segunda-feira, 2 de abril de 2012

A CIDADANIA, OS NOVOS CAMINHOS E O TEMPO URGENTE (34/26)

(Abril = Mês 34; Faltam 26 meses para a COPA DO MUNDO de 2014)

“Voz no deserto

Nunca fui muito ligada em futebol, mas sempre me agradou o entusiasmo masculino por ele na minha casa, desde quando meu pai ouvia jogos nas tardes de domingo, no rádio (não, não havia televisão na minha infância, para espanto de um dos meus netos quando bem pequeno, provocando-lhe a deliciosa pergunta: “Mas não tinha dinossauro, né, vovó?”). Com o tempo e o convívio, acabei apreciando, mesmo sem entender, aquele jogo com termos e regras enigmáticos.

Essa introdução é para dizer que me causaram admiração e tristeza os comentários do agora deputado Romário sobre o Congresso, a Copa e outros temas. Porque ele, político estreante, teve a coragem, e porque tudo me pareceu tão evidente, e tão corajoso neste nosso teatro de invenções e negação da realidade. Animou-me um deputado comentar que ali no Parlamento poucos de verdade trabalham; que muito do que se anuncia sobre a Copa é bastante improvável; e que há perigo de também nela acontecerem propina, desvio de dinheiro, o circo habitual. Entristeceu-me que tão poucas pessoas reagissem, e que coubesse a ele, jogador de futebol, e deputado novato, botar em palavras, publicamente, com maior ou menor entendimento e lucidez, mas não fazemos nada. Por que não formamos um grande coro? Porque temos receio de críticas ou preferimos desviar o rosto e os olhos e fechar a boca? As recentíssimas denúncias sobre propina em entidades públicas a ligadas a hospitais e licitações são de estarrecer. A naturalidade com que, entre nós, se cometem tais atos ilegais é espantosa. Ou eu estou fora do quadro, faço parte do pequeno bando anônimo que ainda se assombra?

Sei que os governantes que querem o bem deste povo, deste país, dos estados, municípios, podem ainda nos salvar. Sem a pretensão de ensinarmos ao mundo, de sermos os melhores que americanos ou europeus, mas tentando ser o melhor que nós aqui podemos ser. E certamente é bem mais do que estamos sendo, com péssimos transportes, educação insuficiente e confusa, ideias mirabolantes, saúde um susto, primeiros consumidores começando a ficar inadimplentes porque o estímulo ao consumo pode agradar de um lado mas prejudicar de outro.

Não digam que sou pessimista: seria simples demais. Nem digam que sou contra governos ou partidos: seria preconceituoso. Na verdade não tenho partido, acho mesmo que existem raros partidos no velho sentido da palavra, siglas permanentes, seguidores fiéis, ideologia coerente, sensata e firme. Eu apenas observo. Leio. Escuto. Assisto a noticiosos. Interpreto voz, entonação, semblante dos que por nós falam: não sou nem otimista nem negativa, quero apenas que tudo finalmente tome um rumo, firme, coerente, realista e eficiente. Sem tanta gente ainda morrendo em hospitais ou emburrecendo nas escolas por falta de bons profissionais e ótimos projetos. Projetos realizáveis, não impossíveis, não tentativas aleatórias com nossas crianças, jovens, velhos, operários, intelectuais, estudantes, garis, domésticas, agricultores, médicos, engenheiros, trabalhadores de qualquer ramo.

Que a gente não fique na utopia de que vamos ensinar os países mais adiantados, porque, repito, ainda não conseguimos encaminhar nossos próprios projetos, resolver alguns dos mais graves problemas deste povo que precisa tanto e muitas vezes nem sabe disso. Imagino a dificuldade dos bons governantes para mudar os rumos do que nos deixou fragilizados. E acho que nós, os cidadãos comuns, poderemos ajudar, se não aceitarmos fatos ruins como coisa natural, não acreditarmos em promessas nem em exigências absurdas, se cumprirmos com excelência nosso dever de cada dia, que inclui trabalho, cuidado com a família, honradez e patriotismo – cada um dentro de suas possibilidades. O que realmente estou querendo dizer é que, num deserto de ideias lúcidas e opiniões honradas, a gente precisa tentar, como amor e coragem, abrir caminhos, portas, janelas, e ajudar a mudar as coisas que podem ser mudadas.”
(LYA LUFT, que é escritora, em artigo publicado na revista VEJA, edição – 2262 – ano 45 – nº 13, de 28 de março de 2012, página 24).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de março de 2012, Caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Tempus fugit et urget

Tempus fugit é a conhecida expressão usada por Virgílio, poeta romano, nas Geórgias. Antiga e sempre atual, essa expressão latina remete ao realismo do tempo que foge irreversivelmente. O tempo que passa contabiliza na vida as perdas e os ganhos. Os ganhos são possíveis e indispensáveis. Já as perdas são possíveis e explicam os atrasos, impedem conquistas e respostas às urgentes necessidades.

