“Busca
da saúde financeira
Com visão gerencial
embaçada, parece que a maior dificuldade ainda encontrada por alguns
empresários brasileiros é se adaptarem aos novos tempos, onde paradigmas como
modernização, economia globalizada, tendências mercadológicas e, sobretudo,
produtividade, têm que ser muito bem administradas. Entre os erros mais comuns,
está na empresa encantar-se com a produção (faturamento) e não conhecer toda
rede de custeio que vai revelar sua produtividade real. Muitas corporações
aumentam a produção e, ainda assim, têm prejuízos, exatamente porque não deram
a devida atenção ao controle dos custos, ou o fez em segmento errado, como dispensa
de pessoal especializado. Controlá-los exige velocidade, pois a inércia pode
causar sérios danos à saúde financeira e até mesmo ao fechamento de empresas.
São muitas as lacunas a preencher, inclusive saber que, em tempos de crise, o
comprador também se torna mais exigente e agressivo. No produto final posto à
venda, seja ele de bens ou serviços, pode ser fatal descuidar-se do binômio
qualidade e preço.
É
intrigante ver como empresários, sejam da indústria, do comércio ou da
prestação de serviço, jogam suas energias no aumento da produção e venda. Às
vezes, é mais importante saber comprar seus insumos do que vender seus
produtos. A venda, normalmente, é regulada pelo mercado, mas o custo da
produção depende diretamente de uma eficiente gestão de compra de
matéria-prima. Outro descuido comum é ficar preso, por sentimentalismo, a um ou
dois fornecedores sem maiores pesquisas de mercado e, por comodismo, comprar
tudo por telefone ou internet. Dependendo do volume, a compra presencial quase
sempre será mais vantajosa.
Com o
sistema bancário leonino como o brasileiro, deveria ser meta de todos limitarem
a dependência de financiamentos ou, mesmo, independer deles. A sabedoria do
caipira, do interior de Minas, já alertava: “Só compro com o cobre no bolso”. Além
de fugir de dívidas, o dinheiro no Brasil é um dos mais caros do mundo. Não é
por acaso que há uma constante migração de investidores estrangeiros para cá.
Mesmo com risco maior, resultante da crise político-econômica atual, não se
constata fuga expressiva desses investidores, porque a remuneração do capital,
dentro de um risco calculado, ainda é muito atrativa. Chega-se a ganho real
(juros-inflação) a 4% ao ano, enquanto em vários países não há remuneração do
capital, isto é, ela é igual ou menor que a inflação. Mas como no mundo
corporativo é quase impossível trabalhar sem apoio bancário, uma boa saída é
procurar bancos públicos de fomento, como o BNDES ou BDMG, onde as taxas são
menos onerosas.
Hoje,
está e continuará tendo maiores problemas quem não olha para dentro e fica
culpando a crise. Ninguém pode negar que ela surpreendeu muito pela sua
magnitude, mas como as crises são cíclicas, os erros de agora, se bem
gerenciados, poderão ser transformados em sucesso amanhã. É o momento de buscar
a saúde financeira saudável da empresa, além de dar atenção aos aspectos
abordados, não se descuidar de formar uma boa carteira de ativos, financeiros
ou não, e preservar capital para o giro e produção. Só assim é possível
permanecer no mercado.”.
(GILSON E.
FONSECA. Sócio e diretor da Soluções em Engenharia Geotécnica Ltda-SOEGEO,
em artigo publicado no jornal ESTADO DE
MINAS, edição de 1º de julho de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Exigências
nas crises
A adoção de novas
práticas é exigência que desafia permanentemente todos na superação das crises
enfrentadas pela sociedade. Na contramão desse caminho, o que se verifica é um
arriscado afrouxamento, incompatível com as demandas de outras dinâmicas culturais.
