segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A IMPLACÁVEL DEFESA DA DIGNIDADE HUMANA E AS BASES DA SUSTENTABILIDADE NACIONAL

“Defender a dignidade humana
        A mídia divulgou cenas que chamaram a atenção pelo conteúdo de intolerância e violência nos Estados Unidos: o ataque à boate LGBT, que provocou a morte de 49 pessoas, e a agressão chocante contra os negros. Na França, o atentado no dia da Festa da Bastilha levou a óbito mais de 80 pessoas. No Brasil, há violência contra mulheres, homossexuais e o estupro de adolescentes, além da violência nas disputas do tráfico e em brigas por motivos fúteis em festas e baladas envolvendo jovens. Recentemente, a divulgação do Mapa da Violência de 2016, elaborado por Julio Jacobo Waiselfisz, trouxe-nos mais dados assustadores ao nos chamar a atenção para o grande número de óbitos por arma de fogo na faixa etária de 15 a 19 anos.
         Dia após dia, somos surpreendidos por cenas de violência e nos perguntamos sobre medidas a serem adotadas individual e coletivamente para evita-las. Na área da saúde, costumamos usar o indicador epidemiológico Anos potenciais de vida perdidos, para analisar os óbitos ocorridos em uma população. Esse indicador traduz os anos que as pessoas poderiam ter vivido e que não viveram em virtude da morte precoce. Se considerarmos as mortes por causas violentas, sobretudo entre jovens que morreram aos 15, 20 ou 25 anos, e que poderiam ter vivido até os 75,2 anos (expectativa de vida da população) ou mais, perceberemos que cada jovem perdeu, em média, algo em torno de 50 ou 60 anos de sua vida.
         Isso é muito grave, mas poderíamos ir um pouco além e aproveitar esse indicador para considerar os Anos potenciais de vida perdidos por aqueles que tiveram grandes traumas e foram excluídos do convívio social e não puderam viver de forma digna. No decorrer da história, a defesa da dignidade humana como forma de prevenir a violência e estabelecer culturas que promovam a paz tem ganho força em diferentes espaços em níveis nacional e internacional. Não custa lembrar que a Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948, publicou a Declaração Universal dos Direitos Humanos e assinalou em seu primeiro artigo que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
         À época, chamava a atenção para um valor do qual a humanidade havia se esquecido ou estava indiferente a ele: a dignidade humana. Seguindo a mesma linha, em 1988, nossa Constituição Federal destacou a dignidade como princípio que deve ser respeitado e balizar as relações sociais. Outros documentos – alguns dos quais de repercussão internacional – evocam a dignidade, como, por exemplo, a Declaração Universal de Bioética e Direitos Humanos, de 2005. Ela assinala em seu artigo 3º que a “dignidade humana, os direitos humanos e as liberdades fundamentais devem ser plenamente respeitados”.
         No cotidiano da vida, a defesa da dignidade humana traz como desafios o exercício contínuo de valorização de cada pessoa e o respeito às diferenças. Quando trazemos para a nossa realidade, considerando a perspectiva individual, é importante dizer que, independentemente da religião, partido político, opção sexual, ideologia, nível socioeconômico, ou outras características, cada pessoa deve se perguntar se as palavras ditas e as atitudes tomadas refletem ou não o respeito à dignidade dos outros.
         E isso deve ser considerado desde o uso do WhatsApp e outras redes sociais até atitudes em que a intolerância e a violência se manifestam em diferentes proporções. Na perspectiva coletiva, ilustrando com o “caso brasileiro”, cabe destacar que, neste momento de crise política, econômica e moral, em que a preocupação com a recuperação da economia tem se tornado tema nuclear – e pode tirar o foco do investimento em políticas públicas –, cabe-nos cobrar dos gestores e políticos atitudes responsáveis, cuidadosas e criteriosas com os recursos públicos, para que sejam utilizados, prioritariamente, em favor da segurança, da educação, da saúde e da convivência pacífica e respeitosa entre as pessoas. Se a defesa da dignidade humana passar a ser prioridade, com certeza a indiferença, a intolerância e a violência serão substituídas pela sensibilidade e pela delicadeza e a cultura de paz ganhará forma em nossa meio.”.