Esse tempo que corre veloz, sem que corre veloz, sem que ninguém consiga detê-lo, deixa ecoar outra característica constitutiva: tempus urget. Tempo urgente que não só passa inexoravelmente veloz mas também está sempre prenhe de exigências. Não se pode viver a vida simplesmente como um dia após outro. O tempo da vida se torna um tribunal para cada um. Há um preço que se paga – e alto, para o tempo perdido. Esse preço custa caro quando o tempo é vivido sem as dinâmicas advindas do compromisso com valores, longe de um adequado sentido de cidadania, do exercício responsável e honesto das responsabilidades pessoais, familiares e profissionais.

É grave a situação provocada pela falta de sentido adequado às exigências próprias de cada tempo e em cada etapa desta vita brevis. Impressiona a indiferença ante as respostas inadiáveis.

As etapas da vida são tempos são tempos assinalados por números de dias. Em cada tempo da vida se põe o desafio enorme de corresponder ao próprio de cada momento. Conta muito, especialmente nesta época quase ao fim da quaresma, a acolhida dada à proposta de mudar a própria vida, de revisão de posturas e de submeter a um crivo exigente os próprios critérios adotados na regência do dia a dia. Quem acolheu o convite desafiador de escutar Deus, de modo mais atento e frequente, já está experimentando algo novo que vai ser fecundado e coroado com a celebração da Páscoa – o grande retiro espiritual das comunidades de fé, aberto a todos pelas celebrações da semana maior, a semana santa.

O tempo que foge fugazmente sem o sentido de exigências pode ser de atrasos e derrotas – um tempo perdido. Um desastre imposto, não raras vezes, por uma cultura que não consegue lidar adequadamente com o inseparável sentido de exigências intrínsecas ao tempo que se vive. A cultura contemporânea, de modo geral, lida muito com o sentido de urgência. A dinâmica dos tempos cibernéticos cria hábitos, necessidades e demandas que não dispensam a rapidez. Depara-se aqui com desafio enorme. O sentido de urgência, comum na dinâmica da cultura contemporânea, é um mecanismo, ao que parece apenas compreendido como meio de atendimento individualista, não raro pouco cidadão, de necessidades próprias.

Esse sentido de urgência precisa contracenar com o senso de exigência para impulsionar mudanças culturais que permitam avanços mais significativos. E urgentes, particularmente no atendimento às demandas cidadãs e à constituição adequada da estrutura de nossa sociedade, à luz dos valores nobres da fraternidade e da solidariedade. Sem o sentido de exigência a ser correspondido, a sociedade brasileira, por exemplo, que avança economicamente, considerando sua posição no ranking mundial, sofre com atrasos absurdos. São frutos da desarticulação entre urgência e exigência na formação de uma cultura que desperte para o apreço de se trabalhar mais e melhor.

É tão difícil entender a morosidade que um planejamento leva para sair do papel, ainda que seja para o desenvolvimento e a adequada infraestrutura esperada há muito pelo povo. A burocracia é enlouquecedora com suas propriedades para atrasar processos, solapar avanços e hospedar nas suas sombras incompetências crassas. Não menos grave é a alimentação de um falso sentido de bem-estar próprio que joga tudo o que for possível para depois, fecundando uma onde de conformismo, uma inapetência para reações e posturas que imprimam ritmos e dinâmicas novas no exercício da própria responsabilidade e na produção que deve advir do exercício profissional de cada um.

É hora de dar à nossa cultura o sentido próprio e incitante das dinâmicas advindas da consciência de que o tempo passa depressa e é exigente em respostas mais adquadas que possam nos tirar de tantos atrasos inaceitáveis.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, SÉRIAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS TRANSFORMAÇÕES em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, severo e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais AVASSALADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem: III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, indubitavelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INSUPORTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTOS, igualmente a exigir uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICIADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que DILAPIDA o nosso já fragilizado PATRIMÔNIO PÚBLICO, MINA a nossa ECONOMIA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a CONFIANÇA em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e crescentes DEMANDAS, NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) em junho; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...