“Educação,
o maior capital
Houve um tempo em que o
conhecimento intelectual era privilégio de pessoas abastadas e de família de
classe alta. Cultura e conhecimento estavam diretamente ligados a dinheiro.
Mesmo na era contemporânea, estudar, fazer uma faculdade, especializar-se eram
prerrogativas de pessoas ricas. Felizmente, isso está mudando. O conhecimento e
a cultura estão cada vez mais acessíveis a todos.
Aqueles
que desejam aprender, evoluir, acrescentar saber à própria vida já conseguem
isso, com mais ou menos esforço, o que é muito bom. Contudo, ainda existe o
desafio de incutir nas pessoas o verdadeiro valor do conhecimento, o prazer e
os privilégios gerados. A assimilação precisa se dar, desde a infância, em um
processo crescente de aprendizado e conscientização sobre a importância em
nossa vida por meio das famílias. Capital financeiro nem sempre está associado
a capital intelectual.
Ainda
nos deparamos com situações em que o capital financeiro é colocado como mestre,
fator decisivo para todas as etapas do ensino. O consumismo exagerado leva
muitas pessoas a entenderem a riqueza financeira como o bem maior, a mola
mestra de toda a estrutura humana, seja cultural, seja social, seja familiar.
Essa compreensão errada é levada para as salas de aula: da educação infantil à
faculdade. Esse conceito de superioridade baseado no capital financeiro é uma
ideia infeliz, mas muito mais presente do que se pensa.
Existem
alunos que se julgam acima das regras escolares e até do poder público, porque
têm boas condições financeiras. Entendem que o dinheiro da família pode
“comprar” notas e garantir sua aprovação. Entretanto, se assim fosse, o que
seria dos que têm menos recursos financeiros? Estariam fadados ao
analfabetismo, à clausura cultural, à eterna inanição mental de conhecimento?
Não é assim que se dá o aprendizado. Ele se faz pelo anseio constante de
crescimento, pelo prazer de se sentir mais capacitado a cada passo dado, mais
perto da realização de sonhos, de metas estabelecidas. Isso é uma questão de
princípios aprendidos e desenvolvidos com a família, com exemplos e com a
decisão de querer aprender.
Há
aqueles que consideram o dinheiro moeda de compra do troféu dos vencedores.
Entretanto, essa não é uma disputa de poder, de riqueza material, mas uma
escalada de esforço e perseverança que tem não apenas um, mas vários
vencedores, diversos primeiros lugares, porque o sucesso é dos que acreditam no
próprio potencial e fazem da educação a ferramenta para esculpir a vitória
almejada. Em contrapartida, muitos estudantes que passam por privações
financeiras e têm enorme garra para aprender. Eles não consideram as
dificuldades como impedimentos, mas como obstáculos a serem vencidos na corrida
rumo ao pódio. Para eles, a educação é o bem maior e é ela que vai conduzi-los
a um estilo de vida melhor. Não existe cansaço ou falta de tempo que os
impossibilite de cumprir as etapas do currículo escolar.
Os
pais devem ensinar aos filhos o valor da educação como capital intelectual. A
família é a fonte de valores do indivíduo e deve, antes de tudo, semear o valor
do conhecimento e a paixão pelos estudos. A educação (leia-se conhecimento) é
um tesouro que ninguém pode nos tirar, um dos bens mais valiosos que os pais
podem deixar aos filhos como herança.”
(CHRISTINA
FABEL. Diretora pedagógica do Colégio ICJ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 31 de
dezembro de 2014, caderno OPINIÃO, página
7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 5
de janeiro de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, doutor em comunicação pela Universidade
de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral transcrição:
“Família,
aposta decisiva
A família tradicional
nos Estados Unidos está em crise. Menos da metade dos lares norte-americanos é
chefiada por casais casados. No Brasil, embora em escala menor, a situação não
é menos chamativa. O mapa da família brasileira mostra uma tendência
comportamental na linha da informalidade matrimonial. O debate está aberto. O
legislador e a sociedade devem buscar ativamente maneiras de apoiar o
casamento? Ou, ao contrário, devem oferecer mais direitos e benefícios às
fórmulas alternativas de uniões?
