segunda-feira, 5 de março de 2012

A CIDADANIA, A SOCIEDADE, A DEMOCRACIA E A VIA DA CARIDADE

“Atraso social e democracia política

Nós, brasileiros, nos acreditamos modernos. Não somos, senão em sinais externos. As teorias sociais do século XIX e início do século XX foram criticadas pelo seu viés evolucionista e conservador. Aceitar tais teorias significava se conformar com a nossa posição de inferioridade na escala da evolução social. Ironicamente, o marxismo, talvez a mais evolucionista das teorias sociais, foi absorvido, em suas versões baratas, por boa parcela dos brasileiros instruídos. Esquece-se que a teoria marxista invoca noções, hoje politicamente incorretas, de inferioridade, atraso ou evolução sociais. Para Marx, a história se faz através de uma sucessão de etapas de organização social que vão do primitivismo à alta modernidade capitalista, a seu ver a etapa mais avançada de organização social, antessala do socialismo.

Seja como for, a negação de que a vida social obedece a etapas de evolução e, no caso das nações periféricas, à sobreposição de traços dessas distintas etapa, levou os cientistas sociais brasileiros a interpretarem a política, o Estado, as instituições e as práticas sociais no Brasil a partir da experiência das grandes democracias ocidentais. É assim que as disputas políticas, no Brasil, são vistas como plenamente democráticas, que os partidos políticos são tratados como representantes dos interesses legítimos e não, como soe acontecer, como verdadeiros bandos.

Em que pesem os avanços democráticos, as entidades públicas aparelhadas se comportam muito mais como escritórios de negócios do que como burocracias modernas eficientes. Se é verdade que o Estado brasileiro, com frequência, se antecipou às demandas sociais, também é verdade que, ao fazê-lo, neutralizou lideranças populares e, mais recentemente, estudantes e intelectuais, reforçando práticas patrimonialistas e populistas, senão claramente corruptas.

Não existe democracia política sólida sem prévia democratização das relações sociais, o que só é possível pela difusão das relações de mercado e incorporação estável da população ao mercado de trabalho. Segundo a teoria econômica, a superação do subdesenvolvimento depende de elevadas taxas de crescimento durante cerca de três décadas consecutivas. Isso jamais ocorreu no Brasil. Continuamos exportando commodities (eufemismo para matérias-primas), sucateamos nossa indústria e pouco evoluímos nas áreas da educação e da produção de tecnologia de ponta. Se tocar grandes obras e criar gigantes estatais é sinal de avanço econômico, a forma como essas são geridas incluem expedientes que estão longe de serem transparentes e democráticos. Se produzir e consumir automóveis são sinais de modernidade, a forma como nos conduzimos é a mais pura manifestação de atraso social, da não assimilação das regras de convivência que presidem as sociedades civilizadas.

Se não temos o governo que merecemos, temos, com certeza, as únicas instituições políticas, jurídicas e sociais que nosso estágio civilizacional foi capaz de produzir.”
(FLÁVIO SALIBA CUNHA, Sociólogo e professor (UFMG), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo horizonte, edição de 8 de outubro de 2011, Caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de março de 2012, Caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“A via caridade

O caminho da caridade deve ser o programa de vida daqueles que buscam o aprimoramento. Este tempo da quaresma é oportuno para a qualificação da caridade como dom maior na vida de toda pessoa. Nada é mais precioso do que o exercício desta virtude. A caridade é um manancial de onde brota o amor, a liberdade, a justiça e a verdade. A experiência deste dom emoldura no coração humano uma interioridade como tesouro de virtudes indispensáveis para viver com equilíbrio a vida.

Modelar é a reflexão do apóstolo Paulo, escrevendo aos coríntios, na primeira carta, capítulo 13. Essa reflexão é um itinerário que seguido, passo a passo, alarga e fecunda, de maneira incomparável, as veras do coração humano. Ao falar sobre a caridade, Paulo apóstolo não titubeia em apontá-la como o caminho incomparavelmente superior. Sua superioridade é em razão da qualificada capacidade de marcar a vida com a nobreza da solidariedade. Sem a experiência dessa virtude não se alcança autenticamente a fraternidade.

Só o amor verdadeiro se desdobra em solidariedade, consequência de um sentimento paciente, benfazejo, sem inveja, presunção e orgulho. Com a propriedade de não levar em conta o mal sofrido, de não se alegrar com a injustiça, mas com a verdade. Só quem ama de verdade sabe perdoar. Sua excelência é tal que, ensina o apóstolo, sem o amor nada é aproveitado, nem mesmo se fossem conhecidos todos os mistérios e toda a ciência. Exercitar-se na caridade é, pois, mais que um simples gesto de repartir alguma coisa, especialmente quando se trata de algo presente na lista de objetos supérfluos.

