segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A CIDADANIA, A CELEBRAÇÃO DA PÁTRIA E A BUSCA DE NOVOS HORIZONTES

“Em 7 de setembro
        Celebramos o Dia da Pátria em 7 de setembro, dia em que, em 1822, dom Pedro I declarou nossa independência do império português. Os símbolos da pátria são a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. A bandeira e o hino são mais próximos do pertencimento e do amor absoluto à pátria. O peito explode ao fim do hino: “Dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada, Brasil!”. Lamentavelmente, o gigante pela própria natureza, belo, forte, impávido colosso parece nunca chegar ao futuro que espelhará sua grandeza.
         A terra é a grande mãe e nutriz. É a casa do homem, e todos os homens têm a sua terra, a sua pátria, o país em que se nasce, a terra dos pais, a terra natal ou adotiva, o espaço político, ético, cultural. É o espaço de amor e de convivência onde a natureza humana pode se realizar em sua plenitude, a terra que consolida a nação, pessoas com sua língua comum, seus valores e costumes, sensibilidade e formas próximas de pensar e de agir que criam a sua identidade, fortalecem seus laços e consolidam o seu pertencimento. A pátria brasileira que ser mãe e nutriz, e seu ventre, a obrigação de forjar senhores da vida e da esperança, com responsabilidades absolutas com todos os seus filhos. Ao se dizer “educadora”, a pátria assume garantir sólida base ética para uma educação como instrumento do desenvolvimento nacional. Inadmissível “Pátria Educadora” ser apenas um discurso circunstancial, utopia sempre jogada para o futuro. Somente será possível a sua construção se a educação for obsessão nacional, das famílias e das políticas públicas, e se a sociedade tiver compromissos com a verdade e com a ética. Sem trabalho e renda, como famílias educam seus filhos? Professores não suprem carências de educação familiar, e a escola não é inclusiva nem educadora; tranca o século 21 do lado de fora. Salas de aula não podem ter limites paredes e tetos; o conhecimento está em toda parte, e a inovação, acelerando a velocidade das mudanças. Não há pátria educadora sem famílias e escolas que eduquem para o saber de transformação, para a vida em dignidade e para o trabalho qualificado.
         A pátria não é educadora. Então, na segunda próxima, 7 de setembro, o Dia da Pátria nos impõe uma profunda reflexão sobre o Brasil que realmente queremos construir, uma avaliação sobre os erros que temos cometido e que nos trouxeram a tempos de extraordinárias dificuldades.
         Que o próximo 7 de setembro seja também o Dia do Bem, da Verdade, do Amor, da Dignidade Nacional e da Educação como Obsessão. O dia em que passaremos a exigir uma sociedade verdadeiramente humana, com sólida fundamentação ética, em que todos tenham compromissos absolutos com a verdade, com a sabedoria e a justiça para que os filhos muito amados da pátria brasileira sejam realmente educados para a cidadania e para o trabalho produtivo, a pátria verdadeiramente educadora. Panta rei.”.

(RUY CHAVES. Diretor da Estácio, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de setembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7)

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Empresários convidados
        Os empresários são destinatários de importante convite neste mês de setembro: se unir para combater a corrupção, mal que mancha a história do Brasil. Recentemente, ganharam evidência esquemas bárbaros em que políticos contracenam com empresários. Como acontece em todo âmbito institucional, os que caminham com seriedade, muitas vezes, são injustamente atingidos pelos equívocos dos outros. Por isso, o empresariado está desafiado a dar uma resposta nova, em um inventivo posicionamento, para contribuir na reconstrução da sociedade brasileira. O caminho mais indicado e assertivo é o exercício adequado da responsabilidade social. Um compromisso que dá saúde e força a toda empresa e faz, de cada uma delas, alavanca para possibilitar a retomada do crescimento econômico.
         A Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), em níveis regional e nacional, e a União Internacional de Dirigentes Cristãos de Empresas (Uniapac) carregam a bandeira da responsabilidade social e, a partir desse compromisso, realizam o Congresso Internacional de Dirigentes Cristãos em Belo Horizonte, neste mês. O congresso é valiosa oportunidade para se encontrarem respostas capazes de mudar os cenários de corrupção que, lamentavelmente, como ocorre no campo político-partidário, também mancham o mundo empresarial. Esses cenários estão na contramão do compromisso com o relevante alcance da responsabilidade social.
         A mera repetição de esquemas e os conchavos políticos não são soluções para as muitas crises que devem ser enfrentadas. Ao contrário, devem ser definitivamente extirpados da cultura brasileira. A empresa que quiser fortalecer sua credibilidade precisa da opção inteligente de investir na responsabilidade social, reger-se por princípios éticos, claramente indicados na doutrina social cristã. O empresariado deve se engajar e apoiar projetos que são reconhecidos, por toda a sociedade, como prática limpa, serviço à cidadania. Iniciativas que contemplem todos os segmentos. Respeitando a existência de interesses próprios da identidade empresarial, como rentabilidade e produtividade, é hora de recuperar a capacidade das empresas de trabalhar pelo bem comum.
         Os critérios para a agir adequadamente nessa direção e a clarividência para enxergar essa necessidade advêm de propostas que não são político-partidárias ou estreitadas no horizonte do interesse da lucratividade, mas da capacidade de conciliar a produtividade e a competitividade com o efetivo respeito ao bem comum. A empresa que não percorrer esse caminho navegará na contramão de uma nova cultura. Continuará a cavar sua sobrevivência e participação social em trilhas que levarão, cedo ou tarde, aos mesmos problemas que mancham os cenários da sociedade brasileira. Por isso, ser e atuar na condição de dirigente cristão de empresa faz diferença. O congresso internacional que ocorrerá em Belo Horizonte será um exercício de grande relevância. Os participantes ajudarão a cultivar o entendimento de que o lucro, como indicador de um bom andamento da empresa, nem sempre comprova que a corporação serve adequadamente à sociedade.
         O Congresso Internacional de Dirigentes Cristãos de Empresas e a audácia de se investir em projetos de grande importância social, cultural e educativa ajudam a superar as dinâmicas que geram atraso. O caminho não é, pois, apenas a repetição de práticas saturadas pelas alianças espúrias entre os setores dos âmbitos empresarial e público. Confrontar-se com valores – particularmente com os valores cristãos – o é uma possibilidade de indispensável revisão da própria vida, dos funcionamentos e propósitos das empresas.
         Torna-se oportuno trabalhar para que a vocação do empresário seja reconhecida e assumida como nobre tarefa, conforme sublinha o papa Francisco. Isso exige que cada empresário se deixa interpelar por um sentido de vida mais amplo. Assim, poderá oferecer uma real contribuição ao bem comum, esforçar-se para multiplicar os bens com o propósito de torná-los mais acessíveis a todos. Ouvir os clamores dos pobres, agir com transparência, buscar a lucratividade sem mesquinhez e ganância e apoiar projetos com força educativa são metas indispensáveis, segundo o que será indicado no Congresso Internacional de Dirigentes Cristãos. Os empresários são convidados a assumir esses compromissos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 395,3% ao ano... e mais, em julho, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,56%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  
      

  

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