“TABLET
invade ESCOLA PÚBLICA
A modernização chega às salas de aula da rede
estadual de ensino. Tablets e lousas digitais farão parte este ano da realidade
dos 62.541 professores do nível médio e das 3.753 escolas, que receberão ainda
3.752 lousas interativas. Os aplicativos dos equipamentos vão mudar desde a
apuração da frequência dos estudantes até o conteúdo trabalhado em sala de
aula. A tradicional chamada passará a ser toda informatizada e feita pelos
aparelhos. Em disciplinas como física, química, matemática e português,
recursos audiovisuais e didáticos sairão das telas dos eletrônicos para tornar o aprendizado muito mais interessante.
“O professor de determinado conteúdo poderá, por
meio da capacitação ou do próprio interesse dele, descobrir e encontrar
funcionalidades do aplicativo, que traz exemplos pedagógicos práticos de como
ensinar”, afirma a subsecretária de Informações Educacionais da Secretaria de
Estado de Educação (SEE), Sônia Andere Cruz. A novidade virá acompanhada de
treinamento diferenciado para os educadores familiarizados com as novas
tecnologias e para aqueles que não a dominam.
A capacitação será feita de forma regionalizada,
respeitando os diferenciais de cada realidade. “A ideia é dar condições ao
professor de usar tanto o laboratório de informática quanto os tablets no
processo de ensino”, acrescenta Sônia. Ajudará também nesse processo de domínio
do novo instrumento de trabalho um aplicativo que é uma espécie de manual de
instrução para que os professores possam trabalhar.
Por meio do tablet os educadores terão acesso também
ao conteúdo do Centro de Referência Virtual do Professor (CRV), um portal
educacional da SEE que compartilha e oferece novos espaços de aprendizagem.
Filmes, exercícios audiovisuais, leitura, obras de referência e até análises e
experiências dos professores são alguns dos exemplos do que poderá ser acessado
da palma da mão. A biblioteca do CRV já alcançou a marca de 93 mil acessos
diários.
E se a ordem é entrar de vez no mundo da tecnologia,
outra possibilidade é o banco de itens, com 78 mil pontos relativos a conteúdos
informatizados do ensino médio e fundamental. Para este início de ano, há uma
demanda de 10 mil novos itens, segundo a subsecretária. A partir disso, o
professor pode gerar uma prova em poucos minutos, de acordo com sua
necessidade.
Outra novidade são as avaliações on-line. O projeto
piloto foi feito no ano passado em 289 escolas de todo o estado, que deixaram
para trás a rotina de rodar provas no papel. Este ano, outras 58 viverão a
experiência de ter os alunos sentados em frente às máquinas para mostrar o que
sabem.
CUIDADOS
Apesar
de a rede particular estar um pouco à frente na questão da tecnologia, a
preocupação com o uso dessas ferramentas, assim como na rede estadual, também é
frequente. No Colégio Magnum, no Bairro Nova Floresta, na Região Nordeste de
BH, há até mesmo aplicativos que podem ser usados em celular, como o APP-prova.
Trata-se de um jogo que reúne diversas questões do Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem), e à media que o estudante acerta as respostas, ganha pontos.
Para o coordenador pedagógico das turmas de 6º ano ao ensino médio da escola, Willer
Mello, assim como as tecnologias digitais mudaram bruscamente, a realidade do
meio educacional ao poderia ser diferente. “Elas revolucionaram nossa
sociedade, quebras de paradigmas ocorreram e a educação não pode ficar fora
disso. Mas a ferramenta como ela é usada fará com que seja um diferencial”,
diz.
Opinião parecida tem o professor de física do ensino
médio do Colégio Loyola, Gielton de Barros Lima. Nas aulas dele, softwares
trabalham a matéria de maneira dinâmica e sistemas de avaliação permitem que
com apenas um clique se tenha comentários de questões e a nota. “É importante
todos os professores estarem ligados nessas novidades. Mas o fato de usá-las
não é garanti de nada. Uma coisa é os alunos usarem na vida deles, outra é
planejar e aplicá-las de maneira pedagógica. Isso ainda é um desfio”, pondera.
(Colaborou Sara Lira)”.
(JUNIA
OLIVEIRA, em reportagem publicada no
jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9
de fevereiro de 2013, caderno GERAIS, página
18).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de outra reportagem de JUNIA OLIVEIRA, na mesma página, e que merece igualmente integral
transcrição:
“CAMPEÃO DO ENEM
A
luta de um vencedor
A história de um menino pobre, morador da Região
Metropolitana de BH, que enfrentou todas as barreiras para estudar e agora está
de viagem marcada para uma das universidades mais reconhecidas da Europa, é a
prova de como, com esforço e vontade, oportunidade é a pessoa quem faz. O jovem
William Teixeira Miranda, de 19 anos, teve a maior nota da última edição do
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entre os estudantes da Região Sudeste. Pelo
feito, ganhou uma bolsa para estudar na Universidade de Salamanca, na Espanha.
