quarta-feira, 7 de maio de 2014

A CIDADANIA, A ENERGIA DA VONTADE E A SACRALIDADE DO TRABALHO

“A energia da Vontade pode nos levar a uma realização maior
        
         A Vontade é uma energia bem diferente do desejo. É ela, e não o desejo, que nos leva à realização interna. A Vontade  também difere do esforço, que vem do lado humano da pessoa. Quando ela começa a fluir, o esforço deixa de existir. A Vontade faz a maior parte, pois é criadora, está conectada com níveis de consciência muito profundos.
         O esforço é necessário para integrarmos a personalidade, para alinharmos o corpo físico, o emocional e o mental e para buscarmos o contato com a alma. Porém, é o fluir da energia da alma que nos desvela a Vontade.
         Entretanto, é por intermédio da mente que exprimimos Vontade. E é a partir da mente que essa energia emite impulsos aos demais corpos. A mente está acima do desejo, que segue instintos, hábitos e emoções. Assim, devemos estar centralizados na mente para receber e perceber a energia da Vontade. Mas, para atuar desse modo, a mente deve estar educada; caso contrário, desce ao nível do desejo e fica envolvida com os movimentos dele.
         A energia da Vontade provém de níveis superiores, sublimes. O núcleo profundo do ser capta-a e transmite-a a alma, e esta, para a mente.
         A fim de colaborarmos com o Plano Evolutivo, o plano de Deus para a humanidade, e prestarmos um serviço universal, precisamos de impulsos que correspondam ao nível de onde esse Plano provém.
         Ao renunciarmos conscientemente ao desejo, começamos a construir um canal que nos liga à energia da Vontade. Quando já não nos sujeitamos ao desejo e fortalecemos nossa ligação com a alma, tornamo-nos instrumentos para que o Plano Evolutivo seja cumprido na vida terrestre.
         A Vontade, quando emerge no ser, surge como uma necessidade de manifestar, e impulsiona algo maior, indefinível, que transcende o âmbito da pessoa. E a própria pessoa vai percebendo que seu desejo aos poucos vai sendo deixado de lado, enquanto uma necessidade maior, que ele não sabe exatamente o que é, vai ganhando relevo.
         Ele passa a ter tendências que nunca teve, em uma direção que já não é pessoal. Diante dessa Vontade não há força, pressão nem influência externa que possa tirá-lo da sua sintonia, que possa demovê-lo do caminho. Agora, indiferente às oscilações do nível humano, em que se sujeitava às influências externas e justificava a sua inércia, ele faz o que deve ser feito apesar do mundo, apesar de si mesmo, apesar de tudo e de todos.
         Atualmente, a humanidade se encontra em uma etapa fundamental de mudança de estado: da consciência mental dedutiva, racional e analítica para a consciência intuitiva, para outro tipo de percepção, enfim, para a mente superior. Precisamos da energia da Vontade nessa transição.
         Essa energia tem de ser criadora, e o requisito para isso é a nossa decisão de transcender o ego humano, de nos liberar das forças que o regem e de estar por inteiro voltados para uma energia mais universal. Só a renúncia ao pequeno eu, a desistência de continuarmos envolvidos em reações de personalidade, só essa decisão tomada profundamente pode desenvolver em nós a energia da Vontade.
         A Vontade de que necessitamos neste ciclo não é a Vontade que já conhecemos nem a que teremos no futuro. É a Vontade que surge agora, que se desenvolve à medida que superamos o apego ao ego humano e a tudo o que dele advém.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de abril de 2014, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de maio de 2014, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Sacralidade do trabalho
        
         A celebração do dia 1º de maio, pela consideração reverente ao trabalhador, é oportunidade para reavivar a compreensão do trabalho como necessidade e dom de Deus. A concepção cristã do trabalho tem suas raízes numa articulada e teológica. Deus, criador onipotente, Pai de todos, cria o homem e a mulher à sua imagem e semelhança e lhes confia o cultivo da terra. O Pai sublinha a primazia da humanidade em relação às outras criaturas, que devem merecer cuidados e respeitos. Cultivar a terra, como ponto especial na narrativa da missão do homem e da mulher no conjunto da obra da criação, significa não abandoná-la. E exercer domínio sobre ela significa comprometimento com o seu cuidado e com sua guarda, como um pastor deve cuidar de seu rebanho. Esse horizonte inspirador é determinante nos rumos escolhidos para a dinâmica da economia com seus desdobramentos incisivos sobre a questão social e política.
         Nesse sentido, no atual momento político e econômico, os construtores da sociedade pluralista devem superar a lógica perversa do lucro. Precisam buscar uma efetiva sustentabilidade, necessária para se alcançar o equilíbrio social. Imprescindível é deixar-se iluminar por um horizonte com princípios antropológicos inequívocos. Isso é um enorme desafio para quem se orienta por parâmetros de funcionamentos mecanicistas e, consequentemente, não consegue compreender o que se pode chamar de subjetividade do trabalho. O conjunto de recursos, atividades, instrumentos e técnicas que permite a cada pessoa o exercício adequado de suas tarefas não pode sobrepor-se ou minar a dimensão subjetiva do trabalho humano. O respeito a essa perspectiva é a consideração insubstituível de cada ser humano e de sua vocação pessoal. Assim, alcança-se a compreensão de que todo trabalho é imagem e extensão da ação criadora de Deus, de que o homem e a mulher, em suas muitas tarefas, participam da obra da criação.
         A doutrina social da Igreja enfatiza, por isso mesmo, que o trabalho não somente procede da pessoa, mas também é ordenado a ela e a tem por finalidade. Assim sendo, todo ofício, mesmo aquele mais humilde, é caminho para que cada pessoa tenha preservada a sua dignidade. Consequentemente, o trabalho se torna uma necessidade e ao mesmo tempo um dever de todos. Trabalhar refere-se ao respeito moral ao próximo e, por desdobramento, é reverência à própria família e à sociedade. Abominável, pois, é o enquadramento do trabalhador na condição de escravo. Trata-se de um verdadeiro atentado contra a dignidade, ferida na cultura solidária e civilizada, com consequências nefastas também para escravocratas.
         A sacralidade do trabalho implica compreendê-lo, na escala de valoração e prioridade, como superior a todo e qualquer fator de produção, inclusive o capital. No horizonte largo e diversificado sobre a sua abordagem como importante chave social, é prioritário considerá-lo como direito. A necessidade do trabalho não se refere apenas ao sustento familiar e pessoal, prioridade incontestável, mas, particularmente, ao bem que promove a cada pessoa. Trata-se de direito fundamental. Por isso, a Igreja considera o desemprego uma perversa calamidade social. E sublinha que uma sociedade orientada para o bem comum tem sua capacidade avaliada, também, com base nas perspectivas de trabalho que ela pode oferecer.
         Com a oferta do trabalho, caminha a exigência de se promover a capacitação, já que a manutenção do emprego depende cada vez mais da competência profissional. O Estado, então, é chamado à responsabilidade, por seu dever de promover políticas ativas de trabalho, particularmente pela regulação do funcionamento econômico, convocando as corporações a cumprirem seu papel social. As empresas têm o dever de garantir a oferta adequada de emprego. O tratamento desse desafio não pode prescindir de uma correta visão antropológica e cristã, pelo respeito à sacralidade do trabalho.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities;sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

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