias e projetos. Acima de tudo, honestidade de propósitos e organização. O limite do Decreto 8.243 não é seu objeto – a presença da sociedade nas ações de Estado –, mas sua eficácia. Só vai dar certo se a democracia passar a fazer parte do DNA do brasileiro. Pelas reações da direita e descaso da esquerda, a tarefa é árdua.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas,políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (por exemplo, a construção de uma refinaria de petróleo, com previsão de custo inicial de R$ 5 bilhões, e disponibilidade de sofisticadas tecnologias,  caminhar para um custo final superior a R$ 40 bilhões; apenas a diferença, a grosso modo, equivaleria à construção de não apenas doze mas vinte e sete arenas...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 21 de maio de 2014

A CIDADANIA, A BUSCA ESPIRITUAL, O ALTRUÍSMO, A VITÓRIA SOBRE O MEDO E A VEZ DA IGUALDADE

“Aspiração à busca espiritual e o espírito altruísta anula o medo
        
         O medo é, entre outras coisas, o resultado da atividade mental maldirecionada. Quando a mente é orientada para a meta superior da existência, ele se abranda ou nem surge. Poderíamos dizer que a ignorância acerca do que realmente somos em essência é que faz surgir o medo. Quase sempre vemo-nos como indivíduos isolados, e não como células de uma única Vida. Mas à medida que por amor nos doamos a alguma causa ou serviço altruísta, vamos tomando consciência da existência de um Universo Maior, e o medo começa a dissolver-se.
         Há também um medo ancestral que costuma emergir do subconsciente de todos, originado da memória de experiências vividas em épocas pré-históricas, em que o ambiente sobre a Terra era por demais inóspito. Esse medo é ainda atuante devido à falta de comunicação livre entre a consciência externa e o nível supramental – encontrado além da mente normal e concreta. Quando essa comunicação se estabelece e se firma, quando a pessoa chega à vibração interior e profunda da alma, o medo tende a desaparecer.
         Importante saber que medos e sentimentos negativos alheios podem ser incorporados à nossa aura sensitiva e tomados como nossos. A mente individual tem capacidade para captar elementos do nível mental coletivo e transferi-los para si mesma. Também podemos manifestar apreensões pelo que está ocorrendo não especificamente conosco, mas de modo generalizado. Por exemplo, muitos hoje estão sentindo a iminente ruína da economia no mundo e costumam interpretar isso como algo que seu destino pessoal lhe reserva. Nesses pode-se redobrar, então, o medo de sofrer privações.
         A humanidade atual sofre de um medo bastante comum: o medo do fracasso. Esse medo advém de estarmos identificados em demasia com a personalidade  e vivermos em ambientes que nos depreciam. Habituados pela educação normal, a comparar-nos e a confrontar-nos com os semelhantes, é comum ficarmos insatisfeitos com nossas possibilidades. Na realidade, cada um é útil com suas próprias qualidades e virtudes, e as qualidades dos demais têm outra serventia.
         O sentimento de inadequação pode demonstrar que visamos a algo que não nos é destinado no momento. Se estivéssemos canalizando atenção e energia para a tarefa imediata que nos cabe, veríamos como estar preparados para desempenhá-la corretamente: de nada mais precisaríamos além da total entrega ao serviço.
         Mas o sentimento de inadequação pode também resultar da imensa necessidade planetária. Dado o número insuficiente de pessoas disponíveis para ajudar na grande obra evolutiva, espiritual, a ser realizada na Terra, às que estiverem dispostas a servir são oferecidas oportunidades que exigem uma capacidade maior do que a por elas manifestada. É que se conta com seu potencial oculto. Assumir essas tarefas com coragem atrai uma força desconhecida, que dissolve o medo do fracasso logo que desponta.
         Aceitar sem receio trabalhos mais complexos do que os de hábito cura-nos dessa espécie de medo – desde que as circunstâncias para realizá-los venham dos níveis superiores do ser, e não de impulsos engendrados pela ambição.
         Se fizermos o que for necessário na ocasião propícia e conforme nossa mais elevada consciência, e se entregarmos à Vida universal o resultado das nossas ações, liberamo-nos desse sentimento de inadequação.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 18 de maio de 2014, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de maio de 2014, caderno PENSAR, coluna OLHAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:

