sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A CIDADANIA CELEBRA A EDUCAÇÃO INFANTIL

“[...] Por outro lado, somente de algum tempo para cá, se vinha sentindo a preocupação em nos fazermos identificados com nossa realidade, em caráter sistemático. Era o clima da transição.

Daí a nossa insistência no aproveitamento deste clima. E, a partir dele, tentarmos o esvaziamento de nossa educação de suas manifestações ostensivamente palavrescas. A superação de posições reveladoras de descrença no educando. Descrença no seu poder de fazer, de trabalhar, de discutir. Ora, a democracia e a educação democrática se fundam ambas, precisamente, na crença no homem. Na crença em que ele não só pode mas deve discutir os seus problemas. Os problemas do seu País. Do seu Continente. Do mundo. Os problemas do seu trabalho. Os problemas da própria democracia.

A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena de ser farsa.

Como aprender a discutir e a debater com uma educação que impõe?

Ditamos idéias. Não trocamos idéias. Discursamos aulas. Não debatemos ou discutimos temas. Trabalhamos sobre o educando. Não trabalhamos com ele. Impomos-lhe uma ordem a que ele não adere, mas se acomoda. Não lhe propiciamos meios para o pensar autêntico, porque recebendo as fórmulas que lhe damos, simplesmente as guarda. Não as incorpora porque a incorporação é o resultado de busca de algo que exige, de quem o tenta, esforço de recriação e de procura. Exige reinvenção.

Não seria possível, repita-se, com uma educação assim, formarmos homens que se integrassem neste impulso de democratização. E não seria possível porque essa educação contradizia este imupulso e enfatizava nossa inexperiência democrática. Educação em antinomia com a emersão do povo na vida pública brasileira.

E isso em todos os seus graus – no da primária; no da média, no da universitária. Esta última desenvolvendo um esforço digno de nota, em algumas regiões do País, na formação de quadros técnicos, de profissionais, de pesquisadores, de cientistas, a quem vem faltando porém, lamentavelmente, uma visão da problemática brasileira. [...]”
(PAULO FREIRE, in Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1999, páginas 104 e 105).

Mais uma IMPORTANTE e também PEDAGÓGICA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de agosto de 2010, Caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de PRISCILA FERNANDES MAGRIN, Psicóloga e coordenadora do programa Educação Infantil do Instituto C & A, que merece INTEGRAL transcrição:

“Educação infantil

A educação infantil está na ordem do dia. É pauta dos jornais, promessa de campanhas políticas, tema de reivindicações sociais, de ações das Varas da Infância e da Juventude e de projetos de casas legislativas dos municípios, dos estados e da Federação. Há um profundo e saudável movimento ocorrendo na educação brasileira. A sociedade se dá conta de que um projeto nacional de educação não pode prescindir do atendimento às crianças de 0 a 6 anos. Já passava da hora.

Todos os avanços da neurociência, da psicologia e da pedagogia dos últimos 30 anos mostram que as conquistas asseguradas nessa etapa da vida reverberam por toda a existência do indivíduo. Dito assim, soa óbvio que se almeje qualidade da educação também para a criança pequena. Mas, se a discussão sobre qualidade da educação assume tonalidades vibrantes no campo dominado do ensino fundamental, a conversa fica ainda mais séria quando o foco é o atendimento às crianças de 0 a 6 anos.

Responder às necessidades típicas e à dinâmica do desenvolvimento dessa faixa etária significa manejar com destreza facetas inseparáveis como cuidar, proteger e educar. Na educação infantil, o trabalho pedagógico assume múltiplas dimensões, configurando-se como um tempo e um espaço de formação integral, de experimentação, de aquisição de habilidades, de convivência social e de contato com múltiplas linguagens. O conhecimento não é hierarquizado em disciplinas e se preserva o livre brincar como processo de elaboração simbólica fundamental para a criança.

Não faltam ao Brasil bases teóricas, estudos de caso e informações sobre os princípios que devem fundamentar a educação das crianças de 0 a 6 anos. Mas, embora tenhamos diretrizes bem desenhadas no âmbito do planejamento, ainda estamos longe de concretizá-las nas políticas públicas de municípios e estados brasileiros. País afora, temos visto a grande dificuldade das escolas públicas e privadas em atender à criança pequena. Não há mobiliário adequado, não há material pedagógico, não há professores capacitados.

Pesquisas recentes, como a empreendida em 2010 pela Fundação Carlos Chagas, sob encomenda do Ministério da Educação (MEC) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), mostram que a escola simplesmente não sabe o que fazer com as crianças que recebe. Falta uma proposta educativa genuína para a infância, uma proposta protegida do risco de vermos nossas creches e pré-escolas transformadas em antessalas do ensino fundamental, nas quais se antecipam processos para os quais nem toda criança está cognitivamente preparada.

Portanto, hoje, Dia da Infância, temos um boa oportunidade para refletir sobre esse tema. Pensar nos alunos do futuro, sim, mas, antes, nas crianças do presente. Daremos um demonstração real de maturidade se formos capazes de desenhar um projeto público de educação infantil assentado em uma visão mais ampla e compreensiva da infância.”

Mais uma vez, nos colocamos diante de um ESPECIAL DESAFIO da EDUCAÇÃO e, por isso mesmo, a reclamar o melhor do nosso PATRIOTISMO e do nosso ENTUSIASMO, o que nos MOTIVA e nos FORTALECE nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA e QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do TERCEIRO MILÊNIO, da era do CONHECIMENTO, da INFORMAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

Um comentário:

sirlene disse...

A falta de interesse de nossos alunos está no fato de não deixar que flua neles a originalidade, o pensar. Os professores trazem embrulhos prontos, onde não é necessário argumentação, somente continuar reproduzindo as ações advindas de outrem. Além disso, despejam em seus educandos todas as suas frustações e decepções quanto ao sistema ao qual estão inseridos. Formando pessoas incapazes de desenvolver o potencial que emerge de seu ser e que dignifica a sua existência.Vamos valorizar a essência humana.