terça-feira, 23 de junho de 2015

A CIDADANIA, A ENERGIA DA VIDA ESPIRITUAL E A EDUCAÇÃO UNIVERSAL E DE QUALIDADE

“O despertar para uma vida em união com o espírito
        O compromisso, único e exclusivo, que se assume quando se adere à vida do Espírito é manifestar a vontade de Deus, e isso se faz com verdade, autenticidade e clareza.
         No desenvolvimento da consciência, os conflitos internos que se manifestam por meio de formas são como cuidadosas mãos que sustentam uma criança que aprende a caminhar. Porém, como já vimos, esses contatos não devem constituir uma meta. A aproximação da consciência à realidade não deve ter objetivo material algum, mas somente a entrega a essa realidade Maior, Suprema.
         Quando o indivíduo tem a capacidade de perceber a vida em planos sutis, superiores, esse dom é utilizado por Deus e torna-se instrumento de serviço sempre que a necessidade assim o indica. Porém, em geral, uma progressiva elevação vai acontecendo no processo evolutivo do indivíduo, conduzindo-o a uma maior unificação com a energia e levando-a mais a vivenciá-la como essência do que a perceber as formas, ainda que sutis, das quais ela se reveste.
         Cristo não veio à Terra transmitir visões ou mensagens, mas veio a ser a energia que trazia no interior. Sua própria vida foi a grande mensagem que deixou ao mundo, ainda que poucos a tenham observado em profundidade. Analogamente, à medida que uma consciência passa do estágio de receptor para o de autor, ela deixa de ser portadora de uma energia aparentemente externa para expressar a vibração do seu próprio ser, a parcela que lhe cabe dentro do Todo.
         Esse despertar para ser corresponde à sua união com o espírito, e é por esse motivo que está sendo claramente dito que estamos em uma etapa em que o espírito já pode transmitir ao nosso interior a qualidade que nos cabe expressar. Se a gratidão por tudo o que recebemos está presente, etapas completamente novas se instalam com maior liberdade, e mais raros serão os casos de experiências vividas e já superadas.
         É bom ressalvar, no entanto, que um indivíduo apto a obter indicações formais dos planos sutis, espirituais, é em potencial um instrumento de serviço, e será utilizado todas as vezes que no desenvolvimento do Plano Divino surgir a necessidade. Sua abertura para isso de modo algum se incompatibiliza com a evolução do seu ser; ao contrário, quanto mais lhe é dada a oportunidade de servir, mais ele se realiza em seu destino, pois qualquer que seja a maneira de expressar esse serviço, nela estará incorporada a plenitude da existência se tem como origem um impulso da Fonte da Vida.
         Muitas vezes situações planetárias, grupais ou individuais lhe são reveladas por meio de imagens ou mensagens, situações que necessitam da irradiação de energias de transformação e de cura. No silêncio da entrega, o servidor deve estar disponível para essa tarefa.
         Para cada um está definida uma cor e um som, e também por isso não há mais tempo para processos pessoais, para a busca de autoaperfeiçoamento ou mesmo para a conquista de qualidades superiores; estes são tempos de ser, tempos de uma total despreocupação pelo que humanamente somos, de deixarmo-nos expressar o que mais sublime já vive em nosso interior. A estreita passagem do reino humano para o reino espiritual torna-se larga quando vista pelos olhos daqueles que se entregaram e que se esqueceram de si mesmos.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 21 de junho de 2015, caderno O.PINIÃO, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 19 de junho de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educação em pauta
        A sociedade brasileira está convocada a conhecer as mudanças em curso no campo da educação. Um tema de interesse social incontestável. A educação é decisiva na vida de cada cidadão e no conjunto da cultura. Por isso mesmo, os processos educativos precisam ser bem acompanhados para evitar desvios e descompassos. Equívocos na condução desse campo podem condenar gerações a pagar alto preço. Neste momento, a educação está em pauta e todos, particularmente as famílias, pensando no futuro das crianças e jovens, devem se informar e acompanhar tudo o que se propõe para essa área estratégica. Nesse caminho, é importante conhecer o documento final da 2ª Conferência Nacional de Educação (Conae 2014), realizada entre 19 e 23 de novembro passado.
