segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS DO ENSINO HÍBRIDO E AS LUZES DA TOLERÂNCIA NA SUSTENTABILIDADE

“Vantagens do ensino híbrido
        A sala de aula somente com o professor falando está mudando. Tradicionalmente, a pedagogia de projetos estabelece que o estudante desenvolva habilidades sobre os temas diários. A matéria era ensinada na escola e estudada em casa para fixação e complementação. Hoje, o jovem é protagonista no processo educacional. A pedagogia de pesquisa é uma tendência e propõe o ensino híbrido, ou seja, estudantes e professores constroem conceitos sobre o assunto.
         Não se pode ignorar que a nova geração estudantil já chega à sala de aula com informações diversas. Os livros deixaram de ser a única fonte de pesquisa para cederem espaço aos e-books, portais e redes sociais. Cabe ao professor auxiliar o aluno a organizar conceitos e ideias, propiciando correlações entre as disciplinas. O mundo cresce ao redor do conhecimento e não se pode ignorar que todos aprendem e ensinam ao mesmo tempo.
         Ao contrário do que acontece na pedagogia de projetos, a pedagogia de pesquisa propõe um educador em sala de aula com temas abertos para discussão. Em um trabalho em grupo, por exemplo, cada participante tem a incumbência de estudar diferentes formas para apresentação do projeto, visando uma complementação. Cada aluno prioriza um dos aspectos sobre o tema e o grupo elabora junto a conclusão.
         Colocamos esses projetos em práticas nas aulas do 2º ano do ensino médio, com os jovens estudando o livro “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, propondo um novo desafio: levar a história para a vida real. O desafio foi aceito com a promoção de um júri simulado para avaliar se Bentinho deveria ser punido por calúnia e difamação. O projeto começou com a disciplina de literatura e envolveu outras matérias, como português, filosofia, sociologia e matemática. A multidisplinaridade é uma das novas habilidades exigidas pelo Enem.
         Os estudantes se dividiram em três grupos: defesa de Bentinho, defesa de Capitu e jurados, além da personificação dos próprios personagens centrais. A turma analisou a obra para definir estratégias argumentativas de defesa e acusação. Desde o princípio, ficou claro que o propósito não era fazer juízo de valor sobre o comportamento de Capitu e, sim, desenvolver habilidades de escrita e oralidade com a redação de argumentos contextualizados. A atividade estimulou o estudante a praticar as habilidades de negociação e criatividade, pois, enquanto o júri ocorre, é preciso rever as estratégias e argumentações.
         As novas abordagens em sala de aula devem reunir as habilidades exigidas pela última reformulação do Enem. O estudante precisa desenvolver um pensamento crítico, correlacionando disciplinas e aprimorando o poder de argumentação. A atividade do júri simulado foi apenas uma demonstração sobre como é possível engajar os jovens num processo mais prático, extrapolando a sala de aula para o cotidiano. Com certeza, também é possível reinventar a aprendizagem, para sair do ensino médio com maior capacidade analítica e contextual.”.

(CHRISTINA FABEL. Diretora de ensino do Colégio ICJ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de outubro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 24 de outubro de 2016, mesmo caderno e página, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, jornalista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Fundamentalismo e tolerância
        ‘O sonho da razão produz monstros’. A frase, cunhada numa célebre pintura de Goya, me veio à lembrança ao refletir sobre a febre ideológica laicista que está tomando conta de certos ambientes europeus e, infelizmente, também daqui. O laicismo, tal como hoje se apresenta e “milita”, não é apenas uma opinião, um conjunto de ideias ou uma convicção, que se defende em legítimo e respeitoso diálogo com outras opiniões e convicções, como é próprio da cultura e da praxe democrática.
         Também não se identifica com a “laicidade”, que é algo positivo e justo, e consiste em reconhecer a independência e a autonomia do Estado em relação a qualquer religião ou igreja concreta, e que inclui, como dado essencial, o respeito pela liberdade privada e pública dos cultos das diversas religiões, desde que não atentem contra as leis, a ordem e a moralidade pública,
         O laicismo militante atual, no entanto, é uma “ideologia”, ou seja, uma cosmovisão – um conjunto global de ideias, fechado em si mesmo –, que pretende ser a “única verdade” racional, a única digna de ser levada em consideração na cultura, na política, na legislação, no ensino etc. Por outras palavras, o laicismo é um dogmatismo secular, ideologicamente totalitário e fechado em sua “verdade única”.
         A humanidade, imaginam os defensores de uma cultura agnóstica e laicista, seria mais civilizada feliz num mundo liberto das amarras espirituais. Será? Penso que não. O fundamentalismo islâmico é apresentado como a comprovação definitiva dos males que a religião provoca no mundo. Sonega-se uma dado essencial: o terrorismo é um desvio covarde, uma instrumentalização cínica, uma apropriação criminosa de uma marca que não lhe pertence.
         Na verdade, a história das utopias da razão está manchada de sangue, terror e privação. Frequentemente, salienta Oscar Wilde com boa dose de argúcia, “as melhores intenções produzem as piores obras”. A Revolução Francesa, por exemplo, não gerou apenas um magnífico ideário. A utopia de 1789, em nome da “igualdade”, da “fraternidade” e da “liberdade”, desembocou no terror da guilhotina.
         A Segunda Guerra Mundial não foi acionada por gatilhos religiosos. O Holocausto do povo judeu, fruto direto da insanidade de Hitler, teve alguns de seus pré-requisitos precisamente na filosofia da morte de Deus. Nietzsche, o orgulhoso idealizador do super-homem, está na raiz imediata dos campos de concentração e de extermínio programado. E não foi a religião que desencadeou o Arquipélago Gulag do stalinismo. Feitas as contas, com isenção e honestidade intelectual, é preciso reconhecer que o sonho racionalista projetou poucas luzes e muitas sombras.
         A utopia, concebida no ambiente rarefeito dos gabinetes intelectuais, padece do mal da abstração. Perfila um homem impecável, um sistema irretocável. Depois, ao topar com o homem real, com suas grandezas e misérias, não admite a evidência das limitações teóricas. Brota, então, o delírio persecutório, a síndrome da conspiração. Radicaliza-se o sonho. A abstração quer se impor à realidade. E o humanismo inicial cede espaço ao obscurantismo.
         O autêntico fenômeno religioso, ao contrário, só pode medrar no terreno da liberdade. Na verdade, entre uma pessoa de convicções e um fanático existe uma fronteira nítida: o apreço pela liberdade. O fanático impõe, fulmina, empenha-se em aliciar. A pessoa de convicções, ao contrário, assenta serenamente em suas ideias. Por isso, suas ideias não a movem a impor, mas a estimulam a propor, a expor à livre aceitação dos outros os valores que acredita dignos de ser compartilhados. Sabe que somente uma proposta dirigida à liberdade pode obter uma resposta digna do homem.
         Precisamos, todos, promover um clima da racionalidade e de tolerância na discussão das ideias. O debate não pode ser travado em clima de Fla x Flu, marca registrada de certas manifestações nas redes sociais. Não devemos demonizar quem diverge da nossa opinião. O confronto das ideias é enriquecedor. O fechamento à discussão é tremendamente empobrecedor.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 480,28% para um período de doze meses; e também em setembro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 8,48% e a taxa de juros do cheque especial  registrou históricos 324,90%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 
 
        


             

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