O caminho quaresmal é um insistente apelo e convite para que cada um se engaje num indispensável processo de revisão da própria vida com escolha de critérios e audácia de propósitos novos. O compêndio A doutrina social da Igreja lembra que “a caridade, não raro confinada no âmbito das relações de proximidade, ou limitada aos aspectos somente subjetivos do agir para com o outro, deve ser reconsiderada no seu autêntico valor de critério supremo e universal de toda a ética social”. A caridade transcende a justiça. O sentido e o respeito pela justiça hão de ser sempre completados por esta virtude. A caridade tem, pois, a forma das virtudes, com força própria para persuadir homens a viver na unidade, na fraternidade e na paz. O apelo da caridade é sem dúvida o mais forte.

Não há princípio maior e mais completo que o mandamento do amor recíproco, com força de inspiração, purificação e elevação das relações humanas na vida social e política. O mandamento do amor é o vértice da autêntica ética. Deus é o seu centro, n’Ele está a fonte inesgotável de seus valores. A doutrina social da Igreja, referindo-se à via da caridade, diz que “é necessário que se cuide de mostrar a caridade não só como inspiradora da ação individual, mas também como força capaz de suscitar novas vias para enfrentar os problemas do mundo de hoje e para renovar profundamente, desde o interior das estruturas, organizações sociais, ordenamentos jurídicos”.

De fato, a sociedade precisa ser treinada a amar o bem comum. E a dimensão social e política da caridade nos leva a buscar o bem comum de todas as pessoas. Se essa busca preside consciências, ilumina o discernimento de prioridades e a sintonia com a dor dos mais pobres, sem dúvida, produzirá uma cidadania alicerçada na força da verdade e ancorada pela honestidade. O exercício fraterno da caridade é uma disciplina que prepara a consciência para a vivência da solidariedade como princípio basilar da conduta e da cidadania. Não se trata de um exercício que inclui simplesmente a partilha de bens. Trata-se, na verdade, de uma tarefa espiritual da mais decisiva importância no rumo da própria vida e na configuração da participação autenticamente cidadã.

Os critérios advindos dos valores da caridade corrigem lacunas da consciência, indicam caminhos para a conduta e fecundam a vida com sabedoria e serenidade. Só a caridade muda corações, faz encontrar gosto pela humildade, convence de que o orgulho de nada vale, substitui a perversidade e maledicência. Faz brotar alegrias duradouras, aquelas que todo coração busca e que estão para além, em valor e importância. Vale a pena exercitar-se na via da caridade!”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, ADEQUADAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que apontam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA – que é de caráter, de ética, de moral –, da nossa HISTÓRIA, em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, POLÍTICAS, JURÍDICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS, CIVILIZADAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, severo e sem TRÉGUA, aos três dos nosso MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, câncer que se espalha por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, também ocasionando INESTIMÁVEIS perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INTOLERÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTO, igualmente a exigir uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos FALTA de RECURSOS diante de monstruosa SANGRIA, que MINA a nossa ECONOMIA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a confiança em nossa INSTITUIÇÕES, embaçando o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas necessidades de AMPLIAÇÃO e MODERNIZAÇÃO de setores como: a INFRAESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); MOBILIDADE URBANA (trânsito, transportes, acessibilidade); EDUCAÇÃO; SAÚDE; MEIO AMBIENTE; SANEAMENTO AMBIENTAL (água TRATADA, esgoto TRATADO, resíduos sólidos TRATADOS, MACRODRENAGEM urbana, logística REVERSA); ASSISTÊNCIA SOCIAL; PREVIDÊNCIA SOCIAL; MORADIA; EMPREGO, TRABALHO e RENDA; SEGURANÇA PÚBLICA; FORÇAS ARMADAS; POLÍCIA FEDERAL; DEFESA CIVIL; SEGURANÇA ALIMENTAR e NUTRICIONAL; MINAS e ENERGIA; COMUNICAÇÃO; SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL; LOGÍSTICA; CIÊNCIA, TECNOLOGIA e INOVAÇÃO; PESQUISA e DESENVOLVIMENTO; AGREGAÇÃO DE VALOR ÀS COMMODITIES; ESPORTE, CULTURA e LAZER; TURISMO; QUALIDADE (planejamento, eficiência, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade), entre outros...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZA, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) em junho; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, da SUSTENTABILIDADE e um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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