quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A CIDADANIA, A AMIZADE E A CIVILIZAÇÃO

“PARTE III: ÉTICA E PARTICIPAÇÃO

[...] A felicidade humana depende da sua capacidade de tomar consciência de si mesmo e de participar do mundo, trabalhando para a realização de seus interesses. Do latim, a palavra interesse, inter esse, significa o que está entre vários, o que coloca vários em relação. O interesse nunca é algo exclusivamente individual, ele é sempre relativo, ele sempre se relaciona com outros interesses. O interesse em não se prejudicar deve ser acompanhado do interesse de não prejudicar ninguém. A afirmação da autonomia deve ser concebida, portanto, acompanhada do conceito de participação. Buscar a harmonia, que, em grego, significa a junção das partes, é integrar-se ao todo a partir de si mesmo. É sentir-se íntegro, total, apesar de ser uma parte. É sentir-se pleno, embora separado.

Enfim, se não há mais uma referência transcendente para julgar os comportamentos humanos, é o próprio homem que deve estabelecer as suas regras. A construção e reconstrução desse contrato, que é feito, formal e informalmente, em todas as instituições sociais, implica em uma dimensão política. Quando se pretende uma convivência em termos éticos, a democracia e a participação tornam-se exigências fundamentais, pois o ethos do grupo será o que aquele grupo, inserido em um contexto maior, for capaz de estabelecer. Como demonstrou Maquiavel, os tempos modernos não aceitam a tradução do que seja o bem, feita por Platão ou pela autoridade eclesiástica da Idade Média. Assim, é a coletividade que constrói o que ela considera ser bom. Como os interesses dos indivíduos são diversos, quanto maior participação e o exercício da cidadania, maior será a representação dos interesses dos membros da coletividade.”
(ROBERTO PATRUS MUNDIM PENA, in Ética e felicidade. – Belo Horizonte: Faculdade de Estudos Administrativos, 1999, páginas 99 e 100).

Mais uma IMPORTANTE e PEDAGÓGICA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de setembro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 5, de autoria de LAIR MATTAR, Mestre em educação pela UFMG, que merece INTEGRAL transcrição:

“Amizade e civilização

Brecht (1898-1956), poeta e dramaturgo alemão, militante do movimento socialista na Europa do século 20, é mais conhecido por seus poemas revolucionários. O conjunto dos seus versos, no entanto, revela a sensibilidade que embasava sua luta pela transformação da sociedade. A celebração da fidelidade aos amigos e o amor que tinha pelas árvores e jardins demonstram o quanto era visionário. Desejava que, além da justiça social, o belo e a delicadeza fizessem parte desse mundo novo que imaginava ser possível construir.

A publicação, por Brecht, do poema “Amigos”, de autor chinês desconhecido (100 a.C.), evidencia sua fé na amizade: “Se viesses em um coche/ e eu vestisse um traje de camponês/ E nos encontrássemos um dia na rua/ Descerias e farias reverência./ E se vendesses água/ E eu viesse montado em um cavalo/ E nos encontrássemos um dia na rua/ Desceria eu a te cumprimentar” (Poemas 1913-1956. SP: Ed. 34, 2000).

O poeta inglês W. H. Auden, contemporâneo e admirador de Brecht, no poema “Voltaire em Ferney”, comenta que o filósofo francês em carta a uma amiga, enfatizava a importância da vida, desde que se combatesse o falso e o injusto, para que “a refrega” valesse a pena: “Assim como a jardinagem, civilizar” (Poemas. SP: Companhia das Letras, 1986). Essas citações permitem que se reflita sobre a preocupação dos grandes homens, em todas as épocas, com os aspectos civilizadores da cultura.

Se, na concepção das cidades, levava-se em conta que elas deveriam propiciar espaços de encontro entre seus habitantes, projetando-se para isso as praças e os jardins, no plano das relações pessoais, sempre se deu importância ao cultivo das amizades. Nada é mais civilizador do que as relações de amizade, porque exigem liberdade e ao mesmo tempo compromisso de cuidar do outro, ou seja, alguns dos critérios que possibilitam o respeito e a solidariedade entre os seres humanos.

A reciprocidade de afeto, principalmente entre pessoas que não tenham relação de parentesco, constitui a base da ética verdadeira, na vida em sociedade. Talvez o único espaço do relacionamento que o interesse não consegue se impor. O modelo capitalista, hegemônico no mundo, cada vez mais, exacerba o individualismo em detrimento das vivências coletivas. Com isso, não contribui para tornar os seres humanos mais civilizados; pelo contrário, impede a convivência baseada nos bons sentimentos e na gentileza de espírito. Essas atitudes levariam inevitavelmente à prática da justiça econômica e da justiça social. No Brasil, o capitalismo selvagem faz com que as cidades sejam áridas, sem árvores e sem jardins. Nas periferias pobres, as praças são abandonadas. Isoladas umas das outras, as almas também não florescem.”

São, portanto, ponderações e REFLEXÕES acerca do PODER DA VISÃO e da complexidade da ALTERIDADE que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INFORMAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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