“Coworking:
comodidade e comunidade
Há 11 anos, o jovem
americano Brad Neuberg abriu as portas do apartamento que dividia com mais três
amigos, na cidade de São Francisco, para que profissionais da área de
tecnologia pudessem trabalhar e compartilhar experiências em um ambiente
colaborativo. Para definir o espaço, Brad usou o termo coworking, criado anos
antes pelo escritor Bernie Dekoven.
Ele
ainda não sabia, mas havia acabado de desenvolver um conceito que iria
ultrapassar as fronteiras americanas e se espalhar por todo o mundo. Os espaços
colaborativos fizeram com que startups e empreendedores individuais tivessem
mais autonomia, garantindo ambientes confortáveis de trabalho, baixo custo e,
principalmente, networking. Isso cresceu tanto que atualmente até as grandes
empresas buscam os coworkings para alocar seus colaboradores.
Muitos
me perguntam quais as vantagens de procurar os espaços colaborativos de
trabalho e, sempre ao responder, me vem à cabeça os 2C – comodidade e
comunidade. Em um primeiro momento, isso pode parecer meio vago, mas na verdade
essas são as principais vantagens de estar dentro de um coworking. A comodidade
se deve, primeiramente, pelo fato de você estar em um ambiente de trabalho
moderno e feito para valorizar as pessoas. Eu sempre ressalto que o maior bem
de qualquer negócio são as pessoas. Isso faz todo o sentido dentro de um
coworking, já que tudo é desenhado para facilitar a interação entre os
profissionais que lá estão.
Os
diferentes ambientes são propícios para elevar o potencial humano em todos os
sentidos e, ao mesmo tempo, faz com que a pessoa se sinta em casa, já que é lá
que passará a maior do seu dia. Outro fato positivo é estar dentro de um espaço
com todas as facilidades de um escritório, como recepcionista, telefone e salas
para reuniões e recreação, entre outras coisas, e tudo isso administrado por
terceiros, a um custo muito mais baixo do que ter um local próprio.
Já a
comunidade é o fator que mais me encanta. Digo isso, pois a cada novo coworking
que surge nasce também uma extensa rede de relações que serão fundamentais para
o desenvolvimento de negócios e, principalmente, de pessoas. Nos corredores dos
coworkings são fechados volumes grandiosos de negócios e isso é natural em um
ambiente especialmente criado para favorecer a comunicação e o contato.
Um
fato curioso e que ajuda a explicar o crescimento dos coworkings em todo o
mundo é a diversidade de pessoas que ocupam esses espaços. Isso faz com que
essa extensa rede funcione como um ecossistema complexo onde, no final, todos
saem ganhando por causa das relações lá estabelecidas. Esse é um dos fatores
que me fazem cada vez mais acreditar nesses ambientes. Desde que entrei nesse
negócio, em 2012, procuro sempre promover ações que aproximem cada vez mais as
pessoas.
Claro
que poderia enumerar outros fatores para falar das vantagens de estar dentro
dos espaços de trabalho colaborativos, mas comodidade e comunidade são os
fatores essenciais para o despertar de novas possibilidades. A cultura
coworking seguirá se fortificando nesses dois pilares e a tendência é que tenha
nos próximos anos cada vez mais adeptos!”.
(JORGE
PACHECO. CEO e fundador da Plug, pioneira na cultura de coworkings no
Brasil, em artigo publicado no jornal ESTADO
DE MINAS, edição de 20 de dezembro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal FOLHA DE SÃO PAULO, edição de 14 de
dezembro de 1994, caderno OPINIÃO,
de autoria de MODESTO CARVALHOSA,
62, advogado, e presidente do Tribunal de Ética da OAB-SP (Ordem dos Advogados
do Brasil de São Paulo) e membro da Comissão Especial da Presidência da
República encarregada das investigações sobre corrupção no Executivo, e que
merece igualmente integral transcrição:
“Por
uma política contra a corrupção
‘Os países formulam e
executam políticas para tudo, menos para a corrupção’ Michael Skol,
subsecretário de Estado norte-americano.
A posse do
governo Fernando Henrique Cardoso, dentro de poucos dias, traz sempre a questão
do enfoque que os sucessivos governos dão ao tema corrupção.
O
consistente programa do novo presidente, lançado em publicação de 300 páginas,
apesar de demonstrar competência e experiência no setor da administração
pública, faz apenas algumas menções esporádicas ao problema, e sempre com
linguagem delicada para não ferir os sentimentos dos cidadãos.
Nota-se
que o problema da corrupção administrativa é timidamente colocado naquele
documento em meio a outras prioridades de desenvolvimento social, que retiram a
força do fenômeno em si, cuja gravidade se encontra estampada diariamente em
todos os jornais do país.
Esse
escapismo a uma abordagem corajosa do tema é tendência universal.
Os
governos evitam o enfrentamento do trato do fenômeno da corrupção, negando o
quanto possível a sua existência no seio da administração, por instinto de
conservação do prestígio da classe política e do próprio sistema de democracia.
