“Aspiração
à busca espiritual e o espírito altruísta anula o medo
O medo é, entre outras
coisas, o resultado da atividade mental maldirecionada. Quando a mente é
orientada para a meta superior da existência, ele se abranda ou nem surge.
Poderíamos dizer que a ignorância acerca do que realmente somos em essência é
que faz surgir o medo. Quase sempre vemo-nos como indivíduos isolados, e não
como células de uma única Vida. Mas à medida que por amor nos doamos a alguma
causa ou serviço altruísta, vamos tomando consciência da existência de um
Universo Maior, e o medo começa a dissolver-se.
Há
também um medo ancestral que costuma emergir do subconsciente de todos,
originado da memória de experiências vividas em épocas pré-históricas, em que o
ambiente sobre a Terra era por demais inóspito. Esse medo é ainda atuante
devido à falta de comunicação livre entre a consciência externa e o nível supramental
– encontrado além da mente normal e concreta. Quando essa comunicação se
estabelece e se firma, quando a pessoa chega à vibração interior e profunda da
alma, o medo tende a desaparecer.
Importante
saber que medos e sentimentos negativos alheios podem ser incorporados à nossa
aura sensitiva e tomados como nossos. A mente individual tem capacidade para
captar elementos do nível mental coletivo e transferi-los para si mesma. Também
podemos manifestar apreensões pelo que está ocorrendo não especificamente
conosco, mas de modo generalizado. Por exemplo, muitos hoje estão sentindo a
iminente ruína da economia no mundo e costumam interpretar isso como algo que
seu destino pessoal lhe reserva. Nesses pode-se redobrar, então, o medo de
sofrer privações.
A
humanidade atual sofre de um medo bastante comum: o medo do fracasso. Esse medo
advém de estarmos identificados em demasia com a personalidade e vivermos em ambientes que nos depreciam.
Habituados pela educação normal, a comparar-nos e a confrontar-nos com os
semelhantes, é comum ficarmos insatisfeitos com nossas possibilidades. Na
realidade, cada um é útil com suas próprias qualidades e virtudes, e as
qualidades dos demais têm outra serventia.
O
sentimento de inadequação pode demonstrar que visamos a algo que não nos é
destinado no momento. Se estivéssemos canalizando atenção e energia para a
tarefa imediata que nos cabe, veríamos como estar preparados para desempenhá-la
corretamente: de nada mais precisaríamos além da total entrega ao serviço.
Mas o
sentimento de inadequação pode também resultar da imensa necessidade
planetária. Dado o número insuficiente de pessoas disponíveis para ajudar na
grande obra evolutiva, espiritual, a ser realizada na Terra, às que estiverem
dispostas a servir são oferecidas oportunidades que exigem uma capacidade maior
do que a por elas manifestada. É que se conta com seu potencial oculto. Assumir
essas tarefas com coragem atrai uma força desconhecida, que dissolve o medo do
fracasso logo que desponta.
Aceitar
sem receio trabalhos mais complexos do que os de hábito cura-nos dessa espécie
de medo – desde que as circunstâncias para realizá-los venham dos níveis
superiores do ser, e não de impulsos engendrados pela ambição.
Se
fizermos o que for necessário na ocasião propícia e conforme nossa mais elevada
consciência, e se entregarmos à Vida universal o resultado das nossas ações,
liberamo-nos desse sentimento de inadequação.”
(TRIGUEIRINHO.
Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 18 de maio de 2014, caderno O.PINIÃO, página 16).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de maio
de 2014, caderno PENSAR, coluna
OLHAR, página 2, de autoria de JOÃO
PAULO, editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:
“A
vez da igualdade
Há muitas formas de
classificar as atitudes políticas. A mais conhecida delas é a de que divide o
universo de ações e ideias entre direita e esquerda. Mesmo estando em baixa, o
par clássico ajuda a compreender posturas divergentes em matéria de leitura e
atitude frente ao mundo. Uma boa maneira de tornar a distinção mais
compreensível é associar a ela outras noções mais operacionais. Assim, a
esquerda passou a ser associada à igualdade e a direita à liberdade. Como tanto
liberdade quanto igualdade são necessárias para que a humanidade se realize, o
debate se deslocou para o campo da urgência: quem deveria vir em primeiro
lugar?
