sexta-feira, 23 de março de 2012

A CIDADANIA, A EXCELÊNCIA E A PRIMAVERA GLOBAL

“Excelência versus ideologia

Surpreendente. Assim pode ser definido o resultado das recentes eleições para o Diretório Central de Estudantes (DCE) da Universidade de Brasília (UnB). Pela primeira vez, desde o fim da ditadura militar, uma chapa apartidária e não ideológica assume a representação estudantil na instituição.

Tradicionalmente ocupado pela esquerda, a perda de comando do DCE da Universidade de Brasília pode indicar uma mudança mais profunda. Uma nova geração de estudantes, menos comprometida com o radicalismo ideológico e mais focada na excelência acadêmica e profissional, está mostrando sua cara. Os integrantes da nova diretoria são alunos dos cursos de direito, economia, administração e engenharia.

A proposta dos estudantes, que mobilizou lideranças, atraiu votos e desembocou na vitória, representa uma ruptura com velho discurso salvacionista de certos da esquerda. Tachados de direitistas e conservadores, estratégia recorrente e ultrapassada de desqualificação dos adversários, os vencedores não responderam com clichês vazios, mas com conceitos e argumentos racionais. Defendem melhorias concretas na estrutura da universidade. Não estão preocupados com a reforma agrária, o capitalismo selvagem ou a defesa de Fidel Castro e de Hugo Chávez. Defendem um ideário de interesse dos estudantes: incentivo a parcerias com fundações privadas, melhoria na qualidade do ensino, melhor desempenho acadêmico.

Segundo Mateus Lôbo, aluno de ciência política e vice-presidente da chapa vencedora, a Aliança pela Liberdade “é um grupo de alunos que acreditam na excelência e no mérito como forma de se fazer revolução”. A afirmação, carregada de sadio inconformismo, consta de matéria veiculada pela UnB Agência. A nova liderança estudantil defende o pluralismo e o debate das idéias. “O pensamento divergente é saudável no ambiente universitário e isso se provou nas urnas. As pessoas querem um discurso diverso, não um local onde se pregue apenas uma corrente de pensamento”, sublinhou Lôbo.

A abertura ao diálogo é uma excelente notícia e está intimamente relacionada com o papel da universidade. O discurso único não condiz com o ambiente acadêmico e não contribui para o desenvolvimento de uma democracia sustentada. Algo novo, e muito promissor, aparece no horizonte da juventude brasileira. Juntamente com essa mudança pontual, mas simbólica, assistimos ao crescente protagonismo dos jovens nas passeatas contra a corrupção. Convocadas pelas redes sociais, manifestações contra a corrupção têm atraído milhares de pessoas, sobretudo jovens, em várias cidades do Brasil.

Ao contrário do ceticismo da geração dos mais velhos, que acumula excessivas reservas de decepção, a moçada acredita na possibilidade de mudança. Não admite, com razão, que o país, refém de uma resignação equivocada, veja desaparecer no ralo da corrupção nada menos que R$ 85 bilhões, segundo detalhado levantamento feito pela revista Veja.Trata-se, amigo leitor, do balanço contábil da roubalheira, da conta que a sociedade paga pela chamada governança pragmática. O apoio político cobra um pedágio vergonhosamente imoral e criminoso. A corrupção drena anualmente dos cofres públicos o equivalente a 2,3% de toda a riqueza produzida pelo país. É um câncer que vai destruindo o organismo nacional. Se fosse usado para fazer investimentos públicos, esse dinheiro mudaria a cara do Brasil e faria, de fato, a tão almejada justiça social. Os brasileiros começam a se indignar com a corrupção. E a juventude, idealista por natureza, é a porta-bandeira da cidadania.

O recado dos jovens é muito claro e seria bom que os políticos tomassem nota. A juventude não aceita mais o quadro que aí está. As manifestações de rua, pacíficas e cada vez mais expressivas, desembocarão com força irreprimível nas redes sociais. As próximas eleições reservam desagradáveis surpresas para aqueles que fazem da política a arte do engodo e uma plataforma para ganhar dinheiro fácil.”
(CARLOS ALBERTO DI FRANCO, Diretor do Master em Jornalismo, professor de ética e doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de novembro de 2011, Caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 22 de outubro de 2011, Caderno PENSAR, página 3, de autoria de DOMINGOS GIROLETTI, que é cientista político e professor, e merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“PRIMAVERA AMERICANA?

Na origem causal da Primavera Árabe tem-se dado maior importância à luta pelos direitos humanos e pela democracia, com base na constatação de que o regime democrático é um valor universal. Na onda desse movimento se situa igualmente a luta pelos direitos humanos em todo o mundo. Tudo isso não deixa de ser verdadeiro.

Na análise da Primavera Árabe, no entanto, tem-se dado pouco destaque aos reflexos da crise econômica mundial de 2008. Nem com a segunda onda da crise que assola fortemente a União Europeia (e a falência do Banco Dexia) a relação entre os dois fenômenos foi enfatizada.

Talvez essa pouca ênfase esteja associada ao fato de a maioria dos países árabes do Oriente Médio e do Norte da África ser produtora de petróleo. Na crise, não houve redução de demanda nem o preço do mercado internacional. Como a economia petrolífera exportadora não foi diretamente afetada, pensou-se que os efeitos da crise internacional nos levantes populares da Primavera Árabe não haviam sido tão significativos. A maior participação dos jovens no levante árabe, no entanto, não foi associada ao sentimento de exclusão do sistema, que aumentou com a crise de 2008.

