segunda-feira, 15 de junho de 2015

A CIDADANIA, A FORÇA DA RESPIRAÇÃO E A LUZ SOBRE PRINCÍPIOS E IDEOLOGIAS

“A respiração correta nos ajuda a pensar ordenadamente
        É importante que o ser humano desenvolva a capacidade de observar e de aperfeiçoar as funções vitais do seu corpo no dia a dia. À medida que percebe essas funções e lhes dá atenção – ao sono, à alimentação, ao despertar, ao adormecer, ao ato de respirar, entre outras –, cria menos atritos e ganha mais energia. Adquire mais equilíbrio e harmonia. Suas funções vitais se desdobram, tornam-se mais sutis: deixam de obedecer apenas aos instintos de sobrevivência e começam a apresentar novos aspectos, subjetivos.
         Vejamos a respiração: o movimento respiratório tem duas fases: a da inalação e a da exalação. Entre elas há uma pausa, por menor que seja. Entre a inalação e a exalação, a mente fica disponível para receber os impulsos da alma. Já entre a exalação e a inalação, transfere esses impulsos recebidos ao cérebro, e eles se exteriorizam como pensamento. A respiração está, portanto, diretamente ligada ao ato de pensar. Influi na qualidade, na intensidade e na abrangência do pensamento.
         O aprimoramento do ato de respirar influencia a vida de pensamentos de modo positivo. Além disso, a respiração correta alimenta o magnetismo superior.
         O ato de respirar não se resume, portanto, em inalar oxigênio e exalar gás carbônico. Devemos valorizá-lo, atentos às energias universais que nos circundam e que se encontram em nosso interior. Aos poucos, então, teremos mais consciência do seu real significado.
         Se inalamos e exalamos profundamente, os tecidos ganham mais vitalidade. Adquirimos também flexibilidade, pois a respiração está relacionada com a prontidão em reconhecer o que é correto e necessário a cada momento. Pelo aprimoramento da respiração, preparamo-nos para seguir com agilidade os impulsos que vêm do mundo interior. A respiração correta ajuda-nos a pensar ordenadamente, a nos valer do lado mais sutil e subjetivo da mente.
         Os efeitos da boa respiração repercutem nas demais funções vitais do organismo. E, sobretudo, ajudam-nos a corrigir nossa atitude diante da vida em geral.
         Se respiramos corretamente, estamos injetando energia em todas as funções do organismo, com incalculáveis benefícios para os sistemas do nosso corpo. Nosso campo de ação se expande e passamos a ter maior percepção das coisas da vida.
         Há várias modalidades de exercícios para se chegar a uma boa respiração, mas cada um de nós precisa encontrar a sua própria maneira de aperfeiçoá-la. Podemos, por exemplo, dispor-nos a estar atentos à respiração no dia a dia. Podemos, além disso, reservar alguns minutos do dia para observá-la.
         A diminuição da frequência respiratória significa que o mundo interior está permeando mais o mundo mental e o cérebro físico. Na respiração mais pausada, o intervalo entre inalação e exalação se alonga, e esse é o momento da descida da energia da alma para a mente. Como decorrência, a realidade subjetiva pode permear o cérebro com maior intensidade e, assim, começamos a ter pensamentos condizentes com o que de verdade somos.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 3 de agosto de 2014, caderno OPINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de junho de 2015, caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Princípios e ideologias
        A sociedade brasileira, obviamente no contexto mundial, mais amplo, está também desafiada a avaliar no conjunto de suas crises a configuração das colisões entre princípios éticos e ideologias. Esses embates precisam ser administrados com o mínimo de racionalidade, para não se correr o risco de polarizações que vão acelerar processos de intolerância. Deve, sempre, sobressair o exercício do entendimento, cujo ponto de partida é a preservação de princípios inegociáveis, o que inclui o respeito incondicional ao outro.
         Ao assumir posturas ideológicas, não se pode passar por cima, desrespeitosamente, de valores e princípios de outras pessoas, de diferentes segmentos da sociedade nas suas configurações religiosas, sociais e políticas. O desrespeito, certamente, é uma das fontes da crise humanística  e comunitária. Suas consequências podem ser irreversíveis: ódio, disputa e permissividade que comprometerão o mínimo de civilidade e de convívio fraterno. Aliás, a sociedade brasileira, com seus diferentes grupos, já está sofrendo com situações que expõem radicalismos e fundamentalismos. Evidentemente, esses episódios tornam a paz mais distante. Há uma facilidade irracional para agredir, acusar e espalhar mentiras. Ações que ferem o tecido da cultura brasileira e ganham amplitude nas redes sociais e nos tradicionais meios de comunicação.
         Eventos públicos, como os recentemente realizados nas grandes capitais do país, não podem agredir símbolos religiosos e misturar o direito de defesa de perspectivas com atitudes hostis. A ordem pública tem que se posicionar para que as banalizações não tomem conta da sociedade, um processo perigoso que corrói o núcleo da consciência coletiva. O que movimentos e grupos promoveram, por exemplo, nas ruas de São Paulo é ofensa aos cristãos, pois se trata de banalizar os símbolos religiosos, um ato irracional. A defesa da pluralidade não justifica e não confere direito a qualquer grupo ou pessoa de assumir posturas marcadas por intolerâncias.
         Os cristãos têm o direito e o dever de mostrar que a defesa de uma sociedade plural passa por um caminho diferente do que é trilhado por quem busca agredir a fé. Não se conquista a paz e o respeito ferindo princípios de uma confissão religiosa, ainda mais de maneira debochada. Diante do ocorrido em São Paulo, todo cristão é chamado a expressar ainda mais os princípios de sua fé. Deixar ficar por isso mesmo, sem esse educativo protesto, é ser conivente com um processo que, à primeira vista, parece ser aceitável como expressão democrática. Contudo, trata-se de uma precipitação tácita e perigosa da sociedade num caos produzido pela relativização abominável de princípios e valores.
         É hora, portanto, de um alerta geral. Os deboches e desrespeitos promovidos por parte de um grupo – que merece ser respeitado, cada um de seus integrantes reconhecidos em sua dignidade humana – são a “ponta de um iceberg”. Revelam posturas que não podem passar despercebidas. A sociedade, com seus diversos segmentos, tem o desafio de acompanhar o processo em curso para se posicionar sobre importantes temas. Em especial, a respeito da inclusão da chamada ideologia de gênero nas diretrizes da educação nacional, um tema que ainda não é de domínio público. No horizonte dessa mudança, entre outros pontos, a escola – e não a família – teria a tarefa de ajudar o menino ou a menina a discernir a sua identidade sexual. Isso significa passar por cima de dimensões antropológicas e éticas que são valores inegociáveis no âmbito da moral e da confissão religiosa cristã.
         Esse tema traz impactos na vida de muitas pessoas. É um alerta para a indispensável participação de diferentes segmentos da sociedade, para que não se pague o alto preço por negociar princípios em razão de ideologias. Urge, portanto, conhecer os muitos processos que estão em rota de colisão com o bem da sociedade para detê-los. Quem ainda desconhece essas questões deve buscar orientação e informações. Ainda há tempo para firmar um posicionamento.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito subiu 1,7 ponto percentual em abril e atingiu 347,5%  ano ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e segundo o estudo “Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte, se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...     
     
         

         

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