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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A CIDADANIA, A REPÚBLICA PARTICIPATIVA E O AVANÇO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA

“A propósito desta data
        No mês de novembro pretende-se lembrar a Proclamação da República, implantada nos idos de 1889. Para além de um feriado ou de uma data cívica, é preciso se pensar sobre o tipo de República desejada: excludente e autoritária, em que as pessoas ensaiam uma cidadania aparente? Ou inclusiva e participativa, em que os cidadãos buscam consolidar e estender seus direitos?
         A primeira experiência republicana no Brasil despertou expectativas variadas. De 1889 a 1930, foi se impondo como vencedor o projeto de uma República centrada nas mãos de determinada elite, herdeira de uma visão colonial-estamental de sociedade,  pelos “donos do poder”, segundo expressão de Raimundo Faoro. Se, por um lado, predominaram as “trocas de favores” da “política dos Estados” e o coronelismo, por outro, elevaram-se alternativas.
         Ao longo da história, ao descompasso entre um regime republicano despótico e uma demanda popular por justiça e liberdade, vieram a lume diversas manifestações. Desde o republicanismo à moda francesa de Silva Jardim, passando pela comunidade de Canudos, pela revoltas da Vacina e da Chibata, pelo cangaço e pelo Contestado, até as greves e o tenentismo, foram desencadeadas lutas pela ampliação dos direitos. Nas ditaduras do Estado Novo (1937-1945) e dos militares (1964-1985), a cada tentativa de distorcer os princípios republicanos e de solapar a cidadania, respondiam outras tantas ações civis e culturais de conotações democráticas.
         Desmistificar a imagem da República, revelando os interesses refratários à partilha do poder e os anseios do povo brasileiro em acessar o que Amartya Sen denominou de “liberdades instrumentais” – políticas, sociais e econômicas –, é um importante passo para o fortalecimento da “res publica”. Ou seja, a “coisa pública”, a busca pelo bem comum, valorizando a diversidade, é um processo em andamento.
         Não por acaso, diversas entidades de defesa dos direitos humanos – como, por exemplo, a Rede Brasileira pela Integração dos Povos – repudiaram o veto da Câmara Federal ao Decreto 8.243, que estabelecia a Política Nacional de Participação Social. Vale questionar: a quem interessa suprimir uma iniciativa favorável à construção de uma República participativa? Quais são as pessoas apoiadoras de uma República excludente e passiva, em detrimento de uma inclusiva e ativa? Nessa direção, a tradicional visão de uma República feita por “heróis”, à revelia da coletividade, transforma-se em uma visão crítica e construtiva, que identifica em cada pessoa um agente histórico.
         Como se vê, a proclamação da República ecoa no tempo presente e impele os brasileiros a enfrentarem os percalços da busca pelo aperfeiçoamento do espírito republicano. Por meio do empoderamento de cada um de seus cidadãos, de suas comunidades e de suas organizações, a tônica da participativa extrapolará, cada vez mais, as limitações de uma estrita “representação” política.”

