“Pela
indústria nacional competitiva
Temos assistido a
intensos debates sobre a existência ou não de um processo de
desindustrialização no Brasil. Economistas de tendências diversas têm discutido
a questão sem que cheguem a um consenso. A nosso ver, o país está, sim,
sofrendo um processo contínuo de perda de participação da indústria no PIB
nacional. Sob qualquer medida, percebe-se a perda relativa da indústria, que
teve no passado um percentual na geração de riquezas em nossa economia bastante
superior ao que tem hoje. Saímos de 36% do PIB, em meados da década de 80, para
algo como 13% em 2012.
É natural que no
desenvolvimento das economias exista uma perda relativa de participação da indústria
em favor do setor de serviços que, em boa medida, cresce devido à demanda da
própria manufatura. Infelizmente, porém, os números mais recentes do setor
industrial mostram que, além da perda relativa, estamos vendo uma redução da
atividade industrial decorrente da ausência de fatores sistêmicos de
competitividade oferecidos às empresas nacionais quando comparado com os
concorrentes internacionais.
Desnecessário falar
sobre o preço que tem sido pago por esse setor decorrente da apreciação da
nossa moeda, da carga tributária elevada e complexa para poder ser atendida
dentro das exigências legais, dos custos excessivos e da precariedade da nossa
infraestrutura.
É certo que o governo
federal vem tomando medidas para reduzir o chamado custo Brasil. Prova cabal
das ações nesse sentido foi a desoneração da folha de pagamentos, a diminuição
do custo da energia, a isenção de impostos na cesta básica, a instituição do
Reintegra e outras medidas ainda não anunciadas, mas em análise. Por outro
lado, o mundo não para e nossos concorrentes também estão se movimentando no
sentido de ganhar competitividade, de maneira a conquistar mercados. Essa
batalha dá-se num contexto extremamente complicado da economia mundial, com
encolhimento dos mercados tradicionalmente importadores localizados nos Estados
Unidos, Europa e Japão.
Nas discussões sobre
como resgatar a competitividade das empresas brasileiras, tem sido proposto o
seu deslocamento para países vizinhos, com o intuito de “fugir” das nossas
mazelas competitivas. Entendemos ser essa uma proposta de internacionalização
defensiva, na qual a legítima e necessária expansão territorial das companhias
dá-se por carências das nações onde se localizam e não por uma ausência de
novas oportunidades de investimentos, geração de empregos e riquezas dentro do
território nacional.
As companhias
brasileiras precisam, sim, inserir-se nas cadeias produtivas globais para
participar de todo fluxo comercial e de investimentos existentes no planeta. As
decisões empresariais são soberanas, porém, entendemos que as entidades de
classe, como a Abit, devem colocar toda a sua energia na busca, em nível macro,
meso e micro, em favor da criação das melhores condições de investimentos,
dentro do território nacional, tanto para as empresas brasileiras quanto para
as internacionais que decidam instalar-se em nosso país.
Nações como os Estados
Unidos, devido à crise instalada no mundo a partir de 2008, têm buscado
reindustrializar-se, objetivando a geração de investimentos e empregos dentro
do seu espaço geográfico. O Brasil tem todas as condições para ser uma economia
forte e competitiva, tanto no âmbito agrícola e de serviços, quanto na
indústria. Nenhum país com o nosso nível de desenvolvimento construiu um parque
produtivo tão amplo e diversificado, incluindo o nosso setor têxtil e de
confecção, situado entre os cinco maiores do mundo.
É para preservar e
desenvolver ainda mais a nossa indústria, sem nos descuidarmos dos outros
setores da economia, que entendemos que devam trabalhar todas as entidades de
classe, sejam elas, patronais ou laborais.”
(AGUINALDO
DINIZ FILHO. Presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de
Confecção (Abit), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de CARLOS
ALBERTO DI FRANCO, que é diretor do Departamento de Comunicação do
Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela
Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral
transcrição:
“Diga
não à corrupção
Está
em andamento uma tentativa de melar o julgamento do mensalão e de submeter o
Supremo Tribunal Federal (STF) aos interesses de certos setores do Congresso
Nacional. A possibilidade concreta de cadeia, consequência natural do
julgamento do mensalão, acionou o alerta vermelho no submundo da cultura da
corrupção. As manchetes dos jornais refletem a reação desesperada dos
mensaleiros de hoje e de sempre. Por trás dos embargos e recursos dos advogados
dos mensaleiros, ferramentas legítimas do direito de defesa, o que se oculta é
um objetivo bem determinado: melar o mensalão, zerar o placar, fazer um novo
julgamento, livrar os culpados do regime fechado. É simples assim. As rusgas
entre o Congresso e o Supremo têm bastidores pouco edificantes.