Para a
jurista Leah W. Sears, ex-presidente da Suprema Corte do estado norte-americano
da Geórgia, “um direito de família que não incentiva o casamento ignora o fato
de que ele é associado a um amplo leque de resultados positivos tanto para
crianças como para adultos”. A seu ver, “os índices elevados de fragmentação da
família estão prejudicando as crianças”. E conclui a juíza: “Claro, muitos pais
solteiros fazem um excelente trabalho e precisam do nosso apoio. Mas acredito
que construir uma cultura do casamento saudável é uma preocupação legítima para
o direito da família”.
Concordo
com a opinião de Leah W. Sears. A balança do bom senso pende para o lado da
família. E a experiência confirma a percepção. Estudos mostram que crianças
criadas fora do casamento estão mais propensas a abandonar a escola, usar
drogas e envolver-se em violência. O Child Trends, um instituto de pesquisa
norte-americano, resumiu: “Filhos em famílias com um só dos pais, filhos
nascidos de mães solteiras e filhos criados na nova família de um dos pais ou
em relações de coabitação enfrentam riscos maiores de ficarem pobres”. Contra
fatos não há argumentos.
Não
sou juiz de ninguém. Mas minha experiência profissional indica a presença de um
elo que dá unidade às manifestações antissociais de inúmeros adolescentes: a
fragilização das relações familiares. Há exceções, é claro. Desequilíbrios e
patologias independem da boa vontade dos pais. A regra, no entanto, indica que
a criminalidade infantojuvenil costuma ser o resultado de um silogismo que se
fundamenta em premissas bem concretas. A desestruturação da família está, de
fato, na raiz de inúmeros problemas.
Falta
de limites e tolerância mal-entendida produziram muitos estragos. Alguns
educadores, pais e psicólogos gastaram a maior parte dos seus esforços no
combate à vergonha e à culpa, pretendendo que os adolescentes se sentissem bem
consigo mesmos. O saldo é uma geração desorientada e vazia. A despersonalização
da culpa e a certeza da impunidade têm gerado uma onda de superpredadores. A
formação do caráter, compatível com o clima de autêntica liberdade, começa, aos
poucos, a ganhar os contornos de solução válida. A pena é que tenhamos perdido
tanto tempo para redescobrir o óbvio.
O
resgate da juventude passa pelas políticas públicas de recuperação da família
(família sadia é, em todo o mundo, a melhor receita para a paz), pelo retorno
ao bom senso e pela valorização do casamento. Os conflitos e as disfunções familiares
devem ser levados em conta. Mas ao Estado, como é lógico, compete fortalecer, e
não enfraquecer, o núcleo familiar. Trata-se de uma responsabilidade que deve
ser exigida e cobrada pela sociedade e pelos eleitores. A crise ética que
castiga amplos segmentos da vida pública brasileira, fenômeno impressionante e
desanimador, tem seu nascedouro na crise da família. A ausência de valores e
princípios éticos no âmbito da educação familiar deixa marcas profundas.
Os
homens públicos não são fruto do acaso, mas de sua história. Crianças que
crescem num ambiente de busca obsessiva de dinheiro, conforto e poder, sem
limites e balizas éticas, serão os delinquentes da vida pública de amanhã. A
corrupção sem precedentes que fustigou o noticiário do ano passado e promete
novas emoções no ano que começa tem raízes profundas. O trabalho da imprensa,
do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal é importante, sem
dúvida. Mas a virada ética, consistente e verdadeira, começa na família. A
todos, sem ceder ao pessimismo, excelente 2015!”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas;
b) o
combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos
e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a pedagogia do procurador-geral
da República, Rodrigo Janot: “... Corruptos e corruptores precisam conhecer o
cárcere e precisam devolver os ganhos espúrios que engordaram suas contas, à
custa da esqualidez do tesouro nacional e do bem-estar do povo. A corrupção
também sangra e mata...”); III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e
danos, indubitavelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir imediata,
abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e
nem arrefecem o nosso entusiasmo e
otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação
verdadeiramente participativa, justa,
ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as
obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da
era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!
O
BRASIL TEM JEITO!
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