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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A CIDADANIA, A EVOLUÇÃO DO AMOR E AS HABILIDADES EMOCIONAIS

“A evolução principal é a do amor; sem ela, a religião capenga
        A evolução (do latim “evolutione”) é uma das leis mais importantes da natureza. E é uma das grandes constatações como um grande realidade que salta aos nossos olhos. Ela é até uma lei divina, pois, se é uma lei da natureza, é uma lei natural, e se é uma lei natural, ela tem no fundo Deus como seu criador e sustentador. Ela é também de certo modo tal qual a lei de Lavoisier: “Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
         Há muitos estudiosos da evolução que são contrários a ela, dizendo que ela é materialista, pois seria contrária à doutrina bíblica do criacionismo, que sustenta que o mundo foi criado por Deus. Mas isso não é verdade, já que, como dissemos, ela é até divina. Portanto, nós podemos ser criacionistas e, ao mesmo tempo, seguidores do evolucionismo, aceitando normalmente que o mundo foi criado por Deus e que evolui. É que Ele não criou as coisas já totalmente prontas, mas em estado potencial, isto é, como o germe da transformação, transformação para melhor, o que é a própria evolução. Por exemplo, quando Deus criou o homem, foi com o germe de, um dia, o homem ser capaz de fazer as proezas científicas ou tecnológicas avançadas de hoje, no século XXI. Daí a capacidade fantástica que o homem tem atualmente nas áreas da informática, das astronáutica, da medicina etc. O homem chegou a esse nível assombroso de progresso, exatamente, pelo germe da inteligência evolutiva com o qual foi criado e pelo qual vem evoluindo e criando essas proezas científico-tecnológicas ao longo dos séculos.
         Essa evolução material acontece paralelamente ao progresso espiritual e moral do homem, ou mais precisamente, do seu Eu maior ou personalidade geral, chamada também de personalidade congênita, isto é, do que espírito que ele é e habitando, inúmeras vezes, um corpo carnal aqui, no nosso mundo físico, justamente para aperfeiçoar-se, buscando o progresso espiritual e material. Aliás, o ser que mais evolui é justamente o espírito com seu intelecto. É só olharmos para o homem das cavernas e o de hoje, para que constatemos a grande evolução ou o grande progresso intelectual que esse homem de hoje conseguiu em relação ao homem daquele longínquo passado. E, se não houvesse a reencarnação para aqueles espíritos que mais pareciam bichos do que gente, é como se Deus os discriminasse, dando tanto conforto para os homens de hoje e nenhum conforto para aqueles homens primitivos!
         O progresso espiritual (moral) deveria ser equivalente ao material, mas, geralmente, o material vai mais rápido. Isso porque, primeiramente, temos que ter conhecimento da verdade, para depois optarmos entre ela e o erro. Por isso, o excelso Mestre disse: “Conhecereis a verdade, e ela vos libertará”. Porém existem pessoas, moralmente, muito atrasadas, isso porque são espíritos humanos mais novos.
         A principal evolução é a do espírito, seja no campo espiritual e moral, seja na área material ou tecnológico-científica. E quando se fala em progresso moral e espiritual, trata-se da evolução ou crescimento da prática do amor cristão, que é o efeito da verdadeira e da mais importante evolução do espírito.
         E as religiões capengam quando não buscam colocar em primeiro plano o progresso da prática da doutrina cristã, ou seja, do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, doutrina que, embora com outros nomes, está presenta em todas as crenças!”.