Basta um pequeno sinal de alguma melhora – mesmo ilusória – para se dirigir ao
território da zona de conforto. Um lugar que abriga as justificativas e a
inércia, adiando as ações mais efetivas rumo às mudanças. É comum a tendência
de se pensar ter feito o necessário, embora, muitas vezes, as soluções
alcançadas sejam apenas paliativas: não representam audaciosa intervenção nos
funcionamentos, gastos, prioridades. A esperada e urgida superação da crise não
pode ceder espaço para as comodidades conquistadas, muito menos para benefícios
particulares adquiridos no interno de instituições e segmentos da sociedade.
Certamente,
crise não são superadas sem os sacrifícios necessários para o benefício de
todos. Assim, espera-se, de quem tem mais recursos, o gesto altruísta de abrir
mão de algumas benesses. Porque o que se percebe é a indisposição para
sacrifícios. A antífona para analisar e emitir juízos de valor a respeito dos
muitos problemas não cessa. Porém, na prática, promovem-se reduções, cortes e
novas configurações no modo de produzir e trabalhar, buscando aumentar a
própria produção para acumular mais vantagens e riquezas. Não se vê, na frequência
esperada, atitudes de oferta e de partilha dos que ganham bem. As dificuldades
dos que precisam de ajuda pouco afetam as consciências e as atitudes de quem
pode mais. Assim, diante das crises, age-se apenas a partir da expectativa de
que a situação melhore para si, desconsiderando o outro.
Uma
nova cultura é a grande exigência para superar os muitos problemas sociais.
Isso significa que, além das indispensáveis mudanças nos funcionamentos
institucionais, é preciso rever prioridades, renovar condutas pessoais. Na
prática, essas transformações devem corrigir descompassos que incluem o
desperdício – e não se medir, em importância e reconhecimento, apenas pelo
tamanho da própria remuneração – postura que alimenta seguranças ilusórias e
tem como parâmetro a idolatria do dinheiro.
Por
tudo isso, fica evidente que a superação das crises não pode reduzir-se às
intervenções sobre os rumos da economia, conforme os ditames, orientações e
opções das instâncias financeiras e de controles. Não conseguir abandonar
hábitos e funcionamentos pautados pela idolatria ao dinheiro – que se desdobra
na quase patológica necessidade de aumentar benefícios – é contribuir para
acelerar processos de desumanização. É querer superar as crises sem sair da
própria zona de conforto. A exigência é a partilha e a adoção de outras
lógicas, baseadas na generosidade. Porém, o que se percebe é a postura de
“fechar as mãos”, por medo de perder o que se tem.
Essa e
outras fragilidades no tecido da cultura põem a expectativa da superação das
crises, particularmente a econômica, restrita à melhora de índices relacionados
à circulação de bens de consumo. Trata-se de estreiteza que inviabiliza uma
reforma financeira adequada e terapêutica, pois deixa de lado novos parâmetros
éticos que poderiam promover mudanças de atitudes. Com esses parâmetros, seria
mais comum ver ricos ajudando pobres. O papa Francisco, na sua exortação sobre
a alegria do Evangelho, sublinha a importância do aprendizado de uma
solidariedade desinteressada e a conversão da economia e das finanças a uma
ética propícia ao ser humano. Eis o caminho para superar muitas crises da
sociedade. Um percurso longo e doloroso, por exigir mudanças profundas na
cultura. Transformações capazes de derrubar a defesa que encouraça o cidadão na
indisposição de inserir-se em um projeto comum, que vá além de benefícios e de
desejos pessoais.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas)
– e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos
de idade na primeira série do ensino
fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da
sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em maio a ainda
estratosférica marca de 471,3% para um período de doze meses; e, ainda em maio,
o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 9,32%, e a taxa de juros do cheque
especial em históricos 311,3%...); II – a corrupção,
há séculos, na mais perversa promiscuidade
– “dinheiro público versus
interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão sendo
apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já
se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do
Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 1,044 trilhão), a exigir
alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas
do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
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