(ARISTIDES JOSÉ VIEIRA CARVALHO. Médico, mestre pela UFMG e especialista em clínica médica e medicina da família e comunidade, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de outubro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Seremos um Brasil nos trilhos?
        Colocar a sociedade brasileira nos trilhos sob os parâmetros da justiça social e do desenvolvimento integral é um caminho complexo. Por isso, todos os cidadãos devem buscar se envolver no necessário processo de discernimento relacionado à Proposta de Emenda à Constituição 241 (PEC 241). Em pauta estão importantes definições que vão impactar nossas vidas ao longo de duas décadas. Imagine o que significa 20 anos para o país. Podem ser décadas de avanços rumo ao desenvolvimento integral, um caminhar promissor para todos, especialmente para quem é mais pobre. Mas, é preciso atenção para a permanente ameaça de se seguir na direção oposta, com a multiplicação dos vergonhosos cenários de miséria e exclusão já presentes no país.
         Por isso, a escolha dos rumos com a PEC 241 merece uma mobilização nacional, que contemple análises e discussões envolvendo os mais diversos setores: economistas, especialistas e movimentos da área social, igrejas, universidades e, de modo particular, o Parlamento brasileiro, que a partir do voto, fundamentado nas necessárias ponderações, indicará o passo a ser dado.
         Não se pode, imprudentemente, apoiar ou definir escolhas que, se equivocadas, pesarão crucialmente sobre os ombros de todos – mais perversamente atingindo os excluídos. Isso não significa deixar de investir nos ajustes e readequações que são necessários, adotando lógicas de gestão capazes de extinguir as dinâmicas que garantem certas regalias a determinadas classes, grupos e indivíduos, privilégios que estão na contramão da equidade e da justiça social. O governo federal e o Parlamento têm o dever de encontrar, criativamente, saídas para as crises e apresentar soluções para os graves problemas enfrentados pela nação brasileira. Evidentemente, isso não é tarefa fácil e exige complexas ponderações para não se perderem as conquistas alcançadas na Constituição Cidadã de 1988, marco para o início do pagamento de dívidas sociais históricas.
         Em um momento tão determinante para o futuro, nada de precipitações. São esperadas análises e um amplo processo de escuta da sociedade para que os mecanismos escolhidos, diante da necessidade de se colocar o Brasil nos trilhos, não ameacem, irreversivelmente, a vida de todos, principalmente a vida de quem já sofre. Assim, oportuno é sublinhar que as mudanças propostas não podem ser justificadas e definidas apenas pelas avaliações do ponto de vista econômico. É preciso considerar e buscar intervir, de modo mais profundo, no tecido cultural brasileiro, habituado a funcionar nos trilhos dos privilégios e das regalias.
         Nesse sentido, a PEC 241 não pode ser, simplesmente, fruto da interlocução entre Executivo Federal e o Parlamento. Sua análise e discussão têm que se tornar um fato político e social mais amplo, permitindo o envolvimento dos segmentos todos da sociedade. É preciso haver debates entre especialistas, de diferentes áreas, e também uma convocação do povo, por diversos modos, para uma ampla mobilização nacional, de modo a criar entendimentos. Restringir a definição de uma diretriz que terá impacto nas próximas duas décadas à Praça dos Três Poderes, em Brasília, é algo desrespeitoso e temerário. Afinal, não se pode definir o futuro de um país sem análises e clarividências capazes de incluir, junto com a busca pela regulamentação e limitação dos gastos públicos, outros graves desafios que precisam ser enfrentados.
         Não bastam as afirmações políticas, em tom de promessa acalentadora, diante de mecanismos que podem funcionar, mais uma vez, como guilhotina destinada aos mais pobres e indefesos. Esses mecanismos precisam ser configurados a partir dos parâmetros da justiça social. Entre os pares envolvidos na ampla discussão que o momento político requer está a Igreja Católica, cujo tom de voz deve estar sempre em sintonia com as orientações do papa Francisco. O magistério e a singularidade pastoral de Francisco impulsionam essa instituição bimilenar a contribuir com a construção de uma sociedade justa e solidária.
         Por isso, antes de qualquer elogio ou apoio apressado, embora sempre reconhecendo e dialogando com os interlocutores da sociedade pluralista, particularmente nos âmbitos governamentais, a Igreja recorda o que pede o papa Francisco em sua Exortação Apostólica Alegria do Evangelho: não à economia da exclusão, não à idolatria do dinheiro, não a um dinheiro que governa em vez de servir. No cumprimento de sua tarefa missionária, a Igreja está atenta às transformações vividas pela humanidade, à singularidades próprias da realidade brasileira. Reconhece tudo o que contribui para o bem-estar das pessoas, nos âmbitos da saúde, educação, da comunicação e em tantas outras áreas. Mas também é, diante das graves situações sociais e políticas, porta-voz de quem vive precariamente.
         Cada vez mais, crescem o medo e o desespero no coração de inúmeras pessoas. A alegria de viver, frequentemente, se desvanece por falta de respeito à dignidade humana, pelo crescimento da violência e da desigualdade social. Urge reverter a fonte desses males, a cultura do descartável. Isso inclui avaliar medidas necessárias, ponderar suas consequências, contemplando a exigência de não se correr o risco de acertar de um lado, mas, por outro, favorecer o aumento da vergonhosa exclusão. Somente com o fim da exclusão de quem vive nas periferias de todo tipo é que se pode construir um verdadeiro projeto capaz de colocar o Brasil nos trilhos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a ainda estratosférica marca de 475,20% para um período de doze meses; e em setembro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 8,48% e a taxa de juros do cheque especial  registrou ainda em agosto históricos 321,08%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        


        



             

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