segunda-feira, 6 de maio de 2013

A CIDADANIA, A IMPUNIBILIDADE, A IMPUNIDADE E O DESAFIO DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO


“Estado ineficiente e sociedade indefesa

O real motivo de a sociedade estar indefesa e acuada, quando muito supostamente protegida por câmeras, grades e muros, talvez seja a insensibilidade do poder público no trato com o povo. Por mais que as famílias apelem por segurança, o governo não sai de sua inércia proposital.
O Estado se revela ineficiente e não consegue manter o controle sobre o território. As altíssimas taxas de criminalidade e corrupção extrema acabam por desacreditar os cidadãos quanto à existência, de fato, do Estado democrático de direito. Os seres humanos são simplesmente manipulados como peças descartáveis, e isso os transforma em retalhos de desespero.
A impunidade, a impunibilidade e a corrupção são desaforos diários dirigidos aos cidadãos, que os engolem a seco. Os crimes cometidos em todos os dias são ignorados por aqueles que deveriam tomar as rédeas e dizer à sociedade das suas responsabilidades. Crimes não são desvendados. A impunidade prospera sob os olhares confusos das autoridades, perdidas e desinteressadas. A maioridade penal serve de desculpa para os legisladores, que confundem liberdade com libertinagem.
Que nação é esta que assiste a tudo de cócoras, com o queixo nos joelhos, e não os ergue?
Quanta ignorância, se não temos paz, segurança, saúde, estradas, educação, cidadania, e ainda nos condicionam a presenciar cenas grotescas de derrubadas de árvores e extermínio desnecessário de fragmentos naturais, como se isso fosse bonito ou sustentável. E, acreditem, todos esses direitos estão garantidos na Constituição.
A violência escancarada em ruas, becos e praças já não se esconde sob o manto da noite e, desaforadamente, se projeta em plena luz do dia, silenciando a voz quase inaudível das famílias honradas que ainda são maioria absoluta neste município, neste Estado e neste país.
Persiste, ainda, por aí uma confusa opinião pública a respeito de dois termos jurídicos que causam enorme perplexidade na sociedade civil – impunidade e impunibilidade. O primeiro é o ato vergonhoso de restar alguém não punido por ato ilícito cometido. O segundo é a não menos vergonhosa incapacidade legislativa ou administrativa do Estado de punir alguém pela ilicitude praticada, fazendo nascer e majorando o primeiro. A incapacidade é muito pelo compêndio de leis penais arcaicas e fora da ordem social prevalente.
Não se pode esquecer que os crimes são cometidos por pessoas comuns, mas que tiveram o caráter desviado e se deixaram cooptar pelos maus exemplos, copiados também de autoridades criminosas impunes, por mais incrível que pareça.
Enquanto aceitarmos, cabisbaixos e calados, os desvios de comportamento, a corrupção, a impunidade e a impunibilidade, com certeza estaremos longe de alcançar a liberdade e o respeito devidos aos povos civilizados.
Essa verdade choca, mas é a que temos, recorrente em tênues democracias como a nossa, extremamente imatura e carente de medidas enérgicas na proteção da sociedade.”
(WILSON CAMPOS, que é advogado, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 30 de abril de 2013, caderno O.PINIÃO, página 23).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 1 de maio de 2013, caderno O.PINIÃO, página 23, de autoria de SINVAL CAPUTO, que é presidente da fundação mantenedora da Universidade do Vale do Sapucaí,  e que merece igualmente integral transcrição:

“O maior desafio de todos
         
         O Brasil é um dos países que mais investem em educação no mundo, mas ocupa o 54º lugar do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). E na pesquisa realizada entre 2006 e 2010 pela consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU), ficou em penúltimo lugar e entrou para a lista dos piores sistemas de educação do mundo. Detalhe: o estudo incluiu 40 países.
         No ensino fundamental, apenas 3% das escolas fazem jus ao padrão da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne os países mais desenvolvidos. Detalhe: quase metade fica com nota quatro, numa escala de zero a dez.
         Já a última edição do Prova Brasil mostra que o conhecimento dos alunos de nível médio nas escolas públicas é inferior ao dos alunos do último ano fundamental nas particulares. Como se não bastasse a baixa qualidade do ensino de modo geral, há uma enorme lacuna entre os ensinos público e particular.
         Mas quais são as saídas para resolver os problemas? Será que os melhores índices são alcançados apenas por instituições que têm infraestrutura de Primeiro Mundo?
         Infraestrutura é importante, mas não é tudo. Boa vontade é o principal fator. Prova disso é que algumas escolas, mesmo localizadas em bairros de alta vulnerabilidade social, obtiveram resultados positivos, de acordo com o novo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O que faz a diferença, então?
         Na verdade, melhores resultados são obtidos quando a excelência na educação torna-se meta a ser priorizada, perseguida e alcançada. Para isso, os pais, os alunos, os professores, os diretores e o poder público devem cobrar mais resultados uns aos outros.
         Professores, diretores e alunos precisam ser avaliados periodicamente, para que seja estabelecido um método de verificação de aproveitamento das aulas. A profissão de professor tem de ser valorizada socialmente, sendo que os melhores profissionais devem ser premiados e os piores, retirados das escolas.
         Cada instituição tem de fazer o planejamento do ano letivo antes do início das aulas. O currículo escolar precisa ser elaborado com a participação dos docentes.
         Estabelecer metas comuns e unificar calendário e conteúdo são algumas das soluções para diminuir a discrepância na qualidade de ensino.
         Incentivar o aprendizado, em todos os níveis; valorizar professores e instituições; empregar profissionais de alta qualidade, pagando a eles bons salários; estabelecer padrões mínimos de qualidade para as escolas públicas; intensificar a segurança nos arredores e dentro das instituições de ensino. Punir com rigor os estudantes e os pais de alunos que desrespeitam professores e vice-versa.
         Será que a educação no Brasil depende apenas de infraestrutura?”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção de nosso País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar incomensuráveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública;a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; agregação de valor às commodities; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; turismo; esporte, cultura e lazer; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...
  

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