(Denilson de Cássio Silva. Professor e historiador (Cefet-MG), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 15 de novembro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de VIVINA DO C. RIOS BALBINO, psicóloga, mestre em educação, professora da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“Produção científica avança
        Segundo levantamento da Thomson Reuters, maior base de dados do mundo de trabalhos científicos, apresentado em 2014 na 1ª Cúpula Thomson de Experiência com Inovação SP, a produção científica no Brasil progrediu e subiu 11 posições nos últimos 20 anos no ranking das 25 nações mais produtivas. Subiu do 24º para o 13º lugar. Colleen Shay, da divisão de Propriedade Intelectual e Ciência da Thomson para as Américas, traça um panorama bem otimista da ciência e da tecnologia brasileiras. Os especialistas baseiam sua interpretação tanto em aspectos quantitativos quanto qualitativos da pesquisa brasileira. A nossa publicação de artigos científicos cresce em ritmo muito superior à média mundial e de países como México, Argentina, Japão, Alemanha, Reino Unido e EUA. Por outro lado, o Brasil fica muito atrás da China. Enquanto a produção brasileira avançou quase 700% entre 1993 e 2003, a chinesa projetou-se quase 2,2 mil por cento e saltou para o 2º posto em virtude de estudos publicados.
         Com relação a patentes e comparado com países latino-americanos, o Brasil aparece muito à frente. No confronto com os asiáticos, perde de pelos menos 7 a 1. Mas, segundo os especialistas, a China enfrenta uma questão de qualidade das patentes e o Brasil se sai bem melhor. A qualidade se refere às taxas de aprovação de patentes pedidas. No Brasil, a proporção é de 22%, mais próxima do padrão mundial. A China aprova 25%. Ainda segundo esse estudo, as pesquisas no Brasil se concentram em universidades, e não em empresas, e relata que, em setores específicos, o Brasil figura no primeiro time, como o de pesquisa aplicada a energias alternativas, ao lado dos EUA e da Alemanha.
         O Brasil também se destaca na pesquisa em medicina clínica. No período 2003/2007, segundo a Thomson Reuters, o Brasil tinha 14.324 artigos dessa área no acervo de 1% de artigos mais citados do mundo. Em 2008/2012, eram 34.957 – um salto de 144%. E esse salto positivo da ciência e da tecnologia brasileiras avança para regiões mais pobres do país para diminuir as desigualdades sociais. Isso é fundamental para o povo brasileiro.
         No Ranking Universitário Folha 2014 (RUF), as melhores universidades brasileiras continuam sendo USP, UFMG, UFRJ, UFRGS, Unicamp,  UFSC, Unb e UFPR. Mas redesenhando positivamente esse quadro de excelências acadêmicas, o ranking mostra pela primeira vez que 5 das 10 instituições que mais avançaram no registro de patentes nos últimos anos estão no Nordeste. O maior salto foi da Universidade Federal do Ceará (UFC), com aumento de 766% no número de patentes solicitadas. A UFC saiu de 3 para 26 pedidos de registro. A Universidade de Pernambuco, instituição nordestina mais bem colocada no RUF, em 12º lugar, cresceu 73%, mas atingiu 26 pedidos de patentes em 2010 e 2011, ficando empatadas, as duas, na oitava posição entre as universidades brasileiras que mais solicitaram esse registro nesses dois anos. Número pequeno pertos dos 162 feitos no mesmo período pela USP, líder em inovação, mas é quatro vezes a média nacional das universidades (6,3).
         Com maior destinação de recursos nos últimos anos, o Norte e o Nordeste passaram a experimentar acelerado processo de expansão da rede de instituições de educação superior. A criação de inúmeras universidades e câmpus nas capitais e no interior das duas regiões teve impacto não somente no ensino, mas também na economia e na geração de empregos. Entretanto, apesar dessas  mudanças positivas e avanços econômicos regionais, dados de novembro de 2014 do IBGE/Pnad mostram que as regiões Norte e Nordeste ainda na dianteira de desocupados, passando de 10% para 8,8%, o Nordeste, e o Norte com 7,2%, Sudeste com 6,9%, Centro-Oeste com 5,6% e Sul com 4,1%.
         Apesar das históricas desigualdades regionais no Brasil, esses dados acima mostram o início do redesenho altamente positivo de excelências acadêmicas e crescimento econômico em regiões geográficas até então desprestigiadas. Ciência, tecnologia e educação de qualidade para todos, trazendo melhorias sociais e maior qualidade de vida para a população, gerando empregos e crescimento econômico.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,  incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...  

