Sempre tive muita fé em meu país. Por isso, revoltava-me ouvir em voz de desprezo ou deboche frases do tipo: “Este país é uma porcaria”. “O que se pode esperar desta nação tupiniquim?” Irritava-me profundamente a falta de confiança no nosso futuro. Não entendia como a maioria das pessoas podia ignorar os inúmeros fatores que apontavam para o grande potencial desta nação.
Perguntava-me: como negar a capacidade de desenvolvimento de um país de dimensões continentais e de riquezas naturais tão expressivas? Como fechar os olhos para a garra e a força desta gente que se sobressai até nos lugares mais inóspitos? Por essa razão, não importava para qual ponto do mapa olhasse, sempre via o potencial de desenvolvimento do Brasil. Acreditava que tudo era uma questão de tempo. Que mais dia, menos dia, íamos chegar lá e surpreender os incrédulos.
Por isso, vibrei acompanhando o boom de crescimento econômico do nosso país nas últimas décadas. Empolguei-me com o crescimento da classe C, com a redução da miséria, com o fim da inflação galopante e com todo e qualquer sinal que desse suporte à minha teoria de Brasil potência.
Durante dois anos vivi fora do país e pude constatar a mudança no modo como as outras nações nos olhavam. Passamos de coadjuvantes a protagonistas em áreas antes inimagináveis. Tornamo-nos a sexta economia do mundo e, com isso, não podemos mais ser ignorados. De país subdesenvolvido, carente de ajuda internacional, passamos a importantes parceiros comerciais. Doa a quem doer nos agigantamos no cenário mundial.
Quando fomos eleitos país sede da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, não fiquei surpresa, mas orgulhosa. O mundo começava a depositar no Brasil a confiança que eu já tinha. Eu via nos megaeventos esportivos muito mais que isso, enxergava a oportunidade de os governantes colocarem ordem na casa e melhorarem a vida de quem vive aqui. Era a chance de ampliar o nosso sistema de transportes, repensar o planejamento urbano, cuidar melhor da questão da limpeza pública e uma oportunidade de qualificar pessoas.
Tinha certeza de que, se houvesse vontade política, essa seria uma boa oportunidade de desenvolvimento para o Brasil. Bons exemplos, como os de Londres e Barcelona, mostram o que é possível fazer quando se tem em mente o progresso e o desenvolvimento a serviço do bem comum. Porém, faltando apenas dois anos para a Copa do Mundo, sinto-me decepcionada. Não com o Brasil, mas com aqueles que (des) governam esta nação. São eles que matam em mim a esperança cultivada com tanta devoção.
Aqueles que deveriam transformar a minha fé em ação, colocando nossos recursos financeiros a serviço do desenvolvimento humano, simplesmente nos roubam. Os recursos que deveriam ser usados a serviço do bem comum são subtraídos impunemente, por meio de superfaturamento de obras, propinas, licitações fraudulentas e outras falcatruas. São essas pessoas, destituídas de qualquer sombra de caráter e comprometimento com o conceito de bem comum, que dizimam em nossos jovens qualquer interesse pela vida política.
E essa desilusão nos leva de volta ao início deste texto, em que toda uma geração manifesta, por meio de expressões pejorativas, o seu descontentamento e descrédito com este país. Assim, sem perceber, repassamos às gerações futuras a nossa eterna síndrome de cachorro vira-lata, nos mantendo conformados com aquilo que passou a ser entendido como o estado natural das coisas. De repente viramos sinônimo de corrupção, atraso, desordem e conformismo. Agora me pergunto: até quando os maus políticos conduzirão ao túmulo a nossa esperança e autoestima? Até quando suas atitudes falarão por nós?”.
Mais uma IMPORTANTE e IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:
“As dinâmicas da cultura
A estrutura da cultura no âmbito da sociedade é um tecido sustentador e definidor de práticas, dinâmicas, funcionamentos, escolhas pessoais e coletivas. É o conjunto de tudo o que configura a vida de um povo, com força para definir modos, escolhas, estilo de vida, e, particularmente, a mentalidade que emoldura o jeito de ser.
