sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A CIDADANIA, A ESPIRITUALIDADE, A RELIGIÃO E A TOMADA DE DECISÃO

“Momento de decisão

Neste momento em que todos os esforços vêm se mobilizando e se mostram voltados para se encontrar o caminho certo que nos levará à estabilidade institucional, um fato lamentável, se verdadeiro, nos surpreende no noticiário de imprensa do País envolvendo a já tão desgastada classe política, que tem sido ultimamente alvo de repetidas e frequentes críticas comprometedoras de sua probidade e de sua austeridade perante a opinião pública.

Irresponsabilidade e atos levianos são atitudes incompatíveis com o decoro do homem público e não só contribuem para afetar sua credibilidade como também aprofundar cada vez mais a descrença e o desencanto do povo com o desesperado sonho de melhores dias. Neste sentido, a reprodução, nos dias de hoje, de comportamentos já consagradamente falhos, habitualmente usados todas as vezes que se aproximam eleições e caracterizados, entre outros, por pronunciamentos indevidos, perturbações e ameaças de toda sorte, teses eivadas de paixões partidárias obstinadas, com verdadeiras distorções do raciocínio, o interesse exagerado por um compreensível sentimento de solidariedade do político partidário, quanto as destino dos que o ajudaram, a nefasta influência do poder econômico utilizado como instrumento de corrupção, é simplesmente uma demonstração de incapacidade para o regime que todos consideramos o único compatível com os nossos foros de nação civilizada.

Ao mesmo tempo, vale dizer, num país como o nosso, em pleno processo de desenvolvimento, com sérios problemas ligados à economia inflacionada, com falta não só de meios adequados para sustentar uma população cujo crescimento começa a tornar-se alarmante, mas ainda os de proporcionar-lhe vida condigna, estes graves problemas econômicos e sociais, ao lado de desvios de natureza política, passaram a reclamar uma atenção que nunca lhes foi devidamente dada na proporção exigida por sua magnitude.

Possuíamos uma noção puramente política do País e de súbito caímos na realidade; sentimos aproximar-se a hora exata, a hora da opção, decidir qual rumo que tomar – se o que levaria de imediato à condição de grande País ou o moroso caminho de uma nação politicamente indisciplinada e de economia dependente.

Abrimos os olhos e verificamos que o que é necessário de sã consciência e sem hesitação é vermos a hora de se proclamar consolidado entre nós o regime democrático, conquistado com o primado da inteligência, livre das inconsequências, com uma estrutura política e social sólida e fecunda, com toda sua grandeza produzindo, em síntese, a substância de um pensamento universal e o vigor de uma mentalidade disciplinada e profunda.”
(PAULO EMÍLIO NELSON DE SENNA, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 19 de outubro de 1993, Caderno OPINIÃO, página 6).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 7 de dezembro de 2011, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, Escritor, autor de Um homem chamado Jesus (Rocco), entre outros livros, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Espiritualidade e religião

Espiritualidade e religião se complementam mas não se confundem. A espiritualidade existe desde que o ser humano irrompeu na natureza, há mais de 200 mil anos. As religiões são recentes, não ultrapassam 8 mil anos de existência. A religião é a institucionalização da espiritualidade, assim como a família é do amor. Há relações amorosas sem se constituírem em família. Do mesmo modo, há quem cultive sua espiritualidade sem se identificar com uma religião. Há inclusive espiritualidade institucionalizada sem ser religião, como é o caso do budismo, uma filosofia de vida.

As religiões, em princípio, deveriam ser fontes e expressões de espiritualidades. Nem sempre isso ocorre. Em geral, a religião se apresenta como um catálogo de regras, crenças e proibições, enquanto a espiritualidade é livre e criativa. Na religião, predomina a voz exterior, da autoridade religiosa. Na espiritualidade, a voz interior, o “toque” divino.

A religião culpabiliza; a espiritualidade induz a aprender com o erro. A religião ameaça; a espiritualidade encoraja. A religião reforça o medo; a espiritiualidade suscita perguntas. As religiões são causas de divisões e guerras; as espiritualidades, de aproximação e respeito. Na religião se crê; na espiritualidade se vivencia. A religião nutre o ego, pois uma se considera melhor que a outra. A espiritualidade transcende o ego e valoriza todas as religiões que promovem a vida e o bem.

