quarta-feira, 28 de março de 2012

A CIDADANIA, A INOVAÇÃO E A INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

“Internacionalização: esse é o caminho certo?

O processo de internacionalização da educação superior, iniciado há uma década, tornou-se irreversível e exige o engajamento das grandes universidades, sejam elas públicas ou privadas.

Atualmente, 3 milhões de estudantes estão fora do seu país de origem, e a expectativa é que em 2012 este número suba para 8 milhões. Assim, a internacionalização deixou de ser apenas uma atividade acadêmica para tornar-se um negócio. Cingapura, que pratica um programa emblemático de atração de estudantes, extrai desse contingente 1,9% de seu PIB – o que não é desprezível – e no Reino Unido 30% dos estudantes de pós-graduação são de fora do país.

Agora, como diferenciar uma instituição de um país que pratica um programa de atração de estudantes estrangeiros sério, das oporunistas? Essa é a equação que devemos resolver.

O primeiro sinal de que uma instituição é séria ocorre se ela permite a reciprocidade e enxerga a instituição brasileira como uma parceira, e não como um cliente. Para tal, as instituições devem negociar projetos e não quantidade de alunos. Tais projetos devem envolver trocas de estudantes e de professores para que a integração seja completa. Vários programas de agências de fomento facilitam essa relação, mas, no entanto, se restringem à pesquisa e não contemplam a mobilidade de alunos de graduação.

Com o programa Ciência sem fronteiras, podemos desenvolver projetos conjuntos, multidisciplinares, com um grupo de alunos de graduação oriundo das duas escolas em igual número, orientado por dois professores, um de cada instituição. O grupo realiza um projeto previamente discutido entre os orientadores, sendo uma fase executada no Brasil e outra no exterior. Esse projeto deve assegurar a paridade no intercâmbio e estimular relacionamentos mais profundos na área da pesquisa.

Devemos pensar também naqueles alunos que não podem sair do país. Como inseri-los no processo de internacionalização? Ninguém pensa nisso, pois se entende a internacionalização como um processo que exige a mobilidade estudantil, o que não é verdade. Um alternativa interessante consiste em convidar professores de universidades estrangeiras para ministrar, na sua língua nativa, seu curso no Brasil. O Ciência sem fronteiras contempla essa modalidade. Como é difícil a permanência de um professor por longo período, poderíamos utilizar o período de férias escolares para essa atividade. Nosso aluno teria um curso de uma universidade estrangeira, com certificação da instituição de origem, que poderia eventualmente ser utilizado para equivalência com disciplinas de seu currículo.

Comparados com as universidades de classe mundial, temos muito a fazer para nos integrarmos, como se deve, no processo de internacionalização. A quantidade de professores estrangeiros em nossas universidades é desprezível, apesar de haver um bom número de publicações em parceria com professores do exterior. No entanto, nosso país apresenta, no momento, condições de atrair jovens talentos para cursarem nossas universidades e para isso precisamos de um projeto de Estado para viabilizar essa proposta. A Austrália, cuja população é menor que a da Região Metropolitana de São Paulo, absorve mais de um décimo dos estudantes estrangeiros em intercâmbio com políticas semelhantes.

Enfim, sendo audaciosos, devemos tentar seguir o exemplo dos Estados Unidos e da Suíça, os quais atualmente são os maiores importadores per capita de sua elite científica, e nos tornarmos, com facilidade, um hub latino-americano de destino dos jovens talentos.”
(JOSÉ ROBERTO CARDOSO, Diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de março de 2012, Caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de SACHA CALMON, Presidente da Associação de Direito Financeiro (ABDF), parecerista, ex-professor titular de direito tributário das universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e do Rio de Janeiro (UFRJ), e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Falsa desindustrialização

Essa cantilena – mormente a ensaiada em São Paulo – de que o Brasil está se desindustrializando causa-me profunda perplexidade e parece não ter, pelo menos em alguns pontos, foros de verdade. Dizer também que – sem conhecer a notável pluralidade da economia norte-americana (a mais ampla e diversificada) o Brasil está se tornando como os EUA, antes da crise de 2007, não faz muito sentido. Procura-se dizer que, além de o Brasil ser o país do “agrobusiness”, é um “fire”, acrônimo que significa “finance” (mercado financeiro), “insurance” (seguros) e negócios imobiliários e de hipotecas “Real Estate”. Não se parecem nem de longe. As situações são muito diversas. Aqui não há bolha alguma.

A economia americana é seus vezes maior que a brasileira e a chinesa três vezes e meia, mas em qualquer das três a construção civil, as obras de infraestrutura (portos, estradas, aeroportos, hidrovias, etc.) e a indústria de máquinas, partes e peças de transporte, a exploração das energias, principalmente a elétrica e a petrolífera (petróleo e gás), são formidáveis fatores de industrialização, inovação e reindustrialização. Basta qualquer pessoa medianamente perspicaz imaginar umas poucas coisas para comprovar a assertiva. Vejamos algumas.

