quarta-feira, 30 de julho de 2014

A CIDADANIA, A EXCELÊNCIA DO ESTRESSE E A MISSÃO DE SERVIR O PÚBLICO

“Sua excelência, o estresse
        
         Sou fã do estresse! E, de cara, como psiquiatra, ouvi muitos apelos do tipo: “Quero que o senhor acabe com meu estresse”. Nunca, nunquinha! Afinal, seu inventor foi um Deus maior, e o estresse sendo uma das maiores invenções da natureza! Então, sejamos justos e reflitamos antes de denegrirmos a imagem desse mecanismo injustiçado pela nossa ignorância.
         O estresse é um mecanismo natural, inerente aos seres que habitam nosso planeta, cujo objetivo único é permitir uma reação aguda, profunda e precisa para responder a um perigo imediato real (prestem atenção no termo “real”) do ambiente externo, que ameace a vida. Em poucas palavras, é “lutar ou correr”! Tal mecanismo, quando ativado, aumenta muito a capacidade de combater o inimigo que nos ataca: ficamos imensamente mais fortes, ágeis, lúcidos.
         É bem verdade que, para criar esse “super-humano estressado”, capaz de se atracar com um ladrão, correr de um pit Bull, saltar um muro alto, desviar-se de um caminhão na estrada com a agilidade de um Ayrton Senna, por exemplo, nosso organismo tem que acelerar: o coração dispara, a pressão arterial sobe, a respiração acelera, ficamos pálidos, suamos.
         A química do estresse é simples e eficiente: adrenalina, que, liberada no corpo, mediada pela cortisona, permite tal aceleramento de órgãos, que nos torna super-humanos, heróis ou covardes, dependendo se somos os que lutam ou os que fogem correndo. Aliás, nada mais democrático que o estresse, e, a priori, só nos décimos de segundo em que ativamos nosso sistema de defesa, como num assalto, saberemos o que nos aguarda: ou nos atracamos e lutamos contra dois ou três atacantes, ou saímos em desabalada carreira, capazes de fazer 100 m rasos em nove segundos, tal qual um medalhista olímpico! Assim como os assaltantes que podem tanto lutar como correr ou, infelizmente, até atirar. Mas todos nós, tomados pelo estresse, somos, no fundo, gladiadores do violento mundo moderno, deflagrado por conflitos de toda a ordem. Não se estranha a epidemia de estressados e medrosos, vítimas do pânico e do salve-se quem puder!
         Pois é, graças ao estresse, sobrevivemos a cada dia, e os mamíferos dominaram a Terra. Afinal, mamíferos são muito mais eficientes e, ao somarem o instinto típico dos répteis ao afeto de quem amamenta, se tornaram estressados campeões. Isso porque tinham que defender não só a si, mas também aos filhotes e aos familiares, já que o afeto trouxe emoções que nos ligam a quem amamos. Quebramos o “cada um cuida de si e Deus de todos” por sacrifícios coletivos, noção de família, bando, coletivo. As estratégias de defesa sofisticaram, e a empatia fez com nos importássemos com nossos semelhantes.
         Mas aí vem a velha história: certo mamífero, sentindo-se superior, capaz de falar, usar a lógica, emitir pensamentos, começou a criar perigos imaginários. Ouvia ruídos à noite, escura e tenebrosa, e já se imaginava que era um predador. Ia caçar e imaginava que outro bando poderia roubar sua tribo, levar sua fêmea e seus filhos. Desconfiava de seus pares e ficava grilado em ser “corneado” ou desafiado na sua posição de comando. E por aí vai a nossa imensurável capacidade de criar inimigos e problemas imaginários. Como nos ensina a filosofia quântica, “ pensar equivale a agir”!
         Sendo ainda mais didático, nosso cérebro-computador biológico e insuperável processa tudo aquilo que nossa mente emite, em termos de energia psíquica, em forma de pensamentos, sentimentos, desejos (pensar, sentir, agir). Como se a mente fosse um software, e o cérebro, um hardware. Daí, ao criar preocupações em forma de sofrimentos antecipados, projetamos pit bulls, ladrões, perigos e situações imaginárias de estresse, que infelizmente nosso cérebro processa como reais, liberando adrenalina, nos acelerando, gerando desconforto, coração disparado, insônia, falta de ar, aumento e queda da pressão arterial, dor de cabeça, no corpo, intestino solto e mil sintomas com exames médicos normais.
         Sim, o “mau estresse” é fruto de nossa incompetência e “pensação disparada”! Criamos um mundo insuportável mentalmente falando, no qual o perigo é imaginário e não tem solução. Cerca de 70% das doenças modernas vêm desse estresse crônico que nenhum organismo suporta. Já o “bom estresse” é aquele que nos ajuda diante dos perigos reais e que, se bem administrado e usado, gera campeões, vencedores. Por fim, nunca esqueçamos que o contrário do estresse é o relaxamento! E que pessoas felizes, que têm prazer, alegria, satisfação em viver, são mestres e sábias em usar o estresse e emoções a seu favor.”

