(Outubro
2016 = mês 0; faltam 170 meses para a Primavera Brasileira)
“Tecnologia
e os sujeitos da educação
A temática da revolução
tecnológica, na qual nossas vidas estão inseridas, parece sempre estar em pauta
e, ainda assim, é pertinente a discussão sobre suas repercussões inegáveis, já
que novos padrões de comportamento foram estabelecidos em diversas dimensões da
sociedade. Vale ressaltar a explicação de Zygmunt Bauman sobre o que ele
denomina “sociedade líquido-moderna”, em sua obra Vida líquida. Para o sociólogo, “as condições de ação e as
estratégias de reação envelhecem rapidamente e se tornam obsoletas antes de os
atores terem uma chance de aprendê-las efetivamente”. Como reflexo ou causa
desse contexto social apresentado por Bauman, a linguagem tecnológica que
permeia nosso cotidiano está intimamente ligada às novas formas de leitura do
mundo, ecoando, necessariamente, no processo educativo das crianças e
adolescentes, imersos – desde que nasceram – em um cenário que se reinventa na
mesma velocidade das mensagens trocadas por eles via WhatsApp.
Então,
àqueles que, por ventura, ainda insistem em condenar – ou mesmo relativizar – a
centralidade do papel das novas tecnologias no cotidiano dos jovens, é
importante que revisem esse conceito e compreendam o contexto de seus
interlocutores. A discussão, hoje, deve ocorrer no sentido de elucidar o modo
como as novas ferramentas disponíveis podem auxiliar no desenvolvimento e na
aprendizagem desses sujeitos, sobretudo no espaço escolar.
Um
ponto de partida possível para que educadores e pais compreendam as implicações
pedagógicas e psicológicas que esse cenário impõe aos estudantes é o
entendimento do que significa estar conectado, literalmente, o tempo todo. Mais
do que a possibilidade de conversar com os amigos a qualquer momento do dia,
essa nova linguagem permite que as pessoa sejam capazes de conhecer e participar
da vida de seu grupo social em tempo real, fato que, para uma criança ou um
adolescente, confere um permanente sentido de novidade e de pertença.
E não
é de se estranhar que esses sujeitos esperem que, nos demais espaços por onde
transitam – incluindo a escola –, o padrão de recorrente se repita. Logo,
aqueles que assumem compromisso com o processo de aprendizagem como parte
integrante da vida e da identidade dos estudantes. Sem dúvida, é grande o
desafio de sustentar o interesse dos jovens nos conteúdos curriculares formais
que nem sempre dialogam com essa nova linguagem usada para codificar o mundo.
Porém, em tempos líquidos, querer trabalhar com educação, considerando apenas
as formas de ensino solidificadas no passado, é desperdiçar o potencial fluido
do conhecimento.
Assim,
para que os objetivos da tarefa educativa sejam alcançados, o primeiro passo
está na necessária aceitação e reconhecimento do perfil dos estudantes desse
tempo. Depois, é fundamental o entendimento de que o papel do professor como
orientador e mediador da aprendizagem não pode ser substituído por nenhum
recurso tecnológico existente, em especial nas escolas que professam a formação
integral dos sujeitos. E isso envolve o desenvolvimento da capacidade de se
relacionar com os demais, de se interessar pelo outro e pelo espaço comum. Sem
filtro.”.
(FERNANDO
MELO. Diretor do Colégio Franciscano Sagrada Família, em artigo publicado
no jornal ESTADO DE MINAS, edição de
18 de setembro de 2016, caderno OPINIÃO,
página &).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
26 de setembro de 2016, mesmo caderno e página, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, jornalista, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Juventude
– ativo revolucionário
Jornais, frequentemente
dominados pelo noticiário enfadonho do país oficial e pautados pela síndrome do
negativismo, não têm “olhos de ver”. Fatos que mereceriam manchetes sucumbem à
força do declaratório. Reportagens brilhantes, iluminadoras de iniciativas que
constroem o Brasil real, morrem na burocracia de um jornalismo que se distancia
da vida e, consequentemente, dos seus leitores. O recurso ao negativismo
sistemático esconde uma tentativa de ocultar algo que nos incomoda: nossa
enorme incapacidade de flagrar a grandeza do cotidiano.