A religião provoca devoção; a espiritualidade, meditação. A religião promete a vida eterna; a espiritualidade a antecipa. Na religião, Deus, por vezes, é apenas um conceito; na espiritualidade, uma experiência inefável.

Há fiéis que fazem de sua religião um fim e se dedicam de corpo e alma a ela. Ora, toda religião, como sugere a etimologia da palavra (religar), é um meio para amar o próximo, a natureza e a Deus. Uma religião que não suscita amorosidade, compaixão, cuidado do meio ambiente e alegria, serve para ser lançada ao fogo. É como flor de plástico, linda, mas sem vida.

Há que tomar cuidado para não jogar fora a criança com a água da bacia. O desafio é reduzir a distância entre religião e espiritualidade, e precaver-se para não abraçar uma religião vazia de espiritualidade nem uma espiritualidade solipsista, indiferente à religião.

Há que fazer das religiões fontes de espiritualidade, de prática do amor e da justiça, de compaixão e serviço. Jesus é o exemplo de quem rompe com a religião esclerosada de seu tempo, e vivencia e anuncia uma nova espiritualidade, alimentada na vida comunitária, centrada na atitude amorosa, na intimidade com Deus, na justiça aos pobres, no perdão. Dessa espiritualidade resultou o cristianismo.

Há teólogos que defendem que o cristianismo deveria ser um movimento de seguidores de Jesus, e não uma religião tão hierarquizada e cuja estrutura de poder suga parte considerável de sua energia espiritual.

O fiel que pratica todos os ritos de sua religião, acata os mandamentos e paga o dízimo, e, no entanto, é intolerante com quem não pensa ou crê como ele, pode ser um ótimo religioso, mas carece de espiritualidade. É como uma família desprovida de amor. O apóstolo Paulo descreve magistralmente o que é espiritualidade no capítulo 13 da Primeira carta aos coríntios. E Jesus a exemplifica na parábola do bom samaritano (Lucas 10, 25-37), e faz uma crítica mordaz à religião em Mateus 23.”

Eis, pois, mais páginas contendo RICAS, ADEQUADAS, ENCORAJADORAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para a IMPERIOSA necessidade de PROFUNDAS TRANSFORMAÇÕES no nosso modo de PENSAR e AGIR, e reunirmos o melhor de nossa ENERGIA CÍVICA objetivando a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais DESENVOLVIDAS, CIVILIZADAS, SOBERANAS e DEMOCRÁTICAS...

Para tanto, URGE a PROBLEMATIZAÇÃO de questões CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;
b) a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância;
c) a CORRUPÇÃO, que campeia por TODAS as esferas da vida NACIONAL e gera comprometimentos INESTIMÁVEIS à nossa ECONOMIA e, mais grave ainda, à CONFIANÇA em nossas INSTITUIÇÕES e ameaçando mesmo nossos VALORES e PRINCÍPIOS;
d) o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES;
e) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, já ultrapassando o montante ASTRONÔMICO de R$ 2 TRILHÕES e a exigir, também, uma qualificada, competente e transparente AUDITORIA...

Ao lado de TANTA sangria, as crescentes e VULTOSAS quantias necessárias à AMPLIAÇÃO e MODERNIZAÇÃO de nossa INFRATESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos; de setores como EDUCAÇÃO, SAÚDE, ASSISTÊNCIA SOCIAL, SEGURANÇA PÚBLICA, SEGURANÇA ALIMENTAR e NUTRICIONAL; EMPREGO, TRABALHO e RENDA; CULTURA, ESPORTE e LAZER; MOBILIDADE URBANA (transporte, trânsito e acessibilidade); SANEAMENTO AMBIENTAL (água TRATADA, esgoto TRATADO, resíduos sólidos TRATADOS e MACRODRENAGEM pluvial); MEIO AMBIENTE; MORADIA, COMUNICAÇÃO, ENERGIA, CIÊNCIA e TECNOLOGIA; PESQUISA e DESENVOLVIMENTO; INFORMAÇÃO, LOGÍSTICA; QUALIDADE (economicidade, produtividade e competitividade), entre outros...

São GIGANTESCOS DESAFIOS, e bem o sabemos, mas NADA, NADA mesmo ABATE nosso ÂNIMO e nem ARREFECE o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESEN VOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO + 20) em 2012; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013: a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014, a OLIMPÍADA de 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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