Assim, quando se pensa o futuro de uma sociedade não se pode negligenciar um bom entendimento sobre a cultura. Essa compreensão propiciará a necessária manutenção de valores e indicará, por sua vez, a oportunidade de correções em dinâmicas e funcionamentos. Permite, dessa forma, a superação de conservações obsoletas. Mas, também, garante o cuidado para não se assumir o que, por onda ou moda, pode ser fator de deterioração de elementos indispensáveis para a unidade do sistema. O desafio de zelar e ajustar a própria cultura é tarefa de todos, missão de cidadania e, particularmente, de instituições como a família, os governos, a Igreja e outros centros educativos.
Voltando, então, ao conceito de cultura, para acentuar sua importância como capítulo central na vida cidadã, vale ter presente, numa compreensão mais ampla, que a cultura representa o modo particular como o homem cultiva sua relação com a natureza, com seu semelhante, consigo mesmo e com Deus. É ela quem determina, pois, a humanização ou a desumanização da existência.
Por isso mesmo, é preciso considerar a cultura como uma preciosidade. Um patrimônio de todos, em cada contexto específico, que define o modo de ser de um povo, com seus desafios, pobrezas e demandas a serem adequadamente respondidas. Mas não se trata apenas de defender qualquer cultura, algo possível na atualidade, quando se pensa a força e a rapidez envolvente do mundo cibernético. A força da internet, com outras forças, frequentemente atua como um “tsunami” na vida social, provocando derrocadas de valores e perda das práticas agregadoras.
A recuperação dessas perdas não é tão simples. Demanda um longo processo até configurar, de novo, ou pela primeira vez, uma cultura da vida e da paz no sistema da sociedade. É preciso refletir, permanentemente, a cultura no contexto em que estamos inseridos, atuamos e temos responsabilidades. Assim, será possível constatar que há muito a ser corrigido e substituído, mas que também é importante a conservação, cultivo e crescimento do que é valor no tecido social.
Na lista interminável de raciocínios e reflexões a serem arquitetadas, é interessante pensar que a economia brasileira, atualmente em posição de destaque no ranking mundial, precisa garantir o desenvolvimento que deve ser almejado no horizonte cidadão. O dinheiro disponível mexe com os interesses políticos, a ganância envenena corações, a burocratização por incompetência, as morosidades inexplicáveis e a falta de sentido corporativo, que macula e esvazia a verdadeira cidadania.
Sabe-se, em tantos casos, da existência de verba para urgentíssimas obras de infraestrutura. No entanto, muitos parecem dormir sobre as urgências. Acostuma-se com o menos e, assim, não se busca a indispensável rapidez nas ações e não se exercita a inteligência.
Há muito no cotidiano de todos que precisa ser refletido. Nesse caminho, o importante é avaliar o que deve ser conservado e o que, urgentemente, em hábitos e práticas, deve ser substituído. Para citar um exemplo recente de mudança cultural em processo, o uso da violência, até pouco tempo, era aceito como recurso para fazer uma criança aprender o bem. Hoje, a própria legislação coíbe a educação baseada nas palmadas, enquadrando-a como violência familiar e, assim, estimula a revisão de hábitos culturais. Essa mudança é impulsionada por muitas forças, como o desenvolvimento científico. Pesquisa da neurociência mostra que cada idade tem o estímulo certo, indicando que até os oito anos cabem somente elogios, jamais pancadas. Apenas depois dos 12 anos é que vem a sensibilidade a críticas e aprendizagem com erros.
Ao refletir sobre o lugar da fé cristã católica enraizada em nosso substrato cultural somos alertados a cuidar desse grande bem. A fé cristã católica tem a força de definir o jeito de ser, englobando práticas religiosas, o lugar primeiro de Deus em tudo, as devoções, a marca da solidariedade e outros valores. A fé é nosso mais precioso tesouro.”
Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, ADEQUADAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nosso PENSAR, SENTIR e AGIR, buscando substituições, conservações e novas concreticidades em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS e AMBIENTAIS, de maneira a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...
Assim, URGE a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:
Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que MINA a nossa ECONOMIA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a CONFIANÇA em nossas INSTITUIÇÕES, ao lado de extremas NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS...
Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de forma alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA e DESENVOLVIDA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) neste ano; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e FRATERNIDADE UNIVERSAL...
Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...
O BRASIL TEM JEITO!...