sexta-feira, 8 de julho de 2016

A CIDADANIA, O IMPLACÁVEL COMBATE À CORRUPÇÃO E OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO GLOBAL

“Corrupção e self-compliance
        Atualmente vivemos dias difíceis. Escândalos de todos os tipos têm vindo à tona, evidenciando a corrupção. Mas o que é a corrupção, que tanto estrago causa à sociedade? O termo tem origem no verbo corromper, que significa tornar podre, quebrar aos pedaços, deteriorar ou perverter moralmente. É um fenômeno mundial e atravessa os tempos. E o que faz com que alguns ajam de maneira indevida para alcançar algum tipo de vantagem?
         Primeiramente, a corrupção não é praticada apenas por políticos e empresários. Toda a sociedade está sujeita a ela, cometendo as pequenas infrações do dia a dia, que se inserem no conceito de corrupção: furar filas, subornar para se livrar de uma multa, colar em uma prova, entre outras formas. Alguns fatores, embora não a justifiquem, ajudam a explicá-la. O primeiro diz respeito ao que ocorre com nossa escala de valores, isto é, o modo como as pessoas e as organizações estão se comportando e se relacionando. O que aconteceu à ética, à honestidade, à justiça, à lealdade, aos valores morais?
         O primeiro grupo em que o indivíduo se vê inserido é a família, sendo esta a responsável por lhe passar as principais regras de comportamento e os principais valores, educando a pessoa para a vida em sociedade. Contudo, muitas vezes vemos famílias desestruturadas, problemas e dificuldades familiares que influenciam negativamente essa pessoa, que se desenvolve em meio a expedientes que deixam a desejar em termos de comportamento ético, mas que se mostram, às vezes, como a única maneira de sobreviver.
         Outra questão que contribui para o atual estado de coisas é a disseminação do famoso jeitinho, a busca de soluções fáceis e rápidas para determinados problemas. A prática, muitas vezes inconsciente e, porque já enraizada culturalmente, e tida como normal, acaba sendo estimulada por outro elemento: a impunidade, que se realimenta, não só dos interesses de alguns, como também do exemplo dado por governantes (que saem da própria sociedade) e da visão de que esses pequenos atos de corrupção não geram grande prejuízo a ninguém.
         O comportamento do indivíduo passa, muitas vezes, para as organizações – políticas, empresariais ou do terceiro setor – que são compostas e dirigidas por esses mesmos indivíduos, e que muitas vezes corrompem e se deixam corromper, em troca de poder, vantagens ou de lucros maiores. Nesse caso, o crime de corrupção leva a outros crimes, como o tráfico de influência, subtração dos recursos públicos, sonegação, desfalques, peculato etc.
         Com relação a essas organizações, é necessário que as práticas de compliance sejam exercidas, ou seja, que as instituições ajam com respeito às regras estabelecidas, interna e externamente. Essa atividade, atualmente, reveste-se de um caráter profissional, e vai além da observância desses preceitos. É importante destacar que o compliance é um grande aliado da empresa, pois influencia na boa imagem da organização junto ao mercado, o que pode lhe garantir expansão das vendas e maiores lucros, sem recorrer a expedientes ilegais.
         Está claro que a corrupção cria insegurança, principalmente quando atinge o Estado, elemento responsável por prover o bem-estar social. Dependendo do grau de envolvimento dos agentes públicos e dos danos causados, pode gerar desconfiança de investidores, empresários e consumidores com relação às políticas governamentais, o que resultaria em crise, não apenas política, mas também econômica, como vemos agora. A solução? Está em nós mesmos, sendo necessário que cada indivíduo faça um reexame de suas práticas, criando o seu self-compliance, monitorando a si mesmo quanto aos seus atos.”.

(GABRIEL MAMED. Economista e professor da FMP/Fase, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de julho de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de MARIANELA COSTA FIGUEIREDO, professora do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), e que merece igualmente integral transcrição:

“A educação global
        A educação se dá em vários contextos, ampliando a visão cartesiana de que o espaço da escola é o único passível de aprendizagem e de ensino. Abriram-se janelas para utopias, presenciais e virtuais, corredores de acesso a vários campos do conhecimento, de forma problematizadora e interdisciplinar. Valores tradicionais foram questionados pela própria evidência dos novos entrelaçamentos conceituais, outrora inquestionáveis. Em um mundo global, em que as distâncias se encurtam, as culturas se aproximam, o fluxo populacional e as informações circulantes, em cada sociedade, se ampliam, surge a necessidade de agregar e incluir, desenvolvendo a capacidade de reconhecer o outro e, assim, aprender a conviver com o diferente. A diversidade de crenças, de experiências, de opiniões de conhecimentos complexificou, então, o conhecimento que antes parecia ser linear como um rio pouco acidentado. Suas águas, hoje, desembocam em um mar revolto que, ao tomar conta dos saberes, constroem e desconstroem em suas marés, cotidianamente, novos âmbitos do saber, paulatinamente, apropriados pela humanidade.
         Em tempos de globalização e de interdependência local e mundial, as mudanças políticas, econômicas, sociais, culturais e tecnológicas influenciam pensamentos e mentes, perpassando a construção da identidade pessoal e coletiva e a própria formação humana. Nesse contexto se dá a formação docente, em que a pós-graduação tem por objetivo o aprofundamento do conhecimento adquirido. Mas não se trata apenas de competência técnica; está em causa, também, a realização pessoal: compreender o mundo, aprofundar sobre a qualidade dos laços afetivos que produzem uma sociedade mais saudável e sua relação com o ambiente ou, ainda, como uma sociedade aprende os desígnios de sua própria cultura são assuntos que produzem curiosidade e têm um alcance sublime sobre os mistérios da vida, para quem se interessa pela área da formação humana.
         O curso de pós-graduação em Psicopedagogia – Unibh, com mais de 20 anos de existência, vem atender à demanda de profissionais que pretendem implementar projetos de formação humana. Por seu caráter multidisciplinar, a convergência de ciências relacionadas ao processo de maturação do indivíduo, como a pedagogia e suas teorias de aprendizagem na busca da descoberta de como aprendemos, a psicologia e a psicanálise para entender como nossos desejos e nossos jeitos de ser são construídos, a neurociência para estudar como o cérebro e, ainda, a psicomotricidade, com foco no movimento, no intelecto e no afeto ajuda a decifrar o processo de aprendizagem humana, em suas aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
         Na sociedade aprendente de hoje, o cruzamento das intencionalidades se dá no encontro humano, e neste são geradas possibilidades de educabilidade. A escola é entendida, hoje, como um espaço desafiador, que a aguce a curiosidade dos alunos, a vontade de fazer perguntas e de encontrar respostas. O espaço empresarial não é menos desafiador, pois o processo de aprendizagem, em um mundo profissional, exige dos adultos em atuação a capacidade de inovar e de resolver problemas complexos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em maio a ainda estratosférica marca de 471,3% para um período de doze meses; e, ainda em maio, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 9,32%, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 311,3%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        





          

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