“Evasão
universitária
Conforme dados do Censo
da Educação Superior/2011, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), houve
aumento de 5,7% nas matrículas do ensino superior no país, entre 2010 e 2011. O
total alcançado atingiu 6,7 milhões de
pessoas incluídas na educação superior. Por outro lado, o levantamento também
apresenta dados sobre uma questão que, cada vez mais, aflige as universidades
brasileiras: a evasão.
Levantamento
baseado em números divulgados pelo MEC revela que, de 2010 para 2011,
praticamente um milhão de alunos não renovaram as matrículas – taxa equivalente
a 18%. Dos 5.398.637 graduandos, 4.392.994 efetivaram a matrícula para o ano
seguinte.
Em
todo o Brasil, há 1,7 milhão de alunos nas instituições públicas superiores –
1,03 milhão (federais), 619,3 mil (estaduais) e 121,02 (municipais) – e o
índice médio de evasão anual é de 11%. Isso significa que, de cada grupo de 100
alunos matriculados em um ano, 11 não renovam a matrícula no exercício
posterior. Os motivos são vários: o desconhecimento sobre o curso escolhido, a
falta de motivação e de interesse, a falta de maturidade para a escolha da área
profissional, defasagem de conhecimento herdada no ensino médio, incompatibilidade
de tempo para estudo/família/trabalho, dificuldades financeiras, estranhamento
na adaptação à metodologia do universo acadêmico, além da rigidez curricular e
a formação docente nos aspectos práticos e pedagógicos.
Há
algum tempo que a evasão é pauta de
discussão nas universidades brasileiras, que tentam buscar alternativas para
amenizar o problema. Em 1996, foi elaborado um documento pela Comissão Especial
de Estudos sobre a Evasão nas Universidades Públicas Brasileiras. Um trabalho
coletivo que envolveu 61 Instituições de Ensino Superior Públicas (Iesps)
federais e estaduais, as quais representavam 77,2% do universo da educação
superior pública do país.
Em
fevereiro de 2012, o Ministério da Educação e as universidades começaram a
discutir nova proposta para o combate à evasão no ensino superior. Dados
divulgados à época mostraram que 15,6% dos alunos das universidades
particulares abandonaram o curso enquanto nas universidades públicas o
percentual estava na casa dos 13,2%.
O
problema persiste como um elemento desafiador. Mais que discutir a questão,
dirigentes, coordenadores de cursos e docentes precisam encará-lo com ações
firmes e efetivas para combater a evasão. É preciso criar programas de
permanência dos alunos, incentivar as pesquisas durante a graduação e renovar
as ferramentas pedagógicas.
As
transformações nas universidades brasileiras devem ser profundas e bem
alicerçadas, reestruturando o ensino superior como forma de combater a evasão.
Nossa ação, enquanto defensores de um ensino de qualidade, é focar nas
inovações pedagógicas na educação superior. O problema de âmbito nacional
precisa ser discutido a fim de tornar as ações mais efetivas.
Na
Universidade Estadual de Montes Claros, nossa proposta é encará-lo com inovação
e uma nova cultura de enfrentamento da evasão. No âmbito da nossa instituição,
diversas estratégias estão sendo implementadas para a permanência dos alunos
até a conclusão dos cursos, entre as quais enumeramos: acompanhamento
psicopedagógico; ingresso por área e definição posterior com nivelamento e
tutoria quando necessário; política de assistência estudantil; revisão dos
projetos político-pedagógicos (PPPs); disciplinas flexíveis; distribuição de
encargos didáticos e de professores por disciplina/formação docente; organização
departamental; integração e ação dos centros acadêmicos e avaliação adequada;
programa de formação pedagógica docente; criação dos núcleos docentes
estruturantes (NDEs), principalmente.
O
problema da evasão não pode ser analisado de modo simplista. Nossa
responsabilidade é criar ações de combate e mobilizar as pessoas de forma
adequada, sensibilizando para o problema na tentativa de promover um debate
sério com diretrizes de ações concretas. As universidades públicas precisam ter
uma agenda de enfrentamento da situação. Uma instituição de ensino superior não
pode se contentar com os avanços. É preciso ir além. Repensar seu papel,
atualizar, inovar seus programas e projetos pedagógicos e ter ações proativas
de combate à evasão.”
