“A
superação do livre arbítrio
no caminho espiritual
O livre arbítrio é a
parte da etapa humana da evolução do indivíduo sobre a Terra, é a faculdade de
eleger por si próprio a ação a praticar; de modo geral, até hoje foi pautado
por tendências pessoais. O exercício do livre arbítrio determinou muitas
características atuais do planeta e acarretou, entre outras consequências, o
estado de contaminação física e psíquica em que ele mergulhou.
A
superação do livre arbítrio foi conseguida em todos os tempos por raríssimas
pessoas que puderam expandir a consciência e ultrapassar o nível em que vive a
maioria. Essas pessoas desbravaram o caminho para outros e em nossa época ela
se torna uma conquista mais generalizada.
Quando
alguém supera o livre arbítrio buscando cumprir a vontade transpessoal
existente dentro do próprio ser, nova energia começa a permear-lhe a
consciência, trazendo-lhe maior impulso evolutivo e concedendo-lhe visão ampla
do propósito da sua via individual, grupal ou da vida planetária.
Existe
uma progressão do ser humano em relação ao livre arbítrio: enquanto primitivo,
o homem na verdade não escolhe; dirigido, segue os impulsos das forças que se
movem em seus corpos, e seu destino é traçado de maneira estrita pela lei do
carma. Quase não participa ainda da determinação desse destino. No indivíduo de
evolução média, as forças do desejo e as do pensamento disputam a soberania
sobre suas ações; é quando o livre arbítrio chega à máxima expressão. Esse
confronto permanece até que as forças do pensamento prevaleçam e, por fim,
unam-se à vontade do eu interno, da alma. Naqueles cuja alma guia em certo grau
a personalidade, o livre arbítrio, apesar de ainda existir, deixa de preponderar.
Por fim, quando a alma assume totalmente a condução da personalidade, o livre
arbítrio é superado. É assim que, aos poucos, leis superiores passam a reger a
existência humana, substituindo a lei do carma material.
A lei
do carma, ou lei de causa e efeito, foi uma das principais a serem apresentadas
à humanidade. Por essa lei, as ações, os sentimentos e os pensamentos produzem
efeitos que retornam a quem os gerou a curto, médio ou longo prazo. Assim, o
que é vivido hoje determina o futuro, e, por isso, em alguns idiomas costuma-se
empregar a palavra “destino” para traduzir o termo sânscrito “karma” ou
“karman”, embora ela não seja adequada, pois o termo sânscrito engloba
conteúdos mais amplos, como, por exemplo, o impulso ao surgimento da moral.
A
transformação pela qual passa um número cada vez maior de pessoas direciona-as
à essência da vida espiritual e divina. Sua entrega a essa tendência
encaminha-as para a superação do livre arbítrio e para a dissolução das
fronteiras do ego, que mantêm a consciência material apartada da sua fonte
interna.
Dissolver
os laços que atam a consciência ao ego, com seus hábitos e vícios, ir além do
que é possível para a maioria, renunciar às próprias ideias, opiniões e gostos
e despir-se de todo o supérfluo adquirido ao longo da vida exige vontade
férrea.
Diz-se
no Novo Testamento que os chamados para seguir o Mestre eram exortados a não
perder tempo olhando para trás e a anunciar o Reino de Deus. Os que são capazes
de exercer a vontade a ponte de fazer isso experimentam indescritível leveza, e
as tramas do destino não mais os impedem de anunciar esse Reino por obras de
teor transcendente.”
(TRIGUEIRINHO.
Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 6 de março de 2016, caderno O.PINIÃO, página 20).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de março
de 2016, caderno OPINIÃO, página 7,
de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente
integral transcrição:
“O
preço da cultura
As crises que pesam
sobre os ombros da sociedade, sacrificando os cidadãos, precisam ser
enfrentadas, mas não de modo qualquer. Sua superação exige a permanente
consideração do tecido da cultura, substrato que alicerça a determinação na
busca de soluções, na elaboração de respostas e na configuração de um modo
cidadão de ser que empurre o conjunto da sociedade na direção da justiça
almejada, da paz sonhada e dos equilíbrios políticos e sociais.
Quando
comprometida a qualidade do tecido da cultura, o caminho é percorrido em areia
movediça, com surpresas desinteressantes e com pouquíssima resiliência para se
alcançarem metas com força de efetivar novos cenários. Não basta, por isso
mesmo, que o esforço de dar nova dinâmica à economia, com a superação dos seus
descompassos em desempregos, desigualdades, corrupção e indiferenças, se faça
pela via dos números. Por critérios frios na definição das taxas de juros, da
lucratividade ou fortalecimento egoísta de setores.
