“Educação
e família
Sonhamos com um Brasil
desenvolvido, uma economia forte e sustentável, que cada brasileiro possa ter a
sua moradia, alimentar sua família, ter boa escola pública para seus filhos,
assistência média de qualidade, segurança e transporte.
Esse
sonho será possível com planejamento dos governos e ampla participação da
sociedade a médio e longo prazo. Uma pátria se faz com a qualidade de seus
homens. Aqui abordamos dois pilares fundamentais para a construção dessa
qualidade: família e escola. Vemos no Brasil uma situação crítica, a família
vai mal e a educação escolar pública é considerada uma das piores do mundo.
É na
educação familiar que começa a qualidade dos homens, desde as condições básicas
de sobrevivência aos valores morais e princípios que nortearão a vida dos
futuros cidadãos. Às famílias falta, em grande parte, a participação do pai e,
muitas vezes, a da mãe. Nesses casos, de onde virá a tão necessária e
indispensável educação familiar?
Tudo
isso está muito claro aos nossos olhos, e ninguém, com exceção de algumas
igrejas, discute o problema! Situação agravada pela falta de condições mínimas
e dignas de moradia. Questões que também afetam pesadamente as situações de
segurança. Que qualidade de cidadão estamos construindo?
A
escola é outro pilar onde se constrói a base do conhecimento. Vemos uma escola
da pior qualidade, com professores mal preparados, mal remunerados,
constrangidos pelo mal comportamento de seus alunos, chegando a ser agredidos
moral e até fisicamente. Como pensar em motivação para que possam render o seu máximo? Isso, sem falar no método
inadequado de ensino, no desaparelhamento e condições mínimas de funcionamento
desses estabelecimentos escolares em sua maioria.
Em
nossas empresas, ao receber jovens para o início de sua carreira profissional,
podemos medir suas deficiências de conhecimentos que a escola deveria lhes ter
proporcionado. Ao entrevistá-los, percebemos na maioria o vazio na sua educação
familiar, a falta de valores e princípios morais, cívicos e espirituais, o
despreparo para a vida. São jovens que não estão estruturados e aptos para
receber os treinamentos e aprendizado necessário para o desempenho de suas
funções e responsabilidades profissionais.
A
qualidade das empresas também está na qualidade de suas pessoas, pelos seus
valores, seus princípios, que nas primeiras fases da vida somente a família
pode lhes proporcionar. As empresas necessitam também de conhecimentos básicos,
em especial de matemática e de português, para proporcionar a esses jovens o
aprendizado prático profissional.
Pesquisas
mostram que os indivíduos, em sua maioria, depois de terminar o ensino médio,
mal conseguem compreender o que leem. Sem essa base, esse jovem dificilmente
poderá absorver os treinamentos. Em consequência, a sua contribuição para o
desenvolvimento e crescimento da instituição fica comprometida. Essa baixa
qualidade das pessoas resulta em empresas sem capacidade de crescimento e desenvolvimento,
o que diminui acentuadamente a competitividade dos serviços e produtos
brasileiros.
É
necessário que a sociedade e governos abram esse debate, identificando as
principais causas da desestruturação das famílias, e como combatê-las. Definir por
onde começar uma reformulação definitiva para a educação na escola pública.
Melhorando
a qualidade das pessoas, teremos um país de qualidade, em que todos poderão ter
uma vida próspera e sustentável. É o ciclo virtuoso.”
(JOSÉ ANTÔNIO
REIS LOPES. Empresário, bacharel em administração de empresas, presidente
da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agropecuária de Itabira
(Acita), em artigo publicado no jornal ESTADO
DE MINAS, edição de 2 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 11).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 30
de abril de 2013, caderno OPINIÃO,
página 9, de autoria de MICHEL CURI, que
é juiz de direito em Belo Horizonte, escritor, e que merece igualmente integral
transcrição:
“Cultura,
solidariedade e democracia
Cada ser humano tem sua
cultura, seus hábitos, suas qualidades e defeitos. Todos nós temos deficiência
e eficiência. Um povo, no âmbito coletivo também tem sua cultura. Um povo que
vive num território politicamente organizado dá formato a uma nação. E a
cultura desse povo é determinante para o próprio progresso e para o progresso
da nação que constitui. Lamentavelmente, a cultura do povo brasileiro ainda
está contaminada por hábitos discriminatórios e de exclusão. Enquanto o povo
brasileiro não despertar para a ética da solidariedade, continuaremos a ser o
eterno país do futuro.
O bem mais valioso de
uma nação não é seu território ou o seu PIB. É o seu povo. Isso é tudo ou nada.
Não é um governo que poderá salvar uma nação, embora possa destruí-la. Nosso
regime democrático nos permite escolher pelo voto popular os governantes da
pátria, o que configura um avanço. Mas é a nossa cultura que determinará a
qualidade da escolha. Nós, brasileiros, precisamos, mais do que nunca, de uma
mudança de hábito. Precisamos cultivar a cultura da inclusão social, da ética
solidária e da razão.
A barbárie do nazismo
foi protagonizada, no cenário mundial, ontem, ou seja, há muito pouco tempo,
dentro de um contexto histórico. O fenômeno, que parece inexplicável, ocorreu
porque o culto povo alemão se deixou contaminar pelo instinto selvagem de um
ditador, em prejuízo da razão. Com efeito, o uso da razão reflete um ganho, na
medida em que se sobrepõe a instintos meramente animais. O que se ganha pela
razão se perde pelo instinto. O que é melhor? O ganho ou a perda? E basta
sermos racionais para enxergarmos que a prática da solidariedade humana é a
mais sólida base para a construção de um país.
A cultura da
solidariedade é o campo fértil para o nascimento e crescimento da ética, da
verdadeira democracia, da pacificação social e da razão coletiva, que nos
permitirá fazer escolhas certas. Siglas como PAC, PIB e CIA (companhia) de nada
valem sem uma democracia social, calcada na ética do amor e da misericórdia.
Por outro lado, a verdadeira e legítima autoridade reside na popularidade e não
no populismo. Só um povo culto, destituído de preconceitos e compromissado com
a honestidade e o bem comum, poderá escolher, pelo voto, governantes honestos.
A cultura da “vantagem
em tudo” constitui um grave retrocesso que, por sua vez, culmina em péssimas
escolhas. Já passou da hora de entrarmos num processo de reavaliação de nossa
cultura e de abandonarmos o retrocesso da idolatria a um governante ou a um
partido político. Uma grande nação só pode ser construída por um grande povo. E
a grandeza de um povo se mede pela qualidade de sua cultura.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas
e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de
liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável e sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e
diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar
por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e
comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, a ocasionar também inestimáveis perdas e
danos, indubitavelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
intolerável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma
imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta
sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa
capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades
de ampliação e modernização de
setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos
tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte,
acessibilidade); minas e energia;
emprego, trabalho e renda; agregação de valor à commodities; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional;
comunicações; turismo; esporte, cultura e lazer; qualidade (planejamento –
estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade,
economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada,
qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que
possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos
e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada
Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...
Nenhum comentário:
Postar um comentário