É
impressionante o número de parlamentares com inquéritos ou ações penais na fila
de julgamento do STF. No Congresso Nacional, são 160 deputados e 31 senadores,
um terço da instituição. Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara,
32 de seus 10 integrantes respondem a inquéritos, entre os quais dois já
condenados – José Genoíno e João Paulo Cunha, do PT –, Paulo Maluf (PP-SP), e o presidente do fórum, Décio Lima
(PT-SC), com quatro inquéritos por improbidade administrativa e sonegação
previdenciária quando prefeito em Blumenau.O que está em jogo não é a
independência do Congresso Nacional, mas a defesa da impunidade.
A
política é a arte da negociação, mas não pode ser a ferramenta da bandidagem. E
é isso que está por trás das tentativas de melar o julgamento do mensalão. O
que você, amigo leitor, pode fazer para contribuir com a urgente e necessária
ruptura do sistema de privatização do dinheiro público que se enraizou nas
entranhas da República?
Em
primeiro lugar, pressionar as autoridades. O STF, por exemplo, deve sentir o
clamor da sociedade. Impõe-se a implementação plena das penas do julgamento. É
um dever indeclinável. A Suprema Corte pode dar o primeiro passo para a grande
virada. Se os réus do mensalão, responsáveis “pela instalação de uma rede criminosa no coração
do Estado brasileiro”, pagarem por seus crimes, sem privilégios e imunidades, o
Brasil mudará de nível.
Não
podemos mais tolerar que o Brasil seja um país que discrimina os seus cidadãos.
Pobre vai para a cadeia. Poderoso não só não é punido como invoca presunção de
inocência, submerge estrategicamente, cai no esquecimento e volta para roubar
mais. A ausência de punição é a mola da criminalidade. Mas não atiremos a esmo.
Não publiquemos no domingo para, na segunda, mudar de pauta. Vamos concentrar.
Focar no mensalão. E você, caro leitor, escreva aos ministros do STF,
pressione, proteste, saia às ruas.
Em
segundo lugar, exija de nós, jornalistas, a perseverança de buldogues. É
preciso morder e não soltar. Os meios de comunicação existem para incomodar. A
imprensa precisa ficar no calcanhar dos criminosos.
Uma
democracia constrói-se na adversidade. O Brasil, felizmente, ainda conta com um
Ministério Público atuante, um Judiciário, não obstante decepções pontuais,
bastante razoável e uma imprensa que não se dobra às pressões do poder. É
preciso, no entanto, que a sociedade, sobretudo a classe média, mais informada
e educada, assuma o seu papel no combate à corrupção. As massas miseráveis,
reféns do populismo interesseiro, da desinformação e da insensibilidade de
certa elite, só serão acordadas se a classe média – e a formidável classe
emergente –, fiel da balança de qualquer democracia, decidir dar um basta à
vilania que tomou conto do núcleo do poder.
Chegou
a hora de a sociedade civil mostrar sua cara e sua força. É preciso,
finalmente, cobrar a reforma política. Todos sabem disso. Há transparência,
sobram sombras. O Brasil pode sair desse pântano para um nível civilizado. Mas
para que isso ocorra, com a urgência que se impõe, é preciso que os culpados
sejam punidos. Diga não à corrupção!”.
Eis, pois, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável e sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e
diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem; III– o desperdício, em todas
as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente
irreparáveis;
c) a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Destarte, torna-se absolutamente inútil
lamentarmos a falta de recursos diante
de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades
de ampliação e modernização de
setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos
tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte,
acessibilidade); minas e energia;
emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; pesquisa e
desenvolvimento; logística; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro
nacional; comunicações; turismo; esporte, cultura e lazer; qualidade (planejamento
– estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade,
economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada,
qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que
possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades
com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no
horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como
a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de
Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC
e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização,
da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da
inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo
mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...
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