“A
fuga de cérebros
Atualmente, muitos pais
planejam o futuro de seus filhos antes mesmo do nascimento deles. Com um
mercado de trabalho cada vez mais competitivo, proporcionar educação de
qualidade aos jovens tornou-se algo primordial para que tenham chances de
competir com profissionais capacitados no mundo todo. No Brasil, ensino de
excelência é privilégio para poucos: temos apenas uma universidade no The times higher education university,
prestigiosa publicação que elege as melhores ao redor do globo.
Tendo
em vista esse cenário, não é de admirar que mais de 200 mil estudantes
embarcaram para participar de programas de intercâmbio no exterior no ano
passado. Entre as 100 instituições listadas como melhores no já citado ranking,
44 estão nos Estados Unidos e 31 na Europa. Escolas cujos graus de organização,
infraestrutura e qualidade de ensino são indubitáveis. Lá se encontram
professores não apenas graduados, mas com Ph.D e doutorado, e centros de
pesquisa que são referência no mundo todo.
Já faz
tempo que jovens partem para viagens de estudos no exterior, mas nos últimos
anos a aposta das famílias em educação internacional tem crescido
consideravelmente. Como gestor e fundador de uma grande empresa do setor,
acompanhei de perto as mudanças que ocorreram nesse cenário. Na década de 1980,
já era necessário aprender outro idioma e conhecer diferentes culturas por
causa da crescente globalização. Hoje, a segunda língua é praticamente
obrigatória, e destacam-se os que falam a terceira, a quarta e a quinta. Além
disso, partir em uma empreitada de estudos fora do Brasil não é mais apenas
aprimorar um idioma.
A
experiência internacional proporciona novas concepções, que convidam à
reflexão, ao desenvolvimento da capacidade de aceitar as diferenças culturais e
a ampliar a habilidade de enfrentar os desafios com mais confiança. O domínio
do inglês também é o passaporte de entrada para ingressar em escolas
qualificadas, como Harvard, Oxford, Cambridge. E as chances de uma carreira
internacional em grandes companhias, que essas graduações proporcionam, são
extremamente abrangentes. Isso já é uma realidade, tanto que, atualmente, cerca
de 20 mil brasileiros estão cursando universidades conceituadas pelo mundo, e
mais de 10 mil se matricularam em universidades norte-americanas no ano letivo
de 2012/2013. E isso não ocorre apenas por causa da ampliação da malha aérea e
das novas formas de pagamento, que facilitam a concretização da viagem. Ocorre
porque executivos, pais e jovens vislumbram cada vez mais o leque de
oportunidades que está aberto no exterior. Minha experiência no segmento mostra
ainda que, nos próximos cinco anos, poderemos ter um crescimento de 50% nesses
números.
Executivos
investem cada vez mais e com mais frequência em masters, pós-graduações e MBAs
nos EUA, França e Inglaterra. O conhecimento de ponta que adquirem nas salas de
aula é um grande diferencial no currículo, e faz dessa vivência algo
praticamente obrigatório atualmente. Educação é prioridade em qualquer nação
desenvolvida. Enquanto o Brasil não investir em melhorias efetivas em seu
sistema educacional, a fuga de bons cérebros para o exterior só tende a
aumentar, pois universidades e empresas estrangeiras estão de olho nos nossos
talentos.
Pesquisa
conduzida no Escritório Nacional de Pesquisa Econômicas dos Estados Unidos
mostrou que 8,3% dos cientistas brasileiros estão desenvolvendo pesquisas lá
fora. São grandes mentes, que foram descobertas durante o período de
aperfeiçoamento em solo estrangeiro e trilharam carreira profissional longe de
seu país. A base é tudo para uma carreira promissora. Conheço famílias no
interior de São Paulo que preferem que suas crianças cursem high school no
exterior a matriculá-las em escolas da Grande São Paulo. Além de ser mais
barato, o estudante pode viver com mais liberdade e assimilar outro idioma mais
cedo, o que torna o aprendizado mais fácil, com conhecimento ainda mais sólido
para o futuro profissional.
Diante
desse contexto, o que se constata é que o planejamento é fundamental e também é
a garantia de carimbar o passaporte profissional para uma carreira de sucesso,
nacional ou internacional. E você, já pensou nisso? Nunca é tarde demais para
viver experiências diferenciadas, seja como estudante de high school, de
universidades, de cursos profissionalizantes, MBAs, ou até de cursos livres.
Mais do que isso, o que importa é pensar no futuro para fazer a diferença e ter
sucesso.”
(JOSÉ CARLOS
HAUER SANTOS JR. Presidente do Student Travel Bureau (STB), em artigo
publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição
de 9 de setembro de 2014, caderno OPINIÃO,
página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
19 de setembro de 2014, mesmo caderno, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo
metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Debate,
réplica, tréplica
Há de se dar plena
razão aos que consideram a participação dos candidatos nos debates veiculados
pelos meios de comunicação inócua e pouco relevante para o processo de
discernimento dos eleitores. Também são coerentes os argumentos dos que apontam
a propaganda eleitoral como verdadeira enganação. Pode não chegar a tanto, mas
essas produções chamam a atenção pela exposição pouco nobre de pessoas que, no
afã de ganhar voto, por meio de seus discursos, se desenham como “salvadoras da
pátria”. Em suas falas, buscam aproximar-se dos heróis da ficção. Talvez, posse
até constituir objeto de estudo a semelhança entre os personagens folclóricos
da literatura e a imagem que a propaganda eleitoral produz sobre candidatos.
