“Em
7 de setembro
Celebramos o Dia da
Pátria em 7 de setembro, dia em que, em 1822, dom Pedro I declarou nossa
independência do império português. Os símbolos da pátria são a bandeira, o hino,
as armas e o selo nacionais. A bandeira e o hino são mais próximos do
pertencimento e do amor absoluto à pátria. O peito explode ao fim do hino: “Dos
filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada, Brasil!”. Lamentavelmente, o
gigante pela própria natureza, belo, forte, impávido colosso parece nunca
chegar ao futuro que espelhará sua grandeza.
A
terra é a grande mãe e nutriz. É a casa do homem, e todos os homens têm a sua
terra, a sua pátria, o país em que se nasce, a terra dos pais, a terra natal ou
adotiva, o espaço político, ético, cultural. É o espaço de amor e de
convivência onde a natureza humana pode se realizar em sua plenitude, a terra
que consolida a nação, pessoas com sua língua comum, seus valores e costumes,
sensibilidade e formas próximas de pensar e de agir que criam a sua identidade,
fortalecem seus laços e consolidam o seu pertencimento. A pátria brasileira que
ser mãe e nutriz, e seu ventre, a obrigação de forjar senhores da vida e da
esperança, com responsabilidades absolutas com todos os seus filhos. Ao se
dizer “educadora”, a pátria assume garantir sólida base ética para uma educação
como instrumento do desenvolvimento nacional. Inadmissível “Pátria Educadora”
ser apenas um discurso circunstancial, utopia sempre jogada para o futuro.
Somente será possível a sua construção se a educação for obsessão nacional, das
famílias e das políticas públicas, e se a sociedade tiver compromissos com a
verdade e com a ética. Sem trabalho e renda, como famílias educam seus filhos?
Professores não suprem carências de educação familiar, e a escola não é
inclusiva nem educadora; tranca o século 21 do lado de fora. Salas de aula não
podem ter limites paredes e tetos; o conhecimento está em toda parte, e a
inovação, acelerando a velocidade das mudanças. Não há pátria educadora sem
famílias e escolas que eduquem para o saber de transformação, para a vida em
dignidade e para o trabalho qualificado.
A
pátria não é educadora. Então, na segunda próxima, 7 de setembro, o Dia da
Pátria nos impõe uma profunda reflexão sobre o Brasil que realmente queremos
construir, uma avaliação sobre os erros que temos cometido e que nos trouxeram
a tempos de extraordinárias dificuldades.
Que o
próximo 7 de setembro seja também o Dia do Bem, da Verdade, do Amor, da
Dignidade Nacional e da Educação como Obsessão. O dia em que passaremos a
exigir uma sociedade verdadeiramente humana, com sólida fundamentação ética, em
que todos tenham compromissos absolutos com a verdade, com a sabedoria e a
justiça para que os filhos muito amados da pátria brasileira sejam realmente
educados para a cidadania e para o trabalho produtivo, a pátria verdadeiramente
educadora. Panta rei.”.
(RUY CHAVES. Diretor
da Estácio, em artigo publicado no jornal ESTADO
DE MINAS, edição de 4 de setembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7)
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Empresários
convidados
Os empresários são
destinatários de importante convite neste mês de setembro: se unir para
combater a corrupção, mal que mancha a história do Brasil. Recentemente,
ganharam evidência esquemas bárbaros em que políticos contracenam com
empresários. Como acontece em todo âmbito institucional, os que caminham com
seriedade, muitas vezes, são injustamente atingidos pelos equívocos dos outros.
Por isso, o empresariado está desafiado a dar uma resposta nova, em um
inventivo posicionamento, para contribuir na reconstrução da sociedade
brasileira. O caminho mais indicado e assertivo é o exercício adequado da
responsabilidade social. Um compromisso que dá saúde e força a toda empresa e
faz, de cada uma delas, alavanca para possibilitar a retomada do crescimento
econômico.