“A vez da igualdade
        
         Há muitas formas de classificar as atitudes políticas. A mais conhecida delas é a de que divide o universo de ações e ideias entre direita e esquerda. Mesmo estando em baixa, o par clássico ajuda a compreender posturas divergentes em matéria de leitura e atitude frente ao mundo. Uma boa maneira de tornar a distinção mais compreensível é associar a ela outras noções mais operacionais. Assim, a esquerda passou a ser associada à igualdade e a direita à liberdade. Como tanto liberdade quanto igualdade são necessárias para que a humanidade se realize, o debate se deslocou para o campo da urgência: quem deveria vir em primeiro lugar?
         Para os partidários da liberdade, há algo de virtuoso em garantir seu domínio, seja nos negócios econômicos ou políticos, que se espalharia para todos os campos da vida social. Em outras palavras, dadas as condições de liberdade, tanto o mundo material quanto simbólico só teriam a ganhar. O melhor do homem é sempre resultado do mais livre dos cenários. A tradução mais conhecida desse teorema social é o liberalismo econômico, que dá ao mercado, com sua força interna de competição conspícua, a potência de se desenvolver quanto maior for a disputa entre as pessoas.
         Para os seguidores do igualitarismo, é preciso colocar os valores à frente da ambição, a ética na proa das atitudes que envolvem os homens. Quem acredita que as pessoas nasceram para ser iguais, defende que sejam dadas a todos as mesmas condições básicas. Não se trata de frear a diferença, mas de garantir a equidade de condições de partida. Podemos ser mais inteligentes, capazes, fortes e competentes, mas nunca seremos mais gente que os outros homens e mulheres. Se entre os liberais o território mais exemplar é a economia, entre os igualitários é a política.
         Essas observações talvez ajudem a clarear um pouco o panorama no qual estamos metidos até o pescoço e, por isso, nem sempre percebido com muita clareza. É preciso dar ao liberalismo o que é dele, e resgatar dos partidários da igualdade a disposição para lutar por suas ideias. A falência do Estado de bem-estar social na Europa (não chegamos a experimentá-lo no Brasil) é uma prova de que o mercado não tem sensibilidade social a não ser de forma limitada (para poucos, o que explica a xenofobia) e em momentos de crescimento (que permite o vazamento da riqueza para políticas compensatórias fora do mercado).
         Como vivemos uma crise internacional, a tendência é exatamente regressiva, de retirar ganhos sociais e cortar benefícios. O que parece que não funciona mais é o receituário que empurrava para o futuro a divisão da riqueza, seja na forma de distribuição de renda, seja na de serviços de qualidade, ou ainda na política protecionista do trabalho e da previdência. Sem o horizonte do Estado de bem-estar social, o que nos sobra é retomar as lutas pela expansão de direitos.
         Essa situação mostra que, depois do ciclo do liberalismo, é chegado o momento universal da busca da igualdade social. Dois livros lançados recentemente comprovam essa urgência. Em O capital no século 21, o francês Thomas Piketty alerta para a necessidade de desconcentrar a renda. A partir da análise dos impostos pagos pelo cidadão, ele provou que a renda, ao contrário do que sempre defenderam os liberais, está em franca concentração, depois de uma fase áurea que não mais se repetirá. Os ricos estão cada vez mais ricos e a sociedade cada vez pior. Para quase todos. A saída é a distribuição de renda e a taxação da herança, associada a políticas de fundo social. Os ricos estão quebrando o mundo, trocando a produção pela financeirização. Não se trata de ameaças, mas de números, preto no branco.
         Em outra seara, aparentemente distante da economia, o neurocientista americano Carol Hart, no excelente Um preço muito alto, revoluciona a visão tradicional sobre as drogas e suas políticas de combate. Ele mostra, com dados sociais e experimentos científicos (sem falar da própria experiência de vida), como a droga é uma questão de pobreza e de falta de oportunidades. O grande problema do mundo não é o tráfico de drogas, mas a miséria, a discriminação e o preconceito. Professor da Universidade de Columbia, o neurocientista cobra políticas públicas, e não a repressão. Para os que criticam as ações afirmativas, ele se apresenta como exemplo: sem as cotas, Hart seria mais uma vítima das drogas, como muitos de seus amigos. Com as oportunidades que lhe foram dadas, se tornou um cidadão.
         O debate entre igualdade e liberdade, na verdade, deveria ser equilibrado pela terceira das bandeiras dos revolucionários do século 18: a fraternidade. Podemos ser livres em alguns momentos, e até mais iguais em outros. Mas só seremos gente de verdade no horizonte da fraternidade.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável se sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...  

