segunda-feira, 26 de março de 2012

A CIDADANIA, A FELICIDADE HUMANA E O EQUILÍBRIO DO AMBIENTE

“A felicidade humana não está em maximizar, mas em otimizar a vida

Há uma ética subjacente à cultura produtivista e consumista, hoje vastamente em crise por causa da pegada ecológica do planeta Terra, cujos limites foram ultrapassados em 30%. Nunca mais vamos ter a abundância de bens e serviços como até há pouco tempo dispúnhamos. A Terra precisa de um ano e meio para repor o que lhe extraímos durante um ano. E não parece que a fúria consumista esteja diminuindo. Pelo contrário, o sistema vigente, para salvar-se, incentiva mais e mais o consumo que, por sua vez, requer mais e mais produção, que acaba estressando ainda mais todos os ecossistemas e o planeta como um todo.

A ética que preside esse modo de viver é a da maximização de tudo o que fazemos: maximizar a construção de fábricas, de estradas, de carros, de combustíveis, de computadores, de celulares; maximizar programas de entretenimento, novelas, cursos, reciclagens, produção intelectual e científica. A roda da produção não pode parar, caso contrário, ocorre um colapso no consumo e nos empregos. No fundo, é sempre mais do mesmo e sem o sentido dos limites suportáveis pela natureza.

Imitando Nietzsche, perguntamos: quanto de maximização agüenta o estômago físico e espiritual humano? Chega-se a um ponto de saturação e o efeito direto é o vazio existencial. Descobre-se que a felicidade humana não está em maximizar, nem engordar a conta bancária, nem o número dos bens na cesta de produtos consumíveis. O fato é que o ser humano possui outras fomes: de comunicação, de solidariedade, de amor, de transcendência, entre outras. Essas, por sua natureza, são insaciáveis, pois podem crescer e se diversificar indefinidamente. Nelas se esconde o segredo da felicidade. Mas nas palavras do filósofo Ludwig Wittgenstein, citando santo Agostinho, “tivemos que construir caminhos tormentosos pelos quais fomos obrigados a caminhar com multiplicadas canseiras e sofrimentos, impostos aos filhos e filhas de Adão e Eva” para chegar a essa tão buscada felicidade.

Logicamente, precisamos de certa quantidade de alimentos para sustentar a vida. Mas alimentos excessivos, maximizados, causam obesidade e doenças. Os países ricos maximizaram de tal maneira a oferta de meios de vida e a infraestrutura material que dizimaram suas florestas (a Europa só possui 0,1% de sua florestas originais), destruíram ecossistemas e grande parte da biodiversidade, além de gestar perversas desigualdade entre ricos e pobres.

Devemos caminhar na direção de uma ética diferente, a da otimização. Ela se funda numa concepção sistêmica da natureza e da vida. Todos os sistemas vivos procuram otimizar as relações que sustentam a vida. O sistema busca um equilíbrio dinâmico, aproveitando todos os ingredientes da natureza, sem produzir lixo, otimizando a qualidade e inserindo a todos. Na esfera humana, essa otimização pressupõe o sentido de autolimitação e a busca da justa medida. A base material sóbria e decente possibilita o desenvolvimento de algo não material que são os bens do espírito, como a solidariedade para com os mais vulneráveis, a compaixão, o amor que desfaz os mecanismos de agressividade, supera os preconceitos e não permite que as diferenças sejam tratadas como desigualdades.

Talvez a crise atual do capital material, sempre limitado, nos enseje a viver a partir do capital humano e espiritual, sempre ilimitado e aberto a novas expressões. Ele nos possibilita ter experiências espirituais de celebração do mistério da existência e de gratidão pelo nosso lugar no conjunto dos seres. Com isso, maximizamos nossas potencialidades latentes, aquelas que guardam o segredo da plenitude tão ansiada.”
(LEONARDO BOFF, filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 23 de março de 2012, Caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de março de 2012, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Equilíbrio do ambiente

Salvaguardar o ambiente é uma das mais importantes lições da doutrina social da Igreja. Trata-se de um compromisso prioritário da cidadania. A salvaguarda do ambiente há de ser uma “urgência urgentíssima” na agenda de governos, no rol da responsabilidade social das empresas e de tantas outras instituições. De modo não menos especial e permanente dever ser lição diária nos processos educativos.

As muitas formas de interação do homem com o mundo é um elemento que constitui identidades. E nesse conjunto de interações a relação com Deus é a referência primeira do contato do homem com o mundo. Homem e mulher são colocados no ápice da criação divina. Deus lhes confia a responsabilidade e a operosidade sobre toda a criação, com a grande tarefa de tutelar a harmonia e o desenvolvimento.