Para fazer um carro, precisamos de pelo menos mil itens (pneus, rodas, bancos, eletrônica, fios, a lista é imensa). Sem indústria aqui, como fazer tantos carros, tratores, colheitadeiras, caminhões, ônibus? Imaginem uma casa média. É a mesma coisa, são milhares de itens industrializados: louças, cerâmicas, cimento, ferro, aço, móveis (um microuniverso, a casa do homem). Sem indústrias aqui como fazer tantos prédios e fábricas? E a indústria de telefones, TVs, linha branca e seus componentes? No mais a imensidão de itens industrializados para fazer represas, linhas de transmissão e exploração de petróleo e gás. Como produzir energia para girar a economia e sobreviver sem parques industriais?

O que está acontecendo é que setores simples e antigos não aguentam concorrer (têxteis, sapatos, gusa) e outros são lerdos (indústria naval). A economia é dinâmica, muda, inova, uns setores nascem, outros morrem. Em parte a desindustrialização pela participação no PIB deve ser vista com cuidado. É que o agronegócio e os serviços aumentaram expressivamente suas participações. A política macroeconômica contudo, gera perda de produtividade e competitividade: o custo da mão de obra (não o salário que o trabalhador põe no bolso) é no Brasil um acinte. Nossa lei é do tempo do código fascista de Mussolini, com mil penduricalhos. O custo da mão de obra para contratar, manter e mandar embora no Brasil é extorsivo! A reforma é inevitável. Os tributos indiretos sobre bens e serviços são excessivos e incham todos os preços. A reforma tributária sobre a renda, o capital e o trabalho impõe-se. O PT as fará? O câmbio está baixo, mas quem o mantém flutuando nas alturas é o nosso governo! Ilegalmente estados como Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo facilitam as importações. O governo tem que agir logo. EUA, Europa e Ásia vão nos atolar com seus produtos.

Para complicar, a indústria brasileira é pouco engenhosa e inovadora e há coisas que ela nem faz e se fosse fazer não daria conta ou a conta seria alta demais. E o nosso governo não tem planejamento para áreas prioritárias: biotecnologia, engenharia genética, semicondutores, as indústrias do futuro. O país é e será medianamente industrial (nem na ponta nem na rabeira), agronegocial (de ponta, um dos celeiros do mundo em insumos minerais, proteínas animais, grãos e alimentos semi-industrializados), e terá um fortíssimo setor terciário (serviços) desde os comuns passado pelo turismo e os transportes, até os de avançada tecnologia. A velocidade do crescimento vai depender das prioridades e da gestão, o quanto possível privatizada: a) da infraestrutural; b) da educação; c) da reforma do Estado; d) da reforma tributária; e) da reforma das relações de trabalho.

Quanto ao método não há dois caminhos, apenas um: menos Estado e mais economia privada. O futuro da indústria brasileira começou em 2011 e pouca coisa foi feita para baixar o custo Brasil. Medidas pontuais não resolvem o problema, os adiam.

Em 10 de março, o The Street Journal, comentando a China e Brasil, disse: “No Brasil autoridades do governo culpam os EUA e a Europa por cortar os juros e emitir moedas, enviando ondas de dinheiro especulativo para essas regiões, supervalorizando o real e prejudicando a competitividade brasileira. Mas muitos problemas do Brasil são locais, altos impostos, estradas ruins, burocracia extensa e corrupção endêmica tornam o Brasil um dos lugares mais caros do mundo para produzir mercadorias”. É isso mesmo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, GRAVES e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, CIVILIZADAS, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, severo e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir uma PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inexoravelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INTOLERÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTOS, igualmente a exigir uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de monstruosa SANGRIA, que DILAPIDA o PATRIMÔNIO PÚBLICO e MINA a nossa ECONOMIA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais SÉRIO ainda, AFETA a CONFIANÇA em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas NECESSIDADES de AMPLIAÇÃO e MODERNIZAÇÃO de setores como a INFRAESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a MOBILIDADE URBANA (trânsito, transportes, acessibilidade); EDUCAÇÃO; SAÚDE; SANEAMENTO AMBIENTAL (água TRATADA, esgoto TRATADO, resíduos sólidos TRATADOS, MACRODRENAGEM urbana, logística REVERSA); ASSISTÊNCIA SOCIAL; PREVIDÊNCIA SOCIAL; SEGURANÇA PÚBLICA; FORÇAS ARMADAS; POLÍCIA FEDERAL; SEGURANÇA ALIMENTAR e NUTRICIONAL; MINAS e ENERGIA; CIÊNCIA, TECNOLOGIA e INOVAÇÃO; PESQUISA e DESENVOLVIMENTO; SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL; MORADIA; DEFESA CIVIL; EMPREGO, TRABALHO e RENDA; LOGÍSTICA; AGREGAÇÃO DE VALOR ÀS COMMODITIES; ESPORTE, CULTURA e LAZER; COMUNICAÇÃO;TURISMO; QUALIDADE (planejamento, eficiência, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade), entre outros...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) em junho; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES em 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo, da JUSTIÇA, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA... a nossa PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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