Para
os partidários da liberdade, há algo de virtuoso em garantir seu domínio, seja
nos negócios econômicos ou políticos, que se espalharia para todos os campos da
vida social. Em outras palavras, dadas as condições de liberdade, tanto o mundo
material quanto simbólico só teriam a ganhar. O melhor do homem é sempre
resultado do mais livre dos cenários. A tradução mais conhecida desse teorema
social é o liberalismo econômico, que dá ao mercado, com sua força interna de
competição conspícua, a potência de se desenvolver quanto maior for a disputa
entre as pessoas.
Para
os seguidores do igualitarismo, é preciso colocar os valores à frente da
ambição, a ética na proa das atitudes que envolvem os homens. Quem acredita que
as pessoas nasceram para ser iguais, defende que sejam dadas a todos as mesmas
condições básicas. Não se trata de frear a diferença, mas de garantir a
equidade de condições de partida. Podemos ser mais inteligentes, capazes,
fortes e competentes, mas nunca seremos mais gente que os outros homens e mulheres.
Se entre os liberais o território mais exemplar é a economia, entre os
igualitários é a política.
Essas
observações talvez ajudem a clarear um pouco o panorama no qual estamos metidos
até o pescoço e, por isso, nem sempre percebido com muita clareza. É preciso
dar ao liberalismo o que é dele, e resgatar dos partidários da igualdade a
disposição para lutar por suas ideias. A falência do Estado de bem-estar social
na Europa (não chegamos a experimentá-lo no Brasil) é uma prova de que o
mercado não tem sensibilidade social a não ser de forma limitada (para poucos,
o que explica a xenofobia) e em momentos de crescimento (que permite o
vazamento da riqueza para políticas compensatórias fora do mercado).
Como
vivemos uma crise internacional, a tendência é exatamente regressiva, de
retirar ganhos sociais e cortar benefícios. O que parece que não funciona mais
é o receituário que empurrava para o futuro a divisão da riqueza, seja na forma
de distribuição de renda, seja na de serviços de qualidade, ou ainda na
política protecionista do trabalho e da previdência. Sem o horizonte do Estado
de bem-estar social, o que nos sobra é retomar as lutas pela expansão de
direitos.
Essa
situação mostra que, depois do ciclo do liberalismo, é chegado o momento
universal da busca da igualdade social. Dois livros lançados recentemente
comprovam essa urgência. Em O capital no
século 21, o francês Thomas Piketty alerta para a necessidade de
desconcentrar a renda. A partir da análise dos impostos pagos pelo cidadão, ele
provou que a renda, ao contrário do que sempre defenderam os liberais, está em
franca concentração, depois de uma fase áurea que não mais se repetirá. Os
ricos estão cada vez mais ricos e a sociedade cada vez pior. Para quase todos.
A saída é a distribuição de renda e a taxação da herança, associada a políticas
de fundo social. Os ricos estão quebrando o mundo, trocando a produção pela
financeirização. Não se trata de ameaças, mas de números, preto no branco.
Em
outra seara, aparentemente distante da economia, o neurocientista americano
Carol Hart, no excelente Um preço muito
alto, revoluciona a visão tradicional sobre as drogas e suas políticas de
combate. Ele mostra, com dados sociais e experimentos científicos (sem falar da
própria experiência de vida), como a droga é uma questão de pobreza e de falta
de oportunidades. O grande problema do mundo não é o tráfico de drogas, mas a
miséria, a discriminação e o preconceito. Professor da Universidade de
Columbia, o neurocientista cobra políticas públicas, e não a repressão. Para os
que criticam as ações afirmativas, ele se apresenta como exemplo: sem as cotas,
Hart seria mais uma vítima das drogas, como muitos de seus amigos. Com as
oportunidades que lhe foram dadas, se tornou um cidadão.
O
debate entre igualdade e liberdade, na verdade, deveria ser equilibrado pela
terceira das bandeiras dos revolucionários do século 18: a fraternidade.
Podemos ser livres em alguns momentos, e até mais iguais em outros. Mas só
seremos gente de verdade no horizonte da fraternidade.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas
estruturas educacionais, governamentais,
jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais,
de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável se sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem; III – o desperdício, em todas
as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
inexoravelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e
insuportável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma
imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade,
produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e
solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas,
oportunidades e potencialidades com todas
as brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016;
as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da
era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...
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