(Eduardo Aquino. Escritor e neurocientista, em artigo publicado no jornal SUPER NOTÍCIA, edição de 27 de julho de 2014, caderno CIDADES, coluna Bem-vindo à vida – crônicas sobre o comportamento e o relacionamento humano, página 5) .

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de julho de 2014, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CARLOS RODOLFO SCHNEIDER, empresário, coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE), e que merece igualmente integral transcrição:

“Servir o público
        
         A mensagem central que vem sendo passada aos gestores  públicos pelas manifestações de junho de 2013 para cá é que o governo deve devolver mais à sociedade pelo que dela cobra. O poder público, fazendo-se de surdo, tenta cobrar ainda mais do contribuinte para tentar entregar apenas uma parte do que já deveria estar retribuindo. Essa demonstração consta no orçamento federal, que prevê para 2014 uma expansão da receita com impostos e contribuições de 8,3%, contra um crescimento previsto da economia de aproximadamente 1%. Pior do que isso é o fato de que, no primeiro trimestre do ano, a arrecadação com impostos aumentou “apenas” 7% em termos nominais, enquanto as despesas do Tesouro avançaram 10,8% acima do crescimento do PIB, segundo dados da Secretaria do Tesouro Nacional.
         Na medida em que o governo projeta o aumento de receita tributária acima da expansão do país, deliberadamente está nos aprisionando em uma armadilha de baixo crescimento. Com o incremento dos gastos correntes ainda mais alto, cria-se a necessidade de novos aumentos da carga tributária, num círculo vicioso que, além de frear o crescimento, compromete progressivamente a competitividade do país.
         Os brasileiros que foram às ruas disseram que há recursos públicos suficientes para termos uma contrapartida adequada, desde que sejam bem aplicados e se reduza a corrupção. Ou seja, mais e melhores serviços públicos não depende de mais impostos, e sim de mais gestão. Não é necessário, por exemplo, como defende parte do governo, restabelecer a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para termos bons serviços de saúde. Até porque, a carga tributária no Brasil subiu de 20% do PIB, em 1988, para mais de 36% em 2013, contra 24,6% no Chile, 22,4% na Colômbia, 19,5% no México, e 19,4% no Peru.
         O Movimento Brasil Eficiente (MBE) tem feito simulações que demonstram o caminho para a criação de um círculo virtuoso de crescimento: a expansão dos gastos públicos correntes a uma taxa inferior à da economia – tendendo à metade –, permitirá a redução gradual da carga tributária para 30% do PIB; o aumento da taxa de investimento para 25%, com o consequente incremento da produtividade; e o crescimento econômica na casa dos 5%.
         A necessidade de uma ajuste fiscal é partilhada por economistas tanto da posição como da oposição. O próximo presidente da República terá que enfrentá-lo com coragem, de preferência no início do mandato, e os principais candidatos prometem fazê-lo. Os últimos ex-presidentes tentaram, mas pararam sempre nas resistências daqueles que ganham com o caos e daqueles que temem perder arrecadação. O MBE tem uma proposta consistente tanto para a simplificação dos impostos, a partir de um ICMS nacional partilhado entre União, estados e municípios, como para não prejudicar a arrecadação dos entes federativos no momento de uma reforma tributária, sem a necessidade de criar um grande fundo de compensação, que, certamente, também sairia do bolso do contribuinte.
         A condição primeira para viabilizar a menor necessidade de arrecadação por parte do governo, contudo, é justamente a contenção do crescimento do seu gasto, a ser conquistada com mais eficiência, meritocracia no serviço público, mais planejamento e controle nas obras, menos desvios e corrupção e menos aparelhamento da máquina. Em resumo, resgatando a função primeira do poder público, que é servir o público e não dele servir-se.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate,  implacável e sem trégua, aos três dos nossos  maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos (por oportuno, o fato de termos eleições no país a cada dois anos, com campanhas eleitorais cada vez mais bilionárias; e, por que não, a cada cinco anos?; a quem interessa tanta perda?...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a exigir uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...


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