(JOSÉ REIS CHAVES. Teósofo e biblista, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 19 de janeiro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de janeiro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CHRISTINA FABEL, Diretora Pedagógica do Colégio ICJ, e que merece igualmente integral transcrição:

“Individualidade emocional
        As palavras de ordem da nova geração parecem ser “inteligência emocional”. Fala-se muito sobre a necessidade de controle e equilíbrio das emoções em situações como vestibulares e no mercado de trabalho. O novo imperativo do século sempre existiu, porém, só começou a ser levado em conta pelos profissionais de psicologia e educação nesta década. Entender como cada estudante reage a situações rotineiras é o primeiro passa para preparar as crianças e adolescentes para atuarem de forma ponderada em qualquer ambiente.
         A inteligência emocional não é um dom para poucos. Ao contrário do que se acredita, é possível desenvolver habilidades e competências emocionais ao longo da vida. Nenhum ser humano é imutável e preserva em si as mesmas características durante toda a existência. O que nos faz grandiosos é a habilidade de nos adaptarmos a novas realidades à medida que elas ocorrem. Por isso, o primeiro passo é o autoconhecimento. A capacidade de identificar os talentos natos, pontos fortes e fracos, é essencial para quem deseja crescer e se desenvolver.
         As habilidades emocionais acompanham o ser humano desde a gestação. Muitos especialistas pesquisam como as situações vividas pela mãe, durante a gravidez, são capazes de moldar a forma como a criança se portará depois do nascimento. Por isso, é importante que esse período gestacional seja rico em experiências e vivências positivas para a mãe e o bebê. A estrutura familiar é um fator preponderante desde a fecundação.
         Depois do nascimento, a criança passará algum no seio familiar e logo será matriculada em uma escola infantil. Nesse momento, a sua rede de relacionamentos se expande e, com isso, aumentam as chances de o indivíduo ser contrariado ou exposto a situações que podem se contrapor às suas vontades. Dividir um brinquedo ou a atenção da professora com os colegas nem sempre é fácil para crianças criadas em ambientes cujo único foco eram elas. Por isso, os desafios emocionais são colocados em xeque.
         Depois de muitos anos, a pedagogia começa a entender que é preciso diferenciar o desempenho de alunos pela forma como reagem a esse tipo de situação rotineira. Antigamente, os estudiosos acreditavam que um bom aluno era aquele que tinha um bom resultado em todas as matérias e excelente desempenho em exames e vestibulares. Hoje, já se sabe que um estudante bom é aquele que utiliza a inteligência emocional para extrair do conhecimento o que ele pode lhe dar de melhor. Esse aluno nem sempre tem a melhor nota em todas as disciplinas, mas é excelente em algumas, e usa sua capacidade emocional para lidar com as que tem dificuldade, garantindo um desempenho satisfatório.
         As novas metodologias de ensino, baseadas na neurociência, aproveitam as situações reais e os jogos para desenvolver esse tipo de habilidade desde a infância. É importante dizer que nenhum tipo de curso, ou atividade de curta duração, é capaz de tornar uma pessoa autossuficiente e equilibrada. A inteligência emocional é desenvolvida por meio de situações e não de práticas. Vivenciar é a melhor forma de desenvolver-se.
         O maior mérito dessa nova geração que chega ao mercado de trabalho é desenvolver a profissão escolhida com excelência, partindo os princípios da autossegurança e do equilíbrio entre razão e emoção. O caminho para alcançar essa estado de espírito é a criatividade e a vivência social baseadas no autoconhecimento. Quem não gostaria de trabalhar com o que gosta com leveza? Finalmente, as escolas parecem ter encontrado o caminho para a formação profissional fundamentada na individualidade e não somente nos cálculos estatísticos.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas  – a propósito, fala do procurador-geral da República, Rodrigo Janot: “De nada adianta os órgãos trabalharem na apuração de casos de corrupção se o sistema político baseia-se em procedimentos corruptores e lesivos ao interesse público...” –, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País  no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!
        
