quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

A CIDADANIA, A FORÇA DA EDUCAÇÃO E A SOLIDEZ DA FAMÍLIA

“Educação, o maior capital
        Houve um tempo em que o conhecimento intelectual era privilégio de pessoas abastadas e de família de classe alta. Cultura e conhecimento estavam diretamente ligados a dinheiro. Mesmo na era contemporânea, estudar, fazer uma faculdade, especializar-se eram prerrogativas de pessoas ricas. Felizmente, isso está mudando. O conhecimento e a cultura estão cada vez mais acessíveis a todos.
         Aqueles que desejam aprender, evoluir, acrescentar saber à própria vida já conseguem isso, com mais ou menos esforço, o que é muito bom. Contudo, ainda existe o desafio de incutir nas pessoas o verdadeiro valor do conhecimento, o prazer e os privilégios gerados. A assimilação precisa se dar, desde a infância, em um processo crescente de aprendizado e conscientização sobre a importância em nossa vida por meio das famílias. Capital financeiro nem sempre está associado a capital intelectual.
         Ainda nos deparamos com situações em que o capital financeiro é colocado como mestre, fator decisivo para todas as etapas do ensino. O consumismo exagerado leva muitas pessoas a entenderem a riqueza financeira como o bem maior, a mola mestra de toda a estrutura humana, seja cultural, seja social, seja familiar. Essa compreensão errada é levada para as salas de aula: da educação infantil à faculdade. Esse conceito de superioridade baseado no capital financeiro é uma ideia infeliz, mas muito mais presente do que se pensa.
         Existem alunos que se julgam acima das regras escolares e até do poder público, porque têm boas condições financeiras. Entendem que o dinheiro da família pode “comprar” notas e garantir sua aprovação. Entretanto, se assim fosse, o que seria dos que têm menos recursos financeiros? Estariam fadados ao analfabetismo, à clausura cultural, à eterna inanição mental de conhecimento? Não é assim que se dá o aprendizado. Ele se faz pelo anseio constante de crescimento, pelo prazer de se sentir mais capacitado a cada passo dado, mais perto da realização de sonhos, de metas estabelecidas. Isso é uma questão de princípios aprendidos e desenvolvidos com a família, com exemplos e com a decisão de querer aprender.
         Há aqueles que consideram o dinheiro moeda de compra do troféu dos vencedores. Entretanto, essa não é uma disputa de poder, de riqueza material, mas uma escalada de esforço e perseverança que tem não apenas um, mas vários vencedores, diversos primeiros lugares, porque o sucesso é dos que acreditam no próprio potencial e fazem da educação a ferramenta para esculpir a vitória almejada. Em contrapartida, muitos estudantes que passam por privações financeiras e têm enorme garra para aprender. Eles não consideram as dificuldades como impedimentos, mas como obstáculos a serem vencidos na corrida rumo ao pódio. Para eles, a educação é o bem maior e é ela que vai conduzi-los a um estilo de vida melhor. Não existe cansaço ou falta de tempo que os impossibilite de cumprir as etapas do currículo escolar.
         Os pais devem ensinar aos filhos o valor da educação como capital intelectual. A família é a fonte de valores do indivíduo e deve, antes de tudo, semear o valor do conhecimento e a paixão pelos estudos. A educação (leia-se conhecimento) é um tesouro que ninguém pode nos tirar, um dos bens mais valiosos que os pais podem deixar aos filhos como herança.”

