“Escola
pública: encantamento e inovação
Um movimento de
renovação tem permeado as mudanças propostas pelo governo e pela sociedade em
direção ao que a escola deve ensinar para reparar os alunos, de forma mais
humana, para um mundo em constante transformação. Para enfrentar tantos
desafios, as novas gerações terão de desenvolver logo cedo, na primeira
infância, características como resolução colaborativa de problemas, empatia,
tolerância, resiliência e pensamento analítico. Isso se aplica também ao ensino
público, que historicamente enfrenta obstáculos estruturais para garantir que
os alunos realmente aprendam.
Sabemos
que o Brasil gasta 6% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação pública por
ano, índice superior à média da Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é o de 5,5%. Ainda assim, vemos todos os
dias na mídia notícias sobre o desempenho ruim de alunos da rede pública em
diferentes avaliações. Os últimos dados divulgados do Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb), referentes ao ano de 2017, apontam que os anos
iniciais do ensino fundamental da rede pública atingiram a meta do país,
crescendo 37% em 10 anos e no ensino médio, o desempenho de estudantes da rede
pública segue abaixo da média nacional.
Isso
comprova que há muito a ser feito para transformar a escola pública em espaço
de encantamento. Porém, quando analisamos os dados com a intenção de cobrar a
esfera pública a respeito de suas responsabilidades diante de um direito
previsto na Constituição, que é a educação, esquecemos de olhar para aquilo que
vem sendo feito de positivo. Escolas de diferentes regiões do país têm se
mobilizado, por meio de gestores e professor inspirados, em aplicar de forma
criativa soluções pedagógicas que contribuem para desenvolver as competências
exigidas na educação do século 21.
As
competências socioemocionais, um dos conjuntos de habilidades que a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê nos currículos das escolas até 2021, têm
sido exploradas de diferentes formas em escolas da rede pública há anos. Uma
das ferramentas para isso são jogos de raciocínio, que permitem aos alunos
experimentar em um contexto controlado situações da vida real.
Muitas
vezes, a visão de ensino se restringe às disciplinas tradicionais e nos
esquecemos de que brincar, colaborar, construir e reconstruir são atos
inerentes ao ser humano e que podem ser aplicados, de formas relativamente
simples, para conferir significado ao que é aprendido na escola. Quando
conectamos o conteúdo à realidade cotidiana, o que fica na mente dos alunos é
muito mais duradouros. E nas escolas públicas não é diferente. A capacidade de
engajar e surpreender não depende apenas de recursos bem aplicados, mas, acima
de tudo, da vontade coletiva de fazer diferente.”.
(SIDNEY
ORTEGA. Head comercial do setor público da Mind Lab, empresa líder mundial
em pesquisa e desenvolvimento de soluções educacionais inovadoras, em artigo
publicado no jornal ESTADO DE MINAS,
edição de 26 de setembro de 2018, caderno OPINIÃO,
página 9).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
19 de outubro de 2018, mesmo caderno, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral
transcrição:
“Voltar
aos princípios
O crescimento de
extremismos e polarizações é um fenômeno que impacta ambientes diversos,
inclusive os contextos religioso e político. A situação é grave e indica
urgente necessidade: que a sociedade brasileira recupere princípios perdidos. E
existe uma nascente cristalina que deve ser revisitada: o evangelho de Jesus
Cristo. É nessa fonte inesgotável dos valores que promovem a vida que as
pessoas devem se banhar.
O
mundo necessita de princípios que favoreçam o diálogo, com força terapêutica
capaz de corrigir atitudes que ameaçam a vida cotidiana. E neste momento
eleitoral, particularmente, a sociedade brasileira carece dos valores cristãos,
pois está desafiada a reconstruir a democracia. A retomada de princípios do
evangelho é essencial para promover ajustes nos funcionamentos governamentais,
pois faz com que a promoção do bem comum torne-se, efetivamente, o objetivo a
ser buscado. Quem age à luz dos valores cristãos busca superar situações de
exclusão e de discriminação, trabalha para construir uma sociedade solidária,
com mais igualdade.
Por
tudo isso, é preocupante perceber que a sociedade distancia-se de princípios
essenciais e cultiva polarizações. A história da humanidade ensina que as
diferentes formas de extremismo nunca foram solução, pois acentuam os conflitos
entre os que têm convicções e visões de mundo diferentes. As consequências são
graves, prejudiciais à vida em sociedade. Seja, pois, substituído o cultivo do
extremismo pela abertura ao diálogo. Um caminho que se faz observando os princípios
do evangelho, obedecendo-os amorosamente. Assim, é possível recompor a
sociedade e combater as fontes de violência.
De
modo particular, vale rever a indicação do sermão da montanha: “Bem-aventurados
os que promovem a paz” (Mt 5,9). Uma lição de Jesus que é o ponto de partida
determinante. Se cada indivíduo se empenhar na busca da paz, seria possível
superar a rigidez excessiva, que motiva julgamentos, discriminações, exclusão,
e a danosa permissividade – que leva à negociação de tudo, inclusive da vida.
Se cada pessoa não assumir o compromisso de se tornar coração da paz, os
acirramentos demolidores vão se multiplicar, impossibilitando o diálogo. As
pessoas vão permanecer reclusas na própria mentalidade e visão de mundo, sem
conseguir enxergar soluções para promover o bem comum.
Gravitar
entre a rigidez excessiva e a permissividade é processo desgastante, sem
eficácia na construção de novos rumos que levem à fraternidade e à
solidariedade. Por isso mesmo é urgente voltar aos valores do evangelho, com
força para recompor o tecido sociopolítico do Brasil. Essa urgência é ainda
mais evidente quando se considera o desgaste da política partidária, que sofre
um processo histórico de degradação. Uma consequência dessa corrosão é a
carência de líderes com competência humanística para conduzir processos de
gestão que permitam construir um futuro melhor.
Outra
situação grave, que também é fruto do desgaste da política partidária, é o
contexto eleitoral tristemente marcado pela raiva, com impactos, inclusive, nos
relacionamentos familiares. Esse cenário alimenta preconceitos e outras formas
de violência. Não há dúvida sobre a necessidade de uma reforma política, mas,
para isso, os brasileiros devem se mobilizar para a promoção da democracia.
Assim se conquista o desenvolvimento integral e sustentável, promovendo
inclusão e bem-estar, principalmente, dos mais pobres.
O
ponto de partida para nós, bispos da Arquidiocese de Belo Horizonte, é indicado
na mensagem dedicada ao contexto eleitoral que apresentamos nesta semana: sejam
retomados os princípios do evangelho, garantia para a abertura de novos e
promissores ciclos para a população brasileira. A Igreja Católica não recomenda
candidatos, pois os cidadãos são livres para definir seus votos, mas orienta
que sejam observados critérios capazes de promover a justiça, a fraternidade e
a solidariedade. O convite é para que todos possam conhecer e partilhar a nossa
mensagem, retomando os princípios do evangelho. Que a palavra de Deus ilumine a
inteligência de cada cidadão, para que todos sejam capazes de identificar qual
candidato reúne as melhores condições para construir um futuro melhor.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a ainda estratosférica marca de
274,0% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial se manteve em históricos 303,19%; e já o IPCA, em
setembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,53%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo
Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos
os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune
à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais.
De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e
do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de
burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas,
oportunidades e potencialidades com todas
as brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além
de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do
século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da
paz, da solidariedade, da igualdade
– e com equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.