sexta-feira, 3 de maio de 2013

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO, A FAMÍLIA, A CULTURA, A SOLIDARIEDADE E A DEMOCRACIA


“Educação e família
        
         Sonhamos com um Brasil desenvolvido, uma economia forte e sustentável, que cada brasileiro possa ter a sua moradia, alimentar sua família, ter boa escola pública para seus filhos, assistência média de qualidade, segurança e transporte.
         Esse sonho será possível com planejamento dos governos e ampla participação da sociedade a médio e longo prazo. Uma pátria se faz com a qualidade de seus homens. Aqui abordamos dois pilares fundamentais para a construção dessa qualidade: família e escola. Vemos no Brasil uma situação crítica, a família vai mal e a educação escolar pública é considerada uma das piores do mundo.
         É na educação familiar que começa a qualidade dos homens, desde as condições básicas de sobrevivência aos valores morais e princípios que nortearão a vida dos futuros cidadãos. Às famílias falta, em grande parte, a participação do pai e, muitas vezes, a da mãe. Nesses casos, de onde virá a tão necessária e indispensável educação familiar?
         Tudo isso está muito claro aos nossos olhos, e ninguém, com exceção de algumas igrejas, discute o problema! Situação agravada pela falta de condições mínimas e dignas de moradia. Questões que também afetam pesadamente as situações de segurança. Que qualidade de cidadão estamos construindo?
         A escola é outro pilar onde se constrói a base do conhecimento. Vemos uma escola da pior qualidade, com professores mal preparados, mal remunerados, constrangidos pelo mal comportamento de seus alunos, chegando a ser agredidos moral e até fisicamente. Como pensar em motivação para que possam render  o seu máximo? Isso, sem falar no método inadequado de ensino, no desaparelhamento e condições mínimas de funcionamento desses estabelecimentos escolares em sua maioria.
         Em nossas empresas, ao receber jovens para o início de sua carreira profissional, podemos medir suas deficiências de conhecimentos que a escola deveria lhes ter proporcionado. Ao entrevistá-los, percebemos na maioria o vazio na sua educação familiar, a falta de valores e princípios morais, cívicos e espirituais, o despreparo para a vida. São jovens que não estão estruturados e aptos para receber os treinamentos e aprendizado necessário para o desempenho de suas funções e responsabilidades profissionais.
         A qualidade das empresas também está na qualidade de suas pessoas, pelos seus valores, seus princípios, que nas primeiras fases da vida somente a família pode lhes proporcionar. As empresas necessitam também de conhecimentos básicos, em especial de matemática e de português, para proporcionar a esses jovens o aprendizado prático profissional.
         Pesquisas mostram que os indivíduos, em sua maioria, depois de terminar o ensino médio, mal conseguem compreender o que leem. Sem essa base, esse jovem dificilmente poderá absorver os treinamentos. Em consequência, a sua contribuição para o desenvolvimento e crescimento da instituição fica comprometida. Essa baixa qualidade das pessoas resulta em empresas sem capacidade de crescimento e desenvolvimento, o que diminui acentuadamente a competitividade dos serviços e produtos brasileiros.
         É necessário que a sociedade e governos abram esse debate, identificando as principais causas da desestruturação das famílias, e como combatê-las. Definir por onde começar uma reformulação definitiva para a educação na escola pública.
         Melhorando a qualidade das pessoas, teremos um país de qualidade, em que todos poderão ter uma vida próspera e sustentável. É o ciclo virtuoso.”
(JOSÉ ANTÔNIO REIS LOPES. Empresário, bacharel em administração de empresas, presidente da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agropecuária de Itabira (Acita), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 11).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 30 de abril de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de MICHEL CURI, que é juiz de direito em Belo Horizonte, escritor, e que merece igualmente integral transcrição:

“Cultura, solidariedade e democracia

Cada ser humano tem sua cultura, seus hábitos, suas qualidades e defeitos. Todos nós temos deficiência e eficiência. Um povo, no âmbito coletivo também tem sua cultura. Um povo que vive num território politicamente organizado dá formato a uma nação. E a cultura desse povo é determinante para o próprio progresso e para o progresso da nação que constitui. Lamentavelmente, a cultura do povo brasileiro ainda está contaminada por hábitos discriminatórios e de exclusão. Enquanto o povo brasileiro não despertar para a ética da solidariedade, continuaremos a ser o eterno país do futuro.
O bem mais valioso de uma nação não é seu território ou o seu PIB. É o seu povo. Isso é tudo ou nada. Não é um governo que poderá salvar uma nação, embora possa destruí-la. Nosso regime democrático nos permite escolher pelo voto popular os governantes da pátria, o que configura um avanço. Mas é a nossa cultura que determinará a qualidade da escolha. Nós, brasileiros, precisamos, mais do que nunca, de uma mudança de hábito. Precisamos cultivar a cultura da inclusão social, da ética solidária e da razão.
A barbárie do nazismo foi protagonizada, no cenário mundial, ontem, ou seja, há muito pouco tempo, dentro de um contexto histórico. O fenômeno, que parece inexplicável, ocorreu porque o culto povo alemão se deixou contaminar pelo instinto selvagem de um ditador, em prejuízo da razão. Com efeito, o uso da razão reflete um ganho, na medida em que se sobrepõe a instintos meramente animais. O que se ganha pela razão se perde pelo instinto. O que é melhor? O ganho ou a perda? E basta sermos racionais para enxergarmos que a prática da solidariedade humana é a mais sólida base para a construção de um país.
A cultura da solidariedade é o campo fértil para o nascimento e crescimento da ética, da verdadeira democracia, da pacificação social e da razão coletiva, que nos permitirá fazer escolhas certas. Siglas como PAC, PIB e CIA (companhia) de nada valem sem uma democracia social, calcada na ética do amor e da misericórdia. Por outro lado, a verdadeira e legítima autoridade reside na popularidade e não no populismo. Só um povo culto, destituído de preconceitos e compromissado com a honestidade e o bem comum, poderá escolher, pelo voto, governantes honestos.
A cultura da “vantagem em tudo” constitui um grave retrocesso que, por sua vez, culmina em péssimas escolhas. Já passou da hora de entrarmos num processo de reavaliação de nossa cultura e de abandonarmos o retrocesso da idolatria a um governante ou a um partido político. Uma grande nação só pode ser construída por um grande povo. E a grandeza de um povo se mede pela qualidade de sua cultura.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, a ocasionar também inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos);  a educação; saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor à commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; comunicações; turismo; esporte, cultura e lazer; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

          

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