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A CIDADANIA, OS TABLETs, A ESCOLA PÚBLICA E A LUTA DE UM VENCEDOR


“TABLET invade ESCOLA PÚBLICA
     
A modernização chega às salas de aula da rede estadual de ensino. Tablets e lousas digitais farão parte este ano da realidade dos 62.541 professores do nível médio e das 3.753 escolas, que receberão ainda 3.752 lousas interativas. Os aplicativos dos equipamentos vão mudar desde a apuração da frequência dos estudantes até o conteúdo trabalhado em sala de aula. A tradicional chamada passará a ser toda informatizada e feita pelos aparelhos. Em disciplinas como física, química, matemática e português, recursos audiovisuais e didáticos sairão das telas dos eletrônicos para tornar  o aprendizado muito mais interessante.
     “O professor de determinado conteúdo poderá, por meio da capacitação ou do próprio interesse dele, descobrir e encontrar funcionalidades do aplicativo, que traz exemplos pedagógicos práticos de como ensinar”, afirma a subsecretária de Informações Educacionais da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Sônia Andere Cruz. A novidade virá acompanhada de treinamento diferenciado para os educadores familiarizados com as novas tecnologias e para aqueles que não a dominam.
     A capacitação será feita de forma regionalizada, respeitando os diferenciais de cada realidade. “A ideia é dar condições ao professor de usar tanto o laboratório de informática quanto os tablets no processo de ensino”, acrescenta Sônia. Ajudará também nesse processo de domínio do novo instrumento de trabalho um aplicativo que é uma espécie de manual de instrução para que os professores possam trabalhar.
     Por meio do tablet os educadores terão acesso também ao conteúdo do Centro de Referência Virtual do Professor (CRV), um portal educacional da SEE que compartilha e oferece novos espaços de aprendizagem. Filmes, exercícios audiovisuais, leitura, obras de referência e até análises e experiências dos professores são alguns dos exemplos do que poderá ser acessado da palma da mão. A biblioteca do CRV já alcançou a marca de 93 mil acessos diários.
     E se a ordem é entrar de vez no mundo da tecnologia, outra possibilidade é o banco de itens, com 78 mil pontos relativos a conteúdos informatizados do ensino médio e fundamental. Para este início de ano, há uma demanda de 10 mil novos itens, segundo a subsecretária. A partir disso, o professor pode gerar uma prova em poucos minutos, de acordo com sua necessidade.
     Outra novidade são as avaliações on-line. O projeto piloto foi feito no ano passado em 289 escolas de todo o estado, que deixaram para trás a rotina de rodar provas no papel. Este ano, outras 58 viverão a experiência de ter os alunos sentados em frente às máquinas para mostrar o que sabem.

CUIDADOS Apesar de a rede particular estar um pouco à frente na questão da tecnologia, a preocupação com o uso dessas ferramentas, assim como na rede estadual, também é frequente. No Colégio Magnum, no Bairro Nova Floresta, na Região Nordeste de BH, há até mesmo aplicativos que podem ser usados em celular, como o APP-prova. Trata-se de um jogo que reúne diversas questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e à media que o estudante acerta as respostas, ganha pontos.
     Para o coordenador pedagógico das turmas  de 6º ano ao ensino médio da escola, Willer Mello, assim como as tecnologias digitais mudaram bruscamente, a realidade do meio educacional ao poderia ser diferente. “Elas revolucionaram nossa sociedade, quebras de paradigmas ocorreram e a educação não pode ficar fora disso. Mas a ferramenta como ela é usada fará com que seja um diferencial”, diz.
     Opinião parecida tem o professor de física do ensino médio do Colégio Loyola, Gielton de Barros Lima. Nas aulas dele, softwares trabalham a matéria de maneira dinâmica e sistemas de avaliação permitem que com apenas um clique se tenha comentários de questões e a nota. “É importante todos os professores estarem ligados nessas novidades. Mas o fato de usá-las não é garanti de nada. Uma coisa é os alunos usarem na vida deles, outra é planejar e aplicá-las de maneira pedagógica. Isso ainda é um desfio”, pondera. (Colaborou Sara Lira)”.
(JUNIA OLIVEIRA, em reportagem  publicada no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de fevereiro de 2013, caderno GERAIS, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de outra reportagem de JUNIA OLIVEIRA, na mesma página, e que merece igualmente integral transcrição:

