sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A CIDADANIA, AS ELEIÇÕES E A POLÍTICA

“O novo transcendente

[...] O resultado do novo paradigma centrado no deus Mercado todos conhecemos: degradação ambiental, guerras, gastos exorbitantes em armas, sistemas de defesa e segurança, narcotráfico e dependência química, esgarçamento dos vínculos familiares, depressão, frustração e infelicidade.

Ainda é tempo de professarmos o mais radical ateísmo frente ao deus Mercado e, iconoclastas, apelar à ética para introduzir, como paradigma, a generosidade, a partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho, a felicidade centrada nas condições dignas de vida e no aprofundamento espiritual da subjetividade.

Isso, contudo, só será possível se não ficarmos restritos à esfera da autoajuda, das terapias tranquilizadoras da alma para suportar o estresse da competitividade, e nos mobilizar comunitariamente para organizar a esperança em novo projeto político fundado na globalização da solidariedade.

Eis o desafio ético que, como assinalou José Martí, será capaz de articular emancipação política e emancipação espiritual.”
(FREI BETTO, é escritor, autor de A arte de semear estrelas (Rocco), entre outros livros, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de julho de 2010, Caderno CULTURA, página 10).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 16 de julho de 2010, Caderno OPINIÃO, página 13, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, que merece INTEGRAL transcrição:

“Eleições e política

A participação democrática nas eleições tem uma significação que ultrapassa o simples ato de sufragar nomes para ocupar cargos administrativos e parlamentares. Não se pode reduzir um pleito eleitoral em simples corrida vitoriosa, oportunidades de hegemonias partidárias ou mesmo imposição de carismas pessoais na definição dos cenários que vão configurar a comunidade política, que tem na referência ao povo a sua autêntica dimensão e que, na realidade, deve ser a unidade orgânica e organizadora de um verdadeiro povo. A doutrina Social da Igreja ressalta que “o povo não é uma multidão amorfa, uma massa inerte a ser manipulada e instrumentalizada, mas, sim, um conjunto de pessoas, cada uma das quais - no próprio lugar e a seu modo – tem a possibilidade de formar a própria opinião a respeito da coisa pública e a liberdade de exprimir a sua sensibilidade política e de fazê-la valer em maneira consoante com o bem comum”. Portanto, o foco de um processo eleitoral não pode restringir-se às figuras que serão aprovadas por voto, considerando-se, é claro, a moralidade e as condições de cada um no exercício da responsabilidade e missão a que se propõem.

Há uma luz, nascida da compreensão da realidade e dos seus funcionamentos, que deve iluminar o rosto e a vida de candidatos. Compreende-se que o processo eleitoral tenha tarefa social e política de ajudar a sociedade a dar um passo adiante na sua autocompreensão, nas correções de dinâmicas culturais viciadas e prejudiciais na efetivação de solidariedades que garantam a busca permanente da superação de tudo o que macula a convivência política e a organização social. Fica o desafio de aproveitar o processo eleitoral para agregar ganhos na consciência social e política da sociedade, pondo-a em condições de participação mais cidadã e de acompanhamento dos processos e mecanismos que definem seu funcionamento e status.

Não se pode reduzir, pois, as eleições à corrida eleitoral, à propaganda enquanto mecanismos de convencimento ou às promessas que apaziguam e podem ter força na definição de adesões transformadas em voto. É inconcebível também estreitar o evento eleitoral – momento educativo da mais alta importância na vida social e política de um povo a afirmações partidárias. Não se desconhece sua função própria. Uma nação não pode ser governada simplesmente pela ideologia de um partido, tendo em conta suas fragilidades, as alianças questionáveis e outros aspectos próprios da complexidade do tecido político.

É importante a mobilização de todos os segmentos da sociedade para que as eleições tragam resultados tanto no âmbito de escolhas adequadas dos nomes, quanto no crescimento da consciência social e política que deve alavancar a cidadania de todos. Neste âmbito, é possível constatar grandes avanços e abertura de novos horizontes. A Lei da Ficha Limpa é um desses grandes avanços que apontam na direção de reformas morosas por interesses diversos ou por incapacidade de avanços. Há um aspecto importante a ser considerado no progresso que as eleições devem trazer no contexto da comunidade política e no tecido da cultura que sustenta a vida da sociedade brasileira. Existem ainda resquícios de dinâmicas, práticas e hábitos de espúrio coronelismo e de ultrapassados caudilhos que tentam se perpetuar.

As figuras representativas deste modus operandi na sociedade e nas instituições, sejam elas de que tipo for, vão caindo num ridículo que produz o seu ostracismo pouco a pouco. Contudo, há a tendência de incorrer no mesmo risco e equívoco do povo de Deus saindo do Egito, conduzido pela lucidez de Moisés, que abre horizontes e aponta caminhos e possibilidades a serem conquistados. Mas o povo reclama, confessa o desejo de voltar a servir o Faraó, fazendo referências às panelas de carnes e às cebolas, embora comidas nas condições de escravo. Existe uma preferência pela condição escravocrata àquela da liberdade, embora pagando um preço. Os faraós se multiplicam com suas artimanhas aproveitando-se dos fracos na sua saudade de um passado que não volta mais, especialmente na dinâmica da sociedade contemporânea. Aproveita-se de uma necessidade de incentivo e de benesses que revelam a pequenez na penúria dos dependentes e na tirania de antigos caudilhos e coronéis. Estes vivem do passado. É hora de apostar, como Moisés, em um horizonte novo”.

OPORTUNAS e LÚCIDAS, pois, as reflexões e ponderações que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, CRÍTICA, DESENVOVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da GLOBALIZAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INFORMAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

Um comentário:

Anônimo disse...

Com certeza temos que virar as costas para os ¨faros da política¨ que usam os artifícios da fartura de uma ¨mesa¨ de escravos modernos para atrair os mais ávidos e que tem medo ou preguiça de caminhar um novo trajeto que pode ter obstáculos mas apontam para uma nova terra. Que nas urnas sejamos mais Moises e menos escravos e possamos ver as armadilhas que nos envolvem se voltamos atrás e nos deixamos escravizar.