quarta-feira, 9 de março de 2016

A CIDADANIA, A NOVA ENERGIA DA EVOLUÇÃO ESPIRITUAL E A CULTURA TRANSFORMADORA

“A superação do livre arbítrio 
no caminho espiritual
        O livre arbítrio é a parte da etapa humana da evolução do indivíduo sobre a Terra, é a faculdade de eleger por si próprio a ação a praticar; de modo geral, até hoje foi pautado por tendências pessoais. O exercício do livre arbítrio determinou muitas características atuais do planeta e acarretou, entre outras consequências, o estado de contaminação física e psíquica em que ele mergulhou.
         A superação do livre arbítrio foi conseguida em todos os tempos por raríssimas pessoas que puderam expandir a consciência e ultrapassar o nível em que vive a maioria. Essas pessoas desbravaram o caminho para outros e em nossa época ela se torna uma conquista mais generalizada.
         Quando alguém supera o livre arbítrio buscando cumprir a vontade transpessoal existente dentro do próprio ser, nova energia começa a permear-lhe a consciência, trazendo-lhe maior impulso evolutivo e concedendo-lhe visão ampla do propósito da sua via individual, grupal ou da vida planetária.
         Existe uma progressão do ser humano em relação ao livre arbítrio: enquanto primitivo, o homem na verdade não escolhe; dirigido, segue os impulsos das forças que se movem em seus corpos, e seu destino é traçado de maneira estrita pela lei do carma. Quase não participa ainda da determinação desse destino. No indivíduo de evolução média, as forças do desejo e as do pensamento disputam a soberania sobre suas ações; é quando o livre arbítrio chega à máxima expressão. Esse confronto permanece até que as forças do pensamento prevaleçam e, por fim, unam-se à vontade do eu interno, da alma. Naqueles cuja alma guia em certo grau a personalidade, o livre arbítrio, apesar de ainda existir, deixa de preponderar. Por fim, quando a alma assume totalmente a condução da personalidade, o livre arbítrio é superado. É assim que, aos poucos, leis superiores passam a reger a existência humana, substituindo a lei do carma material.
         A lei do carma, ou lei de causa e efeito, foi uma das principais a serem apresentadas à humanidade. Por essa lei, as ações, os sentimentos e os pensamentos produzem efeitos que retornam a quem os gerou a curto, médio ou longo prazo. Assim, o que é vivido hoje determina o futuro, e, por isso, em alguns idiomas costuma-se empregar a palavra “destino” para traduzir o termo sânscrito “karma” ou “karman”, embora ela não seja adequada, pois o termo sânscrito engloba conteúdos mais amplos, como, por exemplo, o impulso ao surgimento da moral.
         A transformação pela qual passa um número cada vez maior de pessoas direciona-as à essência da vida espiritual e divina. Sua entrega a essa tendência encaminha-as para a superação do livre arbítrio e para a dissolução das fronteiras do ego, que mantêm a consciência material apartada da sua fonte interna.
         Dissolver os laços que atam a consciência ao ego, com seus hábitos e vícios, ir além do que é possível para a maioria, renunciar às próprias ideias, opiniões e gostos e despir-se de todo o supérfluo adquirido ao longo da vida exige vontade férrea.
         Diz-se no Novo Testamento que os chamados para seguir o Mestre eram exortados a não perder tempo olhando para trás e a anunciar o Reino de Deus. Os que são capazes de exercer a vontade a ponte de fazer isso experimentam indescritível leveza, e as tramas do destino não mais os impedem de anunciar esse Reino por obras de teor transcendente.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 6 de março de 2016, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de março de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“O preço da cultura
        As crises que pesam sobre os ombros da sociedade, sacrificando os cidadãos, precisam ser enfrentadas, mas não de modo qualquer. Sua superação exige a permanente consideração do tecido da cultura, substrato que alicerça a determinação na busca de soluções, na elaboração de respostas e na configuração de um modo cidadão de ser que empurre o conjunto da sociedade na direção da justiça almejada, da paz sonhada e dos equilíbrios políticos e sociais.
         Quando comprometida a qualidade do tecido da cultura, o caminho é percorrido em areia movediça, com surpresas desinteressantes e com pouquíssima resiliência para se alcançarem metas com força de efetivar novos cenários. Não basta, por isso mesmo, que o esforço de dar nova dinâmica à economia, com a superação dos seus descompassos em desempregos, desigualdades, corrupção e indiferenças, se faça pela via dos números. Por critérios frios na definição das taxas de juros, da lucratividade ou fortalecimento egoísta de setores.
