sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A CIDADANIA, A ARTE DA CELEBRAÇÃO E A PAZ; ESTA, UM DOM DE DEUS

“A arte da celebração

A passagem de ano não deveria pedir projetos (e posteriores remorsos), mais projetos (e mais futuros arrependimentos), e sim abrir a portinhola de algum alívio , alguma alegria. Mas talvez a gente goste de sofrer. Lembrei-me agora da deliciosa historinha do monge muito velho, quase centenário, que num remoto mosteiro pede a um monge bem moço que o ajude ainda uma vez a ir à biblioteca que guarda preciosos alfarrábios . Pela última vez, ele quer folhear uma enciclopédia ou encíclica papal, algo assim – a princípio, o moço não entende direito. O jovem monge instala, então, o velhíssimo velhinho junto a uma mesa imensa, tudo lá é muito grande e muito antigo. Mesa de carvalho, claro. É um aposento secreto no fundo da biblioteca, onde só os monges iniciados entram. O rapaz consegue o livrão, coloca-o na mesa diante do velhíssimo velhinho e sai, dizendo: “Qualquer coisa, toque essa sineta que eu venho acudi-lo”.

Passa-se o tempo, o jovem monge se distrai com seus afazeres, até que se lembra: e o ancião, como estará? Preocupa-se com o longo silêncio – será que ele morreu? Corre até o fundo da biblioteca, até a sala secreta, e encontra o velho monge batendo repetidamente a cabeça no tampo da mesa.
– Mestre, o que houve? O senhor vai se machucar!

O monge centenário chora e repete certas palavras que o moço custa a entender:

– Imagine, imagine! A palavra de ordem, a recomendação, a essência, não era celebate, mas celebrate!

Logicamente, em inglês, a coisa tem mais graça, mas mesmo quem lê aqui há de entender: desperdiçamos tempo, vida e energia sofrendo por bobagens, arruinando as alegrias, ignorando afetos, trabalhando mais do que seria necessário para a nossa dignidade, curtindo mais o negativo do que o positivo, quando afinal a ordem divina metafórica é que não precisamos fazer o sacrifício do celibato, mas celebrar a vida. Pessoalmente, sempre acreditei que a melhor homenagem que se faz a uma divindade, se nela acreditamos, é celebrar – respeitando, amando, curtindo, cuidando – a vida, a natureza, a arte, o enigma de tudo.

Mas nós, humanos, nem sempre espertos (embora a gente se ache, e muito), em vez de celebrar a passagem do ano, passamos boa parte dela nos enrolando. As providências excessivas, as compras, as comidas, as dívidas em dezenas de prestações... Os planos. Mas para que planos, quando o melhor é ter um só? Ser mais feliz, mais alegre, mais amoroso, mais honrado, mais pacífico. Mas a gente coloca aspectos prosaicos da vida acima de tudo: perder 10 quilos, tratar melhor a sogra, ser menos puxa-saco da sogra, da cunhada, da nora, do patrão. Ganhar mais dinheiro, o que nem sempre representa a conquista da felicidade ou algo que o valha, e por aí vai.

Para um lado ou outro, para o sim ou para o não, nessa hora nos enchemos de preocupações, acumulamos propósitos, e nos amarguramos porque aqueles objetivos elencados na passagem do ano passado não foram cumpridos (e ainda por cima a gente sabia que ia ser assim).

E daí? E daí que poderíamos aproveitar o momento para pensar no que realmente vale a pena. E o que vale a pena, não importam a biografia ou a latitude, é celebrar. Para tanto, basta que sejamos, em casa, no trabalho e na escola, um pouquinho mais agradáveis e menos tensos. E que, pelo menos, isso se manifeste na forma de um abraço vindo do fundo mais fundo do mais cansado – mas ainda amoroso e celebrante – coração.”
(LYA LUFT, em artigo publicado na Revista VEJA – edição 2198 – ano 44 – nº 1, de 5 de janeiro de 2011, página 26).