CAMPEÃO DO ENEM

A luta de um vencedor
     
A história de um menino pobre, morador da Região Metropolitana de BH, que enfrentou todas as barreiras para estudar e agora está de viagem marcada para uma das universidades mais reconhecidas da Europa, é a prova de como, com esforço e vontade, oportunidade é a pessoa quem faz. O jovem William Teixeira Miranda, de 19 anos, teve a maior nota da última edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entre os estudantes da Região Sudeste. Pelo feito, ganhou uma bolsa para estudar na Universidade de Salamanca, na Espanha. Aluno do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), ele agora só pensa em concluir projetos de pesquisa, antes de dar o grande salto em sua vida.
     William faz o curso superior de engenharia de materiais no Cefet, mas se submeteu ao Enem em novembro para tentar uma vaga de seus sonhos: engenharia química na UFMG. Até segunda-feira, quando recebeu a notícia do Ministério da Educação (MEC) sobre a premiação, o plano era desistir do curso atual e fazer matrícula na UFMG. Na engenharia química, ele foi o primeiro colocado entre os cotistas que se declararam negros ou pardos e com renda familiar per capita inferior a um salário mínimo e meio – eram apenas três vagas nessa modalidade.
     Não fosse a persistência, William teria desistido em 2011, quando se formou no Cefet no curso técnico de química e, por azar, não pôde fazer o Enem. Morador de Ibirité, ele saiu de casa com três horas de antecedência, mas a forte chuva no primeiro dia do exame e um acidente na Avenida Amazonas o fizeram chegar atrasado ao Centro de BH. A prova era numa escola na Avenida Olegário Maciel e o ponto de ônibus, na Rua Guarani, bem próximo. O motorista se recusou a abrir a porta quando passou pela avenida e o tempo gasto para dar a volta fez William chegar três minutos depois de fechados os portões.
     No segundo dia, ele não desistiu, mesmo sabendo que já estava desclassificado. O jovem tirou 890 pontos na redação (num total de l mil) e errou apenas uma questão em matemática. Como passou no vestibular no Cefet, preferiu continuar. No ano passado, nova tentativa. Dessa vez, fechou a prova de redação e garantiu notas altas em todas as outras áreas.
     No ensino técnico e no superior, William se dedicou a projetos de iniciação científica e tecnológica. Parte deles foram premiações da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. Fora as conquistas nas olimpíadas de outras disciplinas. Até para a Argentina ele viajou para disputar campeonatos acadêmicos.

PERSISTÊNCIA As conquistas de William são marcadas pela luta. Criado pela avó, de 64 anos, costureira e vendedora de salgados, se tornou orgulho ainda maior ao ser o primeiro da família a fazer um curso superior. Entrar no Cefet foi um desafio ao menino que estudava na Escola Estadual Imperatriz Pimenta, em Ibirité. “Os professores me diziam que eu tentaria o Cefet, mas eu nem sabia o que era isso”, lembra.
     A saga começou no 9º ano do ensino fundamental, quando não pôde se inscrever por não ter carteira de identidade. O menino começou o nível médio na Imperatriz Pimenta, e no ano seguinte, uma professora tratou de fazer a inscrição e o orientou na escolha do curso. A preparação se deu refazendo provas e pedindo aos antigos mestres que o ajudassem nas questões que não conseguia resolver.
     Vieram a primeira e a segunda chamadas e nada. A solução foi se inscrever em um edital para ocupar vagas remanescentes do 2º ano, com base apenas no histórico escolar. Mas, no dia de se matricular em uma das duas vagas de eletrotécnica, William recebeu um telefonema, o convocando em terceira chamada para estudar química. Ele até pensou ser trote. “Depois de entrar para o Cefet, vi que não podia estar em outro curso, pois esse é o curso da minha vida”, diz.
     Foi preciso apoio da assistência estudantil, uma ajuda de custo para passagens, refeições e livros. “Logo que passei minha avó ficou feliz, mas preocupada porque não sabíamos como fazer. Pode parecer bobagem, mas não teria conseguido, porque não teria dinheiro nem para comprar os livros”, conta.
     Agora é a vez de cruzar o mundo. Ele viaja em março e terá aulas de espanhol até julho, quando fará o teste de proficiência em língua espanhola. Terá uma bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e, depois da matrícula, será custeado pelo Santander e a Universidade de Salamanca. “Nunca esperava receber essa notícia. Vou aproveitar cada oportunidade que tiver.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, pedagógicas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas,  soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas; 
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma  manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos (por exemplo, os intermináveis congestionamentos nos grandes centros urbanos e nas principais rodovias), inexoravelmente irreparáveis;
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso da ordem de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (somente com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o colossal abismo das desigualdades sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, qualificada, civilizada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E A ARTE DO OFÍCIO

“03/05: DIA MUNDIAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA

A Liberdade de Imprensa é pré-requisito fundamental da democracia. A Declaração Universal dos Direitos Humanos traz em seu artigo 19: ‘Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras’. No cumprimento deste direito, a mídia tem importância decisiva. Como é salutar a atuação de uma imprensa livre, que não sofra pressões de quaisquer interesses, políticos ou econômicos! Com informações isentas, corretas e precisas, todos ganham: o indivíduo, a sociedade, o planeta.”