  


sexta-feira, 13 de junho de 2014

A CIDADANIA, A INFINITA FONTE DA GRAÇA E A FOME DE PÃO E JUSTIÇA


“A fonte da graça é infinita, mas nem sempre ela é bem recebida
         A graça (do latim “gratia”), como a palavra já diz, é o que adquirimos gratuitamente de Deus. Paulo defendeu-a. E ela significa também ação de agradecimentos a Deus. Daí as preces e missas em ação de graças dos católicos.
         A graça procedente de Deus é infinita. E entre os teólogos, ela é inseparável da fé. Mas elas não devem ser entendidas, como acontece muito, com a ideia de se ficar na preguiça, não tendo as pessoas que fazer nada para a sua salvação ou libertação. Se fosse assim, Jesus teria vindo ao nosso mundo para perder seu tempo para nos trazer a boa nova! É que a salvação ou libertação não se consegue de modo fácil. Pelo contrário, a porta estreita do evangelho, a qual simboliza a salvação, é uma porta em que a passagem por ela é difícil. O Mestre dos mestres até disse que muitos querem passar por ela, mas não conseguem. E nós a isso acrescentamos que muitos, por enquanto, nem querem passar por ela. Porém, ainda vai chegar o dia em que eles vão querer também passar por ela, mas será que, de imediato, vão conseguir ultrapassá-la?
         São Paulo ensina que, onde abundou o pecado, superanbundou a graça (Romanos 5:20). O que quer dizer que a graça não falta nunca para ninguém. Porém, de um modo geral, nós não nos predispomos a recebê-la. Isso porque, geralmente, somos mais voltados para as coisas materiais de nosso ego. Jesus, já sabendo disso, nos aconselha a buscarmos, primeiramente, as coisas do reino dos céus. Santo Agostinho, depois de Paulo, foi quem difundiu muito as doutrinas da graça e da fé, com o que não concordava o grande teólogo Pelágio, seu contemporâneo. E a Igreja, durante séculos, seguiu mais Pelágio.
         Lutero, mil anos depois da polêmica agostiniano-pelágica, abraçou totalmente essa doutrina Paulo-agostiniana. Por isso, os protestantes e evangélicos adotaram-na. Ultimamente, a Igreja a tem aceitado discretamente.
         Ainda Paulo nos ensina que somos salvos pela graça mediante a fé, e que elas não vêm de nós, pois são dons de Deus. Ele ensinou também que a salvação não vem de obras, para que ninguém se envaideça disso (Efésios 2:8-9). Mas é errada a interpretação tradicional que, geralmente, se dá a esse texto. Tudo bem que as ganhemos sem as merecermos. Mas nem tudo que nos vem gratuitamente é bem recebido por nós.
         Ademais, as obras a que Paulo se refere são as das leis mosaicas (no total de 613), e não as de Deus (do Decálogo). Já as inseridas pelo evangelho salvam-nos, sim.
         Vejamos o que diz o próprio Paulo: “Eu posso ter uma fé que remove montanhas, posso falar a língua dos homens e dos anjos, mas se eu não tiver amor, eu nada seria” (1 Coríntios: 1 e 2).
         E as palavras “pistis” e “fides”, grega e latina, significam também fidelidade. Conforme o caso, o sentido delas é mesmo fidelidade e não de fé ou crença. Por exemplo: Quem tem fé em Jesus Cristo se salva. Nessa fase, o significado das citadas palavras é mesmo fidelidade. E poderemos até construir a frase assim: Quem é fiel a Jesus se salva.
         A graça é como o sol. Nós podemos recebê-lo em abundância e totalmente de graça, mas muitos só querem sombra e água fresca!”.

