segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS DA SAÚDE INFANTIL E A URGÊNCIA DE MAIS IDIOMAS

“Pela saúde de nossas crianças
        O Tribunal de Contas da União (TCU) pediu acesso, mês passado, ao resultado de centenas de fiscalizações realizadas pelos conselhos regionais de medicina (CRMs) ao longo de 2015. Em meio ao calhamaço de informações para subsidiar os auditores, um ponto se destaca: o descaso para com a infraestrutura da rede pública de atenção primária.
         É justamente nas 41 mil unidades básicas de saúde (UBSs) espalhadas pelo país que os pacientes deveriam ter acesso às ações de promoção da saúde, de prevenção de doenças e de cuidados. Uma rede que, idealmente, deveria apresentar índice de mais de 80% de resolubilidade.
          Plenamente eficientes, ajudariam a reduzir a incidência de doenças e a controlar os problemas crônicos, com menos sequelas e mortes, esvaziando hospitais e, o que mais gostam de ouvir os gestores, diminuindo custos.
         Contudo, os dados mostram uma rede à margem de suas possibilidades. A falta de instalações adequadas, de equipamentos e insumos não permite que cumpram suas missões. É o abandono da população, justamente quando se encontra mais frágil.
         Das e266 UBSs vistoriadas pelos conselhos de medicina, em 2015, 739 (58%) apresentavam mais de 30 itens em desconformidade com o estabelecido pelas normas legais em vigor. Sob a responsabilidade dos atuais gestores, deixaram de cumprir exigências criadas pelo próprio Ministério da Saúde, entre outros órgãos, com o objetivo de proporcionar ao médico e ao paciente um ambiente adequado para o trabalho dos profissionais e o atendimento das comunidades.
         O descaso transparece em contextos incompatíveis com a dignidade humana e a responsabilidade técnica. Em 41% das unidades não havia um negatoscópio (aparelho para avaliar uma radiografia). A falta de estetoscópio foi registrada em 23% das fiscalizações e a do esfignomanômetro (usado para medir a pressão), em 20%.
         A falta de instalações mínimas em locais onde a limpeza é fundamental também foi percebida. Em 3% das UBSs visitadas não havia sanitários para os funcionários; em 8% faltavam pias ou lavabos; a falta de sabonete líquido foi percebida em 16%, e de papel-toalha em 18%.
         A pediatria é uma das especialidades que mais sofrem com esta situação que beira o surreal. No Brasil, há 35 mil especialistas na área. Pouco mais de 70% deles atuam na rede pública, principalmente nesta rede que, como provam os conselhos de medicina, carece de quase tudo. Mesmo assim, num contexto completamente adverso, eles têm se desdobrado para oferecer às crianças e adolescentes o mínimo do que precisam.
         Eles cuidam da saúde de 50 milhões de brasileiros, com idades de até 18 anos, que dependem exclusivamente do SUS para ter acesso a consultas médicas, exames, internações e cirurgias. No entanto, no cenário atual, profissionais e pacientes enfrentam situações-limite que causam desespero nas famílias e impõem dilemas éticos aos médicos, cerceados por fatores que fogem ao seu controle.
         Em nome da saúde e do bem-estar dos jovens brasileiros, esta realidade deve ser transformada com urgência por meio de uma gestão competente. Neste contexto, a assistência pediátrica de qualidade tem que ser vista como prioridade, pois se ocupa fundamentalmente daqueles que, mais que todos, precisam de um governo que compreenda seu papel e entenda que o povo exige respeito à sua cidadania.”

(LUCIANA RODRIGUES SILVA, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), e SIDNEI FERREIRA, diretor do Conselho Federal de Medicina (CFM), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de agosto de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 28 de novembro de 2016, mesmo caderno e página, de autoria de MARCELO BARROS, diretor de educação do CNA e diretor e conselheiro vitalício do BRAZ-TESOL, e que merece igualmente integral transcrição:

