“A
energia da Vontade pode nos levar a uma realização maior
A Vontade é uma energia
bem diferente do desejo. É ela, e não o desejo, que nos leva à realização
interna. A Vontade também difere do
esforço, que vem do lado humano da pessoa. Quando ela começa a fluir, o esforço
deixa de existir. A Vontade faz a maior parte, pois é criadora, está conectada
com níveis de consciência muito profundos.
O
esforço é necessário para integrarmos a personalidade, para alinharmos o corpo
físico, o emocional e o mental e para buscarmos o contato com a alma. Porém, é
o fluir da energia da alma que nos desvela a Vontade.
Entretanto,
é por intermédio da mente que exprimimos Vontade. E é a partir da mente que essa
energia emite impulsos aos demais corpos. A mente está acima do desejo, que
segue instintos, hábitos e emoções. Assim, devemos estar centralizados na mente
para receber e perceber a energia da Vontade. Mas, para atuar desse modo, a
mente deve estar educada; caso contrário, desce ao nível do desejo e fica
envolvida com os movimentos dele.
A
energia da Vontade provém de níveis superiores, sublimes. O núcleo profundo do
ser capta-a e transmite-a a alma, e esta, para a mente.
A fim
de colaborarmos com o Plano Evolutivo, o plano de Deus para a humanidade, e
prestarmos um serviço universal, precisamos de impulsos que correspondam ao
nível de onde esse Plano provém.
Ao
renunciarmos conscientemente ao desejo, começamos a construir um canal que nos
liga à energia da Vontade. Quando já não nos sujeitamos ao desejo e
fortalecemos nossa ligação com a alma, tornamo-nos instrumentos para que o
Plano Evolutivo seja cumprido na vida terrestre.
A
Vontade, quando emerge no ser, surge como uma necessidade de manifestar, e
impulsiona algo maior, indefinível, que transcende o âmbito da pessoa. E a
própria pessoa vai percebendo que seu desejo aos poucos vai sendo deixado de
lado, enquanto uma necessidade maior, que ele não sabe exatamente o que é, vai
ganhando relevo.
Ele passa
a ter tendências que nunca teve, em uma direção que já não é pessoal. Diante
dessa Vontade não há força, pressão nem influência externa que possa tirá-lo da
sua sintonia, que possa demovê-lo do caminho. Agora, indiferente às oscilações
do nível humano, em que se sujeitava às influências externas e justificava a
sua inércia, ele faz o que deve ser feito apesar do mundo, apesar de si mesmo,
apesar de tudo e de todos.
Atualmente,
a humanidade se encontra em uma etapa fundamental de mudança de estado: da
consciência mental dedutiva, racional e analítica para a consciência intuitiva,
para outro tipo de percepção, enfim, para a mente superior. Precisamos da
energia da Vontade nessa transição.
Essa
energia tem de ser criadora, e o requisito para isso é a nossa decisão de
transcender o ego humano, de nos liberar das forças que o regem e de estar por
inteiro voltados para uma energia mais universal. Só a renúncia ao pequeno eu,
a desistência de continuarmos envolvidos em reações de personalidade, só essa
decisão tomada profundamente pode desenvolver em nós a energia da Vontade.
A
Vontade de que necessitamos neste ciclo não é a Vontade que já conhecemos nem a
que teremos no futuro. É a Vontade que surge agora, que se desenvolve à medida
que superamos o apego ao ego humano e a tudo o que dele advém.”
(TRIGUEIRINHO.
Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de abril de 2014, caderno O.PINIÃO, página 18).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de maio de
2014, caderno OPINIÃO, página 7, de
autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente
integral transcrição:
“Sacralidade
do trabalho
A celebração do dia 1º
de maio, pela consideração reverente ao trabalhador, é oportunidade para
reavivar a compreensão do trabalho como necessidade e dom de Deus. A concepção
cristã do trabalho tem suas raízes numa articulada e teológica. Deus, criador
onipotente, Pai de todos, cria o homem e a mulher à sua imagem e semelhança e
lhes confia o cultivo da terra. O Pai sublinha a primazia da humanidade em
relação às outras criaturas, que devem merecer cuidados e respeitos. Cultivar a
terra, como ponto especial na narrativa da missão do homem e da mulher no
conjunto da obra da criação, significa não abandoná-la. E exercer domínio sobre
ela significa comprometimento com o seu cuidado e com sua guarda, como um
pastor deve cuidar de seu rebanho. Esse horizonte inspirador é determinante nos
rumos escolhidos para a dinâmica da economia com seus desdobramentos incisivos
sobre a questão social e política.
Nesse
sentido, no atual momento político e econômico, os construtores da sociedade
pluralista devem superar a lógica perversa do lucro. Precisam buscar uma
efetiva sustentabilidade, necessária para se alcançar o equilíbrio social.
Imprescindível é deixar-se iluminar por um horizonte com princípios
antropológicos inequívocos. Isso é um enorme desafio para quem se orienta por
parâmetros de funcionamentos mecanicistas e, consequentemente, não consegue
compreender o que se pode chamar de subjetividade do trabalho. O conjunto de
recursos, atividades, instrumentos e técnicas que permite a cada pessoa o
exercício adequado de suas tarefas não pode sobrepor-se ou minar a dimensão
subjetiva do trabalho humano. O respeito a essa perspectiva é a consideração
insubstituível de cada ser humano e de sua vocação pessoal. Assim, alcança-se a
compreensão de que todo trabalho é imagem e extensão da ação criadora de Deus,
de que o homem e a mulher, em suas muitas tarefas, participam da obra da
criação.
A
doutrina social da Igreja enfatiza, por isso mesmo, que o trabalho não somente
procede da pessoa, mas também é ordenado a ela e a tem por finalidade. Assim
sendo, todo ofício, mesmo aquele mais humilde, é caminho para que cada pessoa
tenha preservada a sua dignidade. Consequentemente, o trabalho se torna uma
necessidade e ao mesmo tempo um dever de todos. Trabalhar refere-se ao respeito
moral ao próximo e, por desdobramento, é reverência à própria família e à
sociedade. Abominável, pois, é o enquadramento do trabalhador na condição de
escravo. Trata-se de um verdadeiro atentado contra a dignidade, ferida na
cultura solidária e civilizada, com consequências nefastas também para
escravocratas.
A
sacralidade do trabalho implica compreendê-lo, na escala de valoração e
prioridade, como superior a todo e qualquer fator de produção, inclusive o
capital. No horizonte largo e diversificado sobre a sua abordagem como
importante chave social, é prioritário considerá-lo como direito. A necessidade
do trabalho não se refere apenas ao sustento familiar e pessoal, prioridade
incontestável, mas, particularmente, ao bem que promove a cada pessoa. Trata-se
de direito fundamental. Por isso, a Igreja considera o desemprego uma perversa
calamidade social. E sublinha que uma sociedade orientada para o bem comum tem
sua capacidade avaliada, também, com base nas perspectivas de trabalho que ela
pode oferecer.
Com a
oferta do trabalho, caminha a exigência de se promover a capacitação, já que a
manutenção do emprego depende cada vez mais da competência profissional. O Estado,
então, é chamado à responsabilidade, por seu dever de promover políticas ativas
de trabalho, particularmente pela regulação do funcionamento econômico,
convocando as corporações a cumprirem seu papel social. As empresas têm o dever
de garantir a oferta adequada de emprego. O tratamento desse desafio não pode
prescindir de uma correta visão antropológica e cristã, pelo respeito à
sacralidade do trabalho.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável e sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada
ordem; III – o desperdício, em todas
as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e
insuportável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma
imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities;sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade,
produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e
solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas,
oportunidades e potencialidades com todas
as brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016;
as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da
era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...
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