         Um aspecto positivo é a parceria entre Congresso Nacional, sistemas de ensino, órgãos educacionais e a sociedade civil, em busca de uma articulação da educação nacional como uma política de Estado. Os desdobramentos desse processo devem levar os vereadores de todos os municípios e dos deputados estaduais a se empenharem na busca da efetivação do que é indicado no Plano Nacional de Educação. Mas, para que ocorram avanços, todos os cidadãos precisam conhecer as propostas, refletir e expor suas convicções para os representantes do povo. É importante observar, especialmente, os interesses da família, instituição de imensurável relevância na sociedade.
         Não se pode iludir diante da nefasta consideração de que a instituição familiar é algo antiquado. Também é inadequado o questionamento a respeito do modelo de família cristã, referência não apenas para os que professam a fé, pois é sustentáculo incontestável e imprescindível de toda a sociedade. Nesse sentido, é preciso redobrar a atenção e participar da luta para que o Plano Nacional de Educação não exclua família do processo educativo. Educar não é tarefa exclusiva do Estado. Reivindica-se que o Estado consiga cumprir a sua tarefa de promover um ensino qualificado, missão que, lamentavelmente, ainda não é bem exercida. Porém, para o Estado avançar no exercício desse dever, precisa decisivamente da contribuição das famílias, importantes comunidades educativas.
         É no contexto familiar que o homem e a mulher são educados para viver a plenitude de sua dignidade pessoal, em todas as dimensões. Há valores que só podem ser aprendidos na família. Por isso, a inclusão da prejudicial ideologia de gênero no Plano Nacional de Educação é motivo de preocupação. Trata-se de uma ideologia com fragilidades antropológico-culturais que, ao ser inserida no Plano Nacional determinará o ensino de que ninguém nasce homem ou mulher, mas que deve construir sua identidade, isto é, o seu gênero, ao longo da vida. Gênero seria uma construção pessoal. As crianças não deveriam aprender que são meninos e meninas. Essa absurda compreensão estaria no material didático e o papel educativo da família seria anulado e usurpado. O poder educativo ficaria concentrado nas mãos do ente federado, a partir da orientação de uma ideologia nefasta. Por isso, afirmou bem o papa Francisco que a “ideologia de gênero é contrária ao plano de Deus”.
         Atenção, reflexão e acompanhamento são necessários porque muitos princípios e objetivos regem o Plano Nacional de Educação. As metas incluem a promoção da alfabetização, a universalização do atendimento escolar, melhoria da qualidade da educação, formação para o trabalho e para a cidadania, a promoção do princípio da gestão democrática da educação e, também, a promoção humana, científica, cultural e tecnológica do país. Esse documento estabelece, ainda, meta de aplicação de recursos públicos em educação, a partir do Produto Interno Bruto, para assegurar atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade. Além disso, o plano contempla a valorização dos profissionais de educação, a promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental.
         Porém, a inclusão da chamada ideologia de gênero no Plano Nacional de Educação é ponto crucial que exige atenção e posicionamento dos cristãos e de todos os que não admitem a desconsideração de valores antropológicos inegociáveis. É urgente conhecer minimamente o assunto em questão. De modo rápido, todo cidadão deve buscar o diálogo com vereadores e deputados estaduais para a ideologia de gênero seja radicalmente rechaçada. A sociedade não pode correr o risco de sofrer prejuízos irreversíveis. A educação está em pauta e é preciso, urgentemente, agir em defesa da família.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito subiu 1,7 ponto percentual em abril e atingiu 347,5%  ano ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e segundo o estudo “Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte, se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir IMEDIATA, abrangente, qualificada e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...     
     
        


     

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