         O papa Francisco, nesse horizonte, reforça a importância dessa compreensão com uma advertência pertinente. Na exortação apostólica Alegria do Evangelho, no capítulo segundo, sobre a crise do compromisso comunitário, sublinha a responsabilidade de cada cidadão. É preciso que cada pessoa, particularmente os formadores de opinião, construtores da sociedade, intelectuais e religiosos, assuma o compromisso de indicar soluções eficazes para as crises e os problemas. E mais, adverte a todos pelo desencadeamento dos processos de desumanização que podem se tornar irreversíveis, entre eles, o da violência que permeia todos os âmbitos de nossa vida em sociedade.
         Nesse contexto, vale refletir com profundidade sobre as várias faces dessa violência, desde a doméstica, com estatísticas absurdas de agressões a mulheres, crianças e idosos, silenciada na privacidade dos lares, às sofridas pelos cidadãos e que atentam contra a inteireza da dignidade humana, até aqueles perpetradas com inteligência doentia nos atos de terrorismo, na corrupção e pelas grandes organizações criminosas.
         Os progressos atuais da humanidade são incontestáveis em vários campos do saber tecnológico e da cultura, mas ainda não são capazes de fazer frente a essa triste realidade. São igualmente desafiadoras a exclusão social e a pequenez na estatura cidadã, que precisa urgentemente alavancar processos de mudanças e operacionalizar ações que tenham força para transformar a realidade que hospeda a cidadania no conjunto da sociedade contemporânea.
         Vale-nos reportar ainda ao papa Francisco, na citada exortação apostólica quando constata o desvanecimento da alegria de viver, em consequência do recrudescimento da violência e da falta de respeito, patentes especialmente na imensa desigualdade social. Prova da incompetência de governantes e de segmentos variados da sociedade na efetivação das mudanças capazes de reconfigurar os humilhantes cenários que atingem frontalmente a cidadania.
         Os saltos velozes, qualitativos e quantitativos, verificados no progresso científico, na inovações tecnológicas e nos diferentes âmbitos da natureza e da vida, precisam contar com a qualidade do tecido da cultura, do qual cada cidadão é portador. Esse tecido cultural, como substrato do caráter e na compreensão do mundo, é determinante para que tenha impacto em cada cidadão de modo a formar os sentidos comunitário e social que deem rumos novos e soluções às crises.
         A exemplaridade da cultura mineira, que se desdobra em muitas, convence e explica o quanto a qualidade do tecido cultural alavanca possibilidades enormes de progresso, pelos valores em tradição, patrimônio, religiosidade e até na culinária e nas dinâmicas familiares. Patrimônio que exige tratamento adequado por parte de todos, particularmente de seus líderes. Não se pode pensar que o conjunto de uma sociedade regional ou local se desenvolva e aposte em outros crescimentos, esperando que os recursos “caiam do céu”. Ou, ainda, que os investimentos venham de fora, criando relação de submissão a novas formas de poder, muitas vezes anônimo.
         A cultura é um capital da mais alta relevância no desenvolvimento e nas transformações urgidas pela realidade. Uma sociedade, como a mineira, precisa debruçar-se mais sobre os seus segmentos, da história às expressões variadas, da geografia aos seus monumentos e ao jeito de ser do povo, para contabilizar os preços dessa rica cultura. Em razão, especialmente, das necessidades de desenvolvimento de soluções dos problemas urgentes e do desenho de novos cenários, é indispensável que nosso tecido cultural tenha mais investimento em educação, consciência social e político-cultural. É preciso ir além das lamentações, das constatações e da falta de força nas ações.
         O tecido da cultura existente pode ser o “pé de apoio” para se dar um salto adiante e não enjaular-se na mediocridade de alguns governantes, líderes religiosos, intelectuais. Mergulhados e afogados na burocracia, não apostam em processos e projetos, não valorizam a oportunidade de estar e de ser parte dessa cultura chamada sociedade mineira. Assim, paga-se o preço de não avançar e de habituar-se a estilos acanhados de mais, vivendo na pobreza, apesar de fazermos parte de uma história de grandes riquezas e sermos detentores de um patrimônio singular em sua relevância.
         A cultura expressa nos hábitos, na consciência histórica e política, na valorização “quase bairrista” do nosso patrimônio com sua inteligente utilização e cuidado, é a alavanca para mudar e fazer crescer, com força maior do que os royalties e certos “dinheiros”, redimindo, assim, dirigentes, lideranças – cidadãos todos – da mediocridade. É hora de buscar novos rumos e respostas.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro a ainda estratosférica marca de 410,97% para um período de doze meses; e mais, também em janeiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,71%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  

 
        




          

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