sexta-feira, 30 de março de 2012

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO E A VIDA EM PLENITUDE

“Desafio da educação

O Brasil e os brasileiros vivem um momento ímpar. O crescimento e a prosperidade alcançados nos últimos anos, aliados ao incremento e fortalecimento do mercado interno como resultado da conquista de melhorias na distribuição de renda, nos têm garantido uma exposição internacional inédita, o que contribui para realimentar o já positivo potencial de evolução. Diante dessa onda positiva, é natural que percebamos com maior nitidez algumas deficiências, especialmente as que surgiram nos momentos mais difíceis de nossa curta trajetória como nação, que soma pouca mais de 500 anos. Uma das mais perceptíveis está vinculada à qualidade da educação. Como país em pleno desenvolvimento, a necessidade de pessoas preparadas para ocupar as mais variadas funções profissionais tem crescido fortemente. Surge aí um importante gargalo. Também chamado de “apagão” da mão de obra, o fenômeno ameaça gravemente o potencial de expansão de setores inteiros, em razão da escassez de pessoal capacitado para assumir postos de trabalho. O Brasil somou importantes conquistas na área do ensino nas últimas décadas. Primeiramente, está sendo garantido acesso a todos os ingressantes no ensino fundamental. A quase totalidade das crianças desfruta do direito constitucional à escolaridade gratuita.

O problema é garantir a adesão para deem continuidade aos estudos ao longo dos anos. Também foi ampliada a oferta de vagas no ensino superior, não só com o crescimento e aumento da rede de universidades públicas, mas, também, com a abertura à expansão das chamadas instituições de ensino superior privadas, apoiadas por programas de concessão de bolsas ou de financiamento estudantil. Assim, o motor de grandes preocupações e esforços de governos, instituições, empresas e autoridades vinculadas à educação é a oferta de um ensino de melhor qualidade em todos os níveis educacionais. É preocupante perceber que, apesar desses esforços, a evolução nesse sentido tem ficado aquém do esperado. Em fevereiro, o movimento Todos pela educação, que instituiu metas a serem atingidas até 2022, divulgou dados preocupantes, que indicam que, sem mudanças consideráveis, as referidas metas podem não ser atingidas, especialmente em razão do ingresso tardio de nossas crianças nas escolas, dos altos índices de repetência e do elevado número de matriculados que abandonam seus estudos.

Apesar de as instâncias governamentais se esforçarem para garantir o acesso à escola, segundo os objetivos intermediários estabelecidos pelo movimento, nenhuma unidade da federação superou, em 2010, a meta estabelecida, que previa 93,4% de todas as crianças e jovens entre 4 e 17 anos matriculados e frequentando a escola. Até 2022, o percentual estabelecido pelo movimento é de 98%. O país todo e o empresariado brasileiro, em especial, precisam contar com pessoas bem capacitadas a assumirem as demandas do crescimento, que tendem a evoluir. Nesse sentido, a educação de qualidade é essencial para garantir a força intelectual e profissional necessária para atender à demanda do capital humano, sem dúvida o principal pilar de nosso progresso e soberania em termos de conhecimento. Os desafios não são poucos, mas a coordenação de esforços dedicados para qualificar o ensino e a capacitação oferecida aos brasileiros serão um fator crucial para a consolidação do desenvolvimento.”
(PEDRO MELO, Presidente da KPMG no Brasil, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de março de 2012, Caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de A arte de semear estrelas (Rocco), entre outros livros, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Vida em plenitude

Sumak kawsay é uma expressão dos índios aymaras, dos Andes; significa “bem viver” ou “vida em plenitude”. “Vim para que todos tenham vida e vida em plenitude”, disse Jesus (João 10, 10). Nos conceitos cristão e indígena, essa vida plena nada tem a ver com a riqueza e acúmulo de bens materiais. Antes, encerra uma proposta de felicidade, de um bem-estar espiritual respaldado por condições dignas de existência.

Participei, em Quito, de seminário em torno do tema Sumak kawsay. Em seguida, fui a Cochabamba para um evento internacional sobre ecologia, que retomou o paradigma de uma vida que considera necessário o suficiente. E em Havana, no colóquio internacional “José Martí: por uma cultura da natureza”, tive oportunidade de reaprofundar o tema.