“Brasil bilíngue: o sonho distante
        The book is on the table. O cliché nunca fez tanto sentido para ilustrar a relação do brasileiro com o inglês. Literalmente, o livro está sobre a mesa, pois aprender o idioma nunca foi tão “fácil” quanto agora. Seja por meio dos cursos presenciais com preços mais acessíveis, ou mesmo das tecnologias de ensino a distância que facilitam a prática, a grande questão é que jamais houve tantas possibilidades diferentes para aqueles que querem conquistar a fluência na segunda língua. Dito isso, a pergunta que fica é: por que, mesmo assim, a imensa maioria dos brasileiros não fala inglês?
         Já é sabido que dominar o inglês aumenta, significativamente, as chances de um salário maior, como apontou uma recente pesquisa conduzida pela Catho. Segundo o estudo, um profissional em nível de coordenação, por exemplo, pode ganhar em média 61% a mais do que aquele que não fala o idioma. Isso sem falar nos benefícios econômicos que o país pode ter, alavancando o turismo e a internacionalização dos negócios. Mesmo assim, levantamentos ainda mostram que apenas 3% da população brasileira pode ser considerada fluente no inglês, um número extremamente baixo, principalmente quando comparado ao de outros países latino-americanos próximos, como o Chile e a Argentina.
         A empresa de educação internacional Education First (EF) divulga, anualmente, um ranking que avalia o nível de proficiência em inglês em diferentes países, no mundo inteiro. No levantamento de 2015, o Brasil ocupava a 41ª colocação em 70 países. Na mesma lista, países como Argentina, República Dominicana, Peru, Chile, Equador e México estão à frente. E os motivos para essa defasagem, a meu ver, são sobretudo culturais.
         Um importante ponto que precisa ser desmistificado para aumentar a relevância do inglês é o argumento de que, antes de nos preocuparmos em ensinar um segundo idioma, precisamos concentrar nossos esforços na língua materna do brasileiro. Na verdade, é inegável que o aprendizado da língua portuguesa é fundamental e ainda há muito trabalho a ser feito nesse sentido. Mas, ao contrário do que muitos pensam, o ensino dos dois idiomas não é excludente entre si, muito pelo contrário. Pesquisas de linguística e neurociência já comprovaram que quanto mais idiomas uma pessoa domina, maior a facilidade para aprender os demais. Isso se dá, principalmente, pela possibilidade de estabelecerem relações entre o que já foi aprendido e o novo conhecimento.
         Outro ponto polêmico que precisa ser debatido é o papel de recursos como músicas, filmes e séries na aprendizagem do idioma. Na verdade, assim como uma criança não aprende todos os aspectos do português apenas ouvindo os seus pais conversando, o aprendizado do inglês também não ocorre apenas pelo acompanhamento dos diálogos na TV ou pela tradução de letras de músicas. É verdade que a prática é muito válida como reforço da aprendizagem, porém, é fundamental que haja esforço e sistematização para a compreensão conjunta das quatro habilidades básicas da língua: o speaking (fala), o listening (compreensão auditiva), o reading (leitura) e o writing (escrita), respeitando, inclusive, as regras gramaticais e discursivas que coordenam sua composição. Em muitos casos, a comunicação dos “autodidatas” pode até ocorrer, mas geralmente dentro de um quadro limitado – quando a pessoa pode entender e falar, mas pode não escrever ou ler corretamente, por exemplo. A proficiência, nesses casos, fica bastante comprometida.
         Por fim, é fato que inúmeros outros obstáculos também precisam ser superados para que o brasileiro comece a priorizar e a estudar o inglês como se deve. Até mesmo o acesso a ferramentas de educação que ofereçam oportunidades reais para a prática do idioma ainda é escasso, o que pode aumentar o desinteresse ou prejudicar o aprendizado da língua.
         Felizmente, a tecnologia, em suas várias formas, vem ajudando os educadores e aprendizes a superarem essa barreira e já vemos soluções ótimas para estimular a compreensão e a conversação. Em geral, a mensagem mais clara que fica é que precisamos promover logo uma verdadeira mudança no pensamento e na forma como as pessoas encaram o tema, pois só assim colocaremos em curso a mudança que fará do Brasil um país verdadeiramente fluente em inglês. The book is on the table, e precisamos que ele seja lido.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a ainda estratosférica marca de 475,8% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial  registrou históricos 328,9%; e também no mesmo período, o IPCA acumulado  chegou a 7,87%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 
 

          
   
          


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