Eles aparecem como cidadãos e cidadãs com identidade, trajetória e história não
condizentes com o que, de fato, são: e sempre longe do que podem vir a ser.
Viver de miragens do próprio ego, incontestavelmente, é uma das mais trágicas
situações existenciais, com a produção de prejuízos para a cidadania e
comprometimentos sérios na vida política.
Neste
sentido, o desempenho dos candidatos nos debates eleitorais não consegue
corresponder às demandas do processo eleitoral. Na busca pelo voto a todo
custo, sob a pressão das pesquisas, os candidatos à Presidência da República
portam-se como se estivessem em um ringue de boxeadores, com uma plateia de
torcedores. O eleitor-torcedor – perdão se for exagero –, não simplesmente
movido pelo grande desejo de que sejam encontradas saídas para os graves
problemas sociais, se deixa afetar por descompassos afetivos. Alegra-se ao ver
seu candidato desferir “um golpe certeiro” no adversário. Os comentários
pós-debate sublinham, sobretudo, como um “esfregar de mãos”, o discurso ferino,
as evasivas de uns, as conivências e posturas comprometedoras de outros. O
saldo é pouco educativo.
De
fato, lamentavelmente, as perguntas e as respostas formam uma dinâmica que se
resume aos “golpes” e autoelogios. O processo tem muito da perversão humana,
predatória, de ganhar e convencer por nocautear o outro. Os ataques perpassam a
análise de incompetências . Também se fundamentam nas falhas morais que levam à
corrupção e à incapacidade de se compreender que a cidadania, a presidência de
uma república, o governo de um estado, da própria casa ou da empresa, alcança
nobreza e incontestada importância quando a meta prioritária é o bem comum. Lamentável,
pois, é a classificação medíocre da participação política. As escolhas vão
sendo definidas por temas que não deveriam ser tão recorrentes na vida do povo.
O
atual processo de discussão sobre o perfil mais adequado para a Presidência da
República, em vez de contribuir para a decisão do eleitor, deixa mais dúvidas,
por se reduzir a lógica do ringue. Não se consegue revelar o perfil estadista
dos candidatos. Além disso, é muito humilhante prestar-se à desmoralização
mútua, lógica do discurso para simplesmente conseguir voto. Isto não é próprio
de quem reúne condições para ser representante do povo no cargo mais importante
do país. Não se está conseguindo construir um caminho em que os candidatos
possam debater seus entendimentos, propostas e compromissos. Um percurso
necessário para o amadurecimento dos projetos e, também, para o discernimento
dos eleitores.
Uma
via possível é investir nas sabatinas em diferentes ambientes, enriquecidas
pela presença de especialistas de diversos campos, representantes da sociedade
– especialmente daqueles comprometidos com os interesses dos mais pobres – para
ajudar na avaliação da estatura do candidato. Não é fácil dar este passo novo,
por muitas razões. Alguns vão dizer que a política é assim no mundo inteiro e,
por isso, a sociedade brasileira não teria condições de fazer diferente,
tornando-se exemplo. Infelizmente, a
mediocridade na política brasileira é um veneno. Segue perpetuada pelos
interesses partidários e desejo de galgar o poder; nele permanecer para fazer da
máquina administrativa o lugar do serviço a seus pares, e não aos pobres.
Incluindo
a competência de gerentes, o carisma de líderes, o Brasil precisa de homens e
mulheres com componentes morais para a saudável e relevante representação
política. Esta tarefa consiste em compartilhar sentimento do povo e em buscar,
com políticas emancipatórias –, a solução de problemas sociais. Tem este perfil
quem exerce o poder com espírito de serviço. Isto significa ter paciência,
moderação, modéstia, caridade e esforço de partilha – remédios para a ganância
pelo poder. A corrupção política do sistema democrático não permitirá o
surgimento de gente com o perfil esperado, perpetuando a triste conclusão de
que os debates, com suas réplicas e tréplicas, mostram uma realidade pouco
interessante. Revelam candidatos que buscam convencer o eleitor indicando que
os outro são ainda piores.
Que
venham as reformas necessárias para mudar o cenário político e que chegue logo
o momento em que nossos dirigentes exerçam o poder não como se fosse sua
propriedade ou de partidos, mas como uma delegação, a vivência de uma
representatividade. O façam ancorados sempre nas quatro exigências
fundamentais: verdade, justiça, amor e liberdade, que podem dar envergadura e
perfil a quem se aventura em propor seu nome a cargos eletivos e
representativos.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam – em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas
estruturas educacionais, governamentais,
jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais,
de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, severo e sem trégua, aos
três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem; III – o desperdício, em todas
as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
inexoravelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e
insuportável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$
654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e
eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional) –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade,
produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e
solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas,
oportunidades e potencialidades com todas
as brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e
os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da
globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!....
O
BRASIL TEM JEITO!...