Em
consequência, mesmo aqueles governos de relevante probidade somente tomam
providências administrativas quando surgem escândalos de grande porte, que
afetam e mobilizam a opinião pública.
Ocorre
que a corrupção constitui um fenômeno permanente e estrutural que, nas suas
multiplicidades e sofisticadas formas, sobrevive no organismo estatal mesmo
quando os governantes respectivos são reconhecidamente probos.
Como
pudemos colher das intervenções dos diversos países do Grupo do Rio, reunidos
em Quito nos fins de outubro, em torno da probidade administrativa, a corrupção
é um fenômeno sistêmico, que demanda o estabelecimento de uma política ampla e
profunda, cuja formulação, de curto, médio e longo prazos, deve ter a mesma
preferência e metodologia dedicadas às áreas sociais críticas.
Por
isso a consciência do caráter permanente desse delito no seio do Estado demanda
que se formule e execute uma política de governo sobre o mesmo.
E por
se tratar a corrupção de um sistema altamente sofisticado, que opera com
dinâmica própria no seio das administrações, devem os governos declarar sua
disposição de combate-la, admitindo e apontando essas características autônomas
e, assim, criando uma convicção, junto à opinião pública, de que o fenômeno não
é episódico, factual ou necessariamente decorrente da improbidade pessoal de
determinados mandatários ou governos.
E a
criação dessa mentalidade junto à cidadania possibilita que se viabilize a
forma mais efetiva de combate, qual seja, o controle social sobre os atos e
contratos administrativos e suas conexões com o mundo político. Nesse passo o
programa FMC aponta caminhos, ao
tratar da parceria Estado-sociedade, sem, no entanto, chegar a aprofundar o
tema da improbidade.
Outro
aspecto relevante, levantado na reunião de Quito, foi o da exportação do
fenômeno. Os países criam corrupção ao financiarem recursos externos. Nesses
casos a concessão de empréstimos é sempre vinculada à contratação de obras,
serviços e produtos do país emprestador, inibindo a realização de concorrência
aberta internacional e a participação de concorrentes internos.
Essa
operação permite que um pequeno grupo de empresas do país financiador adjudique
os contratos, com significativo sobrepreço. Nesse processo são oferecidas
propinas aos políticos e funcionários envolvidas na operação. Disso decorre que
o país financiado paga um valor dobrado ou triplicado das obras ou serviços,
exaurindo os cofres públicos.
Seja,
portanto, no plano interno como no de colaboração internacional, a vontade
política é fundamental na instituição de mecanismos de combate à corrupção
sistêmica.
Deve-se,
portanto, admitir claramente que a ética pública é uma questão de Estado e não
de governo.
E, com
essa perspectiva, a cidadania tem de ser chamada para tomar o seu papel de
controlador social nessa luta, imbuindo-se de um senso ético que possa se
transformar em pressão e exigência de conduta por parte dos governos, em todos
os níveis.
A
propósito, não há mais que discutir sobre o peso da corrupção administrativa e
política sobre a situação de miséria em que se encontram os grandes
contingentes populacionais da América Latina. O desperdício de bilhões de
dólares anuais nas práticas de sobrepreço, financiamentos vinculados, desvio de
verbas, contratação de obras não-prioritárias (muitas vezes não executadas),
subornos e demais formas da apropriação de recursos públicos para fins privados
estabelecem o estado de desperdício dos recursos que deveriam ser alocados para
as áreas sociais prioritárias.
Deve,
assim, ser elevado o combate à corrupção administrativa em nível de prioridade
mediante o estabelecimento de políticas que possam fazer com a modernização do
Estado não reverta a favor de determinados grupos e interesses privados.
Outrossim,
nesse conclave do Grupo do Rio, foram ressaltados os efeitos desastrosos que a
corrupção sistêmica traz para o esforço de se estabelecer maior governabilidade
em nossos países. Nesse âmbito, a ausência de partidos verdadeiramente
institucionais demanda um controle social o mais próximo possível do exercício
da função pública.
Ademais,
foi ressaltado que a corrupção, além de afetar o quadro social e a
governabilidade, impede o estabelecimento da livre concorrência, pela imposição
de preços viciados em setores fundamentais, impedindo a modernização das
relações econômicas.
Não há
razões e nem tempo a perder. Devem os governos, ainda nesta década, enfrentar
com políticas apropriadas o problema da corrupção e seu inevitável produto, a
miséria.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da
participação, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a ainda estratosférica marca
de 475,8% nos últimos doze meses, e a
taxa de juros do cheque especial
registrou históricos 328,9%; e já em novembro o IPCA acumulado também
nos últimos doze meses chegou a 6,99%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos
e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do
procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A
Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o
problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu
caráter transnacional; eis, portanto,
que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas
simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de
suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do
nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas
modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente
irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na
Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das
empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para
2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(ao menos com esta rubrica, previsão de R$
1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como:
a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa
partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além
de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do
século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da
paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
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