O papa
Francisco, nesse horizonte, reforça a importância dessa compreensão com uma
advertência pertinente. Na exortação apostólica Alegria do Evangelho, no capítulo segundo, sobre a crise do
compromisso comunitário, sublinha a responsabilidade de cada cidadão. É preciso
que cada pessoa, particularmente os formadores de opinião, construtores da
sociedade, intelectuais e religiosos, assuma o compromisso de indicar soluções
eficazes para as crises e os problemas. E mais, adverte a todos pelo
desencadeamento dos processos de desumanização que podem se tornar
irreversíveis, entre eles, o da violência que permeia todos os âmbitos de nossa
vida em sociedade.
Nesse
contexto, vale refletir com profundidade sobre as várias faces dessa violência,
desde a doméstica, com estatísticas absurdas de agressões a mulheres, crianças
e idosos, silenciada na privacidade dos lares, às sofridas pelos cidadãos e que
atentam contra a inteireza da dignidade humana, até aqueles perpetradas com
inteligência doentia nos atos de terrorismo, na corrupção e pelas grandes
organizações criminosas.
Os
progressos atuais da humanidade são incontestáveis em vários campos do saber
tecnológico e da cultura, mas ainda não são capazes de fazer frente a essa
triste realidade. São igualmente desafiadoras a exclusão social e a pequenez na
estatura cidadã, que precisa urgentemente alavancar processos de mudanças e
operacionalizar ações que tenham força para transformar a realidade que hospeda
a cidadania no conjunto da sociedade contemporânea.
Vale-nos
reportar ainda ao papa Francisco, na citada exortação apostólica quando
constata o desvanecimento da alegria de viver, em consequência do recrudescimento
da violência e da falta de respeito, patentes especialmente na imensa
desigualdade social. Prova da incompetência de governantes e de segmentos
variados da sociedade na efetivação das mudanças capazes de reconfigurar os
humilhantes cenários que atingem frontalmente a cidadania.
Os
saltos velozes, qualitativos e quantitativos, verificados no progresso
científico, na inovações tecnológicas e nos diferentes âmbitos da natureza e da
vida, precisam contar com a qualidade do tecido da cultura, do qual cada cidadão
é portador. Esse tecido cultural, como substrato do caráter e na compreensão do
mundo, é determinante para que tenha impacto em cada cidadão de modo a formar
os sentidos comunitário e social que deem rumos novos e soluções às crises.
A
exemplaridade da cultura mineira, que se desdobra em muitas, convence e explica
o quanto a qualidade do tecido cultural alavanca possibilidades enormes de
progresso, pelos valores em tradição, patrimônio, religiosidade e até na
culinária e nas dinâmicas familiares. Patrimônio que exige tratamento adequado
por parte de todos, particularmente de seus líderes. Não se pode pensar que o
conjunto de uma sociedade regional ou local se desenvolva e aposte em outros
crescimentos, esperando que os recursos “caiam do céu”. Ou, ainda, que os
investimentos venham de fora, criando relação de submissão a novas formas de
poder, muitas vezes anônimo.
A
cultura é um capital da mais alta relevância no desenvolvimento e nas
transformações urgidas pela realidade. Uma sociedade, como a mineira, precisa
debruçar-se mais sobre os seus segmentos, da história às expressões variadas,
da geografia aos seus monumentos e ao jeito de ser do povo, para contabilizar
os preços dessa rica cultura. Em razão, especialmente, das necessidades de
desenvolvimento de soluções dos problemas urgentes e do desenho de novos
cenários, é indispensável que nosso tecido cultural tenha mais investimento em
educação, consciência social e político-cultural. É preciso ir além das
lamentações, das constatações e da falta de força nas ações.
O
tecido da cultura existente pode ser o “pé de apoio” para se dar um salto
adiante e não enjaular-se na mediocridade de alguns governantes, líderes
religiosos, intelectuais. Mergulhados e afogados na burocracia, não apostam em
processos e projetos, não valorizam a oportunidade de estar e de ser parte
dessa cultura chamada sociedade mineira. Assim, paga-se o preço de não avançar
e de habituar-se a estilos acanhados de mais, vivendo na pobreza, apesar de
fazermos parte de uma história de grandes riquezas e sermos detentores de um
patrimônio singular em sua relevância.
A
cultura expressa nos hábitos, na consciência histórica e política, na
valorização “quase bairrista” do nosso patrimônio com sua inteligente
utilização e cuidado, é a alavanca para mudar e fazer crescer, com força maior
do que os royalties e certos “dinheiros”, redimindo, assim, dirigentes,
lideranças – cidadãos todos – da mediocridade. É hora de buscar novos rumos e
respostas.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da
sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro a ainda
estratosférica marca de 410,97% para um período de doze meses; e mais, também
em janeiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,71%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura,
ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do
Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 1,044 trilhão), a exigir
alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
-
Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
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