(JOSÉ REIS CHAVES. Teósofo e biblista, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 9 de junho de 2014, caderno O.PINIÃO, página 14).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de junho de 2014, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de FREI BETTO, escritor, autor do romance Minas do Ouro (Rocco), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Fome de pão e justiça
         
         Olivier De Schutter, belga, 45 anos, encerrou neste semestre seu mandato de seis anos como relator da ONU para o direito à alimentação. Declarou que, se dependesse de uma única decisão para erradicar a fome no mundo, optaria pela “generalização da proteção social” que, nos países pobres, representaria menos de 7% do PIB.
         Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) há 842 milhões de pessoas (12% da população mundial em situação de desnutrição crônica. De Schutter acredita que o dado da FAO está subestimado, pois considera apenas quem passa fome 12 meses por ano, e não a carência sazonal. Ele avalia em 1 bilhão o número de famintos crônicos. E admite que “cometemos o erro de apostar demasiado nos ganhos de produtividade e não investimos o suficiente na proteção e no apoio aos pequenos produtores.”
         Acrescenta que faliu a “solução” apontada pela Organização Mundial do Comércio (OMC): os países com mais poder de produção agrícola exportarem para os países com menos. A prática demonstrou que isso é mero neocolonialismo, para reforçar a dependência dos pobres em relação aos ricos e eliminar a agricultura familiar dos países importadores. Nos últimos 50 anos, a produção de alimentos aumentou anualmente 2,1%, enquanto as vítimas da fome diminuíram pouco. Dados da FAO indicam que em 1990 elas eram 900 milhões.
         Está provado que não basta ampliar a produção nem promover a desaceleração demográfica para resolver o problema. Se não há carência de alimentos nem excesso de bocas, é óbvio que a causa reside na falta de justiça social.
         De Schutter propõe um novo paradigma na produção alimentar favorável à agricultura familiar e à agroecologia: “Não nos colocamos a questão de saber se a industrialização da agricultura era compatível com o respeito pelos ecossistemas e negligenciamos a questão da saúde, da diversidade alimentar. São três dimensões: justiça social, sustentabilidade ambiental e saúde”.
         O ex-relator da ONU aponta como uma das dificuldades o descompasso entre o governo e a iniciativa privada. Das empresas surgem as decisões estratégicas. Elas vinculam o produtor ao consumidor. O grave, segundo ele, é que “tomam decisões em função do lucro esperado, e as questões de sustentabilidade, desenvolvimento rural e igualdade na compensação dos atores não as preocupam muito”.
         Acelera-se, hoje, a mercantilização dos produtos alimentares e também de suas fontes, como a terra e a água: “Os consumidores do Norte (do mundo), que querem carne e biocombustíveis, fazem concorrência aos do Sul, que querem a mesma terra e água para as suas necessidades essenciais. É um problema ético e jurídico”.
         O Brasil se gaba de ser um dos pioneiros em matéria de biocombustíveis. Eis o que destaca De Schutter: “A corrida à produção de biocombustíveis produz três tipos de impactos: primeiro, vincula o mercado alimentar ao da energia. Quanto mais sobe o preço do petróleo, mais rentável se torna a produção de biocombustíveis e mais aumenta a produção sobre o mercado agrícola. Segundo, os biocombustíveis fazem pressão sobre a terra arável do Sul. Terceiro, o mercado de biocombustíveis encoraja a especulação financeira, pois quando a União Europeia e os EUA anunciam metas de produção e consumo de biocombustíveis até 2020, eles dão um recado aos investidores : ‘Independentemente de variações, os preços vão continuar a subir. Especulem!’”.
         De Schutter elogia a preocupação de José Graziano da Silva, atual diretor-geral da FAO, quanto ao desperdício no mundo, que atinge, hoje, a cifra de 1/3 dos alimentos produzidos! Ao todo, 1,3 bilhão de toneladas por ano. Isso equivale a mais da metade dos cereais cultivados anualmente.
         Agora entendo por que minha mãe dizia quando, na infância, eu mirava inapetente o prato de comida: “Come, menino. Há muita gente passando fome”. Por uma questão de justiça.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, na pré-escola) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, severo e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis (a propósito, buscamos no texto acima: “... quanto ao desperdício no mundo, que atinge, hoje, a cifra de 1/3 dos alimentos produzidos! Ao todo, 1,3 bilhão de toneladas por ano...”);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de estratosférico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiros e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...