Nosso atual modelo hegemônico de sociedade, baseado no consumismo e na acumulação do lucro, encontra-se em crise. De cada três habitantes do planeta, dois vivem entre a pobreza e a miséria.. Todas as formas de vida estão ameaçadas pela degradação ambiental. Apesar disso, mais de 6 mil culturas e 500 milhões de pessoas resistem à modernidade neocolonialista que o paradigma anglo-saxônico insiste em nos impor.

O Fórum Social Mundial cunhou a utopia de “um outro mundo possível”. Ora, melhor falar “outros mundos possíveis”, abertos à pluralidade de etnias e culturas. O que nos exige uma atitude iconoclasta, de derrubar os mitos da modernidade capitalista, como mercado, desenvolvimento e Estado uninacional, fundados na razão instrumental.

Ao questionar as lógicas mercantilistas, desenvolvimentistas e consumistas, contribuímos para desmercantilizar a vida. Sabemos que todos que, em nome do deus mercado, água, florestas, mares e demais bens da Terra deixam de ter valor de uso para ter apenas valor de troca. Até as relações pessoais são sempre mais mercantilizadas.

“Vida em plenitude” nos exige resgatar a sabedoria dos povos originários, numa atitude relacional e dialógica com a natureza e os semelhantes. Abaixo a cultura do shopping, do consumismo desenfreado! Agora, trata-se de viver bem, e não de viver melhor que o vizinho ou de acordo com as imposições do grande oráculo do deus mercado: a publicidade. “Viver bem” é poder pensar, discernir com autonomia; promover a interculturalidade e a diversidade linguística; admitir a variedade de formas de democracia; favorecer os autogovernos comunitários; socializar o poder.

Os povos originários, como as nações indígenas que se espalham Brasil afora, sempre foram encarados, por nosso citadino preconceito, como inimigos do desenvolvimento. Conheço sumidades acadêmicas que não se envergonham de defender a integração dos índios ao nosso modelo de sociedade urbana.

Ora, este nosso modelo é o grande inimigo daqueles povos. Sequer somos capazes de nos perguntar como podem ser felizes se não possuem a parafernália de produtos e as condições de conforto que a publicidade apregoa como necessárias a uma vida feliz.

Frente à crise da civilização hegemonizada pelo capitalismo, é hora de se construírem novos paradigmas. Isso implica valorizar outras formas de conhecimento; integrar o humano ao natural; respeitar a diversidade de cosmovisões; desmercantilizar e socializar os meios de comunicação; e opor a ética da solidariedade à competitividade.

Se a secularização da sociedade descarta cada vez mais a ideia de pecado, urge introduzir a da ética, a fim de ultrapassar esse limbo de relativização dos valores que tanto favorece a corrupção, a ridicularização do humano, a prepotência de quem se julga único portador da verdade e não se abre ao direito do outro, à diversidade e ao diferente.

Uma revista inglesa propôs a um grupo de leitores verificar, durante três meses, quais os produtos estritamente necessários para que cada um se sentisse feliz. Todos, sem exceção, concluíram que se ampliou o orçamento familiar ao constatar o alto índice de supérfluos até então consumidos como necessários.

“Vida em plenitude” significa estar aberto e relacionar-se com o transcendente, a natureza e o próximo. Não basta, porém, abraçar essa atitude como mera receita de autoajuda. É preciso transformá-la em projeto político, de modo a reduzir a desigualdade social e universalizar o acesso de todos à alimentação, à saúde, à educação e aos demais direitos básicos. Ao contrário do que pregava o teólogo Adam Smith, é fora do mercado que reside a salvação.”

Eis, pois, mais páginas contendo IMPORTANTES, PEDAGÓGICAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que apontam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de forma a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de modo a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inexoravelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INSUPORTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTOS, igualmente a exigir uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Destarte, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de monstruosa SANGRIA, que DILAPIDA o nosso já fragilizado PATRIMÔNIO PÚBLICO, MINA a nossa ECONOMIA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a CONFIANÇA em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) em junho; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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