Essa relação com o Criador, fruto da experiência viva da presença divina na história, fundamento da fé do povo de Israel, base fundamental da concepção e vivência do cristianismo, configura o lugar de interlocução entre Deus e a humanidade. Só nesse diálogo a criatura humana encontra a sua verdade e, consequentemente, inspiração para os rumos do mundo. A salvaguarda do ambiente é na sua raiz uma experiência de fé, marcada pelo diálogo entre o homem e Deus, que faz advir a necessária iluminação ética. Uma luz que situa adequadamente a responsabilidade e a tarefa dessa tutela na criação.

É a relação especial com Deus que explica e sustenta a posição privilegiada da criatura humana na ordem da criação. Um privilégio que, bem entendido, jamais permite uma postura de usufruto desordenado ou de depredação, como se constata na realidade contemporânea, muito marcada pela ganância, consumismo, falta de limites e de sensibilidade.

A Páscoa de Jesus, sua experiência de atravessar a morte e nela inserir a novidade resplandecente da ressurreição, é o restabelecimento da vida, na ordem e na harmonia, perdidas pelo pecado, que tudo destrói. A doutrina social da Igreja sublinha como lição determinante que a consciência dos desequilíbrios entre o homem e a natureza precisa ser “acompanhada pelo conhecimento de que, em Jesus, se realizou a reconciliação do homem e do mundo com Deus, de sorte que cada ser humano, consciente do Amor divino, pode reencontrar a paz perdida”.

Essa perspectiva bíblica é a força de inspiração para o uso da terra e também para o desenvolvimento da ciência e da técnica. O esforço gigantesco de homens e mulheres para melhorar as suas condições de vida não pode estar na contramão do plano de Deus. Na verdade, esse empenho deve sempre corresponder ao plano divino. Do contrário, a atividade humana será provocadora de arbitrariedades, depredações e ganâncias. Nessa perspectiva, os resultados positivos da ciência e da tecnologia devem ser aplicáveis ao ambiente natural, à agricultura, respeitando sempre, para além de tudo, o sentido de preservação da criação.

Essa aplicação correta da técnica é um desafio, pois confronta certos hábitos, demandas e princípios perversos que regem a economia e o consumo. É indispensável a prudência e uma equilibrada avaliação da natureza para que se tenha, verdadeiramente, uma busca pelo bem-estar de todos e sejam alcançadas soluções para grandes problemas, como a fome e as enfermidades.

A busca permanente pelo equilíbrio deve ser cultivada a partir de um fundamento simples e contundente: tudo é doação de Deus. Ninguém pode se considerar dono absoluto dos bens da criação. Portanto, são inadmissíveis posturas políticas e interesses econômicos que resultam no uso arbitrário da terra, submetendo-a, sem reservas, a vontades e interesses.

Quando o princípio de que tudo é doação de Deus é desconsiderado, por inúmeras razões, em si irracionais, configura-se a grave crise na relação homem-ambiente, sintoma da ambição de exercer um domínio incondicional sobre todas as coisas, desconsiderando, assim, inegociáveis princípios da ordem moral. Não se pode trabalhar com o pressuposto de que existe uma quantidade ilimitada de energia e recursos a serem usados. Como convite a mudanças de hábitos e condutas mais cidadãs, que a consciência seja iluminada pela concepção correta do ambiente.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, CONTUNDENTES e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que apontam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de forma a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, CIVILIZADAS, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de modo a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, um CÂNCER que se espalha por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem (por exemplo, as novas denúncias veiculadas pelo FANTÁSTICO de ontem, a respeito do processo LICITATÓRIO de projeto de CIDADE DIGITAL de JOÃO PESSOA – Paraíba, que, a rigor, deveria nascer sob a égide da QUALIDADE, que exige essencialmente ÉTICA, DISCIPLINA, RESPEITO MÚTUO, TRANSPARÊNCIA, ATITUDES CORRETAS, INTEGRIDADE...); III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inexoravelmente IRREPARÁVEIS (por exemplo, a Folha de São Paulo, edição de 10 de março de 2012, informa o aumento bilionário das obras de transposição do RIO SÃO FRANCISCO: “... O projeto, que inicialmente era orçado em R$ 4,6 bilhões, agora custa 77,8% mais caro: R$ 8,18 bilhões, de acordo com relatório do Ministério do Planejamento. Diante da estimativa anterior de R$ 6,85 bilhões, feita em 2011, o reajuste é de 19,4%...);

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o Orçamento Geral da União, de ASTRONÔMICO e INSUPORTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTOS, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECUSOS diante de tanta SANGRIA, que SOLAPA o poder do já escasso DINHEIRO PÚBLICO e MINA a nossa ECONOMICA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a CONFIANÇA em nossas INSTITUIÇÕES, embaçando o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas e crescentes NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, haja vista, entre tantos, os sinais de DESINDUSTRIALIZAÇÃO em razão, principalmente, de questões de QUALIDADE, VISÃO ESTRATÉGICA, INFRAESTRUTURA, LOGÍSTICA, ECONOMICIDADE, PRODUTIVIDADE, COMPETITIVIDADE...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL,visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, CIVILIZADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) em junho; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo, da JUSTIÇA, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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