segunda-feira, 12 de maio de 2014

A CIDADANIA, A CURA PLANETÁRIA E A DEMOCRACIA DE ESPECTADORES

“Existe um trabalho de cura planetária
        
          Há algum tempo, estava passando uns dias em uma grande cidade, onde o rumor de fundo é constante e as pessoas andam pelas ruas preocupadas. A certa altura comecei a sentir algo estranho, como se houvesse um peso sobre mim, provocando certa pressão.
         A princípio não entendi a origem nem o significado daquilo. Essa sensação durou alguns dias até que, em certo momento, procurei interiorizar-me. A pressão aumentava, entretanto prossegui na concentração até sentir meu centro interno – que não é um lugar, mas um “ponto” na consciência, onde se fica quieto, em silêncio. Ali permaneci. Por fim, comecei a ter clareza sobre o que estava acontecendo. Vi que a pressão vinha de fora, não era provocada por coisas minhas. Decorre do estado psíquico coletivo, de uma condição geral, era algo que “estava no ar”.
         “Fazer o que, diante disso?”, perguntei-me. O que estava a me pressionar era a situação planetária – a situação dos povos e nações, algo que não dizia respeito a um lugar específico, mas ao planeta todo.
         No quarto em que me encontrava entravam os tons do crepúsculo, enquanto a cidade, longe de se acalmar, emitia rumores ainda mais fortes. De repente, percebi que havia uma forma de ser útil nessa situação. Vi que o amor pelos que me cercavam naquela cidade, pelos que ali se locomoviam em inúmeras direções, a ligação com a essência eterna presente em todos, trazia-me nova força e clareza.
         Ali, em serena quietude, tive a impressão de que não era por vias materiais que os problemas do mundo seriam transformados. Dos níveis concretos, a solução não viria, porque nesses níveis e suas construções mentais, emocionais e físicas estão aí para serem transformados por energias provindas do Alto, que têm função saneadora.
         Conhecia pessoas que não conseguiram sair de estados de angústia enquanto insistiram em resolvê-los concentrando-se apenas nos níveis materiais da existência. Voltados para o mundo denso, não podiam afastar-se da situação caótica em que o planeta se encontra; porém, tão logo começaram a coligar-se com fatos sutis e amplos, foram entrando em harmonia.
         Desde o princípio da Terra houve seres humanos conscientes desses níveis superiores; seres dedicados ao trabalho de colocar a mente, o coração e o próprio modo de viver em sintonia com realidades maiores.
         Uma comunidade espiritual que ainda sobrevive no Monte Athos, na Grécia, na época do seu apogeu tinha aproximadamente 2.000 membros. Então, esse grupo equilibrava o planeta inteiro com sua contemplação profunda. A inconsciência daqueles tempos era transformada pela concentração desses monges na vida além da matéria, na vida Maior, espiritual.
         O que me estava sendo sugerido na experiência daquela tarde era colocar em prática esse trabalho de cura planetária. Na realidade, hoje são necessárias muitas hostes angélicas e milhares de homens para construir canais em proporção e com força suficiente para reduzir as graves adversidades mundiais.
         Quem se dispuser a servir o planeta, sobretudo nos planos internos, saberá o que fazer. A forma de servir revela-se com simplicidade e, quando percebemos, já estamos dentro dela. Seja realizada de maneira solitária, seja em conjunto com outros, a sintonia com níveis de existência espiritual superiores tem enorme força de transformação.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 11 de maio de 2014, caderno O.PINIÃO, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de maio de 2014, caderno PENSAR, coluna OLHAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:

“Democracia de espectadores
        
          O pensador norte-americano Noam Chomsky alcança o mérito incomum de ser respeitado pela esquerda e pela direita, falando mal dos dois lados. Ele não tem compromisso com a ideologia, mas com a razão. Maior crítico da política externa norte-americana desde a época do Vietnã, foi o mais corajoso opositor de Bush em sua “guerra ao terror”. Costuma dizer que os liberais e os comunistas se igualam. Há uma aristocracia da direita e um centralismo da esquerda que desprezam o povo. “Eles” sabem o que é bom para todos.
         Além de pensador político, Chomsky é considerado o maior linguista de nosso tempo, tendo criado a gramática gerativa, a mais ambiciosa teoria sobre a aquisição e funcionamento da linguagem. O filósofo e ativista político é professor no Massachussetts Institute of Tecnology (MIT) e autor de mais de 30 livros nas áreas de filosofia da linguagem, lingüística, ciência política, comunicação e relações internacionais. Intelectual público, quando ele resolve falar, é bom ficar atento.
         É o caso do livrinho Mídia – Propaganda política e manipulação, que está sendo lançado no Brasil pela Editora Martins Fontes. Chega num momento simbólico: ano de eleições, crise nos meios de comunicação (que tem feito o mercado se movimentar em busca de nova inserção econômica e política), expectativa de mobilização social contra a Copa do Mundo e falta de serviços de qualidade. Escrito para a realidade americana, o livro é uma contribuição para nosso momento histórico.
         A reflexão de Chomsky se arma sobre uma antigo problema: qual o papel da média numa democracia? A resposta automática é que, garantida a liberdade de informação, a comunicação é um insumo indispensável para que as pessoas levem vidas autônomas, tomando decisões a partir de fatos. No entanto, é preciso voltar um degrau: afinal, de que democracia estamos falando? Chomsky descreve então, com singeleza, nosso cenário democrático como um regime em que poucos mandam em muitos. Os poucos se julgam melhores e acreditam que sabem o que é melhor para o povo.
         Para o pensador, o que se estabeleceu nas chamadas democracias liberais foi um arranjo de classe, uma democracia de espectadores. O povo, na verdade, nada mais é que um “rebanho desorientado” (a expressão é de Walter Lippmann), carente da palavra ordenadora dos bons. O povo não existe para agir, mas para seguir ordens. E é aí, na garantia da obediência à palavra de poucos (sempre interessados em manter o poder), que a mídia faz seu trabalho antidemocrático.
         Para Chomsky, a “classe especializada” – que Marilena Chauí chamaria de detentores do discurso competente – emite um imperativo moral: a população é simplesmente estúpida e precisa ser guiada. A propaganda (e em parte o jornalismo), é garantidora da moral de rebanho. Para isso, além de princípios gerais, mandam sinais que confundem e distraem. Um exemplo próximo são as manifestações de rua. Todos defendem uma democracia via e vibrante, mas desde que não atrapalhe o trânsito na hora do rush. Como afirma Chomsky, “certifiquem-se que permaneçam, quando muito, espectadores da ação, dando de vez em quando seu aval a um ou outro dos verdadeiros líderes entre os quais podem escolher”.
         Essa democracia de procedimentos formais, da qual a eleição é um fiador mais teatral que verdadeiro – não se fala em distribuir poder ao povo, mas de mudar quem exerce o poder em seu nome –, se encontra em plena vigência em nosso momento eleitoral. Nada mais próximo à lógica da propaganda que buscar bandeiras universais, como combate à corrupção, à incompetência e à falta de produtividade. No entanto, os projetos em jogo não se resumem aos nomes que estão na ponta do processo. Debater política não é escolher pessoas para mandar nas outras. Vem daí, por exemplo, o vício de fazer da vida privada um assunto público em época de campanhas.
         O que está em jogo são projetos de sociedade. Quem reclama das garantias trabalhistas ou dos reajustes do salário mínimo acima da inflação não está defendendo a racionalidade econômica, mas a exploração do trabalho. É preciso que isso fique cada vez mais claro. A mídia, se quiser recuperar seu papel na democracia, tem que fazer esse debate fluir, e não ficar a reboque dos jogos de interesse.
         Chomsky manda dois alertas, ambos incisivos: o primeiro é que o povo não quer mais ser rebanho. Quem pensa em construir consensos a partir daí vai se dar mal.Pode ficar com a pior das consequências para a indústria da informação: a irrelevância. O segundo aviso afeta a própria concepção de democracia que nos envolve. Ninguém está disposto a abrir mão do poder para o outro. A democracia direta, participativa ou que nome se queira dar, é o horizonte de sobrevivência da política. Isso aponta para a mudança de gestão e para novos modelos de ingerência nos rumos da sociedade. O pau vai quebrar. É o melhor que temos para hoje.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis (a propósito, nada menos do que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidos ou desperdiçados por ano no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), que recomenda cinco dicas: poupar, reutilizar, reciclar, classificar e preservar...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São gigantescos desafios, e bem o sabemos, mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...