A
Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), em níveis regional e
nacional, e a União Internacional de Dirigentes Cristãos de Empresas (Uniapac)
carregam a bandeira da responsabilidade social e, a partir desse compromisso,
realizam o Congresso Internacional de Dirigentes Cristãos em Belo Horizonte,
neste mês. O congresso é valiosa oportunidade para se encontrarem respostas
capazes de mudar os cenários de corrupção que, lamentavelmente, como ocorre no
campo político-partidário, também mancham o mundo empresarial. Esses cenários
estão na contramão do compromisso com o relevante alcance da responsabilidade
social.
A mera
repetição de esquemas e os conchavos políticos não são soluções para as muitas
crises que devem ser enfrentadas. Ao contrário, devem ser definitivamente
extirpados da cultura brasileira. A empresa que quiser fortalecer sua
credibilidade precisa da opção inteligente de investir na responsabilidade
social, reger-se por princípios éticos, claramente indicados na doutrina social
cristã. O empresariado deve se engajar e apoiar projetos que são reconhecidos,
por toda a sociedade, como prática limpa, serviço à cidadania. Iniciativas que
contemplem todos os segmentos. Respeitando a existência de interesses próprios
da identidade empresarial, como rentabilidade e produtividade, é hora de
recuperar a capacidade das empresas de trabalhar pelo bem comum.
Os
critérios para a agir adequadamente nessa direção e a clarividência para
enxergar essa necessidade advêm de propostas que não são político-partidárias
ou estreitadas no horizonte do interesse da lucratividade, mas da capacidade de
conciliar a produtividade e a competitividade com o efetivo respeito ao bem
comum. A empresa que não percorrer esse caminho navegará na contramão de uma
nova cultura. Continuará a cavar sua sobrevivência e participação social em
trilhas que levarão, cedo ou tarde, aos mesmos problemas que mancham os
cenários da sociedade brasileira. Por isso, ser e atuar na condição de
dirigente cristão de empresa faz diferença. O congresso internacional que
ocorrerá em Belo Horizonte será um exercício de grande relevância. Os
participantes ajudarão a cultivar o entendimento de que o lucro, como indicador
de um bom andamento da empresa, nem sempre comprova que a corporação serve
adequadamente à sociedade.
O
Congresso Internacional de Dirigentes Cristãos de Empresas e a audácia de se
investir em projetos de grande importância social, cultural e educativa ajudam
a superar as dinâmicas que geram atraso. O caminho não é, pois, apenas a
repetição de práticas saturadas pelas alianças espúrias entre os setores dos
âmbitos empresarial e público. Confrontar-se com valores – particularmente com
os valores cristãos – o é uma possibilidade de indispensável revisão da própria
vida, dos funcionamentos e propósitos das empresas.
Torna-se
oportuno trabalhar para que a vocação do empresário seja reconhecida e assumida
como nobre tarefa, conforme sublinha o papa Francisco. Isso exige que cada
empresário se deixa interpelar por um sentido de vida mais amplo. Assim, poderá
oferecer uma real contribuição ao bem comum, esforçar-se para multiplicar os
bens com o propósito de torná-los mais acessíveis a todos. Ouvir os clamores
dos pobres, agir com transparência, buscar a lucratividade sem mesquinhez e
ganância e apoiar projetos com força educativa são metas indispensáveis,
segundo o que será indicado no Congresso Internacional de Dirigentes Cristãos. Os
empresários são convidados a assumir esses compromissos.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a
estratosférica marca de 395,3% ao ano... e mais, em julho, o IPCA acumulado nos
últimos doze meses chegou a 9,56%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos
e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do
procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A
Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o
problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu
caráter transnacional; eis, portanto,
que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas
simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de
suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do
nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas
modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente
irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na
Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das
empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do
Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 868 bilhões), a exigir alguns
fundamentos da sabedoria grega:
-
pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e
ainda a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
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