(Frei GUSTAVO WAYAND MEDELLA, OFM).

Outra IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de EDITORIAL do jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de abril de 2011, Caderno OPINIÃO, página 10, que merece INTEGRAL transcrição:

“Educação profissional

É mais do que razoável a preocupação do governo da presidente Dilma Rousseff em oferecer uma resposta da União à dramática falta de mão de obra qualificada no país. Essa escassez, que vem se acentuando com a manutenção de taxas anuais de crescimento da economia acima de 4% nos últimos tempos – exceto durante a recessão de 2009, provocada pela crise internacional –, já é uma ameaça real ao cumprimento do cronograma de obras e serviços destinados à Copa do Mundo de 2014. Durante décadas, o país incentivou mais a formação acadêmica de nível superior, deixando em segundo plano o ensino técnico profissional. Isso não apenas tem retardado o ingresso de jovens no mercado profissional como acabou reduzindo a oferta de cursos profissionalizantes de nível médio, tanto públicos como privados. Dados do Ministério da Educação (MEC) revelam que para 6 milhões de matrículas no ensino superior há apenas 1 milhão no ensino técnico. E o país, ao viver fase de aquecimento da atividade econômica, já cogita até mesmo importar técnicos, inclusive de nível médio.

É nesse contexto que deve ser inserido o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec), lançado ontem pela presidente Dilma Rousseff. Mas não deve faltar ao governo atenção a alguns aspectos que podem anular os resultados desejados, bem como em relação às estruturas públicas de boa qualidade já existentes e que, se forem mais bem equipadas, poderão ampliar a contribuição que dão à preparação técnica dos jovens. É o caso do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), instituição que tem brilhado em praticamente todos os rankings oficiais de qualidade do ensino médio no país. A ampliação de sua capacidade, com o desdobramento em novas unidades, poderia dar resultados mais rápidos e a custo compatível com o nível oferecido. Isso não significa evitar a expansão da rede pública de ensino técnico, conforme previsto no Pronatec, que pretende acrescentar 120 unidades às 81 escolas técnicas atualmente em implantação.

O programa prevê também a inclusão das escolas particulares no aumento de matrículas no ensino profissionalizante. Para tanto, anuncia o governo a intenção de expandir o programa de financiamento estudantil (Fies) a essa modalidade de ensino, já que hoje se dedica praticamente só ao nível superior. O financiamento das matrículas poderá ser também concedido a empresas que queiram desenvolver programas de capacitação técnica de seus funcionários. O que não pode ser esquecido é que não há um padrão de qualidade mínima definido pelas autoridades da educação para o ensino médio técnico profissionalizante. Tampouco se tem notícia de fiscalização permanente e rigorosa do MEC nessas escolas, de modo a credenciá-las a receber alunos mantidos com verbas públicas. Essas duas deficiências já são bastante graves para indicar a necessidade de o MEC não ficar só no discurso de lançamento de mais que, embora oportuno e bem-vindo, corre o risco de dar resultados inferiores aos de que o país precisa.”

E mais uma também IMPORTANTE e ADEQUADA contribuição para o nosso trabalho, vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 28 de abril de 2011, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de OLAVO MACHADO, Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Sistema Fiemg), que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“A arte do ofício

No mundo do trabalho, o Brasil vive hoje um cenário de grandes contradições: nunca se empregou tanto como nos últimos anos – são 92 milhões de pessoas contratadas, o que representa mais de 90% dos brasileiros em idade e condições para trabalhar e que formam a chamada população economicamente ativa (PEA). Nos próximos cinco anos (2011/2015), caso o país cresça a uma taxa de 4,6% ao ano – e isso é o mínimo que se pode esperar –, serão abertas oportunidades para 8 milhões de trabalhadores, educados e qualificados para assumir todo tipo de função, das mais simples às mais sofisticadas. Na outra ponta, coincidentemente, ainda temos 8 milhões de desempregados e não serão eles os ocupantes das vagas que serão criadas nos próximos cinco anos, por uma razão muito simples: este exército de brasileiros, desempregados foi sumariamente excluído do mercado de trabalho por absoluta falta de qualificação, por mínima que seja.