Mais uma IMPORTANTE e também OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 7 de janeiro de 2011, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Paz, um dom de Deus

Diz o papa Bento XVI na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, celebrado pela 25ª vez no dia 1º: “A paz é um dom de Deus e ao mesmo tempo um projeto a realizar, nunca totalmente cumprido”. A conquista da paz inclui os percursos dos diálogos todos, em diferentes níveis, as providências estratégicas de gestões inteligentes e eficazes, com entendimentos políticos adequados, e a indispensável consciência cidadã sustentada pelos valores morais que asseguram a configuração de um tecido social justo e solidário. Ao afirmar que a paz é um dom de Deus, o papa indica que uma sociedade reconciliada com Deus está mais perto da paz. Essa reconciliação afronta, entre outros desafios, o da indiferença religiosa, suscitando por um lado afirmações, condutas e linguagens que prescindem de Deus. Mas também indica, por outro lado, o enorme desafio da intolerância religiosa, que tem comprometido o valor da liberdade, gerando cenários sangrentos e violentos em muitos lugares, particularmente na Ásia e na África.

O papa sublinha que a paz é o resultado de um processo de purificação e elevação cultural, moral e espiritual de cada pessoa, de cada povo, no qual a dignidade humana é plenamente respeitada. Esse percurso e a forma para alcançar essa meta supõem mais do que a inteligência humana, que pode perder também o seu rumo e desvirtuar-se, na contramão da lucidez própria na geração do bem. A paz não é simples fruto de acordos políticos sazonais, nem de interesses nas esferas econômicas, estratégicas e tecnológicas. Ela é um valor moral. Sua sustentabilidade enraíza-se na experiência religiosa, na fé professada e testemunhada por indivíduos e também por povos, de diferentes culturas, com resultados inquestionáveis na sua configuração. Trata-se da experiência religiosa na vivência confessional da fé. As armas morais, por isso mesmo, são as mais preciosas para que haja paz. Nesse âmbito, sabe-se o quanto o mundo tem necessidade de valores éticos e espirituais. É um mundo que precisa muito de Deus.

A religião, também, lembra Bento XXI, pode oferecer contribuição preciosa na busca e na construção de uma ordem social justa e pacífica. Nesse horizonte, sua mensagem trata o tema da liberdade religiosa como caminho para a paz. Toda pessoa, na sua experiência de fé, tem o direito intocável do respeito à liberdade religiosa. Nessa experiência é que a pessoa orienta a própria vida, pessoal e social, para Deus, assegura o papa. E tem, pela luz da presença divina, a capacidade de compreender plenamente sua identidade, sua liberdade e seu destino. Afirma, ainda, que negar ou limitar arbitrariamente a liberdade religiosa significa cultivar uma visão redutiva da pessoa, e esse obscurecimento da função pública da religião gera uma sociedade injusta, em razão de ser desproporcional à verdadeira natureza da pessoa. A reflexão feita pelo papa parte, pois, da compreensão e do reconhecimento da dupla dimensão na unidade da pessoa: a religiosa e a social. Considerar apenas a essencialidade da dimensão social é mutilar o sentido da indivisível unidade e integridade da pessoa. A desconsideração, portanto, da dimensão religiosa é abertura para o risco de admitir ser possível encontrar no relativismo moral a chave para uma convivência pacífica. Concretamente, aí nascem a divisão e os riscos graves de negação da dignidade dos seres humanos.

Bento XVI afirma, então, que a abertura à verdade e ao bem, a abertura a Deus, radicada na natureza humana, confere total dignidade a cada um dos seres humanos e é garantia do respeito pleno e recíproco entre as pessoas. Portanto, não se pode buscar a paz prescindindo da dignidade transcendente da pessoa enquanto valor essencial. O entendimento pauta-se no quanto é importante e indispensável ter capacidade de transcender a própria materialidade e buscar a verdade. Essa faculdade é indispensável na construção de uma sociedade orientada para a realização e a plenitude da pessoa. O caminho para a paz, pois, situa a religião na sua dimensão pública. Esse seu lugar – de grandeza compartilhada – confronta-se com importantes aspectos no conjunto da vida da sociedade, ultrapassando o estritamente individual. Há um importante confronto com o sentido da laicidade positiva do Estado, desafiando a superação dos riscos dos laicismos. Desafia também os fundamentalismos originados no próprio campo das religiões e outras escolhas. São muitos, ainda, os desafios no caminho para a paz.”

São, pois, mais ADEQUADAS e PERTINENTES, como também PRECIOSAS, as REFLEXÕES e PONDERAÇÕES acerca de DESAFIOS que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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