quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A CIDADANIA, A EVOLUÇÃO ESPIRITUAL E A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL DA CHINA

“Escolhas preciosas para a evolução espiritual
        Há decisões que, tomadas no silêncio do ser, o impulsionam em seu crescimento, na sua ascese, e o sintonizam com leis espirituais. Tornam-se possíveis quando as metas da vida interior – metas voltadas para a vida da alma – são reconhecidas pela personalidade e inspiram o indivíduo a seguir o destino designado pelo seu núcleo profundo. Não necessitam ser anunciadas ao mundo; fazem parte de um processo dinâmico e confirmam-se à medida que o ser caminha. São verdadeiros votos internos, pois contribuem para clarear a meta espiritual a atingir. Toda abertura ao que há de evolutivo no universo ajuda a fortalecer essas decisões.
         Segundo a lei espiritual, a cada atitude retrógrada, o ser deixa de avançar em seu percurso cósmico. A todo instante há uma escolha a fazer entre o que é evolutivo e o que é involutivo. Enquanto a pessoa dá guarida ao seu livre-arbítrio e se mantém no âmbito das leis do mundo e humanas, terá de contar com o próprio discernimento. Mas, uma vez que transcende o livre-arbítrio, ou seja, quando a vontade do espírito passa a prevalecer sobre ideias e desejos pessoais, ela pode ter uma intuição ou receber um sinal sobre o rumo que deve tomar.
         Além disso, uma sabedoria maior ajusta os fatos de sua vida externa de forma que no seu dia a dia um nível energético mais elevado se faça possível. Tanto nas fases em que o discernimento humano tem de ser usado sozinho como prova para o indivíduo, quanto naquelas em que os níveis internos, intuitivos, sinalizam claramente os passos a serem dados, o cultivo de uma serena vigilância muito auxilia o ser.
         Tenha-se presente, contudo, que as opções variam de indivíduo para indivíduo. Dependem do que há a transcender, desenvolver ou aprofundar. Não podemos, de maneira generalizada, dizer o que é preciso fazer para colaborar nas transformações planetárias, mas podemos estar cientes de que as energias transformadoras que hoje permeiam a Terra podem penetrar o nosso ser e, se o permitirmos, elevar nossas vibrações a qualquer instante.
         Nesta época em que o mundo terrestre passa por convulsões e dificuldades, é preciso estar firmemente unido à vida do espírito, que é onisciência, onipresença e liberdade.
         Nestes tempos de tanta desarmonia e conflito nos planos materiais, faz-se premente assumir a vida própria dos Espíritos libertos. Muitos já a estão descobrindo, após reconhecerem que a vida humana comum é mero jogo de forças dispersivas, por vezes incontroláveis.
         Muitos de nós já buscam sinceramente a essência do seu ser, e, quanto mais se introduzem nessa trilha, mais se identificam com a fortaleza que há no centro de si mesmos. É assim que ampliam sua oportunidade de aperfeiçoamento e de serviço ao mundo e à humanidade.
         Mas o fruto dessa busca não amadurece artificialmente; requer sábia obediência às instruções divinas que vão sendo reveladas no silêncio do ser. É pouco a pouco que os dons sublimes afloram, dando a conhecer ao mundo os padrões de uma existência superior, abrangente e universal.
         Diz um Ensinamento superior: assim como a semente morre para deixar nascer a árvore, devemos abandonar os anseios pessoais para a vida espiritual surgir no horizonte. Uma única ação dedicada ao Criador vale mais que muitas realizadas por impulsos humanos.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 25 de janeiro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado na revista VEJA, edição 2410 – ano 48 – nº 4, de 28 de janeiro de 2015, páginas 84 e 85, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Vá prá China, Cid
        Não conheço Cid Gomes pessoalmente, e já passei da idade de pôr a mão no fogo por políticos, mas tenho boas expectativas em relação ao novo ministro da Educação. Ele é o primeiro ministro da era petista que tem algo para mostrar em termos de resultados educacionais como gestor público: foi o prefeito que iniciou a caminhada de Sobral (CE) para ser talvez o maior caso de avanço educacional do país e também liderou o Ceará em importantes progressos, especialmente na etapa de alfabetização.