Dados (2009) do Sistema Nacional de Emprego (Sine), órgão vinculado ao Ministério do Trabalho, confirmam esse cenário preocupante: 1,6 milhão de vagas oferecidas nas agências públicas de emprego não foram preenchidas, e o principal motivo foi exatamente a falta de qualificação da mão de obra, o que engloba baixo nível de escolaridade, carência de preparo técnico e pouca ou nenhuma experiência. As conseqüências são dramáticas: de um lado por absoluta falta de capacitação de milhões de pessoas, sobretudo jovens, são postos à margem do mercado de trabalho, condenados a viver de biscates ou da solidariedade alheia; de outro, a escassez na oferta de trabalhadores qualificados para preencher os empregos oferecidos pelas empresas brasileiras – em todos os setores e, principalmente, na indústria – em já é considerada um gargalo comparável às deficiências de infraestrutura e logística de apoio ao setor produtivo e também à carga tributária vigente no país.

Neste cenário, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) acaba de criar o Programa Escola Móvel Sesi/Senai. O que nos move é a crença de que tão importante quanto formar profissionais de nível superior em todas as áreas, com mestrado e doutorado, é resgatar a antiga e tão bem-sucedida prática de ensinar aos jovens brasileiros a arte do ofício, que, historicamente, sempre foi a melhor porta de entrada para o mercado de trabalho. Bons aqueles em que pais, tios e vizinhos pegavam pelas mãos os jovens em idade de trabalhar e os iniciavam em suas profissões – pedreiro, bombeiro, carpinteiro, marceneiro, serralheiro, eletricista, costureira, bordadeira, quituteira e tantas outras profissões, das quais muitas “morreram”, por desuso ou pelo avanço da tecnologia, como se pode ver no Museu de Artes e Ofícios, na Praça da Estação, em Belo Horizonte. Muitos, depois, se formavam em cursos superiores, outros se desenvolviam na própria profissão.

Não é nenhum saudosismo, registre-se. Do ponto de vista do cidadão, o que o Projeto Escola Móvel Sesi/Senai se propõe a fazer é exatamente formar mão de obra profissional básica para a inclusão imediata dos alunos no mercado de trabalho, desenvolvendo habilidades que lhes possibilitem gerar renda. Do ponto de vista do estado e de sua economia, o objetivo é contribuir para reduzir a carência de mão de obra qualificada, aumentando o desenvolvimento social no entorno das indústrias. Também se pretende passar aos alunos conhecimentos importantes, como incentivo ao hábito da leitura, a melhoria da saúde mediante o ensinamento de técnicas de higiene e cuidados corporais, e estimular um estilo de vida mais saudável, por meio da prática sistemática de esportes.

O mais importante é que, por suas características de mobilidade, o projeto atenderá jovens e adultos em localidades absolutamente carentes no que se refere a oportunidades de educação profissional, constituindo-se em ferramenta eficaz de transformação e inclusão social. Da mesma forma, a amplitude dos cursos oferecidos assegura o atendimento das mais variadas vocações, nas áreas da indústria da panificação, elétrica, mecânica, mecânica diesel, vestuário, alimentos, informática, refrigeração, soldagem, construção, hidropneumática, instrumentação e controle e caldeiraria. Nossa ideia é que estes cursos possibilitem aos alunos da Escola Móvel Sesi/Senai condições de continuar o aprendizado em centros regionais maiores. Assim, vamos trabalhar para identificar, por meio de profissionais treinados, os alunos com maior preparo e levá-los para a cidade-polo mais próxima e matriculá-los em uma escola do Senai. E é preciso agir rápido. Em 2010, só para atuar no Rio de Janeiro, entraram no país 22 mil trabalhadores, especializados em profissões que antigamente eram aprendidas em casa.”

Eis, pois, mais páginas de SIGNIFICATIVO conteúdo PEDAGÓGICO acenando para a que se pontifica como PRIORIDADE ABSOLUTA – a EDUCAÇÃO, em toda sua ABRANGÊNCIA – e o desafio é GIGANTESCO e INDESVIÁVEL... Mas que ainda mais nos MOTIVA e nos FORTALECE nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a CONFERÊNCIA RIO + 20 em 2012, a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2103, a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...