(CHRISTINA FABEL. Diretora pedagógica do Colégio ICJ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 31 de dezembro de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 5 de janeiro de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral transcrição:

“Família, aposta decisiva
        A família tradicional nos Estados Unidos está em crise. Menos da metade dos lares norte-americanos é chefiada por casais casados. No Brasil, embora em escala menor, a situação não é menos chamativa. O mapa da família brasileira mostra uma tendência comportamental na linha da informalidade matrimonial. O debate está aberto. O legislador e a sociedade devem buscar ativamente maneiras de apoiar o casamento? Ou, ao contrário, devem oferecer mais direitos e benefícios às fórmulas alternativas de uniões?
         Para a jurista Leah W. Sears, ex-presidente da Suprema Corte do estado norte-americano da Geórgia, “um direito de família que não incentiva o casamento ignora o fato de que ele é associado a um amplo leque de resultados positivos tanto para crianças como para adultos”. A seu ver, “os índices elevados de fragmentação da família estão prejudicando as crianças”. E conclui a juíza: “Claro, muitos pais solteiros fazem um excelente trabalho e precisam do nosso apoio. Mas acredito que construir uma cultura do casamento saudável é uma preocupação legítima para o direito da família”.
         Concordo com a opinião de Leah W. Sears. A balança do bom senso pende para o lado da família. E a experiência confirma a percepção. Estudos mostram que crianças criadas fora do casamento estão mais propensas a abandonar a escola, usar drogas e envolver-se em violência. O Child Trends, um instituto de pesquisa norte-americano, resumiu: “Filhos em famílias com um só dos pais, filhos nascidos de mães solteiras e filhos criados na nova família de um dos pais ou em relações de coabitação enfrentam riscos maiores de ficarem pobres”. Contra fatos não há argumentos.
         Não sou juiz de ninguém. Mas minha experiência profissional indica a presença de um elo que dá unidade às manifestações antissociais de inúmeros adolescentes: a fragilização das relações familiares. Há exceções, é claro. Desequilíbrios e patologias independem da boa vontade dos pais. A regra, no entanto, indica que a criminalidade infantojuvenil costuma ser o resultado de um silogismo que se fundamenta em premissas bem concretas. A desestruturação da família está, de fato, na raiz de inúmeros problemas.
         Falta de limites e tolerância mal-entendida produziram muitos estragos. Alguns educadores, pais e psicólogos gastaram a maior parte dos seus esforços no combate à vergonha e à culpa, pretendendo que os adolescentes se sentissem bem consigo mesmos. O saldo é uma geração desorientada e vazia. A despersonalização da culpa e a certeza da impunidade têm gerado uma onda de superpredadores. A formação do caráter, compatível com o clima de autêntica liberdade, começa, aos poucos, a ganhar os contornos de solução válida. A pena é que tenhamos perdido tanto tempo para redescobrir o óbvio.
         O resgate da juventude passa pelas políticas públicas de recuperação da família (família sadia é, em todo o mundo, a melhor receita para a paz), pelo retorno ao bom senso e pela valorização do casamento. Os conflitos e as disfunções familiares devem ser levados em conta. Mas ao Estado, como é lógico, compete fortalecer, e não enfraquecer, o núcleo familiar. Trata-se de uma responsabilidade que deve ser exigida e cobrada pela sociedade e pelos eleitores. A crise ética que castiga amplos segmentos da vida pública brasileira, fenômeno impressionante e desanimador, tem seu nascedouro na crise da família. A ausência de valores e princípios éticos no âmbito da educação familiar deixa marcas profundas.
         Os homens públicos não são fruto do acaso, mas de sua história. Crianças que crescem num ambiente de busca obsessiva de dinheiro, conforto e poder, sem limites e balizas éticas, serão os delinquentes da vida pública de amanhã. A corrupção sem precedentes que fustigou o noticiário do ano passado e promete novas emoções no ano que começa tem raízes profundas. O trabalho da imprensa, do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal é importante, sem dúvida. Mas a virada ética, consistente e verdadeira, começa na família. A todos, sem ceder ao pessimismo, excelente 2015!”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País  no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a pedagogia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot: “... Corruptos e corruptores precisam conhecer o cárcere e precisam devolver os ganhos espúrios que engordaram suas contas, à custa da esqualidez do tesouro nacional e do bem-estar do povo. A corrupção também sangra e mata...”); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!  

         

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