(JOÃO DOS
REIS CANELA. Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes),
em artigo publicado no jornal ESTADO DE
MINAS, edição de 14 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania
e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 17 de maio
de 2013, caderno OPINIÃO, página 9,
de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, que é arcebispo de Belo Horizonte, e que merece igualmente
integral transcrição:
“A
ética no diálogo e o bem comum
A
sociedade sofre avalanches de todo tipo: escândalos morais no âmbito político,
incoerências absurdas no mundo religioso, crises diversas nas relações
familiares e a redução do trabalho à lógica do lucro. Pode-se fazer uma longa “ladainha
de avalanches” que distanciam a vida de sua compreensão como dom, oportunidade
de experiências valiosas. Sem nenhum sentido de pessimismo, ao fazer essas
constatações, ainda é possível, louvado seja Deus, construir um rosário de
fatos e acontecimentos que dignificam as pessoas, alavancam a construção de uma
sociedade justa e solidária. Existem ações de grande alcance, engenhadas com
grande competência e espírito de solidariedade, que merecem constante
reconhecimento e cotidiana divulgação, alimentando imaginários para que se
tornem efetivas as convicções e condutas solidárias. E que a sociedade
brasileira faça jus ao que canta, em verso e prosa, de ser uma cultura marcada
pela proximidade.
Contudo,
é importante a consideração das condutas que geram prejuízos para ganhar
estatura no seu enfrentamento e,
consequentemente, modificar cenários. Sobretudo o clamor dos mais pobres não
pode ser desconsiderado nunca. Essa sensibilidade não deve servir apenas para
construir argumentos e promessas em campanhas eleitorais. Escutar os pobres e
considerar suas urgências, atendendo-as com presteza e como prioridade, têm uma
força educativa que, se não for alcançada, reduz as conquistas apenas a
indicadores econômicos. Esses números tornam-se insignificantes, pouco
incidentes na vida dos pobres, quando não estão emoldurados por uma
sensibilidade social e apurada consciência política, que não é, obviamente,
aquela partidária do cenário brasileiro.
Infelizmente,
a consciência política partidária no Brasil é uma verdadeira lástima. Basta
verificar a quantidade de siglas que carregam de tudo e tudo negociam, a partir
de interesses cartoriais e grupais. Não menos, carregam também muitos que não
têm competência para exercícios executivos
e parlamentares, atrasando processos, burocratizando e retardando serviços para
o bem comum. A sociedade não pode ser regida estritamente pelas ideologias
desses partidos, tantas vezes filosoficamente pouco lúcidas, eivadas, não
raramente, de interesses mesquinhos, ferindo direitos intocáveis. A vida social
tem que ser pautada pela mais alta consciência cidadã, para que políticos,
executivos e tantos outros compreendam e ajam, de fato, não como mandatários,
mas como servidores dos interesses daqueles que neles depositaram confiança.
Retomando
as “avalanches” que transformam a sociedade brasileira, merece consideração
especial a profusão de informações e opiniões difundidas nas redes sociais.
Pela internet, as pessoas podem se manifestar sobre tudo, mas é importante que
o façam com responsabilidade, cada um reconhecendo o seu fundamental papel na
construção de um mundo melhor. Aqueles que estão nos governos, nos serviços
religiosos e humanitários, assim como os que se beneficiam dessas ações,
precisam redobrar a atenção para a exigência ética nesse diálogo na web. Não se
pode dizer e espalhar inverdades.
Na
perspectiva das instituições, deve ser prioridade a manutenção de ouvidorias
efetivas para que se saiba a opinião do povo sobre as ações dos governos, sobre
os serviços religiosos e de entidades diversas, como uma prestação de conta
social e indispensável diálogo numa sociedade que busca ser cada vez mais
igualitária. Assim, os políticos não podem tomar cafezinho com o povo e andar
nas ruas apenas no tempo das eleições. Os religiosos, primando pela conduta
moral ilibada, devem comprometer-se com as instâncias de participação e
comunhão no exercício de sua liderança. Os empreendedores não podem deixar de
equilibrar seus interesses com aqueles da coletividade. Os formadores de
opinião devem veicular a voz dos pobres. Nesse caminho e com essa sensibilidade
se garantirá a indispensável ética no diálogo que leva ao bem comum.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
lúcidas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de
liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas
estruturas educacionais, governamentais,
jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais,
de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável e sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e
diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos
de zero; II – a corrupção, como um
câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas
modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente
irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
intolerável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma
imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta
sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, minas a nossa
capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a
confiança em nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades
de ampliação e modernização de
setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos
tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte,
acessibilidade); minas e energia;
emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; defesa civil; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; logística; turismo; comunicações; esporte, cultura e
lazer; sistema financeiro nacional; qualidade (planejamento – estratégico,
tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade,
criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada,
qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que
permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades
e potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos
e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada
Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em
julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e
os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da
globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...
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