A
informação sobre a juventude, por exemplo, prioriza um recorte da realidade,
mas, frequentemente, sonega o outro lado: o luminoso e construtivo. O
crescimento dos casos de aids, o aumento da violência e a escalada das drogas
castigam a juventude. A crise econômica, dramática e visível a olho nu,
exacerba o clima de desesperança. Para muitos jovens, os anos da adolescência
serão os mais perigosos da vida.
Mas
olhemos, caro leitor, o outro lado da realidade. Verdadeiro e factual, embora
menos noticiado por uma mídia obcecada pela síndrome da informação sombria. A
juventude, ao contrário do que fica pairando em algumas reportagens, não está
tão à deriva assim.
Há em
andamento profundas e positivas mudanças comportamentais. O relacionamento
descartável vai sendo substituído pelo sentido do compromisso. A juventude
atual, não a desenhada por certa indústria cultural que vive isolada numa bolha
ideológica e de costas para a realidade, manifesta uma procura de firmeza
moral, de valores familiares, éticos e até mesmo religiosos. Deus, família,
fidelidade, trabalho, realidades tidas como anacrônicas na últimas décadas, são
valores em alta. Não é uma opinião. É um fato.
A
família, não obstante sua crise evidente, é uma forte aspiração dos jovens. Ao
contrário do que se pensa em certos ambientes politicamente corretos, os
adolescentes atribuem importância decisiva ao ambiente familiar. Mesmo os jovens
que convivem com a violência doméstica consideram importante a base familiar. A
relação no lar é fundamental, ainda que haja conflito. Parece paradoxal, mas é
assim. Eles acham melhor ter uma família danificada do que não ter ninguém. Em
casa deixaram de rotular os pais de “caretas” para buscarem neles a figura do
companheiro. Os jovens, em numerosas pesquisas, apontam a família tradicional
como a instituição de maior ascendência em suas decisões.
Alguns,
no entanto, defendem um modelo de família que não bate com esse anseio dos
jovens. Respeito a divergência e convivo com o contraditório. Sem problema. Mas
não duvido que é na família, na família tradicional, mais do que em qualquer
outro quadro de convivência, o lugar onde podem ser cultivados os valores, as
virtudes e as competências que constituem o melhor fundamento da educação para
a cidadania. E os jovens sabem disso.
No
campo da afetividade, antes marcado pelo relacionamento descartável e pela
falta de vínculos, vai-se impondo a cultura da fidelidade. O tema sexualidade,
puritanamente evitado pela geração que se formou na caricata moral dos tabus e
das proibições, acabou explodindo, sem limites, na síndrome do relacionamento
promíscuo e transitório. Agora, o rio está voltando ao seu leito. O frequente
uso de alianças na mão direita, manifestação visível de compromisso afetivo,
não é só modismo. Revela algo mais profundo. Os jovens estão apostando em
relações duradouras.
Assiste-se,
na universalidade e no ambiente de trabalho, ao ocaso das ideologias e ao
surgimento de um forte profissionalismo. A contrário das utopias do passado, os
jovens acreditam na excelência e no mérito como forma de se fazer a verdadeira
revolução. Eles defendem o pluralismo e o debate das ideias. O pensamento
divergente é saudável. As pessoas querem um discurso diverso, não um local onde
se pregue apenas uma corrente de pensamento.
O
mundo está mudando. Quem não perceber, na mídia e fora dela, essa virada
comportamental perderá conexão com um importante segmento do mercado de consumo
editorial.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim,
125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o
início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas
as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da
educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação,
da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a ainda estratosférica marca de
475,20% para um período de doze meses; e, em agosto, o IPCA acumulado nos doze
meses chegou a 8,97% e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 321,08%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura,
ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para
2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(ao menos com esta rubrica, previsão de R$
1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além
de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do
século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da
paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
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