         Um dos problemas de virar ministro, segundo me contaram ex-ocupantes do posto, é que o sujeito se vê cercado por toda uma máquina burocrática e intelectual, do ministério e das universidades públicas, que é extremamente resistente a mudanças. São pessoas que, apesar dos abissais resultados da educação brasileira, continuam acreditando que suas ideias estão certas e, como estão cercadas de gente com as mesmas ideias mofadas e distorcidas, são consideradas por seus pares como brilhantes. De forma que, se você sugere que tudo aquilo que estão dizendo é uma bobagem enorme, elas o olham como se você viesse de outro planeta. Só há duas maneiras de sair dessa camisa de força sem sucumbir às suas maluquices. A primeira é lendo a pesquisa empírica, que não trata de formulações teóricas mas avalia a eficácia de diferentes práticas. Esse approach é desprezado por nossos pedagogos que o acham “reducionista” (como se isso, em ciência, fosse algo negativo) e/ou “neoliberal”. (Uma pessoa ideologizada acha que todas as outras pessoas do mundo também são ideologizadas. Já ouvi muita gente me perguntando se minha intenção secreta com os artigos críticos sobre nossa educação é privatizar todo o sistema de ensino [?!].) A segunda maneira é mostrando casos em que caminhos diferentes daquele trilhado pelo Brasil tiveram sucesso. E, aqui, creio que nenhum é mais instrutivo que o chinês, especialmente da província de Xangai, o primeiro lugar do mundo no último Pisa, o teste mais importante na medição de qualidade educacional. Sugiro a Cid e a todos os novos secretários estaduais de Educação que fujam por alguns dias da companhia de seus “especialistas” e confiram o que a China está fazendo.
         A experiência dos chineses é relevante para o Brasil porque eles depararam, há quase quarenta anos, com o mesmo dilema que temos: como criar um país desenvolvido se não há gente capacitada? E como gerar gente capacitada se não há educadores capacitados para gerá-la?
         Uma pergunta análoga seria: como gerar Homo sapiens a partir de seres unicelulares? Seria estúpido se, há aproximadamente 3,5 bilhões de anos, quando as primeiras células surgiram no planeta Terra, esses seres quisessem entender como implantar um cérebro, ou olhos, ou mãos com polegares opositores em si mesmos, para chegar à complexidade do ser humano (noves fora que células não “querem” nada, nem poderiam jamais imaginar um ser humano). Aquilo de que as células precisavam era um processo que as fizesse chegar até nós. Esse processo, descoberto por Charles Darwin, é a evolução pela via da seleção natural.
         A mesma lógica se aplica à educação. Não é possível criar algo do nada. Não adianta incorporar materiais, escolas ou práticas de outros países se no nosso não há gente com qualidade suficiente para implementá-los. A China entendeu isso muito bem, e criou então um processo que tem muito a nos ensinar. Uma vez que esse processo começou a funcionar, ele não apenas cumpriu a tarefa para a qual foi criado, como seu funcionamento  continuado vem gerando melhorias que, em algumas áreas, colocam a China à frente de todos os demais países. Que processo é esse?
         Primeiro passo: quando você não tem qualidade, foque o esforço. Trabalhe mais. Um professor alemão ou francês talvez só precise se preparar por duas ou três horas por semana, porque tem uma base excelente. Um chinês trabalhará o dobro ou o triplo disso, porque sua base é deficiente. A mesma coisa para os alunos: é normal que alunos chineses comecem o dia letivo às 7 horas da manhã, fiquem na escola em dois períodos, voltem para casa e continuem estudando até ir dormir. Também é comum, depois dos 10 ou 11 anos, frequentar escolas de reforço durante os fins de semana.
         Segundo passo: certifique-se de que todos – professores, alunos, diretores, gestores públicos – têm um incentivo para gerar melhorias no sistema e que as ambições são altas. A China dispõe de um sistema hierárquico de escolas e universidades. Para entrar em uma universidade top, o aluno precisará estudar em uma escola de ensino médio de excelência. Para entrar nessa escola, o aluno precisará ter estudado em uma escola ótima do 2º ciclo da educação fundamental, e assim sucessivamente. Há as chamadas “escolas-chave”: as melhores escolas de cada cidade, depois de cada estado, depois do país. Mesmo que o aluno seja o melhor de sua turma, ele continuará tendo incentivo para melhorar: se for realmente bom, conseguirá entrar em uma escola-chave. Se for o melhor aluno da escola-chave de sua cidade, irá para a escola-chave do estado etc. A mesma coisa para os professores: não há progressão natural de carreira. Para receberem melhores salários, os professores precisam ter alunos que aprendem mais e também se comprometer a participar de mais programas de treinamento depois de obter o aumento. Há concursos para professores, e o vencedor do concurso do seu bairro vai para o concurso da sua cidade, então para o do seu estado, e finalmente para os concursos nacionais. O mesmo processo ocorre para diretores e burocratas: os melhores de sua escola assumem responsabilidades em sua cidade, então em seu estado, e apenas os melhores vão para Pequim, trabalhar no ministério. O céu é o limite: sempre há alguma razão para você ser melhor.
         Terceiro passo: só invente quando necessário. De resto, copie e adapte. Os chineses mandaram – e continuam mandando – suas melhores cabeças para todo país em que algo de bom está sendo feito. Copiam sem pruridos nem remorsos. Eles entenderam que talvez a única vantagem de começar atrasado é não precisar repetir os erros que muitos países desenvolvidos cometeram até encontrar o caminho certo. Se esse caminho é aplicável à realidade chinesa, ele é copiado. Se precisa de correções, é adaptado.
         Quarto passo: explique à população o porquê de tudo isso. Ninguém faz tantos sacrifícios se não tiver um objetivo claro e desejável. Na China, grande parte do país está embarcada no sonho de ele voltar a ser uma grande potência mundial. A educação de qualidade não é um fim em si mesmo: é parte (importante) do caminho para chegar ao objetivo maior.
         Quinto passo: compartilhe as boas práticas. Em quase todo sistema educacional de grande escala – e isso se aplica ao Brasil –, é provável que haja um professor dando a aula perfeita. Nos países incompetentes, só ele e seus alunos saberão disso. A China criou uma série de mecanismos – de grupos de estudo conjuntos para professores e premiações – para garantir que isso não aconteça. As melhores práticas são compartilhadas e implementadas ao longo do país.
         Jogue tudo isso no liquidificador e você terá um sistema educacional incrível (e também duro e desafiador para todos os envolvidos), em que uma junção enorme de pequenos avanços cria um portentoso sistema de excelência. Para quem se interessa pelos detalhes, sugiro um relato mais minucioso que incluí no livro O que o Brasil Quer Ser Quando Crescer?.
         E aqueles que estão pensando em todas as desculpas que podem usar para ignorar o modelo chinês – “É fácil de fazer uma ditadura!”, “Lá as famílias valorizam a educação e o professor”, “É coisa da cultura oriental” –, fiquem tranquilos: não será difícil encontrar uma escola ou repartição pública disposta a lhes dar guarida. Enquanto continuarmos com nossa alta tolerância ao fracasso educacional e nosso complexo de vira-lata, é de gente assim que o país precisará para não sair dos trilhos (que levam ao penhasco).”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (a propósito, a taxa de juros do cheque especial encerrou 2014 no escorchante patamar de 200,6%, segundo o Banco Central...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e mais uma vez, a agudíssima crise da dupla falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!
        

    

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