Nas manifestações sociais americanas, entretanto, tornam-se evidentes as consequências diretas da crise em função do aumento do desemprego, da perda de residências hipotecadas e do crescimento dos sem-teto e da pobreza absoluta. As manifestações tornam explícito o descontentamento com relação à política macroeconômica de combate aos seus efeitos. O crédito concedido às grandes corporações ou mesmo o controle direto pelo governo americano de muitas empresas não conseguiram alavancar o crescimento econômico do país. O desemprego se mantém alto, ao redor de 9,1%. E a política macroeconômica passa a ser vista como beneficiária dos mais ricos e contrária a 99% da população, como exposto pelos manifestantes.

Protestos populares não deixam de ser ingrediente novo da crise, o que a torna ainda mais imprevisível. Na verdade, as pessoas começam a perceber: essa crise tem autoria. Altos dirigentes de bancos e de grandes empresas, que se beneficiaram dos créditos imobiliários de risco nos Estados Unidos, os subprimes, são artífices e responsáveis diretos por ela. Secundariamente aparece o governo americano, que se omitiu na fiscalização e regulamentação do setor financeiro. Os créditos podres do setor privado contaminaram as finanças públicas nacionais. A intervenção do Estado para debelar o impasse transformou a dívida de privada em pública. Além disso, pouco se fez.

Não se pode negar a vinculação clara da crise econômica de 2008 com o 11 de setembro de 2001. Em primeiro lugar, pela opção do governo americano de recorrer à guerra para combater o terrorismo, invadindo o Afeganistão e o Iraque. A guerra contra o Iraque contrariou a opinião pública mundial, manifesta em resolução aprovada pela ONU com anuência da maioria dos países. A opinião pública americana foi manipulada, forçada a acreditar nas armas de destruição em massa pertencentes ao governo iraquiano, que jamais foram encontradas.

Dada a prioridade ao combate ao terrorismo, o governo descurou de suas funções internas de regulação do mercado financeiro. O governo americano e o FED parecem ter sido vítimas do próprio ilusionismo, provocado pela ideologia neoliberal que os fez acreditar que o mercado resolve tudo, inclusive questões sociais e nacionais.

Das duas guerras resultou o processo de endividamento interno, sem precedentes na história norte-americana. Os Estados Unidos continuam sendo a maior potência bélica, mas se tornaram império econômico em declínio. Some-se a isso a baixa credibilidade do governo americano, em escala mundial, por trocar a diplomacia pela força. Os demais estados deixaram de ser “parceiros” ou “aliados”. Foram reduzidos à condição de “amigos” ou “inimigos” em função do apoio incondicional ao combate ao terrorismo na cartilha estabelecida por Washington.

Outros vínculos com o 11 de setembro aparecem agora com mais clareza. O combate interno ao terrorismo reforçou o lado policialesco do Estado nos EUA, com a aprovação de várias medidas que restringiram a liberdade – individual e coletiva. As primeiras manifestações da Primavera Americana conflitam com a permanência de restrições de ordem interna justificadas pelo combate ao terrorismo – política renovada este ano, ao se lembrarem os 10 anos do atentado ao World Trade Center.

Manifestações populares em vários estados americanos e nas maiores cidades do país rompem com essas medidas restritivas à liberdade e com a legitimidade do Estado policialesco em vigência, que parece ter copiado prática nossa conhecida: todo cidadão é suspeito até prova em contrário.

Atualmente, a sobrevivência do cidadão comum face ao desemprego parece falar mais alto que a eventual ameaça terrorista. As manifestações parecem inaugurar o deslocamento da luta pelos direitos civis dos anos 1960 para a ampliação dos direitos sociais – emprego, moradia e saúde. E, certamente, por mais direitos políticos: fim às restrições à privacidade individual, ampliação (ou reconquista) da liberdade coletiva e a busca de maior participação da sociedade civil na definição das questões internas e externas.

Em termos imediatos, as manifestações poderão provocar maior isolamento político do Partido Republicano e de sua ala direita, o Tea Party. Pode também dar maior força ao programa de reformas econômicas e sociais propostas pelo governo Barack Obama, tornando sua reeleição mais viável.

Poderá ocorrer outro cenário: maior recrusdescimento dos conflitos internos entre classes, criado um foco de inquietação ou instabilidade política que se somaria às fragilidades econômicas derivadas da crise com consequências não menos significativas. A participação dos jovens e a facilidade de comunicação para a mobilização de outros setores excluídos poderão tornar a superação da crise ainda mais difícil e prolongada.

Na verdade, a globalização da economia se tornou um processo irreversível e completamente fora de controle das pessoas, das empresas e dos governos. As respostas dadas pelos países mais desenvolvidos e do G20 se revelaram insuficientes. Pior: começa a se desfazer a esperança nessa possibilidade. Com o recrudescimento dos conflitos internos decorrentes da crise, pode aumentar a pressão por medidas nacionalistas defensivas que levem ao fechamento dos mercados internos, à ascensão de governos mais à direita ou, mesmo, à repressão no campo político.

Se isso ocorrer, a solução interna da crise fechará portas para qualquer tipo de regulação do sistema econômico internacional e adiará indefinidamente a solução de outros problemas coletivos urgentes que se referem à permanência da vida no planeta.”

Eis, pois, mais páginas contendo IMPORTANTES, GRAVES e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, CIVILIZADAS, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais AVASSALADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, indubitavelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INSUPORTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTOS, igualmente a exigir uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de monstruosa SANGRIA, que DILAPIDA nosso frágil PATRIMÔNIO PÚBLICO, e MINA a nossa ECONOMIA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a CONFIANÇA em nossas INSTITUIÇÕES, embaçando o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas e crescentes NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) em junho; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA das CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA do MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo, da JUSTIÇA, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

Nenhum comentário: