quinta-feira, 11 de junho de 2015

A CIDADANIA, A FONTE DA SABEDORIA E A CRISE SEM O ESSE

“Silêncio e recolhimento: chave preciosa e transformadora
        Muitos já passaram pela experiência de chegar a lugares em que a natureza exprime grande harmonia e perceberem-se convidados ao silêncio. A natureza é espontaneamente silenciosa: as plantas crescem em silêncio, o Sol brilha em silêncio, o dia e a noite sucedem-se em silêncio. E mesmo quando os seres e os elementos da natureza emitem sons, conseguem fazê-lo sem romper essa condição de harmonia.
         Nos momentos de reencontro com silêncio temos lampejos da nossa integração na Totalidade. São momentos valiosos, mesmo quando logo depois os condicionamentos e hábitos afirmam o contrário.
         A estrutura da civilização moderna afastou-nos do silêncio e, assim, continuamente perdemos a oportunidade de penetrar a via de união com o que há de mais verdadeiro em nosso interior. A agitação e o bulício cotidianos nas cidades enfatizam outros aspectos da existência, e não aqueles voltados para uma vida mais ampla. Somos sempre chamados a colocar a atenção em superficialidades, a valorizar em excesso as aparências; desse modo, pouco a pouco nos deixamos envolver por elas e nos distanciamos de uma percepção mais profunda da vida.
         O silêncio é básico para o equilíbrio integral do ser e para a sua evolução. Nem sentido bem amplo, seu cultivo não implica necessariamente privação do uso da palavra, embora essa prática possa estar incluída de forma moderada. A esse propósito, um filósofo disse que a abstenção de palavras é como a casca de um fruto; a casca não é o fruto, mas o protege enquanto ele cresce. Assim, para chegarmos ao silêncio são requeridas ocasiões de recolhimento, de aquietação dos sentidos, de ausência de envolvimentos externos – ocasiões de união com o mundo interior.
         O silêncio vai agindo dentro de nós com sua energia poderosa e pacificadora. Vai retirando véus, vai revelando-nos o modo de não ficarmos à mercê das influências externas, de reconhecermos a unidade da vida. Aproxima-nos da nossa real expressão.
         Ao se conhecer o silêncio, conhece-se o amor. O silêncio vem ao encontro do ser quando este se volta para o interior de si mesmo. Essa aproximação é gradual. Do silêncio emerge a compreensão e, com ela, a diligência para o serviço.
         Do silêncio provém a fortaleza para empreender novos caminhos. Fonte de sabedoria, nele está a paz e o poder da transcendência. O silêncio cura, transforma e eleva. Manifesta-se na ação e no recolhimento.
         Sobre o recolhimento, sabemos ser um estado em que a mente e o sentimento são direcionados para o centro do ser, sem expectativas nem ansiedades. Silêncio e recolhimento estão intimamente ligados e são mais uma atitude interna que externa. Pode-se estar recolhido e em silêncio em meio à atividade, às pessoas, aos afazeres cotidianos. Tudo depende da sintonia em que a pessoa se coloca. No recolhimento, o silêncio se consagra, a verdade pode desvelar-se, transformações podem efetivar-se. O recolhimento é dinâmico. O recolhimento expande a consciência, pois a introduz em esferas mais abrangentes.
         No recolhimento se reconhece o amor puro. Por esse amor se é transformado.
         O silêncio para qualquer ser do planeta também é transformador.
         Mas para os buscadores do Espírito, o silêncio é a própria luz do caminho.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 7 de junho de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de junho de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de EMIRO BARBINI, Diretor do Colégio M2 e presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep – MG), e que merece igualmente integral transcrição:

“Como vencer a crise
        A economia mundial enfrenta um período caótico. Com a instabilidade econômica, a sensação de insegurança em diversos setores tem gerado investidores indecisos. Qual o melhor momento? Qual a área mais promissora? Esses são alguns dos questionamentos de quem pretende se arriscar em algum mercado específico. Com a crise, percebe-se, assim, que empresas e pessoas se tornam temerosas em relação aos investimentos, preferindo tomar ações de reduções de gastos e custos. Mas, os que têm uma visão panorâmica da situação e sabem como driblar o momento difícil enxergam nessa realidade uma oportunidade de crescer.
         Como já disse o ex-presidente dos Estados Unidos John Kennedy, “quando escrito em chinês a palavra crise compõem-se de dois caracteres: um representa perigo e o outro representa oportunidade”. Naquela época, essa frase se referia a uma análise sobre um dado momento de crise e ficou imortalizada pelo líder. Inspirado nessa colocação, acredito que existem determinados momentos em que muitos pensam haver apenas obstáculos, enquanto uma minoria consegue abstrair os aspectos positivos.
         Nesse contexto, responsabilizar terceiros ou o governo pela situação é simplesmente cômodo e não vai contribuir para a solução dos problemas que temos que enfrentar diariamente. O sucesso do negócio está em como cada indivíduo e cada organização encara a realidade vivenciada pelo país. Podemos, sim, vencer a crise, aliás, podemos vencer qualquer ocasião problemática, utilizando a criatividade e apostando no aprimoramento da qualidade dos produtos e serviços oferecidos.
         Como empresário, por exemplo, investi fortemente na ampliação e reestruturação do colégio que administro e o resultado foi expressivo: a instituição registrou aumento de 40% nos números de matrículas neste ano. O nosso segredo é garantir a excelência do produto que disponibilizamos no mercado. Essa ação nos coloca em destaque, reforçando a escola como referência na área. Assim, o esforço de melhoria depende principalmente da instituição, da ação de cada indivíduo que optou fazer o seu melhor. Não adianta esperar pelo outro, seja ele governo, empresas, instituições e órgãos públicos ou privados.
         Outra questão-chave para enfrentar a instabilidade econômica é a educação financeira e, por isso, especialistas alertam que ter cautela e organização das finanças é primordial. No meio familiar, expressar a importância sobre administração dos recursos disponíveis e envolver as crianças em questões relacionadas à gestão financeira, significa ensinar práticas que serão aplicadas no dia a dia e servirão para a vida toda. Para as empresas, fazer um mapeamento sobre os gastos e possíveis investimentos é uma forma viável e segura de não comprometer toda a renda da instituição. Por mais que seja uma ação já conhecida, o planejamento financeiro nesse momento de instabilidade evitará futuras surpresas desagradáveis e pode direcionar o empresário no momento de tomar decisões.
         Uma gestão de qualidade também é capaz de controlar possíveis adversidades. Por meio de um planejamento estratégico, que deve ser seguido à risca, a empresa entenderá melhor o mercado, identificando alternativas plausíveis para solucionar os problemas rotineiros. Atenha-se, sobretudo, a um plano realista e concreto, estipulando indicadores coerentes com o cenário atual. Para administrar bem um negócio, ainda é essencial fornecer informações relevantes para a equipe responsável pela gestão da companhia, procedimento que pode ser realizado por meio de mecanismos próprios que analisem os dados disponíveis nos documentos da firma.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito subiu 1,7 ponto percentual em abril e atingiu 347,5%  ano ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e segundo o estudo “Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte, se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria... (Ver também www.auditoriacidada.org.br).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...     
     

      

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