Aluno do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), ele
agora só pensa em concluir projetos de pesquisa, antes de dar o grande salto em
sua vida.
William faz o curso superior de engenharia de
materiais no Cefet, mas se submeteu ao Enem em novembro para tentar uma vaga de
seus sonhos: engenharia química na UFMG. Até segunda-feira, quando recebeu a
notícia do Ministério da Educação (MEC) sobre a premiação, o plano era desistir
do curso atual e fazer matrícula na UFMG. Na engenharia química, ele foi o
primeiro colocado entre os cotistas que se declararam negros ou pardos e com
renda familiar per capita inferior a um salário mínimo e meio – eram apenas três
vagas nessa modalidade.
Não fosse a persistência, William teria desistido em
2011, quando se formou no Cefet no curso técnico de química e, por azar, não
pôde fazer o Enem. Morador de Ibirité, ele saiu de casa com três horas de
antecedência, mas a forte chuva no primeiro dia do exame e um acidente na
Avenida Amazonas o fizeram chegar atrasado ao Centro de BH. A prova era numa
escola na Avenida Olegário Maciel e o ponto de ônibus, na Rua Guarani, bem
próximo. O motorista se recusou a abrir a porta quando passou pela avenida e o
tempo gasto para dar a volta fez William chegar três minutos depois de fechados
os portões.
No segundo dia, ele não desistiu, mesmo sabendo que
já estava desclassificado. O jovem tirou 890 pontos na redação (num total de l
mil) e errou apenas uma questão em matemática. Como passou no vestibular no
Cefet, preferiu continuar. No ano passado, nova tentativa. Dessa vez, fechou a
prova de redação e garantiu notas altas em todas as outras áreas.
No ensino técnico e no superior, William se dedicou
a projetos de iniciação científica e tecnológica. Parte deles foram premiações
da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. Fora as conquistas
nas olimpíadas de outras disciplinas. Até para a Argentina ele viajou para
disputar campeonatos acadêmicos.
PERSISTÊNCIA
As
conquistas de William são marcadas pela luta. Criado pela avó, de 64 anos,
costureira e vendedora de salgados, se tornou orgulho ainda maior ao ser o
primeiro da família a fazer um curso superior. Entrar no Cefet foi um desafio
ao menino que estudava na Escola Estadual Imperatriz Pimenta, em Ibirité. “Os
professores me diziam que eu tentaria o Cefet, mas eu nem sabia o que era
isso”, lembra.
A saga começou no 9º ano do ensino fundamental,
quando não pôde se inscrever por não ter carteira de identidade. O menino
começou o nível médio na Imperatriz Pimenta, e no ano seguinte, uma professora
tratou de fazer a inscrição e o orientou na escolha do curso. A preparação se
deu refazendo provas e pedindo aos antigos mestres que o ajudassem nas questões
que não conseguia resolver.
Vieram a primeira e a segunda chamadas e nada. A
solução foi se inscrever em um edital para ocupar vagas remanescentes do 2º
ano, com base apenas no histórico escolar. Mas, no dia de se matricular em uma
das duas vagas de eletrotécnica, William recebeu um telefonema, o convocando em
terceira chamada para estudar química. Ele até pensou ser trote. “Depois de
entrar para o Cefet, vi que não podia estar em outro curso, pois esse é o curso
da minha vida”, diz.
Foi preciso apoio da assistência estudantil, uma
ajuda de custo para passagens, refeições e livros. “Logo que passei minha avó
ficou feliz, mas preocupada porque não sabíamos como fazer. Pode parecer
bobagem, mas não teria conseguido, porque não teria dinheiro nem para comprar
os livros”, conta.
Agora é a vez de cruzar o mundo. Ele viaja em março
e terá aulas de espanhol até julho, quando fará o teste de proficiência em
língua espanhola. Terá uma bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (Capes) e, depois da matrícula, será custeado pelo Santander
e a Universidade de Salamanca. “Nunca esperava receber essa notícia. Vou
aproveitar cada oportunidade que tiver.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
pedagógicas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior
crise de liderança de nossa história – que é ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas,
democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável e sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e
diuturna vigilância, de forma manter-se
em patamares civilizados; II – a corrupção,
como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas
modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos (por exemplo, os
intermináveis congestionamentos nos grandes
centros urbanos e nas principais rodovias), inexoravelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e
insuportável desembolso da ordem de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(somente com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma
imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta
sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa
capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas,
necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o colossal abismo das
desigualdades sociais e regionais e
nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, qualificada,
civilizada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que
permita a partilha de suas extraordinárias riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos
e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de
Janeiro em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de 2014; a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias,
da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da
paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...